Bonnie estava ajudando Stefan com a louça da janta, guardando tudo no devido lugar depois de comerem. Obviamente não esperaram por Damon e Elena, já que ouviram sem querer a conversa dos dois e constataram que iriam demorar para aparecer, mas surpreendentemente Elena surge na cozinha antes do imaginado, extremamente irritada. Stefan e Bonnie se entreolham, enquanto Caroline decide arriscar a quebrar o silêncio.

—Você… quer jantar?

—Estou sem fome… tem vinho? 

—Eu vou buscar. - Stefan se prontifica, aproveitando a oportunidade para desviar da tensão por ali e deixar que as garotas conversem a sós.

—Vai, pode falar… A gente conhece essa carinha aí, alguma coisa aconteceu com Damon, não é? - Caroline estreita os olhos, desconfiada sobre o que poderia ser.

—Nada, é que… - Elena suspira pesado mostrando sua indignação, gesticulando incredulamente - Eu achei que nada tinha mudado.

—É por causa da Kate, não é? - Bonnie cerra os lábios, imaginando o baque que ela teria sentido ao ver seu namorado agora com outra.

—Ele disse que ainda me ama, mas de uma forma diferente agora… - Elena esfrega as mãos no rosto e suspira novamente - Eu não sei o que pensar, na verdade. Eu não sei como seria se os papéis estivessem invertidos, talvez eu também encontrasse alguém, ou não, mas…

—É muito pra processar em pouco tempo e você não precisa ter as respostas agora.- Bonnie se aproxima de Elena e acaricia as costas da amiga na tentativa de consolá-la - Então se você preferir, podemos ir na minha casa agora e lá podemos fazer igual aos velhos tempos.

—Vinho, pijamas, skin care e filme! - Caroline bate suas animadoras palminhas, tentando contagiar Elena com seu enorme sorriso largo.

—Eu acho que estou precisando mesmo disso… - Elena abre um leve sorriso.

Enquanto isso na sala, Stefan volta com a garrafa de vinho da adega situada no porão, quando se depara com Damon em frente a mesa de bebidas virando o copo com uísque. Então ele decide fazer uma parada antes de levar o vinho até a cozinha, parando ao lado do irmão e olhando na direção que ele se prendia; Kate.

—A gente acha que nunca vai acontecer de novo. - Stefan comenta, atraindo o olhar pensativo de Damon e ele então prossegue - Acha que é impossível você se interessar por outro alguém depois de tudo que já passou. Mas a vida surpreende a gente, não é mesmo?

—Você está falando de mim ou de você? - Damon lança um olhar debochado por ter conseguido virar a conversa.

Stefan apenas retorce os lábios pois reparou em como aquilo fazia sentido para ambos no momento. Pela primeira vez, ambos não estavam brigando ou tentando se matar por causa de uma paixão em comum e aquela sensação era estranha, porém aliviante. E quando Stefan pensou em perguntar mais uma coisa, as garotas saem da cozinha juntas conversando entre si numa energia bem mais leve do que minutos atrás. Elena e Damon se olham por um segundo, mas logo desviam seus olhares para qualquer outro canto, enquanto Caroline dá um meio sorriso tímido para Stefan.

—Nós vamos pra minha casa. - Bonnie explica ao ver o olhar confuso de Stefan. - Acho que vai ser melhor assim e me avisem quando ela acordar. Ela infelizmente terá que decidir sobre a transição e caso queira prosseguir, queria pelo menos tentar transferir a magia dela de volta.

—Bruxas não podem ser vampiras? - Caroline pergunta, curiosa.

—Não… as Bruxas consideram vampiros uma anomalia da natureza, o que de fato é, e por isso elas precisam optar entre permanecer com a magia e morrer naturalmente ou se transformar e perder seus poderes…

—Oh… - Caroline fica impressionada com aquela informação e um tanto preocupada com o que Kate iria escolher.

—Mas melhor irmos logo. - Elena interrompe a conversa, apressando as amigas.

Elas se despedem e saem pela porta, deixando o silêncio pairar por um tempo na casa. Sem ainda dizer nada, Damon vai até o armário de bebidas e pega uma garrafa cheia para abrirem, servindo a ele e o irmão com doses de uísque.

—Vou ter que perguntar, mas… qual seria sua reação se Lily viesse morar aqui com a gente?

—O quê?! - Damon solta uma risada espontânea, mas rapidamente fica sério ao ver que o irmão não estava brincando. - Isso não é sério, é?

—É a nossa mãe! E bom… não sobrou basicamente ninguém dos hereges e nem mesmo Julian, eu achei que…

—Não, não, não… eu já disse “não”? - Damon vira novamente o uísque num gole só ao sentir a irritação aumentar dentro de si. - Nem pense nisso, Stefan.

—Por que você não dá uma chance pra ela? - Stefan fica indignado, abrindo os braços como se realmente não entendesse o drama que o irmão fazia sobre o assunto.

—Depois de tudo o que ela fez comigo e com a gente? Não mesmo. Ela nem sequer merece ser chamada de “mãe”.

—Vocês vão precisar conversar sobre isso então amanhã cedo.

—Por que eu estou com o pressentimento de que você já convidou ela pra vir sem me consultar? - Damon estreita os olhos, percebendo o silêncio do irmão e tomando aquilo como um consentimento - Não acredito.

—Damon… - Stefan tenta chamar a atenção do irmão.

—Não Stefan! Não acredito que você vai tornar a minha vida um inferno!

—Damon… - Ele novamente repete, chamando a atenção do irmão assim que vê Kate começar a se mexer - … Kate.

Damon por fim para de falar e vai até Kate ao vê-la abrir os olhos, confusa. Olhando ao redor, ela reconhece a sala e então fica mais aliviada ao saber que estava em boas mãos, já que por um milésimo achou que estaria nas mãos de Julian prestes a ser torturada. Ela se ajeita no sofá e massageia seu pescoço ao senti-lo extremamente dolorido e tenso enquanto se senta, vendo Damon se aproximar e sentar-se na beira do sofá.

—Por que eu sinto que eu morri? - Ela pergunta ao lembrar da última cena com Julian, vendo os dois se entreolharem um pouco apreensivos.