Hermione.

O apito tocou. A voz de Simas Finnigan anunciou a vitória da tarde. O canhão estourou. Confetes verdes e pratas caíram sobre o campo. A multidão gritou. E eu só conseguia olhar meu loiro sorridente com o pomo na mão.

Minha vontade era de correr até ele e me jogar em seus braços, quando ele aterrizou, mas infelizmente isso era algo que eu não poderia fazer. Fui até meus amigos fingindo estar decepcionada com a vitória do oponente e abracei meu namorado que resmungava ao lado de Harry e Gina.

— Eles trapacearam! – Ron reclamou cruzando os braços.

— Não trapacearam não, Rony. – Harry deu um tapinha de consolo no ombro do ruivo. – Por incrível que pareça, acho que esse jogo foi o mais limpo que a Sonserina já fez.

— Mas eles devem ter feito alguma coisa.

— Querido, acho melhor aceitar a derrota. – eu disse dando um beijo em sua bochecha.

—Eles não trapacearam. - Gina disse. - Eu peguei o Nott e o Malfoy tentando trapacear um tempinho antes do jogo, mas eles desistiram quando ameacei contar para a Madame Hooch. - ela suspirou pesadamente. - Só nos resta aceitar que eles jogaram bem.

A ruiva foi até Theo, que esbanjava um sorriso vitorioso nos lábios ao lado de seus amigos, e, deixando o orgulho de lado, ela o abraçou, parabenizando-o. Blás estava sorridente ao lado de Luna e Draco estava sendo abraçado por aquela cobra pegajosa da Greengass. Engoli meu ciúme e Harry e eu fomos até o grupo sem Rony, já que o mesmo se recusou a ir com a gente.

Nós os cumprimentamos e entramos no assunto da festa, que aconteceria hoje depois do toque de recolher e acabou acarretando uma leve discussão entre Theo e Gina. A tensão sexual entre os dois era a coisa mais óbvia e como ainda não estavam juntos, era um mistério para todos.

— Onde está Pansy? – Harry perguntou quando surgiu uma brecha.

— Não está muito bem hoje e ficou com Emília no quarto. – Blás respondeu.

— Aconteceu alguma coisa? – meu amigo pareceu bem preocupado.

— Nada que seja da sua conta Potter. – Draco respondeu.

— Ai, Draquinho, não perca seu tempo com esse tipo de gente. – Daphne disse se pendurando em Draco.

— Sobre perder tempo ele entende já que perde o dele com você. – eu disse e ela me olhou indignada.

— O que você disse, sua vaca invejosa? – ela se soltou dele e veio em minha direção.

— Isso mesmo que você ouviu, sua cobra surda! – retruquei indo para cima dela.

Os meninos precisaram intervir. Harry me segurou e Draco segurou Daphne, enquanto Blás se punha no meio.

— Calma meninas não precisa de tanto. - Theo tentou apaziguar a situação.

— Tem razão, Theo, eu não devo me rebaixar ao nível de pessoas como ela. - Daphne despejou seu veneno.

— Ora sua... - tentei acertar um belo soco naquela fuça nojenta, mas Harry foi mais rápido e me puxou.

— Acho melhor você ir se arrumar. - Draco disse a ela. - Tem festa mais tarde.

— Claro, Draquinho. - sua voz melosa me dava nojo. - Vou colocar um vestido que fique fácil para você arrancar depois. - ela me lançou um olhar provocativo antes de sair.

Rangi os dentes.

— Melhor nós irmos também. - Gina passou um braço pelos meus ombros. - Nos vemos na festa meninos. - se despediu e me arrastou para o castelo.

****

— Precisa se controlar, Mione, se quer chifrar meu irmão pelo menos finja que não está fazendo isso. - a ruiva disse quando nos sentamos em frente a lareira do salão comunal da Grifinória.

— Gina, cale a boca! - gritei olhando em volta do salão, que, por sorte, não tinha ninguém.

— Não tem ninguém aqui. - ela revirou os olhos.

— Eu sei que eu não devia ter agido dessa forma, mas...

— Você não devia trair o meu irmão, isso sim. - ela me cortou. - Já decidiu? Porque meu prazo de tolerância para isso já está acabando.

Neguei com a cabeça. A ruiva suspirou e se levantou, seguindo para o dormitório feminino. Depois de um tempo ela voltou com um pergaminho e uma pena.

— Vamos lá. - ela deitou de bruços no tapete com os pés para cima. - Prós e contras do Malfoy.

Gina anotou “Malfoy” como título do pergaminho e embaixo passou um risco separando-o no meio, de um lado ela anotou “prós” e do outro “contras” como subtítulos.

— E então? - ela me olhou com empolgação. - Comece pelos prós.

O que eu poderia dizer? Eu nem sei direito o porquê eu me apaixonei por ele, como vou escrever os prós de eu ficar com ele.

— Não sei o que dizer.

— Então vamos começar pelo mais fácil, os contras. - ela sorriu animada. - Eu começo! Ele é um mimadinho, egoísta... - ela começou a anotar.

— Me deu um pé na bunda quando eu mais precisei.

— Boa! - ela se animou mais. - O que mais?

— Ele é um galinha, exibido, competitivo ao extremo, irritante, controlador, ciumento, mesquinho, arrogante...

Gina ia anotando tudo o que eu dizia e a lista ficou bem longa, mais longa do que eu gostaria.

— E os prós?

— Lindo, gostoso, inteligente. - eu disse depois de um tempo pensando.

Continuei tentando pensar em mais coisas, mas tudo o que me vinha na cabeça eram nossas brigas constantes, as vezes em que ele deixava Daphne grudar nele só para me fazer ciúmes e em como ele tinha a capacidade de colocar em mim a culpa por estarmos nessa situação. É claro que eu tinha culpa nisso, mas se ele não tivesse me abandonado quando eu mais precisei eu não estaria nesse empasse.

— Acho que só, por enquanto. - conclui.

— E o Ron? - ela fez a mesma coisa na parte de trás do pergaminho só trocando “Malfoy” por “Ronald”. - Os defeitos eu posso listar vário, tipo ele sempre entrar no meu quarto sem bater ou sempre deixar a toalha em cima da cama ou o fato de ele roncar, mas eu quero saber o que você acha.

— Não vejo muito defeito no Ron. - respondi. - Ele é um pouco cabeça dura, não tem muitos modos na mesa e é preguiçoso.

— Ronca enquanto dorme e é mal-humorado. - Gina completou a lista. - Eu adicionei dois itens no Malfoy nada mais justo que adicionar no Rony também.

Eu ri.

— E os prós? - perguntou.

— Ele é atencioso, amoroso, engraçado, corajoso, bonito, gostoso, - ela fez uma careta. - romântico, bondoso, confiável, generoso e leal.

— Okay, agora como uma de suas melhores amigas eu me dou o direito de acrescentar algumas coisinhas. - ela voltou a escrever, mas não me deixou ler.

— Oi, meninas. - Harry passou pela porta junto de Ron. - Está melhor, Mione?

— Estou.

— O que aconteceu, meu amor? - o ruivo se sentou ao meu lado dando um beijo em minha bochecha. Gina fez um som de vômito, fazendo Harry rir e Rony jogar uma almofada na cara dela.

— Nada demais, meu bem. - respondi tentando não rir da ruiva brava. - Só a Greengass.

— Astória? - Rony perguntou surpreso.

— Não, a vaca. - Gina corrigiu.

Nós quatro ficamos conversando até a ruiva lembrar da festa e surtar por ainda não ter escolhido um vestido e ainda ter que ajudar Theo na decoração. Então eu resolvi ir para o meu salão comunal e deixei Harry tentando convencer Rony a ir.

****

Subi a escada que dava para o meu dormitório e fui tentar decidir o que usar na festa, eu e Gina havíamos combinado de ir de vermelho já que a ruiva estava crente que ganhariam, mas agora eu estava quase surtando tentando achar alguma coisa. Durante as férias eu havia dado uma repaginada no meu guarda-roupa, troquei alguns dos meus suéteres por vestidos bonitos e chamativos, mas mesmo assim parecia que nenhum estava bom.

Draco apareceu um tempo depois cantarolando uma música e com o sorriso vitorioso ainda estampado no rosto. Ele nem sequer olhou para o meu quarto simplesmente entrou no seu e fechou a porta. Uma magoazinha começou a crescer dentro de mim, mas tentei ignora-la e fui até ele.

— O que acha? - perguntei abrindo a porta e dando um giro na tentativa de mostrar meu vestido.

Ele estava tirando a roupa e tentei não me perder em seu corpo.

— Aham. - ele murmurou, mas nem sequer havia olhado, apenas continuou o que estava fazendo.

— Você nem olhou. - eu disse um pouco irritada.

Ele bufou e se virou para mim. Novamente eu dei meu giro, mostrando meu vestido preto tubinho que ia até um pouco abaixo do joelho.

— Linda, mas é uma festa, não um enterro.

Draco terminou de tirar a roupa e foi para o banheiro me deixando indignada. Quem ele pensa que é?

— Qual o seu problema? - entrei no banheiro revoltada e ele já estava embaixo do chuveiro.

— O que? - ele me olhou sem entender.

— Você mal olhou para mim e quando me olhou foi para falar mal do meu vestido?

— Não falei mal, eu disse que você está linda.

— Você disse que ele parece com um de enterro!

— Agora está brava comigo por eu dizer a verdade?

Grunhi e sai do banheiro, eu não conseguia me concentrar com ele nu na minha frente. Fui para o meu quarto tentar me acalmar e achar um outro vestido. Eu não estava entendendo porque ele estava sendo tão frio e indiferente.

Esperei meia hora para voltar ao quarto de Draco. Eu ia tirar essa história a limpo, ele não podia simplesmente me tratar com indiferença e fingir que nada aconteceu. Entrei em seu quarto e por sorte ele já estava vestido e deitado na cama lendo um livro.

— O que você tem? - perguntei.

— Nada. - ele respondeu sem tirar os olhos do livro. - Estou completamente normal.

— Não está não. - cruzei os braços. - Você nem me olha direito e está sendo frio e indiferente.

— Só estou cansado. - deu de ombros.

— Era para você estar feliz, graças a você seu time ganhou.

— Pois é eu ganhei e minha namorada nem me deu os parabéns direito. - ele riu sem humor.

— Dei sim! Eu te abracei lá.

Ele suspirou e se sentou.

— Sim, um abraço rápido, depois de ter corrido abraçar o ruivo idiota.

— Ele é meu...

— Ele é seu namorado eu já entendi isso. - ele rosnou. - E eu estou cansado disso, cansado de ser a segunda opção. Faz um pouco mais de dois meses que a gente está nessa e eu descobri que não tenho muita paciência para esperar você escolher.

— O que você está querendo dizer?

— Que eu quero que você escolha logo. - ele me olhou angustiado. - Hoje era para ser um dia feliz, depois do jogo tudo o que eu queria era te ver correndo para me abraçar, mas em vez disso eu te vi correndo para abraçar ele.

Eu não sabia o que dizer, não tinha palavras para isso. O momento com a Gina me ajudou na decisão, mas não pendia para o lado de Draco. Meu coração dizia uma coisa e meu cérebro outra completamente diferente.

— Draco... Eu... - tentei dizer algo, mas nada saía.

— Só se decida logo, porque eu já cansei de esperar, Hermione. - ele disse e voltou sua atenção para o livro.

Não consegui ficar lá o encarando, então me tranquei no meu quarto e me afundei em lágrimas, até dormir.

****

— Mi? - a voz de Luna me despertou. - Abre a porta. - Me levantei com dificuldade, parecia que eu caminhão tinha passado por cima de mim, e abri a porta. - Por Merlin, você está um caco.

Luna estava com um vestido soltinho verde esmeralda, saltos pretos e o cabelo solto de forma rebelde. Ela estava simplesmente linda e pronta para a festa.

— Por que não está vestida? - ela perguntou.

— Eu não vou. - respondi chorosa.

— Você e o Draco brigaram de novo, né?

Eu não precisei responder. Luna me arrastou para o banheiro e me mandou ir contando para ela o que tinha acontecido, enquanto ela arranjava um vestido e eu tomava meu banho. De acordo com ela já estavam todos na festa e eu deveria me apressar.

Contei tudo a ela desde a lista que eu e Gina fizemos até a parte em que eu e Draco brigamos. Desabei em cima dela tudo o que eu havia guardado para mim, contei que eu não sabia quem escolher ainda, que eu não estava preparada para perder um deles e que o ano mal tinha começado e eu já queria que ele acabasse.

Saí do banho e enquanto eu continuava a falar e falar, sem parar, ela havia feito uma maquiagem em mim e arrumado meu cabelo. Agora eu só precisava vestir meu vestido e colocar o salto e estava pronta.

— Eu sou sempre a favor de seguir o que o coração manda, mas para ser sincera acho que você precisa de um tempo sem homens. - ela disse me ajudando a subir o zíper do meu vestido.

E novamente eu fiquei sem falas. Ela estava certa, mas eu não queria ficar sozinha.

— Tenho que pegar umas bebidas que o Draco pediu. - ela disse. - Te encontro lá embaixo.

Ela saiu mais rápido que um furacão, me deixando sozinha com meus pensamentos. Coloquei meu salto e tentei expulsar qualquer sentimento de angustia que aparecia ao pensar na minha vida conturbada.

Sentei na cama e ouvi um barulho de papel amassando, quando levantei vi que eu havia sentado em cima do pergaminho com a lista, que Gina havia me dado escondido dos meninos. Abri ele, me lembrando das anotações a mais que ela tinha escrito, e na parte dos prós de Draco havia uma anotação com um asterisco: “*Você o ama, sua idiota.”

Bufei revirando os olhos. Aquela era a única anotação a mais e de nada havia me servido. Claro que eu amo Draco, mas eu também amo o Rony e é por isso que eu estou quase pirando. Gina as vezes era tão óbvia que me irritava.

Me olhei no espelho e vi o belo trabalho de Luna. Eu estava linda em um vestido de alcinha, curto, prateado e com um generoso decote. O scarpin preto e a maquiagem leve, apenas com o batom vermelho escuro chamativo, complementavam o look de forma harmoniosa.

Minha vida pode estar uma bagunça, mas pelo menos eu estou maravilhosa.

****

Uma dica: quando disserem que sonserinos sabem como dar uma festa, acreditem!

A festa com toda certeza vai dar o que falar por muito tempo. Pelo que eu fiquei sabendo ela foi planejada por Theo, Gina e Emília, então já dá para ter uma certa noção do que foi.

Gina sempre foi ótima em decorar as coisas, a decoração das festas da Grifinória no mês passado deram o que falar graças a minha amiga. Theo conhecia bem sobre comidas e bebidas. E Emília tem um ótimo jeito de animar uma festa com direito a fogos de artifício e holograma das Esquisitonas.

Cheguei na festa e Luna foi se juntar a Blás, enquanto eu comecei a procurar Draco, mas sem sucesso. Durante minha busca achei meu namorado conversando com Astória.

— Oi, Ron. - lhe dei um selinho e me virei para a morena. - Oi, Ast.

— Oi, Mi. - ela sorriu amigavelmente.

Se tem uma coisa que eu não consigo compreender é como Astória pode ter o mesmo sangue que aquela megera da Daphne.

Desde a festinha que demos em meu salão comunal conquistei uma boa relação com a boa Greengass. Ela veio até mim se desculpar por ter ficado com Ron e desde então tínhamos uma amizade legal, vira e mexe nós estudávamos juntas na biblioteca e conversávamos bastante sobre Runas Antigas, minha matéria favorita e coincidentemente a dela também.

Em um desses nossos encontros na biblioteca Ast me confidenciou como é viver na sua família sendo completamente diferente de sua irmã e tendo-a como o orgulho da família.

Daphne era tudo o que uma garota sangue-puro deveria ser, ela foi criada para ser a esposa perfeita e está à procura de um marido que a sustente, nem sequer fara os exames de N.I.E.M. Astória era a ovelha negra da família pois diferente das mulheres Greengrass ela tinha conteúdo, mas para não passar pela desaprovação de sua família passou a ser a sombra de sua irmã.

— A festa está demais. - comentei.

— Eu estava falando com Rony sobre isso. - ela riu e se aproximou como quem conta um segredo. - Fiquei sabendo que o plano do Theo era achar algumas garotas para fazer striptease, mas que a Gina quase o espancou quando soube disso.

Nós começamos a rir.

— É a cara da Gina fazer isso. - Ron disse.

— E é a cara do Theo também. - completei rindo mais.

Ficamos conversando e depois fomos socializar um pouco com o resto do povo. Não consegui ficar nem um pouco sozinha com Draco, todas as vezes que eu o via ou ele estava enchendo a cara ou rindo e conversando com o pessoal da Sonserina ou dançando com um monte de garotas em volta. Resolvi encher a cara também, eu não estava aguentando olhar ele cheio de garotas ao seu redor.

Depois de umas boas viradas de shot e uns bons drinks, o nível de álcool estava bem alto no meu sangue e meu juízo já começava a ir embora. O salão começou a girar e a única coisa em que eu consegui focar foi meu loiro no meio da pista de dança com Daphne grudada nele.

Puxei Rony e mesmo contra sua vontade e sob seus resmungos o levei até a pista de dança bem perto de onde aquele casal nojento estava. Calei o ruivo com um selinho, puxei suas mãos até minha cintura e comecei a me mexer no ritmo da música com meu corpo colado ao dele. Me atrevi dar uma olhada no príncipe da Sonserina e ele estava nos olhando com um brilho de ódio no olhar.

Dei um sorrisinho vitorioso, mas ele logo morreu em meus lábios quando o loiro puxou aquela cobra asquerosa, que dançava de costas para ele tentando provoca-lo, e grudou seus corpos. Trinquei os dentes, tentando ao máximo continuar com o pingo de lucidez que me impedia de ir arrancar o couro daquela naja.

Me virei de costas para Ron e puxei seus braços para que ele grudasse mais em mim. Voltei a me mexer conforme o ritmo, eu subia e descia colada ao ruivo, mas meus olhos não saíam do loiro grudado na Greengrass que deu errado e que nos olhava revoltado.

Draco estava se irritando cada vez mais, eu conseguia ver isso no seu olhar fulminante, mas se ele queria ficar no meio das garotas na minha frente, ele ia ver o que não queria também. Continuei com meus movimentos rebolando, subindo e descendo, até que eu comecei a sentir algo um pouco duro pressionando minha bunda.

Rony começou a apertar minha cintura e a me puxar cada vez mais para ele, minha ficha caiu e eu comecei a me arrepender dessa dança. Me afastei um pouco dele, mas infelizmente ele entendeu isso como a deixa para me virar de frente para ele e começar a me beijar.

Ele pressionou os lábios nos meus com força e me puxou, grudando nossos corpos. O beijo foi rápido e desesperado e logo ele passou a atacar meu pescoço.

— Ron, aqui não. - eu disse tentando me livrar dele.

— Tem razão, desculpe. - ele disse e pegou minha mão, me arrastando para fora da pista de dança.

Olhei para Draco uma última vez, ele havia parado de dançar e afastado Daphne e agora nos olhava com os olhos cerrados. Eu não consegui fazer nada, Ron quase corria pela aglomeração em direção a saída do salão.

Minha vontade era de parar, eu não queria ir embora e muito menos para fazer o que ele estava querendo, mas ao mesmo tempo eu não queria parecer rude. Saímos do salão e enfim criei coragem para tentar pará-lo.

Puxei meu braço, mas isso, novamente, foi visto como algo oposto ao que eu realmente queria que parecesse. O ruivo voltou a atacar meus lábios de forma desesperada.

— Ron. - murmurei entre o beijo. - Melhor não.

Ele parou e me olhou como se eu o tivesse jogado de um caminhão.

— Mione, faz mais de meses que você não quer. - ele suspirou angustiado. - Eu vou te respeitar se não quiser, mas pelo menos a gente poderia tentar, né? Eu estou morto de vontade.

Ron estava desesperado e isso era nítido, desde de antes de entrarmos em Hogwarts que eu o rejeitava. No começo eu gostava fazíamos quase todo dia, mas depois eu comecei a pensar em Draco quando estávamos na cama e isso me fez perder a vontade, um pouco antes de irmos para Hogwarts eu comecei a fugir completamente dele e nossos momentos nunca passavam de brincadeirinhas.

Olhando para ele agora me fez ver que ele, sendo uma pessoa bem ativa, estava sentindo muita falta disso e foi como uma facada no meu peito pensar que, enquanto ele se segurava me esperando, eu estava gritando o nome de Draco na cama do loiro.

Não respondi nada apenas voltei a beija-lo, eu devia isso a ele. O beijo passou a ficar mais quente e eu já estava tirando a camisa dele quando a consciência me voltou a mente.

— Rony estamos em um corredor. - sussurrei.

Ele arregalou os olhos e olhou ao redor. Não tinha ninguém, por conta do horário, mas não queríamos correr nenhum risco. O ruivo me guiou correndo até o salão comunal da Grifinória e subimos a escada em direção ao seu quarto. Eu mal fechei a porta e ele já havia me pegado no colo tomando meus lábios.

— E o Harry? - perguntei entre o beijo, lembrando que eles dividiam o quarto e tentando um último argumento para ele desistir.

— Provavelmente vai para o quarto da Pansy. - ele respondeu e voltou a me beijar.

Desceu os beijos para meu pescoço com a mãos já no zíper do meu vertido e eu lembrei de mais uma coisa, mais uma tentativa.

— Vão ouvir a gente e nos dedurar.

Ele riu contra meu pescoço e se levantou alcançando a varinha na cômoda.

— Somos bruxos, querida. - me olhou divertido e eu só sorri sem graça.

Maldita magia!

Seus lábios voltaram aos meus e ele conseguiu descer meu zíper. Meu coração gritava “não”, mas meu corpo reagia aos seus estímulos e o álcool no meu organismo só me dava um gostinho de quero mais.

Suas mãos foram até a barra do meu vestido e ele estava pronto para ergue-lo quando eu o empurrei em direção a primeira cama que eu achei e o joguei lá.

— Sua vez. - sorri maliciosa e montei em cima dele.

Tirei sua camisa e meus lábios começaram a trabalhar em seu pescoço. Inspirei profundamente esperando sentir o cheiro amadeirado do meu loiro, mas o que senti foi o cheiro de grama recém-cortada do ruivo. Apertei os olhos tentando afastar minha decepção e me concentrei no que eu ia fazer.

Minhas mãos desceram até sua calça e eu o instiguei um pouco antes de abri-la e colocá-lo para fora. Comecei a acaricia-lo em um movimento de vai e vem, enquanto eu o beijava e sentia seus gemidos em minha boca, e mais uma coisa me veio na cabeça. Uma imagem.

Draco e eu no nosso cantinho na biblioteca e, escondidos de todos, estávamos nos divertindo um pouco depois de uma longa tarde de estudos. Eu estava em seu colo com uma das mãos entre a gente, acariciando seu membro, e a outra puxando seus cabelos, do jeito que ele gostava, enquanto o beijava. Suas mãos apertavam minha cintura com mais força e seus gemidos em minha boca se intensificavam conforme ele ia alcançado seu ápice. Ele estava completamente a minha mercê.

Pisquei com força tentando sumir com aquela imagem da minha cabeça e mais uma vez precisei me esforçar para me concentrar no ruivo embaixo de mim.

Ron se levantou comigo no colo e trocou as posições me jogando na cama. Ele tirou meus sapatos, arrancou a calça e subiu em cima de mim, ficando no meio das minhas pernas. Gemi com o contato de seu membro pulsante e minha intimidade, coberta apenas com uma fina calcinha vermelha. Seus beijos desceram pra meu pescoço, mas não pararam.

As alças do meu vestido foram abaixadas junto com a parte da frente, que cobria meus seios. Ron os atacou, os mordendo e chupando, me deixando extasiada de prazer, mas infelizmente ele foi mais rápido que eu gostaria ali e saiu de cima de mim me puxando pelas pernas para a beirada da cama.

Usei meus cotovelos para me sustentar e olhar o que ele ia fazer. Ele ergueu a saia do meu vestido até a minha cintura, tirou minha calcinha, abriu minhas pernas, me deixando completamente exposta, e, com um sorriso safado, ele sumiu entre elas.

Isso desencadeou mais uma lembrança. A de Draco sumindo entre as minhas pernas com o sorriso de lado que eu mais amava.

Meus braços tremeram com o toque de sua língua em minha intimidade e eu me deixei cair deitada na cama. Sua língua trabalhava de forma bruta e rápida e eu desejei mais que tudo a língua do meu loiro ali agindo de forma delicada e no ritmo certo.

Olhei ao redor tentando não imaginar Draco no lugar de Rony e vi uma foto de Harry bebê com os pais, na cômoda ao lado da cama.

Merlin, Harry, sinto muito por isso.

Mordi os lábios quando ele me penetrou com dois dedos e revirei os olhos quando ele começou o movimento de vai e vem. Gemidos incontroláveis começaram a sair pelos meus lábios, mas, apesar de estar muito bom, eu não deixei de sentir falta dos dedos gelados do príncipe da Sonserina entrando e saindo de mim.

Eu estava cada vez mais perto do meu ápice. O ritmo aumentou e meus gemidos também, mas junto deles a vontade de ter Draco no meio de minhas pernas se intensificou de forma dolorosa. Eu já não conseguia me controlar, agora eu imaginava livremente Draco no lugar de Ron.

Apertei o lençol da cama e mordi meu lábio inferior, até eu sentir o gosto de sangue, para me impedir de gritar o nome do meu loiro no meu ápice.

“Você o ama, sua idiota.” a frase estupida e óbvia de Gina me veio à cabeça, finalmente me despertando para a minha realidade. Idiota, idiota, idiota. Eu sou muito idiota! Era óbvio. Eu precisava do óbvio!

No momento em que Rony se afastou e se levantou, eu criei coragem e pulei para fora da cama, abaixando meu vestido e subindo as alças.

— Rony eu não posso. - eu disse ofegante, vestindo minha calcinha. - Sinto muito, não posso.

— Hermione, o que você... - não o deixei terminar.

Peguei minha varinha, que tinha parado no chão, e saí correndo do quarto direto para a sala precisa onde estava acontecendo a festa, enquanto usava a magia para arrumar meu zíper. Não me importei se alguém me veria pelo caminho eu só queria encontrar Draco o mais rápido possível. Na porta da sala achei Blás e Luna saindo cambaleantes.

— Gente! - os chamei. - O Draco ainda está aí?

— Não, ele já saiu. - Blás disse com a voz arrastada.

— Ok. - me virei para ir ao nosso salão comunal.

— Hermione onde você vai? - Luna perguntou parecendo preocupada de repente.

— Eu decidi, Luna! - falei animada. - Preciso achar o Draco.

Blás arregalou os olhos, enquanto Luna falava:

— Não acho uma boa ideia.

— Luna eu não tenho tempo para conversar agora, tenho que achar ele. - eu disse e não esperei uma resposta, só saí correndo.

Eu corri o mais rápido que eu consegui e me surpreendi com a minha velocidade, finalmente me dando conta que eu tinha deixado meus saltos no quarto de Rony. Pelo menos eu teria uma desculpa para ir até ele amanhã, aí já aproveitaria e terminaria o namoro.

Entrei no meu salão comunal correndo e subi a escada quase tropeçando e caindo. E, então, eu finalmente cheguei na porta de seu quarto, mas naquele momento toda a minha animação e alegria foram embora. Do quarto dele vinha sons altos e agudos, logo percebi serem gemidos bem irritantes.

Não queria acreditar no que eu estava escutando, não queria que fosse verdade. Engoli em seco e abri a porta de seu quarto, apenas para ter a confirmação do que eu já estava imaginando. Ninguém mais, ninguém menos que Daphne Greengass estava gemendo igual uma cadela no cio enquanto subia e descia encima dele.

Eles se assustaram e enquanto ela me olhava com raiva e ele me olhou com os olhos arregalados. Meu coração se despedaçou e eu só conseguia pensar em como o meu loiro foi capaz de fazer isso.

Meu loiro... Meu loiro... Meu loiro que não era mais meu.