Tão Simples como Amar escrita por Daan_


Capítulo 4
Um encontro.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/80182/chapter/4

Julia acordou tarde naquele sábado, se espreguiçou e lembrou de onde estava. Levantou foi até o banheiro, saiu de lá minutos depois já mais acordada, foi até a sala e viu Mari toda concentrada em seu papel...Julia se aproximou sorrateiramente e quando estava bem próxima ao ouvido da amiga disse bem alto:
— Mas já tá desenhando?!
— Julia sua filha de uma...
— Puta. Pode falar, eu deixo. Sabe que meu relacionamento com a minha mãe num é lá essas coisas — disse com meio sorriso.
— Sua idiota. — esbravejou vermelha.
— Bom dia pra você também. — respondeu cínica.
— Tem café fresco na garrafa, vai lá tomar uma xícara e te manda daqui!

Julia sorriu e foi até a cozinha comer algo, enquanto Mari voltava sua atenção ao caderno.


Lilian chegou em casa meio decepcionada, acordou cedo, sem querer e resolveu ir até a praia novamente, não que tivesse o hábito diário de levantar tão cedo e ir até a praia. Mas hoje teve um único intuito: encontrar o belo par de olhos verdes...Ficou lá o tempo que pôde e nada da mulher aparecer, ficou decepcionada pelo fato de não vê-la e com raiva de si mesma por ter ido até lá, com certeza a mulher nem lembraria de Lilian, assim pensava Lili. Chegou em casa, tomou um banho rápido e tomou café em silêncio...Quando estava quase terminando, Augusto não aguentando mais o silêncio da irmão, perguntou:
— Aconteceu algo, Lili?
— Não Guh, não aconteceu nada...
— Você tá com uma cara desde que chegou...Deve...
— Bobagem minha Guh, esquece, ok? — interrompendo o irmão.
— Tudo bem, sabe que se precisar...
— Já sei, já sei. — disse suavemente — Agora deixa eu ir, já tá na minha hora.
— Vai lá, maninha. Bom trampo.

Lilian levantou da mesa, deu um beijo no irmão, pegou as chaves do carro, a bolsa e saiu.

 

Julia estava sentada num dos sofás da sala de Mari, com o cd de uma banda nacional ao fundo que ainda não conhecia...A letra era bonita e a melodia bem agradável. Os pensamentos estavam longe e inconscientemente foram parar numa moça dos cabelos claros e um sorriso lindo... Sorriu sem nem ao menos perceber. Ao voltar a realidade balançou a cabeça negativamente, meio assustada enquanto Mari e observava discretamente. Julia virou para a amiga e disse:
— Cara...Eu realmente preciso de uma mulher.
— Tava pensando na garota? — perguntou já sabendo a resposta.
— Vai fazer o que hoje?
— Num sei ainda...
— Que tal...
— Nada de boates!
— Porque?
— Sem clima pra boate Julia...Vamo fazer uma coisa mais suave, vamo prum barzinho, ouvir uma musica ao vivo tomando uma cerveja. Que achas?
— Acho que isso vai ser um porre...Num vai ser lá que eu vo arrumar uma mulher, Mari.
— Julia, do jeito que tu chama a atenção, você arruma quem você quiser, gata.
— As vezes eu acho que você é afim de mim, sabia? - e riu.

Mari caiu na risada e jogou uma almofada na amiga...
— Você bem que queria, né. — resolveu brincar também.

Julia somente jogou a almofada de volta e balançou a cabeça negativamente ainda sorrindo. Mari pegou a almofada e perguntou a amiga:
— E aí, topas?
— Topo, né. Mas com uma condição...
— Qual?
— Nada de choperia com musica ao vivo, quero ir prum quiosque agora...
— Tá bom, né. Nem afim de debater...
— Assim que é bom. — e sorriu.

Lilian nem percebeu o tempo passar, estava tão concentrada com seu trabalho que nem se deu conta...Quando olhou no relógio já estava quase no seu horário de saída, foi até a frente da loja ver como estavam as coisas e logo ir embora...
Um tempo depois chega em casa e dá de cara com o irmão deitado no sofá, o cumprimenta com um beijo na testa e vai trocar de roupa enquanto o irmão vai preparar a mesa...


Por volta das 9 horas, Julia olhou no relógio e percebeu que já era hora de começar a se arrumar, caso se atrasasse com certeza Mari ia reclamar por, no minimo, quinze minutos...Seguiu para o banheiro apressada e tomou um belo de um banho. Optou por uma roupa mais confortável, uma calça jeans escura e uma blusinha azul claro...Penteou os cabelos e deu uma conferida rápida no espelho. Não gostava de maquiagens nem nada do gênero, só usava quando era de extrema necessidade, pegou a bolsa e as chaves do carro e saiu.

Augusto olhou pela décima vez em seu relógio, não sabia como André tinha tanta paciência em esperar a irmã se arrumar. Desistiu de esperar e foi bater no quarto da irmã...
— E aí Lih, é pra hoje isso aí?
— Calma Guh, tô terminando de me arrumar.
— Poxa Lih, você tá aí tem bem uma meia hora...Eu já tô ficando angustiado aqui.
— Espeeera! — exclamou numa ponta de irritação — Coisa mais chata.
— Tá bom, tá bom...Você tem dez minutos, saco?
— Vaai pra sala esperar, moleque chato!

Augusto voltou para sala e por lá ficou vendo televisão até a irmã sair do quarto. Quando ouviu a porta sendo aberta suspirou irritado. Instantes depois viu Lilian parada ao lado do sofá olhando pro irmão...
— Pronto, vamos? — e sorriu.
— Vamo logo, vai. — levantando do sofá.

Só quando levantou que Augusto pode ver o quanto a irmã estava bonita, olhou de cima a baixo e comentou todo orgulhoso:
— Cê tá gata hein, Lili...
— Brigada, você também tá gatinho.

Lili vestia uma calça jeans num tom bem claro e uma blusinha branca com umas frases em vermelho e um colar artesanal bem discreto, os cabelos vinham

 soltos e cuidadosamente penteados. Simples e linda, assim Lilian era...E quando caprichava, ficava impressionantemente linda. Já Augusto vestia uma calça bem escura e uma camisa verde com vários detalhes em preto. Estendeu o braço para a irmã e perguntou:
— Vamos?
— Agora mesmo! — cruzando seu braço ao do rapaz.

Os dois no carro foram conversando amistosamente, com uma musica de fundo. Lilian falava do pouco que sabia da artista, que pesquisou pela internet. Estava deveras curiosa para conhecer o trabalho da mulher, que pelo pouco que viu parecia ser muito bom.
Chegaram na galeria e logo os dois ficaram encantados pelas obras. O movimento não era muito grande, mas as pessoas que estavam lá se mostravam encantados, assim como os dois irmãos. Os dois foram caminhando por entre as obras lentamente, observando atentamente cada quadro, até que Augusto parou num quadro e passou a fita-lo completamente admirado:
— A mãe ia pirar nisso aqui... — comentou baixinho.

Lilian estava da mesma forma que o irmão, porém, por todas as obras ali. Pouco tempo depois deu falta do irmão, que ainda estava no mesmo lugar que o viu parar, foi até o garoto olhando curiosamente para o quadro:
— Gostou Guh?
— Amei...Cara, esse quadro me lembrou tanto da mamãe. — disse completamente encantado.
— Por que?
— Ele é tão vivo...Intenso...Não sei, é lindo demais Lili.
— Viiu, esse é um dos motivos deu sempre arrastar o Dé pra qualquer exposição...Eu me sinto...Mais próxima da mãe, entende? Ela amava demais esse mundinho, Guh.
— Viajei demais nesse quadro.
— Vamo ver os outros, vai. — segurou o irmão pelo braço e o puxou.

Caminhavam sorridentes por entre as obras, conversando baixinho, comentando e observando encantados...

Julia tocava a insistentemente, sabia que isso irritava Mari profundamente. Sorriu ao ver a porta sendo aberta bruscamente e uma Mari irritadiça surgir ainda com os cabelos enrolados numa toalha:
— Porra, tá com problema no dedo, Julia?
— Oi amiga! — a cumprimentou toda sorridente.

Mari olhou para Julia que ainda sorria cinicamente na porta e disse baixinho:
— Entra. — e deu passagem a morena.

Assim que Julia entrou, Mari fechou a porta e foi correndo para o quarto...
— Num tá pronta ainda, Mah? — seguindo pelo corredor.
— Ah, tô sim...Hoje quando eu saí do banho eu vi que fico muito sexy com a toalha na cabeça, aí resolvi não tirar. — respondeu sarcástica.

Julia não teve como não rir, adorava irritar Mari...
— E realmente acertou, ficastes muito sexy com essa toalha, Mah. — e ensaiou uma cara de desejo que mais parecia uma careta.
— Você num presta, sabia? Te odeio! — e sorriu.
— Eu também Mari, também... — e se jogou na cama.

Julia deixou seu corpo relaxar na cama da amiga, enquanto a mesma terminava de se arrumar. Fechou os olhos e foi pensando no que faria na noite enquanto Mari desandava a falar. “Huum...realmente preciso de uma mulher. “ pensou um meio sorriso nos lábios. Mas logo foi tirada de seus pensamentos pela voz Mari, que ainda falava. Só conseguiu entender o final da frase:
— Passar na exposição...
— Oi?
— Tchau! Julia, você prestou atenção no que eu falei? — perguntou com as mãos na cintura.
— Maaari, eu estava com os pensamentos longe.
— Num quero saber! Mas eu vo te contar o principal, me ligaram lá da exposição, pediram pra eu passar lá pra resolver uns assuntos.
— Mari tá precisando de macho. — disse baixinho, mas foi alto o suficiente para a loirinha ouvir.
— Julia! Eu vo fingir que num escutei, ok? — disse bem irritada.
— Mano, o que foi que aconteceu, me conta vai...
— Assim que você saiu, aquele...Aquele imprestável ligou!
— Tá, mas me responde porque você tá tão doída assim, sendo que nem ficar com ele, cê ficou.
— Ele é gato! Muuito gato.
— Cê arruma um melhor hoje...Mas vê se melhora esse humor, vai. E anda logo que eu num tô afim de esperar a barbie se arrumar.
— Tô indo secar o cabelo, general...
— Lili, eu tô encantado com isso aqui, a mulher é realmente muito boa. — comentou Augusto.
— Realmente, eu adorei os trabalhos da Mariane.
— E eu continuo encantado com aqueele quadro. Me vem a mãe ne cabeça, na hora...Mas então, vamo embora?
— Vamo sim. E aí bonitão, curtiu o programa careta?
— Sabia que viria uma coisa do gênero. — comentou abraçando a irmã.

No momento em que os dois viraram em direção a saída, Lilian sentiu o coração acelerar, viu a bela mulher dos olhos verdes que encontrou na praia na manhã anterior. Franziu o cenho enquanto a mulher se aproximava de um dos quadros, já intima do local. Augusto percebendo a distração da irmã, procurou o que tanto a irmã observava:
— Lili! Meu Deus, que mulheres são essas... — comentou sem conseguir conter a admiração.

Mulheres? Só assim Lilian pode perceber a loirinha que estava ao lado da morena, franziu o cenho tentando lembrar de onde conhecia aquela mulher, mas não conseguiu, estava surpresa demais demais com a morena. Viu a loirinha se despedir discretamente e seguiu por um corredor que não soube dizer para onde dava, provavelmente a sala da administração. Lilian aproveitou que a mulher estava sozinha e virou-se pro irmão toda sorridente:
— Espera aí.
— Lili...Você...Conhece?

Tarde demais...Lilian não chegou nem a ouvir a pergunta do irmão mais novo. Seguiu em direção a morena com o coração na mão...Estava estranhando aqueles sentimentos todos, mas no momento era o que menos importava. Queria mesmo ter mais um contato com a mulher, poder ver mais uma vez aqueles olhos verdes de perto, e conhece-la um pouco mais...O quanto o destino lhe permitisse.

Julia assim que entrou foi direto em direção a um de seus quadros favoritos, despediu-se de Mari rapidamente e nem percebeu que alguém a observava desde que colocou os pés naquela galeria. Ouviu alguém se aproximando, mas nem se deu conta, lembrava-se do quanto perturbou Mari para lhe dar aquele quadro, mas por um motivo que ainda não sabia a amiga não lhe dera... Viu alguém se pôr ao seu lado mas mantinha-se absorta em seus pensamentos que só observou quem era quando ouviu uma voz...Uma voz conhecida:
— Gosta?

Julia virou lentamente para dar de cara com a garota que vira na praia. Sentiu o coração bater feito um louco no peito ao rever aquele sorriso que vinha tomando conta de seus pensamentos por mais que tentasse evitar.
— Muito. — respondeu simplesmente tentando se mostrar o mais natural possível.
— Lembra de mim? — perguntou insegura.

Julia percebeu que deixou sua “naturalidade” muito em evidencia, e logo se apressou em responder:
— Leembro, lembro sim...É que...Bom, é... — “Gaguejando de novo Julia? Mas que raio que tá havendo?” Pensou Julia completamente confusa.

Lilian suspirou aliviada disse:
— Que bom... — e abriu um largo sorriso.

Julia somente sorriu em resposta e lhe lançou um olhar deveras intenso, deixando Lilian meio desconcertada, sem saber o que dizer...
— Ahn...É...
— Gostou das obras? — perguntou tentando descontrair.
— São todas lindas...
— A minha preferida é essa... — e olhou discretamente para o quadro a sua frente. — Mas a Mari num quis me dar.
— Você...Você conhece Mariane Avila?
— Conheço...Conheço muito bem. Sabe aquela loirinha, baixinha que tava aqui comigo há pouco tempo atras? Então, era ela.
— Sua...Amiga? — perguntou incerta da resposta.
— Melhor amiga — corrigiu Julia.
— Você também desenha? — perguntou Lili deveras curiosa.
— Ah não, não...Sinceramente, até meu bonequinho de palito fica feio. — e riu.

Lilian, encantada com a mulher a sua frente riu também, olhou para a obra rapidamente e não pode conter sua curiosidade:
— Conhece ela há muito tempo?
— Uns bons longos anos, menina...Uns bons longos anos.
— Aaai, desculpa te encher de perguntas assim do nada...É que...Bom, sei lá. — e corou consideravelmente — Ah! Você num sabe nem o meu nome...Prazer, meu nome é Lilian. Lilian Vasques. — e estendeu a mão.
— Julia...Julia Almeida. Prazer é meu — sorriu simpática e pegou na mão estendida a sua frente.

Olhos nos olhos e uma expressão serena no rosto de ambas, assim se mantiveram por um tempo que não se pode determinar, mas para elas foi muito pouco, já que do nada surge Mari chamando a amiga:
— Julia, vamo embora?

Soltaram as mãos e Julia voltou sua atenção a amiga, enquanto Lilian mantinha-se meio sem graça:
— Vamo sim...Bom, antes de mais nada. Mari, essa é a Lilian...Lilian, essa é Mariane Avila.
— Prazer Lilian... — cumprimentou Mari.
— Prazer é meu... — respondeu Lilian deveras simpática.
— A Julia nunca me falou de você... — comentou Mari confusa.
— A gente tá meio que se conhecendo agora...Já nos vimos antes, mas não sabíamos os nomes. — respondeu Lilian.
— Eu falei dela sim pra você, Mari. Lembrou?
— Aaaaaah, você é a garota da praia, não é? — Mari demonstrou um subíto interesse que chegou a assustar até mesmo Julia.
— Sou... — respondeu Lilian num fio de voz.
— Maari, a gente já tá indo, né? — Julia a repreendendo com o olhar.
— Nossa gente, me desculpa... — disse Mari corando levemente.
— Não liga Lilian, a Mari é assim mesmo...Faz bobagem e nem percebe. — comentou Julia.
— Lilian...Não vai me apresentar? — chega Augusto todo sorridente.
— Esse é outro que faz besteira e nem percebe, meu irmão...Augusto. Guh, Julia e Mariane...Meninas, Augusto.
— Prazer. — respondeu Julia e Mari ao mesmo tempo.
— Prazer é meu meninas...
— Bom, agora a gente realmente tá de saída, né Julia? — disse Mari.
— É...Realmente, vamos indo Mah.
— Ah! A proposito, parabéns, suas obras são lindas. — comentou Lili.
— Obrigada...Muito obrigada.
— A gente se vê por aí... — disse Julia.

Despediram-se formalmente e Julia e Mari seguiram em direção a saída, até que Julia se vira rapidamente e ainda vê os dois irmãos, no mesmo lugar conversando:
— Hey...— se aproximou dos dois — O que vocês dois vão fazer quando saírem daqui?
— A gente vai pra uma choperia agora... — respondeu Augusto.
— Bom...Ahn...Eu e a Mari estamos indo prum quiosque agora, se vocês tiverem afim de ir com a gente...
— Claro! — respondeu Lilian imediatamente.
— Então...vamos? — perguntou Julia olhando para Augusto.
— Vamos né. — respondeu o rapaz.
— Vocês seguem o nosso carro?
— Claro, claro. — afirmou Lilian.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tão Simples como Amar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.