Mulher-Maravilha: Guerra e Paz escrita por Max Lake


Capítulo 5
Reino de Hades




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O Tártaro. Apenas uma das três partes pertencentes ao Submundo, reino governado pelo deus Hades. Mesmo que jamais tenha pisado no Tártaro ou em qualquer parte do Reino de Hades, Diana conhecia bastante sobre o lugar graças às histórias que sua mãe contava quando era criança.

Sabia que os gritos e os corpos em descida pertenciam aos mortos que adentravam no Submundo. Sabia que os mortos viajavam pelo reino de acordo com o julgamento de Hades - os antigos heróis mortos, como o titã Cronos, iam para a Ilha dos Abençoados enquanto os Campos Elíseos era a terra dos virtuosos. Já o Tártaro, a pior parte para ser enviado, era onde as almas condenadas viviam torturadas pela eternidade.

Diana encontrava-se em uma plataforma, seu armamento, por coincidência, caiu próximo a ela. O Laço da Verdade já foi equipado à cintura assim como a espada descansava na bainha. O escudo foi posicionado nas costas e a tiara foi posta sobre a cabeça. Precisava arranjar um jeito de escapar, mas também buscar Hipólita. O salão de Hades era a única resposta, precisava encontrá-lo.

—Pelos deuses! - indagou ao sentir uma mão cadavérica segurando sua perna.

Mais membros decompostos surgiam do chão como mortos-vivos, sendo erguidos e revelando suas aparências zumbificadas. Utilizavam antigas armaduras greco-romanas, seguravam espadas leves e escudos de madeira pouco protetores. Puxando a lâmina da bainha, Diana avançava contra os corpos que renasciam, cortando-os ao meio e vendo-os desaparecer como fumaça. Mais dedos seguraram as botas da amazona. Puxou o escudo e bateu contra os membros falecidos, libertando-se.

Percebendo a plataforma acima, Diana se agachou e saltou, impulsionando até alcançá-la. Cravou os dedos na parte rochosa e escalou a plataforma até o topo, ficando de pé. Uma ponte vermelha levava para cima, um caminho para um portão de ferro. Enquanto corria, mais mortos iam aparecendo, formando um exército perseguindo a Mulher-Maravilha. Atravessando a ponte, viu grades surgindo do chão e bloqueando a continuidade do caminho. “Droga”, pensou Diana. Atrás dela, os mortos-vivos se juntavam e se aproximavam, cercando a guerreira amazona.

Com espada e escudo erguidos, os ‘zumbis’ avançavam. Diana cortava cabeças, atravessava corpos, empurrava-os para a queda no precipício, distribuía socos e chutes, e até usou o Laço da Verdade como arma. Arremessou a tiara que retornou à sua mão. Aos poucos, os vários guerreiros desfalecidos recuavam e voltavam para seu descanso eterno.

Sobrando os últimos três, a princesa amazona enfiou a espada no corpo do primeiro, atacou com o escudo na cabeça do segundo e laçou o terceiro para fora da plataforma. Ofegante e ajoelhada, ouviu as grades abaixando e as trancas do portão de ferro sendo movidas. Pronta para o próximo combate, Diana assumiu novamente a posição de ataque - escudo à frente do corpo, espada erguida, pés distantes e fixos. No entanto, relaxou ao ver a pessoa que atravessava o portão.

—Mamãe!

Hipólita vestia a túnica de rainha amazona, longa e branca, sendo arrastada pelo chão rochoso. Estava armada com uma adaga de lâmina curva, afiada e ótima para combates. Diana estava hipnotizada pela presença da mãe, porém uma parte de si, bem pequena e distante, lhe dizia para desconfiar. Essa parte também lhe dizia para notar os olhos da mulher, que estavam escarlates e flamejantes.

—Mamãe, sou eu. Diana. - Tentava dialogar.

—Diana - repetiu, a voz estava indiferente, como se o nome não fosse familiar.

—Sim, sua filha.

—Filha.

—O que Hades fez à senhora?

Não houve resposta. Hipólita deu as costas e atravessou o portão, que lentamente se fechava. Num pulo, Diana conseguiu alcançar e atravessá-lo também. A nova sala era iluminada por tochas presas à parede rochosa, o calor do Tártaro era consideravelmente menor na sala em que se encontrava.

À frente, de pé com os braços cruzados para trás, um homem trajado em uma armadura preta com ombreiras e braceletes espinhentos estava observando uma abertura cavernosa para o restante de seu reino.  O capacete de chifre repousava nas mãos, deixando solto seu cabelo preto liso. Diana facilmente reconheceu o deus Hades, o senhor do Submundo.

—Onde está minha mãe, Hades?

—Olá para você também, princesa Diana. Estou impressionado como Circe pôde cumprir duas promessas sem mentir.

—Não vou perguntar duas vezes, Hades! - Apontou a espada para a divindade, que colocou o capacete escuro sobre a cabeça.

—Ah, parece que mentiu sim. Você ainda pertence ao mundo dos vivos, sua determinação revela isso. É admirável, afinal minha querida Hipólita não teve a mesma característica quando me foi entregue sem vida. Está claro que não herdaste dela esse dom.

Ele ri, provocando. Diana rangeu os dentes, a raiva tomando conta de seus instintos, pressionava o cabo da espada com força.

Sabia que Hades e Hipólita passaram por um relacionamento polêmico no passado distante, quando amazonas viviam em harmonia no mundo dos homens. Sob imposição da deusa Atena, que queria proteger as maiores guerreiras da humanidade, e com apoio do próprio Zeus, tal relacionamento foi proibido e Hades permaneceu governando sozinho o Submundo. Porém, uma obsessão pela rainha amazona nasceu a partir daquela proibição, principalmente após saber da existência da criança nascida do barro - a própria Diana.

—De qualquer forma, deve conhecer as regras. Ninguém sai de meu reino sem minha permissão, o mesmo vale para entradas. E você, por mais que seja tentador tê-la aqui, não possui autorização para tal.

Literalmente num estalar de dedos, a parede ao lado da amazona se quebrou e a enorme criatura de três cabeças caninas, dentes tão afiados quanto sua espada, de pelo escuro como a noite, surgiu enfurecida. Diana bloqueou as rochas que a atingiriam e recuou enquanto via a aproximação de Cérbero, o cão protetor do reino de Hades. A cabeça central tentava mordê-la, mas a amazona atacou sem piedade com a espada, arrancando a ponta da língua, também golpeando-o com um avanço do escudo.

O animal furioso recuou e Diana saltou, atacando em descida com a espada, mirando a cabeça do meio da criatura. Cravou-a com força, liberando um sangue negro. Depois, usou o laço e atacou a cabeça canhota, queimando-a com a magia do Laço da Verdade até desmaiar. Sobrou apenas uma parte do Cérbero, mas parecia intimidado pela derrota das outras duas cabeças. Diana, com a fúria explícita nos olhos, ergueu os punhos e correu na direção do alvo, porém Hades surgiu entre a amazona e seu animal.

—Não! - Segurou o punho erguido de Diana. - Não vai mais machucá-lo.

—Liberte minha mãe, Hades! É meu único aviso!

Apesar de sentir-se irritado pelo estado em que se encontra Cérbero, Hades se divertia com a ameaça de Diana.

—Acha que me intimida, princesa? É tão insignificante para mim quanto uma formiga é para um elefante. - O deus do Submundo invocou uma espada flamejante para sua mão direita. - Confronte-me e talvez liberte sua rainha.

—Que assim seja. - Aceitou a amazona, posicionando-se para o ataque.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! =)

Eu até esqueci de falar no capítulo anterior que as "lâminas flamejantes" na sala do trono eram referência ao Kratos, o protagonista de God of War.

Inclusive, este capítulo teve bastante influência de God of War. Foi pra parecer uma fase do jogo xD



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