Theodore.  

— E então, estamos todos liberados ou não? - Pansy perguntou olhando seu boletim, com as notas das provas do fim do semestre. 

Meu envelope continuava lacrado, ainda não tinha tido coragem de abrir a carta. Eu não era péssimo aluno, tinha piores como o Weasley por exemplo, mas as vezes eu pegava recuperação e isso era a última coisa que eu queria agora, estava louco para ir para minha casa na semana que vem.  

— Há, - os olhos de Draco brilharam, olhando suas notas. - Tirei 9,9 em poções, lide com isso, Parkinson! - ele sorriu confiante. - Você me deve 50 galeões.  

— 9,9? - a morena perguntou com os olhos arregalados. - Nossa, - ela parecia impressionada quando ele mostrou o boletim, mas logo um sorriso debochado cresceu em seus lábios e seus olhos brilharam completamente divertidos. - que merda! - ela gargalhou enquanto virava seu boletim para ele. - Fiquei com 10 na média final. Lide com isso, Malfoy! 

— Impossível! - ele arrancou o papel da mão dela e ficou o inspecionando. - Você alterou isso!  

— Não seja estupido. - ela revirou os olhos, pegando seu boletim de volta e devolvendo o dele. - Não preciso fazer essas coisas para ser melhor que você. - disse com o nariz empinado e um sorrisinho de lado. - Agora passa para cá! 

Ela esticou a mão na direção do loiro, que bufou irritado, mas acabou pegando em seu bolso um saquinho cheio de galeões e o entregou a ela.  

— Para mim também, Draquinho! - Emília disse com um sorriso de orelha a orelha e mostrando sua nota 10.  

— Isso é ridículo! Vocês estão trapaceando!  

— Fala isso para o meu boletim perfeito e inalterado. - Emília suspirou, olhando o papel com orgulho e estendeu sugestivamente a mão para Draco. 

O loiro grunhiu de raiva e entregou outro saquinho com moedas a ela, que sorriu agradecendo e cumprimentou Pans com um bater de mãos. Olhei para ele com decepção. Desde quando Draco Malfoy havia ficado tão burro? 

Ele foi se meter onde não era chamado. A aposta inicial era apenas entre Emília e Pansy, que apostaram para ver quem teria a melhor grade escolar até o fim do ano. E então a anta quis entrar e apostar com elas quem se daria melhor em poções.  

Claro que elas se juntariam para acabar com ele... 

— Eu não acredito nisso. - ele bufou, pegando uma maçã na fruteira e a mordeu com raiva.  

— Quem não acredita sou eu. - olhei para ele, negando com a cabeça. - Você é burro ou o que? 

Ele me olhou meio irritado pelo insulto e meio sem entender o que eu queria dizer.  

— Qual é, Draco? - Blás gargalhou ao meu lado. - É obvio que estão trapaceando!  

Draco virou a cabeça na direção delas com os olhos cerrados e elas nos olharam irritadas.  

— Mentira! - as duas disseram.  

— Ah é? - ri. - Então depois mostra o livro de poções do Principe Mestiço que está sempre na sua bolsa. - apontei para Pansy.  

— Você é um inútil, Nott! - ela rosnou em minha direção e eu mandei um beijo para ela, rindo.  

— Nesse caso. - Draco estendeu a mão para elas. - Quem ganhou fui eu e vocês vão devolver meu dinheiro e me pagar o que devem! 

A morena gargalhou e balançou o saquinho na frente dele.  

— Nunquinha, querido! Ninguém disse que não podia trapacear. - ela sorriu divertida e Emília concordou rindo.  

Ele se aproximou dela até que seus narizes se encostassem e abriu um sorriso maroto.  

— Então, querida, é melhor vocês se prepararem para o semestre que vem e torcerem para eu estar de bom humor e não fazer vocês reprovarem. - ele disse em um tom ameaçadoramente calmo, se afastou, sorrindo amigavelmente, e voltou a comer sua maçã. 

— Não se atreva! - Pansy quase gritou e ele sorriu debochado. - Bom, então, nesse caso, você não terá o prazer de me receber em sua casa. - ela jogou o cabelo na cara dele. - Nott, já sabe se vai pra casa? Porque se você for eu vou para a casa do meu melhor amigo. - apontou para mim, mas olhou para o loiro, enfatizando as últimas palavras. 

Suspirei finalmente abrindo meu envelope, sob o olhar ansioso dela, e sorri aliviado quando vi que não tinha reprovado em nenhuma matéria. 

— Sim, eu vou pra casa, mas por que você não vai para a casa do Blasio? - perguntei tomando um gole de suco de abóbora.  

Draco gargalhou e ela me olhou com a boca aberta em choque com a minha resposta.  

— Você não me quer na sua casa, Theodore Nott? - ela gritou estridentemente, atraindo a atenção de quase todo o salão.  

Não é que eu não queria Pansy em casa, mas eu tinha planos de bajular uma certa ruiva as férias todas e a morena me zoaria o tempo todo, e, também, todos sabíamos que ela acabaria indo com Draco de qualquer jeito. 

— Eu não quis dizer isso! - me defendi. - Só fiz uma pergunta.  

— Blás namora e vai transar as férias inteira, provavelmente, e eu não quero ficar ouvindo. - ela respondeu dando de ombros.  

— Ela está certa. - ele respondeu com um sorriso malicioso e eu fiz uma careta em resposta.  

— E se eu quiser fazer o mesmo? - perguntei. - Melhor ir para a casa do Draco. Ele não vai transar mesmo, já que a nossa traçinha favorita deu um pé na bunda dele.  

Pans, Blás e Emília riram e o loiro me chutou por debaixo da mesa e rosnou em minha direção.  

Caramba! Ou o povo está muito histérico hoje, ou eu estou com a língua maior que tudo. 

Não, tenho certeza que é a primeira opção! 

— Filho da mãe! - xinguei, acariciando minha canela. - E a casa da Emília? - perguntei tentando ignorar o olhar mortal de Draco. 

— Eu vou pra casa do Goyle e não vai ser muito legal ela ir junto. - Emília respondeu com um sorriso malicioso. - A não ser que você queira entrar no meio. - se virou para a morena com naturalidade. - Nós estávamos querendo inovar um pouco a relação.  

— Muito obrigada pela oferta, mas dispenso. - ela respondeu naturalmente. - De verdade não sei como você consegue com Goyle, ele não é nada bom na cama.  

— Ai amiga, ele melhorou tanto! Ele até aprendeu a fazer aquele lance com a língua... 

— Ai, Merlin me ajuda! - tapei os ouvidos com as mãos.  

— Não precisamos escutar isso! - Blás fez uma careta e Draco fingiu vomitar, enquanto as duas riam da gente.   

**** 

Em plena segunda feira, depois de saber que já havia passado e teria que esperar uma semana para ir para casa, é claro que eu não estava me importando muito com as aulas. Então depois do café tirei um ótimo cochilo na aula de runas antigas e assisti apenas mais duas aulas, até me cansar e decidir matar o resto. 

Eu estava deitado debaixo de uma arvore perto do lago, quando vi os cabelos ruivos, que me deixavam de pernas para o ar, vindo em minha direção. Ela não aguentava ficar sem mim por muito tempo!  

Sorri largamente, quando ela se aproximou.  

— Sentiu minha falta, Ruivinha? 

Ela revirou os olhos, mas acabou sorrindo de lado.  

— Nem em seus sonhos. - riu, deitando ao meu lado. - Por que está matando aula, senhor Nott? 

— Eu precisava descansar meu corpinho lindo, depois do lindo jogo de sábado.  

— Você teve domingo para fazer isso.  

— Não, gatinha, domingo eu estava cuidando da minha ressaca. - deitei de lado apoiando a cabeça em minha mão para olha-la melhor. 

Ela gargalhou.  

— Só não fica se achando muito. - seus olhos se voltaram para mim, divertidos. - O jogo nem foi tão difícil, era só a Lufa-Lufa. - desdenhou. - Eles não são tão bons, só vencem da Corvinal. 

— Nenhum jogo é difícil para a Sonserina. - sorri orgulhoso e ela revirou os olhos. 

— Claro, por isso perderam o primeiro jogo para nós, não é mesmo? 

 Engoli em seco, pensando em argumentos para quebrar aquela ruiva no meio, mas seus olhos divertidos me hipnotizavam, me deixando sem palavras.  

— Touché! - cerrei os olhos para ela e a vi rir mais uma vez.  

Ah essa risada... a risada que faz eu ter as famosas borboletas no estomago que todas as garotas dizem ter.  

— Mas e você, o que faz aqui matando aula? - perguntei, mexendo em uma mecha do seu cabelo, que já estava batendo em seus ombros. 

— Me recusei a ver a cara de Flitwick por dois tempos. - ela bufou.  

— E a primeira coisa que fez foi vir me procurar. - sorri presunçoso. 

— Não se ache demais. - ela me cortou, revirando os olhos. - Apenas te vi pela janela e por isso vim aqui, e porque ninguém quis sair comigo. 

— Sei, Ruiva, sei...  

— Seu ego um dia vai te matar sabia? - ela perguntou rindo.  

— Coisa boa não mata, minha querida. - meu sorriso se alargou quando ela gargalhou mais uma vez.  

Com toda certeza do mundo o som da risada dela era o meu som favorito.  

— Mas me diga, quais os seus planos para as férias? - perguntei sem querer deixar a conversa morrer e me preparando para arrancar algumas informações que seriam uteis.  

— Eu vou ajudar George na loja, ele disse que vai me pagar por isso, vou treinar muito quadribol para acabar com vocês e fazer vários nadas.  

— Não vai viajar?  

— Não, infelizmente. Depois que Fred morreu não falamos mais em viagem de família. - ela suspirou tristemente.  

— Poxa, mas nem uma viagenzinha para a praia? Só você e seus amigos, por exemplo.  

— Nott, - ela deixou um risinho escapar. - você acha que nossa vida é como? Não somos iguais a vocês que têm casa na praia ou têm condições de ficar pagando viagens para praia. Além do que, eu sei que se eu pedir para os meus pais dinheiro para viajar, eles não vão me negar isso e também sei que esse dinheiro vai fazer falta depois.  

— Achei que o ministério tinha dado uma boa grana para vocês por seus méritos na guerra. - eu franzi o cenho lembrando de quando a notícia, de que todos que ajudaram na guerra ganharia uma recompensa, no Profeta Diário. 

— Nós ganhamos, mas não julgamos necessário. - ela deu de ombros. - Pegamos apenas uma quantia para dar um lindo funeral ao Fred e doamos o resto. Vivemos muito bem com apenas o necessário. - ela sorriu e eu quis muito beija-la.  

Na verdade... 

Me inclinei sobre ela, rapidamente, roçando meus lábios nos seus. De início ela se assustou e travou um pouco, mas então eu a senti sorrir e levar as mãos até minha nuca e cabelo, me puxando levemente para mais perto. 

Levei uma de minhas mãos até seu rosto e a puxei para mim aprofundando mais o beijo, enquanto a outra estava apoiada na terra me impedindo de esmaga-la. Em pouco tempo eu já estava entre suas pernas e era muito bem recebido por elas, que abraçavam minha cintura me puxando mais e mais.  

As coisas entre nós sempre foram muito rápidas e intensas. Logo em nosso primeiro beijo havíamos quase transado e depois disso acho que apenas um beijo nosso não havia resultado em um tentando tirar a roupa do outro. Eu gostava disso, mas ela era diferente. Por algum motivo eu não tinha nenhuma vontade de apressar as coisas com ela. 

Quando percebi eu já estava com a minha mão subindo por sua coxa, perigosamente, para debaixo de sua saia e Gina arranhava minhas costas por baixo da minha camisa. Resolvi que aquela era a hora de parar. Se eu ficasse mais um minuto sequer daquele jeito com ela, era capaz de fazermos um belo show para adultos para Hogwarts toda. 

— Gina. - sussurrei ofegante, parando o beijo, mas ela voltou a me puxar para seus lábios e precisei de muita força de vontade para parar de novo. - É melhor pararmos.  

Me afastei um pouco e me arrependi da minha decisão no segundo em que a vi desapontada.  

— Mas se você quiser podemos continuar. - eu disse, voltando rapidamente a beija-la.  

Ela riu em meus lábios e empurrou meu peito levemente, me forçando a parar.  

— Não, você tem razão. - ela sorriu divertida e me empurrou para sair de cima dela. - Se eu ficar mais um pouco embaixo de você, vou acabar fazendo coisas que traumatizariam o primeiro ano.  

Merda! Que inferno! Qual o seu problema, Theodore Nott?  

— E é melhor eu já ir mesmo. Prometi que encontraria Mione e os meninos na saída da aula. - disse se levantando.  

Gina arrumou sua roupa amassada e bateu em sua saia para se livrar da grama, se despediu de mim com um selinho e voltou para o castelo, me deixando sozinho e arrependido. Bufei voltando a deitar e repassando cada segundo que ela ficou embaixo de mim. 

Maldita consciência!  

**** 

Eu acabei dormindo de novo e não percebi, pois, quando me dei por mim, Canino estava lambendo meu rosto e Hagrid me avisava tristemente que eu havia perdido o almoço. Levantei com uma ideia fresca, provavelmente a última coisa que eu havia pensado antes de dormir, em minha mente e que teria de dar certo. Agradeci o gigante e tive que fazer carinho no cão babão que não parava de pular em mim, antes de correr para dentro do castelo.  

Entrei esbaforido em meu salão comunal a procura do meu alvo.  

— Onde está Draco? - perguntei assim que encontrei Pansy e Blás no sofá.  

— Está lá em cima, - o moreno apontou para o dormitório. - mas recomendo você não entrar. 

— É, ele achou que era uma boa descer o nível agora que não está mais com a Granger. - Pans disse com cara de nojo. 

— Ele está com a Greengass de novo?  

— Pois é... - a morena ergueu as sobrancelhas. - Vocês homens são muito burros. Depois a Granger não olha mais na cara dele e ele vem chorar. - ela revirou os olhos. 

— Ei, só porque ele é um idiota, não quer dizer que sejamos também. Não generalize, por favor! - Blás nos defendeu.  

— Ah é, esqueci que você nunca humilhou sua namorada antes de ficarem juntos. - ela disse e começou olhar suas unhas, enquanto ele lançava um olhar irritado para ela.  

Resolvi que aquela era a hora perfeita para eu me mandar, antes que uma guerra, já declarada, começasse. A última coisa que eu ouvi dos dois foi Blásio chamando Pans de linguaruda, o que significava que eu saí na hora certa.  

Subi as escadas correndo e parei na porta do meu quarto. Tentei abri-la, mas, como já imaginava, estava trancado, então eu fiz o que eu sei fazer melhor. Comecei a bater na porta e gritar por Draco, e claro que nos primeiros momentos ninguém respondeu, mas eu não seria eu se desistisse facilmente de irritar alguém. 

Não sei por quanto tempo eu fiquei lá, mas sei que não foi mais de 5 minutos. Draco não era o melhor exemplo de paciência.  

— O que você quer? - ela bradou assim que abriu a porta apenas o bastante para eu vê-lo.  

— Você está no meu quarto, que não é mais seu, transando e quer vir gritar comigo? - cruzei os braços. - Sério, Malfoy?  

Ele bufou irritado. 

— O que foi? - perguntou um pouco mais controlado.  

— Que você colocasse uma roupa seria a melhor resposta. - apontei para ele, que estava só de cueca. 

— Fala logo. - rosnou.  

— Nossa que quanta grosseria. - brinquei e quase pude ver seu olho pular com a irritação. Sorri contente. - Então, vamos ao que interessa. Queria saber se você poderia liberar sua casa na praia por uma semana.  

— Para você? - foi a vez de ele cruzar os braços. - Não me leve a mal, mas não vou compactuar para você fazer da minha casa na praia um prostíbulo. 

— Não seja, imbecil. - revirei os olhos. - Você vai liberar para todos nós. Eu, você, Pansy, Emília, Goyle e as meninas. - sorri animado.  

Ele cerrou os olhos parando para pensar por um instante e então concordou.  

— Perfeito, depois decidimos a data. - quase pulei de animação. - Minha semana na praia vai ser perfeita!  

— Nossa, você quis dizer, não é? - me corrigiu lançando um olhar desconfiado em minha direção.  

— Eu não sei a de vocês, mas a minha vai ser perfeita. - eu disse maliciosamente e ele riu. 

— Praia? - a voz de Daphne veio de dentro do quarto e a porta se abriu mais revelando a garota enrolada em lençóis. - Eu quero ir! - ela sorriu animada. 

— Não, você não vai! - Draco a empurrou de volta para o quarto e fechou um pouco mais a porta.  

Eu olhei para ele o julgando de cima a baixo e balançando a cabeça. 

— Que decepção... 

— Cala a boca, Nott!  

Ele entrou e bateu a porta do meu quarto na minha cara. Mimadinho abusado!