Yeah, we're happy, free, confused and lonely at the same time
It's miserable and magical, oh yeah
Tonight's the night when we forget about the deadlines
It's time, oh-oh

SEXTA-FEIRA, DIA 12/05

Aniversários sempre deixavam Rose Weasley sensível e pensativa. Os dias que antecedem a data eram sempre angustiantes, cheios de uma insegurança misturada com ansiedade. E se o dia fosse terrível? Significaria que teria um ano terrível? Uma vida terrível?

Perguntas idiotas e sem resposta tomavam sua cabeça, atrapalhando seu sono e seu desempenho nas atividades mais bobas. Seu lado supersticioso clamava por leituras de tarô feitas por sua amiga Lysander Scamander, mas a loira sempre defendia que as tiragens proporcionam caminhos, possibilidades, e não selavam destinos imutáveis. Rose sempre bufava em frustração com o comentário e a constatação que não existe nada “certo” e imutável na vida.

Cada dia que se aproximava dos 22 se sentia mais confusa com a vida adulta. Os vinte e poucos eram anos estranhos. Metade de seus amigos estavam terminando a faculdade, alguns já pensando em se casar, outros – como ela – ainda dependiam financeiramente dos pais, enquanto alguns já compravam apartamentos e saiam da Inglaterra atrás de suas carreiras pelo mundo afora.

Era um eterno estar atrasada em uma corrida que ela sentia que nem queria participar. 

E com esse humor levemente desiludido com o futuro que Rose havia entrado na semana de seu aniversário. Como estava na iminência de terminar o semestre e a faculdade em si, havia resolvido não fazer nenhuma festa naquele ano. Apesar de 22 ser uma idade importante para uma swiftie como ela, tudo que queria naquele momento era saber que todos seus projetos finais estavam encaminhados e que ela iria poder comemorar sua formatura no próximo mês com a família e os amigos. 

Estava tão estressada com todos os textos que tinha que terminar que se esquivava de qualquer pergunta sobre uma possível festa, mesmo que seu aniversário fosse cair em um sábado. Albus havia tentado propor uma ida no karaokê, Dominique uma noite de Just Dance no apartamento dela e Roxy tinha oferecido de presente um café da manhã todo por conta da cafeteria do campus. 

Até Scorpius Malfoy havia questionado o que ela iria fazer naquela data especial. 

— Tem certeza que não vai ter nada? – Ele perguntou, incrédulo, enquanto os dois saíam da aula de sociologia que faziam juntos. – Nem um bolinho?

Qualquer um que convivesse com um de seus milhares de primos, sabia que a família Weasley não era de deixar datas em branco. Sempre havia uma comemoração, mesmo que pequena. Vovó Molly sempre falava que a vida era difícil, mágica e curta demais para não ser comemorada.

— Sinceramente? Eu não sei – Rose respondeu entre suspiros. Estava sendo mais sincera com ele do que com todos os outros que a questionaram sobre isso naquela semana. – Tô meio desanimada. Acho que é o caos do fim do semestre e a crise dos vinte mexendo com a minha cabeça.

— Terei que ser obrigado a te comprar um presente pra te animar – Ele a provocou. – Talvez o novo livro da Taylor Jenkins Reid.

— Não se atreva – ela exclamou, dando um leve tapa no braço dele, o que fez Scorpius rir. – Jamais vou ficar em dívida com você novamente.

Da última vez que ficou devendo um favor a Scorpius Malfoy, ela foi parar na inauguração de um Starbucks que quase matou Roxy de ódio. A história por trás do surto é que todos os anos, a cafeteria que sua prima trabalhava recebia propostas de franquias. Ela sempre defendia que tais empresas tiravam a oportunidade de estabelecimentos familiares se manterem com dignidade e tradição. Rose, de certa forma, concordava com a visão da outra Weasley, mas também sabia que sua prima havia ficado irritada com os comentários da ruiva sobre a simpatia de Luke Zabini, que por ironia do destino vinha a ser filho dos donos do estabelecimento e objeto de desafeto de Roxy.

Tirando esse pesadelo, Rose tinha até que tido uma manhã agradável junto de Scorpius, entre cafés e cookies. 

Os dois andavam trocando mensagens desde o incidente da jaqueta, quando depois de brigarem por causa da peça de roupa de um brechó, Scorpius deixou o item como um presente para Rose, que obviamente se sentiu no dever de retribuir o feito, o que apenas causou mais problemas para ela. E apesar disso tudo, eles haviam conseguido construir algo próximo de uma amizade. E Rose odiava admitir, mas até que o garoto era uma boa companhia.

Ela gostava e odiava como em tão pouco tempo ele parecia já saber tanto sobre ela.

Eles discutiam sobre séries, falavam sobre livros e a cada dia que passava Rose estava mais próxima de fazer com que Scorpius admitisse que estava gostando dos últimos álbuns da Taylor Swift. Claro que eles ainda brigavam vez ou outra, já que ele parecia sentir um estranho prazer em vê-la irritada com as bobeiras que ele falava. Porém, cada vez mais ela se pegava com vontade de conversar com ele ou vê-lo, mesmo que isso tirasse sua paz.

Exceto durante as aulas que dividiam, suas interações físicas eram escassas. Consistiam em apenas cumprimentos rasos e códigos bestas, como apontar para o bolso ou mexer na orelha, o que significava que haviam mensagens não respondidas. 

Ela estaria mentindo se negasse que até gostava daquilo. Era um jogo idiota como se fossem adolescentes, mas também preservava seu orgulho. Afinal, talvez todos esses anos que detestou o garoto, baseado em encontros bobos e ciúmes dele com os amigos dela, haviam sido em vão. 

Entre mensagens de Scorpius, trabalhos e propostas da sua família para comemorar seu aniversário, a última semana dos seus 21 anos passou como um piscar de olhos. Quando se deu conta já era sexta-feira e estava sendo acordada da maneira mais inusitada possível na véspera de seu aniversário.

Assim que abriu os olhos, Rose Weasley quase morreu de susto. Suas primas, Dominique e Roxanne, estavam paradas em sua frente, assim como as amigas Jia e Lysander, como se estivessem apenas esperando que ela acordasse para revelar uma grande notícia.