Tão Simples como Amar escrita por Daan_


Capítulo 5
Um reencontro?




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Augusto estava estranhando aquela situação toda. Apesar das duas mulheres serem muito lindas, mal as conhecia! E pelo jeito a irmã também, pela conversa que as duas estavam tendo. Aquele comportamento não era tipico da sua irmã, estava corando muito facilmente e não falando muito, prestava a maior atenção no que Julia falava sem sequer piscar. Lilian estava completamente encantada com a mulher a sua frente. O papo entre elas corria facilmente e Julia falava com uma naturalidade que não lhe era comum, falou do trabalho, dos seus gostos, de suas amizades, até Mari observava a conversa atentamente sem nem se pronunciar. Aos poucos Augusto e Mari foram se aproximando e conversa começou a fluir...O clima na mesa estava agradável. Lilian cada vez querendo saber mais da mulher a sua frente, encantada com o modo como Julia falava...De uma forma segura, firme e ao mesmo tempo doce, com uma voz completamente encantadora a seus ouvidos.

Mari observava discretamente a conversa das duas, percebeu a mudança de comportamento de Julia. Aquilo, definitivamente, não era tipico da amiga...Falava com uma espontaneidade e de uma forma tão doce que lhe era raro. Julia agia assim raramente...E não com uma quase desconhecida como Lilian. Realmente a amiga estava encantada. Foi tirada de seus pensamentos pela voz do irmão da garota, que lhe perguntou baixinho:
— Num sei se eu sou o único...Mas você tá estranhando a situação? — perguntou baixinho.
— Completamente...
— Minha irmã num é assim...
— Minha amiga num é assim...

Os dois começaram a rir, chamando a atenção das duas mulheres na mesa. Julia franziu o cenho e perguntou a Mari:
— Que foi?
— Nada não...Bobagem aqui.

Julia arqueou uma sobrancelha ainda olhando para Mari, enquanto Lilian pedia outra coca, afinal de contas, ela quem iria dirigir...As duas trocaram olhares cúmplices e logo Julia sorriu, abaixou a cabeça e balançou negativamente, voltou a olhar para a amiga como quem diz “ o que cê pensa que tá me dizendo?”. Mari manteve a expressão o tempo todo...Tomou um gole de seu chope e arqueou as duas sobrancelhas como quem diz “eu tô falando...” deu de ombros enquanto Julia a fitava.
— Idiota. — disse sorrindo meio nervosa.
— Dá um tempo...Vamo ver se você vai me chamar de idiota. — e sorriu.

Augusto e Lilian observavam as duas sem entender nada. Julia e Mari tinham dessa, se entendiam perfeitamente por um simples olhar, as vezes Julia odiava já que Mari a conhecia tão bem que em certas situações mostrava coisas que Julia não queria enxergar, o que era o caso. Julia voltou sua atenção a Lilian que a olhava meio curiosa e explicou:
— Ela é doida...
— Não, não, não! Sou realista. — defendeu-se Mari.

Julia preferiu ignorar o comentário da amiga. Olhou para Lilian com certa empolgação e disse:

— Então, agora me fala de você...Já falei bastante de mim.
— Bom, acho que não tenho muito o que dizer... — começou meio tímida.

E mais uma vez seguiram numa conversa animada , Lilian com seu jeitinho meigo foi deixando Julia cada vez mais encantada. Lilian falou de seus pais, do acidente, do trabalho, do namorado...Enfim, resumiu sua vida. Julia sentia cada vez mais necessidade de saber da mulher a sua frente, sentiu uma pontada incomoda no peito quando ouviu que a garota tinha um namorado, mas manteve o sorriso no rosto e fingiu interesse “ Ótimo, atraída por uma hétero...Que decadência Julia.” pensou com uma ponta de irritação. Após contarem mais um pouco de suas vidas, as duas controlando o interesse de conversarem a sós um pouco mais, conhecerem-se mais, embarcaram numa conversa animada com Mari e Augusto...
Os quatro nem perceberam o tempo passar, quando se deram conta já estava deveras tarde. Mari e Julia resolveram ir embora, depois de uma leve insistência dos irmãos para ficarem mais um pouco, é claro. Despediram-se amistosamente e pediram a conta...Minutos depois cada par seguia para um carro. Mari e Julia foram para o carro da morena e Augusto e Lilian para o carro da irmã mais velha. Pouco antes de entrar no carro, Julia disse:
— Nos vemos por aí...
— Passa lá na perfumaria hein...
— E não esquece de passar lá na loja, te dei o cartão, não tem erro.
— Pode deixar. — e sorriu.

Julia acenou discretamente e entrou no carro. Lilian fez o mesmo, assim que entrou no carro ouviu o comentário do irmão:
— Adorei elas...
— Eu também, Guh, eu também.
— Conheceu elas aonde, Lih?
— Conheci a Julia...Acidentalmente na praia. — dando partida no carro.
— Huum...

No outro carro o único som que se ouvia era o do rádio, Julia dirigia toda concentrada enquanto Mari mantinha os olhos fechados no banco do carona. A morena deu uma olhada rápida para a amiga e provocou:
— Exagerou hein...
— Bebi por mim e por você, já que você num pode... — disse sem abrir os olhos.
— Quero só ver a ressaca amanhã. Alias, quero ver nada não, você fica tão chatinha de ressaca...
— Peste...Posso ficar de ressaca amanhã, mas não sou eu que tô afim de uma pessoa totalmente hétero, né Julia.
— Ai Mari, fica quietinha ai vai...Cê tá bêbada. — disse já irritada.
— Tá bom Julia...Amanhã você me conta que tá de quatro pela Lilian. — e riu.

Julia bufou fortemente, bagunçando sua franja consideravelmente. Continuou dirigindo calada com os pensamentos longe. Tentava organizar os acontecimentos da noite...Saiu para tentar esquecer uma moça que mal sabia o nome e divertir-se com uma bela mulher, mas graças ao destino a encontrou e se perdeu...Sabia que estava atraída pela garota, mas tinha algo mais que atração ali...Só não conseguia definir. E para melhorar sua situação, a garota ainda era hétero...E namorava! Julia sabia que não teria chance mas ainda sim quis manter contato, não por esperança, mas sim por se sentir bem em somente conversar com Lilian. “ Essa história não está tomando rumos agradáveis...É melhor eu me afastar...Me afastar. Antes que isso dê merda. Tá bem obvio que eu quero ficar com ela, mas ela namorando é algo totalmente improvável de acontecer” pensou Julia...Minutos depois deixou a amiga em casa e seguiu para a sua. Assim que chegou em seu apartamento, se jogou no sofá e fechou os olhos...Enfiou as mãos no bolso do jeans retirou um papel com o telefone de Lilian, leu e releu o numero por minutos que não soube definir amassou-o e jogou no cinzeiro na mesinha de centro. Acabou por adormecer no sofá...

Quarta-feira.

Julia finalmente teve um momento de paz. Ficou quase uma hora ao telefone fazendo pedidos ao fornecedor, quando finalmente desligou, massageou a orelha e comentou com Sérgio:
— Nossa, tá até quente... — e fez uma careta ainda massageando o local.

Sérgio riu e voltou a suas anotações enquanto Julia se espreguiçava. Na hora que Julia ia chamar o amigo para almoçar ouviu três leves batidas na porta. Um dos funcionários entrou meio tímido e disse:
— Dona Julia, ligaram lá embaixo atras da senhora, passa?
— Lá embaixo?
— É.
— Quem é?
— Esqueci de perguntar... — admitiu meio envergonhado — mas se a senhora quiser eu vou lá embaixo e...
- Não, não! Pode passar, Erick. Pede pra algumas das meninas passar pra mim, por favor. Mas da próxima vez, pergunta! Ouviu bem? — com uma ponta de irritação
— Tudo bem. Desculpa dona Julia. — e saiu rapidamente.

Assim que o rapaz saiu Julia disse para Sérgio:
— Se for mais um fornecedor, passo pra você, não aguento mais falar com esses caras.
— Tá né, mas não acostuma.

O telefone tocou e rapidamente Julia atendeu com a voz totalmente formal:
— Julia Almeida.
— A-alô, Julia?
— É ela. — já sentindo o coração rasgar o peito.
— É a Lilian, tudo bem?

Aí sim, Julia recostou-se na cadeira completamente surpresa. Apesar de terem trocado telefones, não esperava que a jovem fosse ligar. Inclinou a cabeça e fechou os olhos...
— Julia?
— Oi! — e voltou a sua posição normal rapidamente.
— Tô atrapalhando? — perguntou insegura.
— Não, não...Que é isso, nem se preocupa.
— Eu resolvi te ligar porque...Você disse que ia passar na loja e tudo mais, nem passou, nem me ligou... — disse com uma ponta de tristeza.
— Aaah sim, sim...Realmente ainda não tive chance — “mentirosa, mentirosa, mentirosa!” pensava Julia — falha minha.
— N-não, tudo bem, eu entendo...É que...Bom, eu achei que você fosse pelo menos ligar, né...

“ Sou uma demente mesmo” pensava Julia irritada.
— Vai fazer o que hoje a noite? — perguntou rapidamente cobrindo o rosto com uma das mãos.
— Encontrar com o André e...
— André? — perguntou sem esconder a surpresa.
— Meu namorado...Eu te contei, você num lembra?
— Aaaah sim, me desculpa, mas não lembrava do nome dele — “Essa parte eu fiz questão de esquecer, Lili.” pensou dando um leve tapa na testa ainda de olhos fechados.
— Ah, tudo bem...E na sexta, o que você vai fazer?
— Provavelmente sair com a Mari, geralmente é o que eu faço...
— Ahn...Ela vai sair com o meu irmão.
— O que? — perguntou surpresa.
— É pow, não sabia?
— Não...Ela...Ela não me contou.
— Bom, ahn...Tá afim de sair?
— Cla-claro! Sexta, né?
— Isso...Pra onde cê quer ir?
— A programação fica por sua conta...Olha a responsabilidade hein... — brincou Julia.
— Pensarei em algo então, bom...Então, até sexta?
— Até sexta.
— Te ligo pra gente combinar direitinho, não quero mais tomar o meu tempo.
— Tudo bem...Apesar de você não incomodar em nada, liga-me depois, ok?
— Ótimo. Tchau Julia.
— Tchau Lilian. Beijo.
— Outro.

Julia desligou o telefone com o coração na boca. “Namorado, namorado, namorado...Ela namora inferno!” pensava irritada. Se jogou na cadeira e suspirou, não queria manter contato com a garota, sabia que só de ouvir a voz de Lilian todos seus planos ruíam, seu coração saltitava...Mas, como isso, se somente viu aquela mulher duas vezes na vida? “Complexo, Julia, muito complexo” pensou Julia sempre chegava a essa mesma conclusão. Pegou o telefone e discou os números do celular de Mari...Chamou por diversas vezes até cair na caixa postal “Ela deve tá no estúdio, mas vai atender, ah se vai...” discou os números novamente e deixou chamar...Caixa postal de novo. Na quinta ligação finalmente ouviu a voz tão conhecida da amiga que parecia meio aflita:
— Alô?
— Traidora.
— Oi?
— Você ouviu.
— O que eu fiz? — perguntou totalmente surpresa.
— Por que você não me contou que ia sair com o irmão da Lilian? — perguntou pausadamente.
— Julia! Eu não acredito que você me ligou QUATRO VEZES, me tirou do meu desenho pra isso! Eu aqui, super preocupada pensando que...
— Ela me ligou. — interrompeu calmamente.
— Que bom! — disse entusiasmada. — Já num era hora.
— Que bom?! Mari, a LILIAN ligou.
— É, que bom, ué...Você falou dessa garota desde que a encontrou da ultima vez, Julia.
— Mas...
— Chama ela pra sair.
— Mari eu não acho...
— Uma boa idéia, pelo amor de Deus, né Julia, o discurso tá rodado já, gata. O negocio é simples, sair pra conversar não mata. E não adianta dizer que não vai ser bom, você não sabe...A única coisa que tu sabe é que tá louca pra encontrar com ela de novo.
— Eu não!
— Não, né Julia. Deixa de ser encucada e deixa rolar! Uma amizade num vai te fazer mal.
— E se eu não quiser só amizade?
— Você quer ficar perto dela, acha que me engana?
— Ai Mari, num tô afim de discutir com você por telefone.
— Só me responde uma coisa...Vai sair com ela?
— Vou. — e desligou

Julia ficou olhando para o telefone e conseguiu ouvir o gritinho que Mariane certamente dera...Sorriu e levantou da mesa, despediu-se de Sérgio rapidamente e foi almoçar...


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