Pilotando seu jato militar entregue pelos homens, de camuflagem ativada, tornando-se invisível e praticamente inaudível, Diana sobrevoava o mar trazendo o prisioneiro no banco traseiro e amarrado ao Laço da Verdade. Tudo o que se via pelo caminho era névoa, trevas, trovões e restos de navios no mar.

Felizmente Diana sabia desviar das adversidades e, sem sofrer qualquer dano, conseguiu escapar das armadilhas mágicas criadas pelas deusas para afastar o homem. No horizonte, iluminada pelo sol radiante, rodeada pelo mar azul cristalino, surgia a estonteante e mágica Themyscira, o lar das amazonas.

Por ser um homem, a presença do prisioneiro era proibida na Ilha Paraíso, portanto a primeira parada foi na pequena ilha vizinha à Themyscira, uma prisão guardada pelas guerreiras amazonas.

Pousando, desceu e escoltou o homem até um corredor cheio de celas. As amazonas ficaram em posição de respeito assim que a princesa surgiu. Os trajes eram todos iguais, armaduras que lembravam os visuais atenienses, elmos cobrindo suas cabeças, espada e escudo em mãos.

—Descansar, irmãs - proferiu, entregando o prisioneiro às duas guardas. - Tomem cuidado, parece inofensivo, mas é um Minotauro.

—Sim, princesa. - A amazona de cabelo ruivo, entretanto, aparentava nervosismo. Diana, preocupada, pousou a mão sobre seu ombro.

—Tranquilize-se, irmã. - O tom era mais sereno e calmo do que o costume. - Ele não representa ameaça em sua forma humana.

—Eu sei, princesa. Mas é que… Bom, não tivemos notícias do trono desde que você partiu. As generais não respondem nossas comunicações, o rodízio deveria ter acontecido há quatro dias, mas estamos isoladas.

Diana ergueu a sobrancelha, surpresa com a informação. Mesmo com o mar separando as duas ilhas, não era comum ficar dias sem as guerreiras da prisão se comunicarem com as generais Artemis e Antíope. Mantendo o mesmo tom sereno, fez uma promessa.

—Vou investigar e mandarei notícias, irmã. - sorriu, confortabilizando a guarda.

—Agradecemos, princesa.

Diana se despediu da irmã amazona e voltou ao seu veículo, voando em direção à ilha principal do arquipélago. Pousando na areia da praia, ativando a camuflagem, a estranheza já tomava conta do cenário. A praia, nessa hora do dia, não costumava ficar vazia. Ao contrário, era o momento mais importante das guerreiras: o treinamento. Não era do feitio de Antíope e Artemis faltarem ao treino.

—Olá? - gritou, tentando encontrar a presença de uma irmã.

De forma quase sutil, ouviu o som das flechas sendo disparadas. Uma chuva pontiaguda caiu na direção da princesa amazona, que se protegeu rapidamente com seu escudo. Olhou ao redor, algumas guerreiras foram avistadas e entraram em formação ofensiva, esticando suas lanças e rodeando a princesa.

—Irmãs, sou eu! - Cravou a espada na areia e pôs o escudo nas costas. - O que está havendo?

—Atacar!

O grupo de amazonas avançou contra Diana, algumas arremessando as lanças enquanto outras saltaram na direção da princesa, que rapidamente puxou o escudo para proteger-se. Desviou com velocidade e fez o possível para contra golpear sem machucá-las gravemente. Empurrou três de uma vez enquanto recuava e bloqueava um ataque de espada, desarmava a agressora e atingia sua perna com um chute. Voltou à posição anterior e arremessou o escudo, fazendo-o ricochetear nas irmãs e recebendo-o de volta para bloquear três lanças simultâneas. Estava tudo muito confuso, tudo errado. Por qual motivo a atacavam?

—Chega! - ordenou alguém. Montada numa égua branca, Antíope esticou seu arco e flecha na direção de Diana. As guerreiras remanescentes recuaram, apesar de manterem a guarda alta.

Ao mesmo tempo que sentia alívio ao ver sua velha tutora, sentia tensão por saber que estava sendo tratada como inimiga pela general de cabelo loiro trançado e tiara sobre a testa.

—Princesa Diana, a rainha exige sua presença. Renda-se imediatamente!

—Certo. - A Mulher-Maravilha não hesitou em guardar o escudo nas costas outra vez.

No entanto, as amazonas retiraram os pertences da filha de Hipólita - tiara, escudo, braceletes e, claro, o Laço da Verdade. Foi escoltada pela Ilha Paraíso, cercada por centenas de irmãs guerreiras prontas para atacarem caso ela pisque errado. Tudo estava muito nebuloso. Hipólita jamais mandaria Antíope escoltá-la com violência para a sala do trono.

Subindo as escadas de mármore, passando pelas colunas gregas que marcavam a entrada do prédio real, logo a segunda general de Themyscira se apresentou. Ruiva de cabelo longo amarrado como rabo de cavalo, a tiara verde destacando-se na testa, vestida numa armadura branca com detalhes verdes, a general Artemis tomou a frente da escolta.

—Assumo daqui, Antíope - avisou, segurando Diana e carregando seus pertences para dentro. - Voltem para a praia, protejam nossas fronteiras do ataque inimigo.

—Ouviram a general! Voltem para a praia! - ordenou Antíope de volta. Deu uma última olhada para Diana, a feição era de desapontamento, e cavalgou em direção à praia.