Elena ouve tudo de longe e vê a forma que Damon se preocupava de verdade com a garota e por um momento egoísta, ela desejou que aquele olhar pudesse ser para ela de novo. E por mais que no fundo queria odiá-lo ou a garota com quem ele estava, não conseguia encontrar fundamentos para isso, porque precisava aceitar o fato de que as coisas mudaram enquanto esteve fora.

Assim que Bonnie completou o feitiço e se sentiu novamente preenchida de energia e vitalidade, soltou o braço de Kate e percebeu o quanto ela havia ficado cansada. O feitiço por si só já era desgastante, mas por estar em transição, cada energia gasta, parecia se esvair três vezes mais rápido, então mesmo se quisesse, ela não tinha forças agora para atacar Bonnie mesmo podendo ouvir o sangue circulando dentro dela.

—Obrigada, Kate. - Bonnie agradece-a acariciando a mão da amiga, antes de se levantar e se afastar para que pudesse prosseguir com suas escolhas.

Stefan chega com a bolsa de sangue em mãos e Damon a pega, indo até Kate. Ela está bem mais pálida que antes e sua respiração mais pesada por conta da energia gasta, mas se vê energizada novamente ao ver que Damon estava agora ao seu lado.

—Damon, eu não quero platéia… - Kate sussurra para ele, constrangida.

—Claro. - Damon olha para o irmão, que no mesmo instante convida todos para irem até o alpendre do lado de fora da casa para conversarem e saírem de vista.

—Eu estou com medo. - Kate diz segurando as lágrimas, enquanto olha para a bolsa de sangue nas mãos de Damon.

—Hey… - Ele larga a bolsa por um instante para segurar o rosto de Kate com as duas mãos e fazê-la olhar em seus olhos - Eu vou estar com você agora e durante toda a eternidade, vou te ajudar no que precisar. E vou esperar você estar pronta pra isso.

—Promete que você vai me parar se eu perder o controle?

—Prometo. - Ele diz sinceramente, mas não perde a oportunidade de soltar um sarcasmo - A não ser que seja Matt, aí talvez eu abra uma exceção.

Ela abre um sorriso espontâneo e então assente com a cabeça, acreditando nas suas palavras e que de fato poderia confiar na sua promessa. Então, ela pede a bolsa de sangue e por um segundo encara-a com hesitação, mas logo percebe que a sensação dá lugar a uma fome absurda. Suas veias rapidamente saltam e seus dentes novamente crescem e ela bebe o sangue da bolsa com ferocidade, como se fosse o último alimento da face da terra e ela estivesse faminta há meses. Ela seca a bolsa completamente e anseia por mais.

—Preciso de mais.

—Não, Kate, você não precisa.

Ela se levanta do sofá, sentindo-se totalmente diferente. Seu corpo parecia ter ganho uma quantidade absurda de energia e por mais que suas emoções estivessem confusas, era como se ela sentisse que podia fazer tudo o que quisesse, como uma forma de superpoder. Queria mais sangue e sabia que ele não iria dá-la, então ela vai até o porão, de onde Stefan tinha vindo quando trouxe a bolsa, pegando Damon de surpresa sem conseguir impedi-la a tempo.

Ao chegar ao porão, Damon a vê bebendo sua quarta bolsa de sangue, enquanto as outras vazias estavam pelo chão. Ele olha aquilo um tanto receoso e surpreso, porque não achava que ela seria o tipo de vampiro compulsivo descontrolado.

—Kate… Acho melhor ir devagar. - Damon se aproxima na intenção de interromper seu lanche.

—Você não quer também? - Kate desliza seu dedo pelo canto da boca onde estava escorrendo um pouco de sangue, passando-o em seguida nos lábios de Damon para provocá-lo.

Ele fica extremamente excitado com aquilo, lambendo de seus lábios o sangue que Kate havia lambuzado-o. Ela permanece com seu olhar ousado e por mais que naquele momento ele poderia facilmente abaixar a guarda, não consegue deixar de lado o peso da consciência de sua promessa em ajudá-la, então ele se recompõe e tira a bolsa de sangue da mão de Kate.

—Eu prometi te ajudar. - Ele guarda novamente a bolsa e fecha o freezer, se aproximando dela para olhá-la de perto - Então vamos fazer assim… Olhe nos meus olhos e diga que não se sente culpada pelo o que acabou de fazer. Se disser que não, continuamos a beber.

Kate então parece cair em si, desviando o olhar para as bolsas vazias no chão. Ela de fato havia perdido o controle na primeira oportunidade que teve e não havia se dado conta disso. Seu subconsciente começa a torturá-la com a culpa e o medo que sentia depois de perceber o que estava fazendo e assim, sente seu corpo desabar. Ela não iria conseguir lidar com aquela nova forma de viver, era intenso demais e não sentia ter domínio sobre o que fazia. Suas lágrimas desabam assim como seus joelhos contra o chão, arrependendo-se da escolha de ter se transformado, enquanto pressionava a cabeça com as mãos durante seu choro.

—Por que eu… - Ela soluça entre o choro, sentindo seu peito pesar uma tonelada.

—Hey… - Damon se curva perto dela, segurando suas mãos e beijando-as para mostrar que ele estava ali com ela. - Suas emoções ficarão extremamente intensas agora, é normal. E não, você não fez nada de errado, você só estava com fome… ok? Eu vou te ajudar com isso.