Acordo cedo no domingo. Na verdade, não sei se consegui dormir direito. Eu cochilava e acordava e repeti isso até agora.

Sophie foi para a casa de Marissa ontem a noite e dormiu por lá, a avó da minha filha achou que seria bom eu ter um tempo sozinha para pensar com clareza, mas eu ainda não sabia o que fazer.

Mas quem estou querendo enganar? Meu sonho sempre foi dividir a vida com o Freddie. Será que eu podia confiar mais uma vez nele?

Alguém toca a campainha de casa. Levanto da cama relutante e vou abrir a porta sem me importar em ver quem seria antes.

—Senhorita Puckett, bom dia. Meu nome é Matt e trabalho para o Sr. Benson – o homem sorriu para mim e eu notei que ele segurava uma espécie de capa em um cabide.

Me encolhi sentindo vergonha de não ter tirado meu pijama surrado e por não ter penteado o cabelo.

—O que você precisa? – disse por fim.

—O senhor Benson pediu para que eu lhe entregasse isso – ele estendeu a capa para mim e eu a peguei. Era pesado. Mas eu já tinha uma ideia do que seria.

—Parece que ele pensou em tudo – sussurrei – Ele viu?

—Não, na verdade, foi outra pessoa que o escolheu especialmente para você.

—Quem?

—Veja você mesma – ele se afastou da porta.

Olhei mais a frente e vi o carro preto que ele deveria ter usado para vir. A porta se abriu e de lá saíram minha mãe e minha irmã. Matt voltou até o carro para ajudá-las com as malas e eu não conseguia me mover, apenas senti as lágrimas descendo pelo rosto de emoção e saudade delas.

—Não vai cumprimentar sua mãe? – Pam me encarou rindo. Seu bom humor ainda estava intacto e pela sua aparência parecia estar bem melhor.

 _Mãe – eu corri até ela e a abracei forte – Eu senti tanta a sua falta.

—Eu também – ela retribuía o abraço e nós duas chorávamos.

—Ei, eu não ganho nenhum abraço? – Melanie se aproximou de nós.

Desfiz o abraço com a minha mãe e a abracei também.

—Senti saudades das duas – nos afastamos.

—Senhorita Puckett – ouvi Matt me chamar – Tomei a liberdade de deixar as malas na sala de sua casa. Freddie a espera na igreja às 17:00 se ainda o quiser.

—Obrigada Matt – sorri e ele se foi.

(...)

—O que eu faço, mãe? – eu estava parada em frente ao vestido de noiva que eu havia recebido.

Já havíamos almoçado e Melanie tinha acabado ir para casa de Marissa ver a Sophie, mas eu sabia que era só uma desculpa para que eu pudesse conversar com a minha mãe. Elas já sabiam de toda a história.

—Oh querida – minha mãe se sentou na cama do meu quarto e me observou – Você sabe que ninguém pode tomar essa decisão por você – ela suspirou – Mas confesso que me surpreendi quando ele me ligou pedindo que eu escolhesse seu vestido de noiva porque queria se casar com você e fazia questão de pagar as passagens para que eu e sua irmã pudéssemos estar presentes.

 _Ele pensou em tudo – repeti essa frase novamente baixo.

 _Pensou e agora você precisa pensar no que é melhor para você.

—Eu o amo, mãe. Sempre amei – alisei a saia do vestido que era um pouco rodada – Mas ele já me machucou tanto.

—Todos erram, Sam. Sei que ele te deixou devastada quando foi embora da primeira vez, mas ele tentou se redimir, não é mesmo?

—É, passamos por bons momentos em família – sorri me lembrando da viagem que fizemos.

—Você está disposta a correr riscos? Você não pode ter garantias que tudo vai ser perfeito porque a vida não é assim. Ele te deu a escolha, você pode se arrumar agora, casar com o amor da sua vida e tentar fazer as coisas darem como um casal ou você pode passar o resto do dia trancada em casa enquanto ele vai passar pelo mesmo que você passou anos atrás.

—Senti falta dos seus conselhos – falei sem saber o que responder.

Ela me abraçou mais uma vez. Era bom ter minha mãe comigo.

—Todos estamos sujeitos às mágoas, abelhinha. Não dá para fugir.

—Não dá pra fugir do destino também – brinquei.

Ouvi o celular da minha mãe tocar. Era uma mensagem de Melanie. Ela abriu do meu lado e vi uma selfie dela com a minha filha. Minha irmã usava um vestido longo azul simples e minha filha usava um vestido todo rodado rosa claro, seu cabelo estava cheio de cachos.

Sorri ao vê-las.

—Não querem saber minha decisão antes de se arrumarem?

—Sei que você ainda está se decidindo. Tem uma batalha dentro de você mesma, mas independente do que escolha, estaremos sempre aqui por você.

Olhei no relógio. 16:15.

—Bom, vou para a casa de Marissa também. Vou me arrumar com elas. Vai ficar bem sozinha?

—Vou – sorri e a senti depositar um beijo na minha testa.

—Até mais.

Minha mãe se retirou do quarto e em minutos ouvi a porta de casa bater. Olhei pela janela e a vi caminhando, também notei o carro preto parado em frente a minha casa.

Respirei fundo. Era agora ou nunca.

Eu tinha minha decisão feita.