Querida Narcisa,

Não há um dia em que eu não pense em você ou na Bella. No entanto, afirmo com total convicção que também não há um dia em que eu me arrependa da minha decisão. A vida ao lado de Ted é tudo o que eu sempre quis, e eu sinto muito que, para você, isso seja sinônimo de traição. Porque não é. Eu estou sendo fiel aos meus próprios princípios, que me dizem que eu posso amar o Ted e, ainda assim, amar a minha família.

A verdade, Cissy, é que nós fomos manipulados e convencidos, a vida toda, a crer em uma ideologia chula e mentirosa. Você negará isso a todo o custo, mas estou escrevendo essa carta para você, porque sei que, ao contrário de Bellatrix, você não se deixa cegar tão facilmente. Infelizmente, meus laços com ela acabaram no momento em que ela me olhou sob uma perspectiva diferente pelo simples fato de eu amar. O que há de tão errado no amor, afinal? Narcisa ama o Lucius. Andrômeda ama o Ted. Eu amo você. Por que não pode ser simples assim? Nossa família sempre teve essa tendência de complicar o simples, e vocês sempre gostaram do complicado.

Talvez essa seja a grande diferença entre nós. Apesar de eu sempre ter sido a rebelde, eu sempre apreciei o simples. Amar alguém é tão simples, Narcisa, mas as pessoas complicam isso o tempo todo. Talvez essa seja a grande fonte de intolerância no mundo, e eu sinto muito que você não consiga enxergar o mundo como eu vejo. Ainda assim, eu peço que se esforce um pouquinho, porque, quando você conseguir, verá que é um mundo lindo.

De qualquer modo, você será, para sempre, uma pessoa muito querida por mim. Você é minha irmã e nada jamais será capaz de apagar os laços que criamos ao longo de todos os anos em que você foi minha confidente e melhor amiga. Nem mesmo seus ideais distorcidos serão capazes disso. Peço que se recorde dos nossos bons momentos, porque é assim que eu me lembrarei de você, sem as brigas, mágoas ou rancores. Só a Narcisa, minha irmãzinha nas quais eu dava bons puxões de orelha quando necessário, cuja primeira palavra não foi “pai”, nem “mãe”, como o convencional, mas sim “irmã”. Contudo, já era de se esperar, afinal, o convencional nunca lhe caiu bem.

Com amor,

Andrômeda.