Switch-In escrita por Foster, Tahii


Capítulo 2
TWO - nobody's gonna know... they're gonna know


Notas iniciais do capítulo

[Foster]

Oieee!
Aaa quero agradecer imensamente a todo mundo que comentou no primeiro capítulo e à LisaWeasley à annabanamin que favoritaram! ♥ Ficamos felizes que tenham gostado da nossa farofinha em formato de fic, porque estamos amando escrever!!!
Boa leitura ♥



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Com certeza foi aquela nuvem — Albus constatou, no armário de vassouras, coçando a nuca e, sem querer, embaraçando os dedos no cabelo longo.

Haviam repassado a história três ou quatro vezes, e descartaram a maioria das possibilidades — que envolviam azarações, feitiços não intencionais e mero destino. A única culpada parecia ser aquela poeira esquisita das Gemialidades Weasley. 

— Quer dizer, nada disso teria acontecido caso você não fosse tão egocêntrica

— É sério isso? — Rose grunhiu, irritada, aquilo só poderia ser uma grande brincadeira da parte dele. — Nós estamos de corpos trocados e a única coisa que você consegue pensar é nele? 

— Só fiz uma leve observação — disse rancoroso, quase exterminando o resto de paciência da prima. — Você não consegue ver que existem coisas ao seu redor, isso é fato, e tem a ver com egocentrismo e falta de noção de espaço. Se fosse um pouco mais atenta, provavelmente teria percebido que havia coisas mágicas e esquisitas em estantes enormes e que seria um perigo empurrar alguém em direção a elas.

— Eu não empurrei você! — retrucou com a voz alta, com os dentes quase rangindo dentro da própria boca. Ele pendeu a cabeça, entediado, ponderando se deveria ou não responder. 

Fazia um tempo que ele e Rose não andavam se entendendo. Alguns diziam que era incompatibilidade de personalidades, outros chamavam de inferno astral, e Arthur Weasley colocava a culpa na dureza de suas respectivas cabeças. Albus e Rose — segundo observações familiares de anos a fio — poderiam causar uma explosão caso ficassem juntos em poucos metros quadrados por muito tempo; e, naqueles infindáveis minutos, isso nunca pareceu tão verdade. Rose tinha certeza que se ele abrisse a boca para mais uma única alfinetada (que ela não entendia o motivo real), provavelmente teria uma crise histérica. Por sorte, ele calou a boca por alguns instantes. 

— Olha, estamos encrencados? Sim. É uma situação atípica? Muito atípica. Mas vamos dar um jeito — disse por fim, desarmado de cinismo. 

Qual jeito? 

— Sua mente brilhante não consegue pensar em nada? — sorriu irônico, animado com a possibilidade de não ser soterrado por racionalizações por parte dela. — É simples. Pegamos o mapa que o James deixou comigo, vamos para Hogsmeade, falamos com o tio George e pronto. Ele deve saber de alguma coisa visto que tudo isso foi causado dentro da loja dele. 

— E quando vamos fazer isso, gênio? Se alguém pegar a gente, vamos levar uma baita detenção e-

— Não se preocupe, não vai ser a minha primeira, nem a minha última. Talvez amanhã à noite dê certo. Ninguém fica perambulando de segunda-feira após o horário, segundo as constatações do Zabini. 

Rose franziu os lábios, pensativa. 

Estava claro que não concordava em nada daquilo, mas também não tinha muitas opções. Não era como uma escolha que sempre fazia em prol da sua vida acadêmica; é fácil decidir entre seguir as regras ou não quando não se tem uma necessidade maior. No caso, não seriam amassos na Torre de Astronomia ou possíveis furtos das sobras do jantar; aquela era uma questão mais preocupante.  

— E se falarmos com a McGonagall? — sugeriu, tentando enrolar um fio de cabelo nos dedos, sem sucesso. O cabelo de Albus nunca esteve tão curto. 

— Vamos ser fuzilados, cumprir detenção pós-Hogwarts, minha mãe vai me deixar de castigo até os oitenta anos, James vai me azucrinar até-

— E você acha que o tio George não vai falar nada? 

— Talvez comente algumas coisas, mas… Ele com certeza vai falar de um jeito mais ameno do que a McGonagall. Talvez ele mesmo tenha passado por essa situação um dia. 

— Não estou convicta. 

— Lógico que não está. Você só confia nos seus próprios planos, Rosinha — ela negou com a cabeça, levando as mãos às têmporas. — Você se acha tão esperta, mas nunca vê o óbvio, as coisas simples e… Efêmeras? Além de ser uma traíra. 

— Você é um emocionado ridículo. 

— Melhor do que ser uma pedra sem coração — retrucou, fitando a própria expressão indiferente. Rose conseguia ser daquela forma mesmo com outra cara; era um feito impressionante. — Não quero me prolongar aqui. Então, amanhã vemos como vamos para Hogsmeade. Até lá-

— Ninguém pode ficar sabendo — determinou, sentindo uma corrente gelada pelo corpo. — Ninguém. Não caia no papo mole da Alice se ela perguntar o que tem de errado, e tente se vestir direito para não me fazer passar vergonha. 

— Olha esse cabelo com gel! — ele disse, relando nos fios escuros quase petrificados como se não tivesse escutado o que Rose dissera. — Isso que é passar vergonha! Nada de gel, nunca mais, eu fico ridículo. 

— ‘Tá, que seja. O que eu faço com os seus treinos? Scorpius te acordou aos berros hoje e eu dei uma desculpa de não estar me sentindo bem. 

— Simplesmente vá, tente fazer o que a Megan manda e faça alguma piada zombando do time da Grifinória só para dar um aspecto mais verídico. Você sabe jogar quadribol, não sabe? 

— Mais ou menos.

— Dá para o gasto. Os jogos ainda estão longe — Rose concordou. — Mais alguma coisa? 

— Tome banho de olhos fechados. Mas, por favor, tome banho.  

• • •

“Vai dar tudo certo”, ele pensava enquanto olhava a imagem de Rose refletida no espelho. Não que fosse um grande otimista, longe disso; ainda estava para nascer alguém com pensamentos mais apocalípticos do que ele, mas precisava acreditar que as coisas continuariam… No lugar. Só de cogitar, bem superficialmente, todas as variáveis desastrosas que aquela troca de corpos poderia ocasionar, sentia o estômago acidificando. Ou melhor, não sentia; Rose não parecia ter gastrite, apenas uma ansiedade bem acentuada e longe do sistema digestivo. Suas mãos estavam geladas como se estivessem num inverno rigoroso, e sentia pontadas fortes de uma possível dor de barriga. 

Percebeu-se estranhamente solitário por não ser perturbado uma só vez por Scorpius, ou por alguma alma viva. E, no horário do almoço, o Salão Principal estava meio vazio. Vários alunos perdiam a refeição por diversos motivos típicos de fim de semana. Como seu estômago roncava, foi sozinho até lá, sentou-se longe das panelas e torceu para ter asinhas de frango. 

— Oi, raio de sol! — a voz de Roxanne interrompeu a primeira mordida. Ele fez um leve meneio com a cabeça, observando ela se aproximar junto com a Longbottom. — Onde foi que se meteu, heim? 

— Estava falando com o Albus.

— Que conversa demorada — Alice disse, apoiando os cotovelos na mesa, um largo sorriso começando a despontar em seus lábios. — Falando nele, como consegue ser tão lindo de manhã?

Uma forte tosse de Albus irrompeu o salão ao sentir um pedaço de carne entalado na garganta, de susto. Bateu a mão no peito duas vezes, alarmando as garotas em sua frente. Roxanne se inclinou para dar tapas em suas costas.  

— Espera aí… Você está comendo carne? — ela bradou ao lado, com um tom de voz beirando a uma ofensa ou decepção. 

Recuperando-se aos poucos, Albus afastou o prato e tentou pensar em algo inteligente para dizer. De fato, Rose era vegetariana e ele havia se esquecido totalmente disso, algo que era praticamente impossível de acontecer, pois lembrava-se com vivacidade do dia exato em que a prima decidira que seria vegetariana para sempre.

Por conta da alta influência por parte dos avós maternos, Rose assistia a muitos filmes. Não que Albus reclamasse, pois bem que se divertia e até mesmo chegou a passar pequenas temporadas junto com a prima na casa dos Granger. Até que Rose assistiu Babe, o porquinho atrapalhado, e quis por que quis ter um porco. Se a garota já era irritante aos dezesseis anos, aos sete era pior ainda. Venceu Hermione pelo cansaço e finalmente obteve seu porquinho - obviamente nomeado de Babe—, tratando-o como um rei. 

Até que tia Muriel aconteceu. E, em uma visita surpresa nada agradável, resolveu que Babe renderia um bom café da manhã. Rose sequer teve tempo de gritar “não”. E, desde então, jurou que jamais colocaria carne alguma sequer na boca. 

Na época, apesar de um pouco apegado à Babe, Albus não ligou muito. Gostava muito de carne, especialmente frango - e, sendo sincero, não dispensava um bom bacon, mas sempre fazia questão de comê-los longe de Rose. Entretanto, rememorando a história, o prato à sua frente já não parecia tão aprazível. É claro que o organismo de Rose estaria rejeitando aquela comida; eram quase dez anos sem praticamente nem sentir o cheiro. 

— Acordei com vontade — respirou fundo, piscando algumas vezes, sentindo o estômago revirar um pouco. Olhou com pesar para as deliciosas asinhas em sua frente. Queria seu corpo que não rejeitava carne de volta. — Mas, pelo jeito, não foi uma boa ideia. 

Alice e Roxanne se entreolharam como se a amiga estivesse com algum problema. Bem, de fato estava. Albus se xingou mentalmente. Ambas eram bem espertas e, se não fosse cuidadoso, poderia acabar entregando o jogo. A confusão já estava grande o suficiente e eles definitivamente não precisavam de mais pessoas envolvidas. 

Seu tio George certamente daria um jeito; ao menos era o que ele esperava.

Rose, por outro lado,  estava se ocupando (e precavendo!) com um livro gigante de Feitiços, na esperança de achar alguma coisa útil para livrar os dois daquela situação (e, também, para ficar longe do Malfoy). Albus não faria nada, óbvio, nunca fazia; e mesmo caso seu tio soubesse de algo, um arcabouço teórico não iria atrapalhar. 

Ela balançou a cabeça, tentando evitar ser soterrada por uma avalanche de pensamentos relacionados ao eminente perigo que Albus representava em sua vida; era ainda mais difícil de se concentrar por causa das letras miúdas que pareciam se fundir durante a leitura. 

— Ei — Rose deu um pulo ao ouvir, bem perto de seu ouvido, uma voz grave —, o Scorp disse que você estava mal, mas não achei que seria ao ponto de ler um livro desse tamanho no fim de semana. 

— Pois é — franzindo os olhos ao desviar da folha, notou Lysander Scamander se sentando no lugar vago do banco onde estava há alguns minutos. 

— Está melhor? 

— Sim — voltou sua atenção para a linha na qual repousava seu dedo. Ele ficou quieto por alguns instantes. 

Rose não tinha nada a falar, afinal de contas. Lysander era muito legal, adorava conversar com ele quando estava no seu próprio corpo, mas  havia coisas mais urgentes a serem resolvidas do que um simples abismo de silêncio (que era deveras propício para aquela situação)(e ele nunca foi dos mais tagarelas também). 

— Como foi Hogsmeade ontem? 

— Normal. 

— E por que chegou tão bravo?

— Discuti com a minha prima. 

— Rose de novo? 

— É, de novo — grunhiu, irritando-se ao cogitar as asneiras que Albus poderia falar sobre ela para os seus supostos amigos. Não sabia que ele e Lysander eram mais do que conhecidos, embora o primo estivesse aparentemente gostando de Lorcan. Fechou o livro com seu dedo indicador no meio, erguendo o rosto para fitar os jardins. — Você sabe como eu sou, às vezes passo do limite e acabo falando coisas que não devo. Um tanto quanto egoísta, você sabe. 

— Hm… Te acho bem altruísta, na verdade. Talvez por isso o Chapéu Seletor demorou tanto para te colocar na Sonserina. 

Altruísta? — repetiu, rindo. O rapaz lhe encarava com os cantos dos lábios virados num pequeno sorriso, expressão calma e olhos azuis curiosos. — Eu? 

— Não se faça de modesto. 

— Não estou. Me acho bem egoísta, explosivo e irritante. Não tive uma conduta certa com ela ontem. 

— E você acha que está se culpando por quê? 

Rose riu internamente, olhando para ele. Definitivamente, Lysander não conhecia Albus. Não que o considerasse uma má pessoa, tinha sim suas qualidades; o altruísmo, porém, não era uma delas, tampouco a maturidade. Na sua perspectiva, o primo beirava a uma infantilidade quase patológica, além da falta de noção e consideração pelos outros. Não media palavras, atitudes ou limites, sempre falava tudo que sua mente fértil dissimulava. 

“Melhor do que ser uma pedra sem coração”, a sua própria voz, ouvida mais cedo, ecoava dentro de si enquanto Lysander parecia sustentar um olhar longo demais antes de finalmente resolvê-la deixá-la com sua leitura, embora agora não estivesse nada concentrada. 

• • • 

Por outro lado (e para a sua surpresa), Rose não imaginou que Scorpius Malfoy fosse um amigo tão dedicado.

Apesar do estresse todo, tentando acordar Albus aos berros no domingo, ele havia ficado realmente preocupado com a saúde do Potter. Rose não conhecia esse lado dedicado dele; na realidade, se fosse ser sincera, não conhecia praticamente nada a respeito do rapaz, apenas o básico que uma paixãozinha platônica poderia alimentar nas suas fantasias adolescentes. Nem mesmo compartilhando o melhor amigo com ele conseguia ter acesso a fatos capazes de tirá-los da categoria de “desconhecidos conhecidos”. Quer dizer, ex-melhor amigo. Já fazia tanto tempo que ela e Albus tinham deixado de cultivar uma relação agradável que Rose nem sabia se um dia de fato podiam ser chamados pelo oposto. Já era suficiente que fossem primos, não precisavam de fato andarem colados e o drama todo que ele vinha causando só fazia com que Rose quisesse ficar cada vez mais longe dele. Estar presa ao seu corpo era um castigo enorme. Ela sinceramente se perguntava o que é que tinha feito para merecer aquilo a cada vez que sentia vontade de ir ao banheiro e gemia em pavor, ou quando precisava ouvir os comentários nojentos de seus colegas de casa sobre literalmente qualquer assunto.

A questão é que ela precisou se esconder o domingo inteiro pelos cantos do castelo, pois, ironicamente, o Malfoy não largava de seu pé. Não sabia como conversaria naturalmente com ele, já que não se sentia nada confiante em manter um assunto por mais de dois minutos; fosse por estar no corpo do primo ou pelo seu penhasco avassalador que comprometia seus melhores neurônios. Seria pega na hora, tinha certeza. Mentir não era uma de suas melhores habilidades. Ela percebeu que era boa em tomar tempo para livrar-se de situações indesejadas tentando desviar o foco do assunto, mas aparentemente a terceira vez que usara aquilo ao topar com o loiro pelo castelo não pareceu tão convincente quanto as outras. Justamente por isso fez questão de perambular pelos corredores depois do horário de fechamento da biblioteca, torcendo para que Scorpius tivesse o hábito de dormir cedo (e todos os outros sonserinos também! Seria uma benção de Merlin!). 

Assim que finalmente chegou ao dormitório inspecionou o local. A cama de Scorpius estava vazia. Talvez estivesse se atracando em algum canto com alguém, esse era bem o seu feitio. Suspirou aliviada por estar sozinha no dormitório — já que aparentemente todos os sonserinos pareciam aproveitar a estadia no Salão Comunal até tarde —, e entrou já começando a retirar a roupa. Precisava ser rápida se quisesse se enfiar debaixo das cobertas para não encarar Scorpius.

— Finalmente! — a voz grave do Malfoy soou pelo quarto, fazendo com que Rose soltasse um berro e automaticamente escondesse os seios (inexistentes) à mostra. Scorpius franziu o cenho, claramente estranhando o comportamento do amigo, mas a ruiva não se deu conta de imediato do que havia feito, pois estava ocupada demais olhando com atenção excessiva para o corpo molhado de Scorpius Malfoy coberto por uma toalha verde da cintura para baixo.

Que o garoto deveria possuir alguns músculos por jogar quadribol isso ela sabia; até mesmo Al que, por ser apanhador não tinha uma demanda física tão alta, possuía um físico invejável pela idade. Mas nada a preparou para o conjunto da obra, nem mesmo seus sonhos mais quentes. Sabia que o rapaz não era de se jogar fora, afinal tinha olhos, sabia apreciar a beleza alheia e particularmente gostava de admirar Scorpius durante os jogos da sonserina, mas ver um garoto seminu na sua frente era um pouco chocante. Ainda sim, definitivamente interessante. 

Percebeu que a situação estava ficando esquisita demais quando o próprio Malfoy pareceu ter vontade de estar mais vestido. Ela então desviou os olhos e pigarreou, fingindo que estava massageando os braços e não tentando esconder o corpo. 

— Acho que ainda não me recuperei do último jogo — improvisou rapidamente, lembrando que o primo havia trombado com a apanhadora da Lufa-Lufa e caído a uma distância considerável. 

Scorpius pareceu relaxar com o amigo aparentemente voltando a agir normalmente, embora ainda ostentasse um olhar inquisidor. 

— Deveria ter visto isso quando foi à enfermaria.

Sem saber muito o que responder Rose apenas deu de ombro, tentando pensar em como poderia agir dali em diante. Scorpius ainda estava parado na porta do banheiro, analisando-a. 

— Quase não te vi hoje. Por onde você esteve? — perguntou movendo-se para a cômoda. Quando arrancou a toalha, Rose achou que fosse infartar. Felizmente, ou não, ele já estava de cueca que, para variar, também era verde. A constatação fez com que ela revisasse os olhos após a recuperação do susto. 

— Hã… Biblioteca — achou melhor não mentir, mesmo sabendo que, àquela altura, não faria tanta diferença assim. 

  No instante em que proferiu as palavras Scorpius se virou com uma sobrancelha erguida.

— Fala sério, Al. 

Rose, então, se xingou internamente. Albus não era exatamente o maior fã de livros. Lysander talvez não tenha estranhado porque provavelmente não era tão próximo como Scorpius. Deveria ter inventado algo mais elaborado, de qualquer forma. 

— O quê? — preferiu se fazer de desentendida ao invés de mudar completamente a história. Algo lhe dizia que tentar consertar demais só faria com que Scorpius ficasse mais desconfiado. 

— Você quer mesmo que eu acredite que depois da enfermaria você resolveu matar tempo lendo na biblioteca?

— Os exames de Transfiguração estão perto — justificou com seu melhor ar de descontração, virando-se para esconder o rosto corado. 

Sentiu os olhos cinzas queimarem suas costas enquanto se dirigia ao banheiro para tomar banho. Suspirou pesadamente, pois aquele momento do dia costumava ser seu favorito e agora se resumiria a desespero, horror e agonia. 

Antes que pudesse entrar, no entanto, Scorpius a chamou.

— Você ‘tá estranho. Muito estranho — Rose engoliu em seco. Não podia acreditar que seria pega no primeiro dia. Só Merlin sabia o quão inconveniente seria ter que dividir quarto com o garoto sabendo que se tratava de Rose. 

— Claro que não, cara — fez uma careta, tentando soar irritadiça como Albus. — Meu dia foi uma merda, só quero tomar um banho e cair na cama. 

— Se desentendeu com a Rose de novo? — não pôde deixar de questionar se Albus realmente contava tudo para Scorpius. Ou para todo mundo.

Provavelmente sim, já que até mesmo o Scamander parecia saber sobre o assunto na íntegra e Rose não considerava que ele fosse tão próximo assim do primo como o Malfoy era. Excelente. Todos os amigos dele possivelmente a achavam uma chata e a culpa era totalmente dos exageros de Albus. 

— Mais ou menos. — resmungou, não querendo dar muita abertura para questionamentos. Felizmente Scorpius não o fez, apenas suspirou fundo, cruzando os braços sobre o peitoral definido. Rose precisou conter um suspiro. 

— Se for por minha causa, não precisa continuar brigando com ela. 

O quê?

Rose não foi capaz de conseguir esconder a expressão de confusão à tempo e ele logo acrescentou: 

— Você é um excelente amigo, Al. Sério. Mas não vale a pena cultivar essa briga toda só porque eu meio que gosto dela. 

Rose achou que realmente fosse enfartar. Ele o quê? Provavelmente não havia escutado direito. No entanto, não poderia simplesmente perguntar “que merda você está falando?”, já que, supostamente, deveria saber exatamente do que se tratava.

— Certo… — foi o melhor que conseguiu elaborar. Eles se encararam por alguns instantes. Rose queria se enfiar o mais rápido no banheiro, mas simplesmente não conseguia se mover. Parecia que Scorpius ainda tinha algo a dizer. 

Sustentou o olhar pelo tempo que conseguiu fazendo um esforço descomunal para suas orelhas não arderem; por sorte, Albus não parecia ter herdado esse gene Weasley. 

Quando entrou no banheiro e pensou estar finalmente à salvo, escutou a voz abafada de Scorpius chamando-a novamente. Colocou apenas a cabeça para fora, erguendo a sobrancelha em questionamento. Não confiava muito em suas próprias palavras. 

— Eles… Se beijaram?

Não esperava aquela pergunta vinda de Scorpius Malfoy, muito menos acompanhada de um olhar esperançoso e uma mordida de lábio ansiosa. De repente esqueceu-se de como se respirava. 

Rose piscou os olhos algumas vezes. 

— Não — precisou se segurar para não soltar uma risada nervosa ao admitir. Mesmo se Al não tivesse interrompido, não sabia ao certo se de fato beijaria o Scamander já que, na verdade, só estava tentando se distrair do turbilhão que vinha sentindo mais intensamente há algumas semanas. 

O sorriso que ele abriu somente fez com que Rose ficasse ainda mais atordoada. Era muita informação para processar. 

— Acho que é um bom sinal, para variar. 

Foi a vez dela sorrir. Não sabia exatamente o que achar daquilo tudo, mas ver Scorpius ali, seminu, sorrindo feito um idiota apenas com a possibilidade dela não ter beijado uma boca, lhe causava sensações inimagináveis.

— Acho que sim. 

 


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Notas finais do capítulo

[Tahii] Oi, oi, oi! ❤

Quero agradecer a todo mundo que começou a acompanhar, aos comentários maravilhosos que recebemos e, em especial, LisaWeasley e annabanamin por terem favoritado! ❤

A inspiração para o título do capítulo foi aquele tiktok "nobody's gonna know... they're gonna know" porque, sejamos francos, eles são péssimos agindo naturalmente no corpo do outro KKKKKKKKKKKKKKKKKKK Acho que temos várias perguntas sem respostas nesse cap, né? Não se preocupem, logo mais as coisas vão se encaixar hihihi

Qual a opinião de vocês sobre o Albus? Quem está certo: Lysander ou Rose? O Lys e o Albus conversam sempre? Será que a Rose deu muita bola fora com essa ida à biblioteca? E o Lorcan que nem apareceu ainda e já causou todo esse transtorno? Contem para nós o que estão achando! E nos vemos logo mais ❤

Um grande beijo pra vocês!! ❤ ❤ ❤



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