The Fault in Albus's Stars escrita por Fanfictioner


Capítulo 4
Como Scorpius é um babaca


Notas iniciais do capítulo

Agora as coisas vão ficar sérias por aqui... espero que gostem!



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Playlist (músicas 10 a 12)

Como Scorpius é um babaca (ou, Deus fez chover e eu passei o rodo)

Perdi as aulas da manhã no dia seguinte. 

Vodca búlgara é um negócio sério, eu juro. E Hector havia me dito que aquela era a versão mais barata que ele encontrara da bebida, então eu não achava que queria provar da boa.

Rose apareceu com Scorpius pouco antes do horário do almoço, quando eu tinha conseguido sair da cama, tomar um banho e vestir o uniforme. Seria muita cara de pau aparecer na enfermaria e pedir um remédio para dor de cabeça?

— Professor Longbottom perguntou por você. - comentou Rose, jogando-se na cama de Scorpius enquanto comia algum doce. - Eu disse que você acordou enjoado, mas que não devia ser nada e pegamos uma muda de heléboro para você fazer seu trabalho. Feijãozinho?

— Obrigado. E, uhm… não, valeu. Preciso de almoço.

Até então, só havia olhado Scorpius de soslaio, porque estava bem viva na minha mente a cena em que eu tinha dito que ele e Rose não combinavam e eu não queria encarar uma discussão logo na minha manhã de ressaca. Talvez eu também estivesse bastante constrangido e desejando nunca mais ter contato com vodca búlgara?

Provavelmente sim.

— Então… Defesa Contra as Artes das Trevas foi bom? - perguntei, como quem não queria nada, fechando a gravata e separando o livro de Transfiguração.

— Só ficamos lendo umas coisas e anotando. Professora Mcquiston falou dos NIEM’s também. - explicou Scorpius, então acrescentou, rindo. - Sua cara até boa, para quem bebeu como um guaxinim ontem. 

— Ah… sério? Eu sei que falei umas merdas… eu não quis, você sabe, ser idiota. Só… - comecei, levemente constrangido.

— Relaxa, nem eu nem a Rose levamos para o pessoal você não shippar a gente, né, Rose? - Scorpius riu, puxando o capuz do meu uniforme para minha cabeça e sentando-se na minha cama.

— Nem um pouquinho pessoal. Mas você podia ter dito isso sóbrio, Al… - Rose começou, com a voz meio condescendente, e eu quis me queimar de raiva e vergonha. - Quer dizer, não sei se você está com ciúme-

— Eu não tô com ciúme, ? Só falei uma opinião minha, sincera, e que eu não falei antes para não magoar vocês. Nada a ver com ciúmes. Ciúmes de quem, de você? Tá passando tempo demais com o James, convencida que nem ele…

Talvez, só talvez, tenha reagido exagerado. Parabéns, Albus!

Por que eu não tatuo logo “eu amo Scorpius Malfoy e tenho ciúmes dele” no meio da testa?

— Alguém está, realmente, de ressaca. - brincou Scorpius, levantando as mãos em rendição. - Anda, vamos almoçar. E aproveita para me explicar aquele exercício de Feitiços

— Claro, claro… vamos almoçar. - murmurei, olhando para os meus tênis, envergonhado.

Na quinta, Hector se encontrou comigo indo para a aula de Adivinhação e acabamos nos sentando juntos. Nosso grupo de trabalho para a aula foi completado por Will Macmillan e Barbara Dempsey, também da Lufa-Lufa. Foi uma atividade até divertida e saímos da aula rindo. Hector e Barbara ficaram para tirar dúvidas com a professora Quincy, enquanto eu e Will fomos juntos para o Grande Salão, para o jantar.

— Eu fiquei pensando, Albus, se você teria algum plano para Hogsmeade no sábado.

— Hogsmeade? Uhm, não. Não tenho. - disse, levemente afetado pelo fato de o meu ex estar me chamando para sair.

— Quer… - ele ficou meio rosa. - Tomar uma cerveja amanteigada? Sei lá, a gente não se fala muito depois do-

— Do terceiro ano. - interrompi, antes que ele trouxesse à tona o nosso horrível primeiro - e único - beijo. - Mas ei, uma cerveja seria legal. Só nós?

— Podia ser um… encontro? - ele perguntou, meio incerto.

— Ahm… claro. Legal, Três Vassouras, eu e você, no sábado. Legal, legal. - eu estava empolgado e agitado ao mesmo tempo. - A gente se vê depois?

— Beleza, beleza… bom jantar. 

Will dobrou para a mesa da Lufa-Lufa e eu para a da Sonserina. Apesar de um pouco confuso e de ainda estar processando a conversa atrapalhada e cheia de "um completando o outro", não contive o sorrisinho satisfatório durante o jantar.

— E essa cara aí, eim, Al? - perguntou Evangeline, com a sobrancelha levantada e um sorriso maldoso. 

— É a única que eu tenho. - respondi, sorrindo, e ela riu, perguntando do motivo da alegria. -  Só planos para o fim de semana, nada demais.

Mas à noite, no dormitório, eu contei para Scorpius que teria um encontro com Will, e ele pareceu surpreso. Um surpreso bom, eu acho, mas surpreso. Não tocamos no assunto depois e sábado chegou muito rápido.

As cervejas amanteigadas estavam muito boas e Madame Rosmerta foi bastante divertida enquanto eu esperava por Will, porém definitivamente a melhor parte do passeio foi descobrir que tanto eu quanto Macmillan tínhamos melhorado desde aquele primeiro beijo patético três anos atrás.

Sem muitos detalhes, foi um encontro ótimo e eu voltei para o salão comunal feliz e satisfeito como não me sentia há tempos. Para melhorar, Scorpius e Rose estavam sentados separados, juntos dos nossos amigos, e eu consegui sentir como se tudo fosse igual a antes de eles namorarem. Foi ótimo!

Eu não estava esperando compromisso - como disse James, uns beijinhos não matavam ninguém -, mas foi legal repetir a dose na segunda à noite, após o jantar, no corredor entre as nossas salas comunais e fez minha autoestima subir consideravelmente pelas coisas que ele disse de positivo sobre mim, enquanto conversávamos.

— Não é, tipo, sério, é? - perguntei na quarta de noite, quando ele fazia a ronda comigo - e ocasionalmente me roubava uns beijos que faziam meu pescoço esquentar.

— Não precisa ser. Por mim, não é.

— É, para mim também não. Só não queria ser um babaca com você.

— Só vai ser um babaca se não entrar no próximo armário de vassouras comigo e me dar ao menos cinco minutos de atenção. - ele murmurou perto do meu ouvido.

Aquela foi a nossa última noite juntos e foi muito boa, como todas as outras até ela. Nada em específico aconteceu, só passamos dois dias sem nos vermos e depois pareceu constrangedor procurarmos um ao outro, não fez mais sentido continuarmos com aquilo.

Contudo, fez muito sentido começar com Oliver West, depois de sábado.

O primeiro jogo de quadribol da temporada seria Grifinória contra Lufa-Lufa, e todos fomos assistir porque Hugo tinha acabado de entrar para o time, como goleiro, e estávamos prontos - Rose mais que todos nós juntos - para torcer por ele. 

Sim, três sonserinos torcendo pela Grifinória. Agora superem.

Depois do jogo e do placar arrasador de 340 à 120 para a Grifinória, acabamos nos encontrando para dar parabéns ao Hugo e à Roxy e James, por consequência, já que ele era o capitão do time. Então eu, finalmente, conheci o famoso Oliver West, e, pelos calções furados de Merlin, que garoto bonito!

Oliver tinha um cabelo black power maravilhoso. E os lábios, meu Deus, aquela boca! Eu podia ser apaixonado por Scorpius, mas não era cego. E, como bem dizia James, já estava passando da hora de eu superar dois anos de amor não correspondido. Uma parte de mim se sentia culpada e meio esquisita? Sim, mas eu culpava a monogamia e todos os signos emotivos nas minhas casas emocionais do mapa astral e não iria pensar demais sobre esses sentimentos ruins.

Eu não podia viver esperando por um hétero, podia?

— A gente vai ter uma festinha… comemoração do jogo. Você devia vir. - Oliver comentou, dando um sorrisinho.

— Ah… acho que… acho que não iam gostar muito de sonserinos na sua sala comunal. - comentei, ciente de que estava me fazendo um pouco de difícil. - Mas… a gente podia, não sei, conversar amanhã.

Conversar foi o que menos fizemos, no domingo de tarde. Já estava nevando e frio demais para ficar fora do castelo, mas ficamos algum tempo na Torre de Astronomia, beijando muito e conversando pouco e, por várias horas, eu nem mesmo lembrei que Scorpius existia, o que foi excelente para o meu ego e para o meu "emocional sequelado", citando James.

Porém, lembrei-me disso no segundo em que entrei na sala comunal, porque Scorpius estava emburrado na mesa em que costumávamos estudar em grupo, com Rose, Shafiq, Evangeline e Henry juntos dele, fazendo deveres.

— Onde você estava? - Scorpius perguntou, levantando a cabeça assim que me aproximei.

— Passeando.

— Passeando? - ele arqueou as sobrancelhas. - Espera que eu acredite que ficou a tarde toda "passeando"?

— Eu não espero nada, Scorp. O que estão estudando? - perguntei, sentando-me entre Rose e Evangeline e vendo a receita da poção de acônito aberta em um pergaminho. - Eca, Poções.

— Eca vai ser sua nota se não vier fazer o trabalho. - implicou Rose e eu ri, de bom humor.

Eu realmente acabei me convencendo de que o melhor a fazer era estudar e busquei minhas coisas para me juntar a eles. Scorpius estava estranhamente calado, mas as últimas semanas, desde o Halloween, tinham nos deixado um pouquinho mais afastados do que o normal.

Provavelmente porque ele devia ter ficado chateado pelo que eu dissera sobre ele e Rose quando bêbado.

— Que é isso no seu pescoço? - perguntou Rose, rindo surpresa, quando eu deitei a cabeça na mesa, cansado de espremer minha última gota de concentração para estudar sobre aquela poção.

— O quê? - levei a mão ao pescoço e senti um incômodo no local. 

Merda. Oliver devia ter deixado uma marca.

— Ah… - eu sorri, constrangido, e Rose entendeu de cara o que era. - Nada demais.

— Sabe, ninguém aqui é pirralho, Albus. Você não precisa mentir para os seus melhores amigos. - Scorpius comentou, sem me olhar.

— Como é?

— Dizer que estava passeando e achar que a gente é idiota de não saber o que é um chupão… você pode simplesmente admitir que estava se esfregando com alguém por aí. Não precisa esconder.

Por algum motivo, aquilo me tirou do sério, principalmente pelo jeito com que Scorpius não tirou os olhos de seu pergaminho e nem mesmo parou de escrever para falar comigo. O que era aquela ceninha idiota, vindo da pessoa que tinha pisado em todos os meus sentimentos? Nós não costumávamos brigar, mas aquela hora o meu sangue ferveu.

— Claro! Porque de esconder as coisas você entende, não é? Demorando semanas para me contar que estava namorando a Rose… minha prima!

— Querem parar, vocês dois? - interviu Rose. - Parecem duas crianças!

— Isso… isso não tem absolutamente nada a ver! Não estou falando de mim.

— Bom, eu estou. - retorqui, sentindo minhas sobrancelhas se curvarem em indignação.

— E eu estou falando de como você está sendo um grande babaca, sabia? - Scorpius insistiu, deixando-me irritado. - Você anda sumindo, sem dar satisfação, e agindo como se a gente não soubesse que você anda se agarrand-

— Quer parar de falar como se fosse errado?! Eu estou solteiro até onde eu sei… - eu estava genuinamente irritado com Scorpius, além de muito magoado e sentindo meu coração se partindo de novo.

De novo Scorpius. Sempre era Scorpius.

— Eu não tô nem aí para o seu status de relacionamento! - ele respondeu rápido demais. - Tô… tô falando de você estar se afastando dos seus amigos.

— Parem, por favor, gente! Temos que terminar esse trabalho! - pediu Evangeline, esticando-se sobre a mesa e segurando a minha mão e a de Scorpius ao mesmo tempo.

— Quando você achar um lugar para ser o meu amigo, na sua agenda de namorado da Rose, aí sim pode falar alguma coisa sobre eu me afastar. Vamos acabar logo essa merda de trabalho. - voltei minhas atenções para o pergaminho e o livro de Poções, mas o clima estava péssimo.

Spoiler? Eu não conversei com Scorpius na segunda. 

Na terça foi aniversário da Rose e, apesar de ser a maioridade dela, Rose não quis festa, então apenas recebeu um parabéns coletivo da mesa da Sonserina na hora do almoço e ela e Scorpius saíram para um passeio pelo castelo depois do jantar. Provavelmente indo atrás da Sala Precisa - e eu nem queria imaginar para fazer o quê.

Até pensei em espioná-los pelo Mapa do Maroto, no entanto, não o encontrei na revirada rápida que dei no quarto antes do horário da ronda de monitor. Meu humor já tinha conhecido dias melhores, mas infelizmente eu não achava que Oliver West estivesse disposto a uma repetição de domingo, porque ele era do quinto ano e haveria prova preparatória de NOMs e NIEMs na sexta.

Então, quando eu estava decidido a matar algum tempo na biblioteca, atrás de algum livro de Adivinhação ou Astrologia, encontrei Hector subindo para a Torre da Corvinal.

— Heck! - cumprimentei, trocando um soquinho.

— Albus! Dia de ronda?

— Dia de ronda. - concordei. - Mas está meio insuportável… vou dar uma passada na biblioteca, procurar algo de Adivinhação, quer ir?

Hector era a companhia mais agradável que eu já tinha tido e eu gostava de emendar assuntos com ele. Desde a festa de Halloween, vínhamos conversando quase todos os dias e eu estava passando um tempo considerável com ele. No entanto, minha cabeça lerda não tinha sido capaz de notar que ele era uma das pessoas que Fred tinha dito para Roxanne que estavam interessadas em mim.

E eu só descobri isso quando Hector tocou de leve a minha cintura para chamar atenção sobre um livro de vidência e me deu um olhar sutil, contudo cheio de outras intenções.

Então foi assim que acabamos, Hector e eu, enroscados em um amasso fenomenal entre as últimas estantes da biblioteca, perto da sessão reservada. Will tinha sido bom, e Oliver tinha sido ótimo, mas Hector…. Hector era fenomenal! De todos, era com quem eu mais tinha química, era um jeito diferente de apenas puro desejo.

Ficamos nos agarrando até que Madame Pince usasse um feitiço para amplificar a voz e avisasse que era hora de fechar a biblioteca. Claro que isso não impediu de irmos trocando outros beijos até a Torre da Corvinal e eu voltei para minha sala comunal com a boca vermelha (que eu só soube estar assim porque Henry tirou uma com a minha cara quando cheguei).

Nas duas semanas que se seguiram eu me concentrei em desafogar minha nota em Poções, já que em herbologia eu havia conseguido um "Aceitável", e, claro, dediquei a totalidade do meu tempo livre ao meu novo hobby: conhecer garotos legais em Hogwarts. James já tinha até feito piada, que tinha ouvido boatos de eu ter ficado com dois garotos diferentes e disse que eu estava passando o rodo.

De maneira geral, tirando os dias em que o meu lado pisciano realmente me sacaneava e eu ficava muito deprimido pelos meus sentimentos por Scorpius - que não, ainda não haviam passado -, eu estava bem melhor e, consideravelmente, menos irritado e ciumento, mas isso provavelmente era apenas porque eu não passava mais tanto tempo com Rose e Scorpius.

Na verdade, aquelas duas semanas tinham sido quase por completo distantes de Rose e Scorpius. Eu conversava com eles na mesa, na hora das refeições e, às vezes, quando estávamos em grupo na sala comunal, porém, eu simplesmente não tinha mais assunto para conversas longas e sobre qualquer besteirol com Scorp. Ele também não se esforçava para isso e estava sempre com Rose ou sozinho.

Eu havia me aproximado bem mais de Evangeline, nas aulas de Astronomia, e Henry e Candace tinham virado um quarteto comigo e Hector para estudar na biblioteca às sextas, quando havia treino de quadribol. Agora que eu descobrira como gostava de passar um tempo com Hector - principalmente com a minha boca na dele - dávamos sempre desculpas para termos um tempo juntos.

É meio complicado explicar o que tínhamos, porque apesar de termos uma sintonia fenomenal, não estávamos vendo aquilo como um passo para um namoro. Quer dizer, Hector ainda ficava com outras pessoas, então eu também fazia o mesmo.

E foi assim que, nas semanas que antecederam o recesso de natal, eu também fiquei com Luke Zabini, que era amigo de infância de Scorpius.

Na véspera do recesso, estávamos preguiçosamente deitados uns sobre os outros em alguns sofás da sala comunal, de barriga cheia após exagerarmos no pudim do jantar. Shafiq e Evangeline discutiam algo sobre música e Rose lixava e pintava as unhas, por puro tédio. Aquela era a época em que todos os nossos trabalhos ficavam esquecidos e adiados para depois do recesso e ninguém podia nos julgar, porque estava frio e propício à preguiça e procrastinação. 

— Al… eu estava pensando se você poderia me emprestar o mapa. - pediu Scorpius em algum momento da conversa.

— Ah, sim. Claro. Precisando dele?

— Queria só… só ver uma coisa depois. 

Scorpius e eu não tínhamos exatamente nos retratado depois da nossa última discussão, mas nós nos falávamos normalmente, apesar de pouco. Fui ao dormitório procurar pelo mapa, que eu, na verdade, não usava há muitas semanas, e ele não parecia estar em lugar nenhum. Revirei o malão, a mochila, a cômoda ao lado da cama e todos os lugares possíveis.

Então eu entendi, e fiquei bem irritado pela pegadinha de mau gosto.

— Aonde está, Scorp? - perguntei assim que cheguei na sala comunal, ele deitado com a cabeça na perna de Rose.

— O quê?

— O mapa.

— Sei lá… você disse que ia buscar. - ele deu de ombros, com uma careta confusa.

— Engraçado, engraçado. Okay, você me pegou. - dei um risinho, entrando na brincadeira. -  Mas agora eu preciso que me devolva.

— Eu não peguei o Mapa do Maroto. - insistiu. - Acabei de pedi-lo para você, Al…

— Falando sério, Scorp. Preciso do mapa, faz semanas que eu não o acho. Já deu, devolve. - repeti, revirando os olhos com impaciência.

Se não houvesse todos os meus ciúmes e mágoas anteriores, talvez eu tivesse conseguido levar isso mais na brincadeira, mas na verdade estava me deixando irritado.

— Eu. Não. Peguei.

A expressão dele trincou, ficando muito séria, e eu realmente senti raiva.

— O mapa criou pés e saiu andando, então?! Revirei o quarto todo, e não está lá!

— Deveria cuidar mais das suas coisas, então, ao invés de dizer que eu peguei.

— Qual é o seu problema? - perguntei, gesticulando e dando um chutinho no sofá.

— Qual é o seu problema?! Eu não peguei a merda do seu mapa, Albus… para que eu iria querer? Para espiar com quem você anda se agarrando por aí pelos corredores? - retrucou Scorpius, sentando no sofá. 

A boca dele estava crispada de raiva. Eu queria espremer a cara de Scorpius - e talvez no fundo da mente houvesse um pensamento sobre beijá-lo, também, mas quem podia julgar?

— Tem muita cara de ser uma coisa que você faria, sabia? - retorqui, sentindo a raiva ardendo em mim. - E o que diabos isso tem a ver?!

— Eu sei que você ficou com o Luke. Vai mentir de novo? Dizer que não estava com ninguém…? - a voz dele estava gotejando ironia, o que me tirava do sério, porque ele não tinha direito algum a dar aquele escândalo.

— Eu não tenho para que mentir sobre qualquer coisa! E não sei o porquê desse chilique, estamos falando do mapa que você roubou de mim! E roubou para ficar me espiando e se metendo na minha vida pessoal!

Rose e Evangeline nos olhavam como se estivéssemos prestes a entrar nas vias de fato. E talvez estivéssemos mesmo.

— Eu não roubei nada! E agora esse papinho de “vida pessoal”… você contava tudo pra mim, e agora isso?! Ah, vai à merda! Meu amigo de infância, Albus! Você ficou com meu amigo de infância! 

— Você namora a minha prima! Aliás, qual é a sua? Essa cena é só porque eu dei meus amassos com seu amigo? Ah, qual é, Scorpius! - rugi, furioso.

— Você abandonou a gente! Você só quer saber de ficar se esfregando com outros caras por aí!

Aquilo era extremamente rude e babaca de se falar, talvez até um pouquinho homofóbico, se eu pensasse bem.

Há anos eu sequer tinha vida afetiva, vivendo unicamente para orbitar meu amor platônico, como um cachorrinho de estimação. E agora, depois que Scorpius tinha pisoteado meus sentimentos novamente, namorando com a pessoa que ele mesmo tivera a coragem de me dizer que nunca daria certo, ele achava ruim que eu estivesse minimamente tentando superá-lo. 

Imbecil!

— Eu não nasci grudado em você e Rose, sabia? E daí se eu saio com alguns garotos?! Qual o problema?! 

— O problema é que você não fica mais com a gente! Está bagunçando anos de amizade por causa de um garotos que nem gostam de você de verdade! Eu não gosto do que você anda fazendo. - ele negou com a cabeça, repreendendo-me.

E foi então que eu explodi.

— Eu não dou a mínima para se você gosta ou não, sabia? A vida toda eu fiquei quietinho vendo você e Rose arranjarem pessoas e agora que eu prefiro ir atrás de me divertir e aproveitar minha vida do que ficar sentado chupando o dedo vendo vocês dois se amassarem um no outro, eu sou o errado?

Rose pediu que parássemos de brigar, porque já estávamos gritando um com o outro, mas eu estava muito fora de mim de raiva, magoado e frustrado com Scorpius e não aguentei ficar sem falar tudo que pensava.

— Não fui eu que parei de ficar com vocês… vocês me trocaram para estarem juntos. Você, principalmente! Achando que todo mundo tem que viver pelos seus caprichos! E, acredite, eu estou muito mais feliz tocando minha vida agora. Sem ficar esperando a pessoa imbecil que eu gostava, notar que eu existo, como foi por anos!

Scorpius me olhou de um jeito extremamente intenso e eu senti vontade de esganá-lo. Então ele riu. Soltou o ar pelo nariz e riu, irônico, voltando a falar algo um tempinho depois.

— Você é muito cego, sabia? Não vê o que óbvio na sua cara! E vive entendendo tudo errado, não é capaz de observar nada! Um enorme idiota!

— Ah, é? Então só devolve o meu mapa que você roubou, que eu vou ser idiota bem longe de você, Scorpius. - rasguei, sentindo o maxilar trancar de raiva.

— Eu não roubei a merda do seu mapa, Albus! Eu, pelo menos, sei ser um amigo leal!

Scorpius me empurrou pelo peito, soltando meu distintivo de monitor do uniforme. Naquele ponto, eu estava completamente disposto a esquecer que gostava de Scorpius e partir para cima dele, mas quando eu avancei, o monitor chefe apareceu e nos apartou com um feitiço.

— Que gritaria é essa? Potter, Malfoy?

— Scorpius roubou uma coisa minha. - respondi de pronto, pululando de raiva.

— Eu não roubei nada! Albus não arruma as coisas dele e agora que perdeu algo, está me acusando!

— O que sumiu, Potter? - o monitor perguntou, claramente cansado por estar resolvendo briguinhas de marmanjos de dezessete anos, e eu me senti idiota por ter que explicar sem dizer o que era de fato.

— Era… um pedaço de pergaminho.

— Ah, por Merlin! - ele revirou os olhos, de saco cheio. - Estão fazendo esse escândalo por um pedaço de pergaminho?! - puxou um pergaminho do bolso e me estendeu. - Toma isso e calem a boca, tem gente querendo estudar! E, se eu tiver que apartar vocês dois de novo, vou dar detenções. Eu fui claro?

— Cristalino. - respondeu Scorpius, olhando-me com presunção.

— Potter? - ele insistiu.

— Entendido. - concordei, mordendo a boca para conter minha vontade de descer uma bofetada em Scorpius.

Ou só gritar com ele. Não precisava de tanto drama assim.

— Ótimo!

Scorpius e eu não nos retratamos naquele dia e eu fui dormir irritado. Eu queria esganá-lo por ser um hipócrita e queria gritar que ele estava esfacelando os meus sentimentos, mas simplesmente chorei no banho, como o enorme emocionado que eu era. Mas, dessa vez, eu não daria o braço a torcer, nem pediria desculpas primeiro. Eu estava me sentindo muito humilhado para isso.

E foi assim que voltamos para casa, no recesso de natal, viajando em cabines diferentes, sem nos falarmos. Eu nem mesmo vi o sr. e a sra. Malfoy na estação e dei graças por ter quatro semanas longe de Scorpius.

Eu precisava desesperadamente esquecê-lo, parar de gostar dele, superar Scorpius de vez! Pelo amor de Merlin!


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Notas finais do capítulo

Vejo vocês nos comentários, talvez? Beijoooos ❤❤❤



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