Kate abriu os olhos já gemendo de dor enquanto sentia seu sangue se esvair, tentando estancar seu próprio sangue. Ela sequer conseguiu prestar atenção à sua volta, conseguia apenas sentir a dor causada pela espada, que não chegou a atravessá-la por completo, mas que possivelmente havia perfurado algum de seus órgãos. Até que de repente surgiu alguém erguendo sua cabeça para abraçá-la por trás enquanto colocava um pulso sangrando na boca de Kate para que bebesse. Ela não precisava se mexer para descobrir quem a estava dando sangue, até porque já conhecia aquele perfume e o toque firme de Damon.

—Kate? Damon? - Stefan se surpreende ao vê-los acordados novamente, enquanto tentava disfarçar sua inquietação.

—Me diz que deu certo! - Caroline olha desesperada para Kate, mas ela não entende o que estava sendo dito.

Assim que Damon percebe que o ferimento no abdômen de Kate havia cicatrizado, é que ele começa a prestar atenção no que estava acontecendo por ali. Seu olhar bate no corpo de Bonnie imóvel ao chão, com Caroline ajoelhada ao seu lado e Stefan extremamente angustiado, afinal de contas, para que a magia fosse transferida para Kate, Bonnie teve que exigir além do que seu corpo podia suportar.

—Não, não, não… Bon-bon! - Damon se afasta de Kate e se ajoelha ao lado de Bonnie, desesperado, rasgando novamente seu pulso para curá-la, como se Caroline ou Stefan já não tivessem tentado isso.

—Damon…

Kate se levanta do sofá ainda meio zonza por tanta coisa que estava acontecendo e quando ajeitou sua blusa, viu algo estranho. Na palma de sua mão, havia algo escrito. E foi então que juntou as informações rapidamente; Bonnie transferiu sua magia para ela e claramente deixou uma carta na manga caso algo desse errado quando ela voltasse, para que a ajudasse.

—Eu sei o que fazer! - Kate mostra a palma da mão, enquanto se aproxima de Bonnie - Eu não sei o que está escrito aqui, mas acho que ela deixou esse feitiço para que possa trazê-la de volta, ela possivelmente sabia dos riscos...

—Não querendo apressar… - Stefan começa dizendo, revelando a razão por trás da sua inquietação, enquanto Kate começa imediatamente a pronunciar as palavras e realizar o feitiço, com sua mão sob o peito de Bonnie - Mas Julian está vindo com todo o seu exército ameaçando a incendiar a casa se não nos rendermos para uma possível tortura eterna.

—”Não querendo apressar”? - Damon o olha, indignado. - Eu que o diga! Por que demoraram tanto pra tirar a gente de lá?!

—Nós não tiramos vocês de lá… - Stefan responde, fazendo com que Damon ficasse pensativo - Você enfrentou o que precisava, por isso voltaram. Se não, ainda estariam plenamente dormindo enquanto rolava uma guerra aqui fora.

—Inclusive depois vou querer saber sobre isso.- Caroline comenta, como a boa curiosa que é.

—Hora do plano.- Damon desvia o assunto, focando no que precisava ser feito no momento.

Bastou mais alguns segundos e Bonnie de repente desperta, puxando com força todo o ar possível para que seu corpo voltasse a funcionar novamente, para o alívio de todos. Ela sempre foi essencial para os planos serem bem executados e mesmo não podendo usar seus poderes para, era uma ótima professora e estrategista. Ao ver que Kate havia conseguido trazê-la de volta, agarra-a pelo pescoço para um forte e caloroso abraço, afinal, havia apostado tudo nela e com sorte, sua intuição não falhou. Pela primeira vez, Kate havia feito algo bom com sua magia e isso já era motivo de vitória, fazendo-a sorrir largamente.

—Sabia que podia confiar em você.- Bonnie sorri e se levanta com a ajuda de Kate, enquanto olha para todos ali da sala. - Onde paramos?

—Damon, posso conversar com você rapidinho? - Kate sugere, fazendo sinal para a direção da cozinha.

—Vai acontecer uma guerra daqui a pouco, não sei se… - Damon diz, um tanto apreensivo.

—Vão, nós vamos revisar o plano com Bonnie.- Stefan faz sinal para o irmão, enquanto se volta para as garotas para que repassem o plano uma última vez.

Damon então a segue até a cozinha, vendo Kate extremamente nervosa com suas mãos trêmulas e uma possível cara de choro, mesmo que ela estivesse tentando evitar enquanto olhava para o teto na intenção de que as lágrimas não caíssem. Ele sente todo o seu corpo amolecer ao vê-la assim, mas ao mesmo tempo, perdido por não saber como lidar.

—Eu não vou conseguir. - Ela solta de repente, enquanto anda de um lado para o outro ainda tentando se controlar.

—Kate… Você acabou de ressuscitar Bonnie! Por que acha que não daria conta de uns idiotas?

—É diferente! - Ela para de andar e finalmente olha para Damon, assustada. - Eu vou ser responsável por tudo! Eu vou ficar com medo e você sabe o estrago que eu faço quando eu fico assim… E se eu falhar, todos nós podemos morrer… Você pode morrer!

—Você não é a mesma garota descontrolada que queimou toda a casa e matou pessoas.- Ele diz e então se aproxima, segurando seu rosto com as duas mãos para que pudesse transmitir sua coragem a ela de alguma forma, mas ela o interrompe.

—Eu não sei se consigo, Damon...

—Você aprendeu e você vai conseguir. E eu não sei o que te dizer agora, mas posso aumentar sua moral dizendo que mesmo que tudo dê errado lá fora, saiba que só uma garota muito sexy, destemida e corajosa conseguiria fazer eu me sentir vivo de novo. - Ele percebe que conseguiu tirar um leve sorriso dela, fazendo-o se sentir ainda mais atraído por ela, então olhando para os lábios dela, continuou - E aproveitando esse momento dramático, Kate… 

Ela não estava preparada para ouvi-lo porque imaginava do que se tratava e tinha medo de se envolver intensamente tão cedo. Porém, sentia a levitação de seu estômago lhe dizendo que aquilo era mais real quanto ela achava que era. E enquanto ela entra em conflito com seu subconsciente sobre a maneira certa de agir e no que dizer a ele, os dois são interrompidos drasticamente com um estrondo vindo da sala. Damon para antes mesmo de terminar a frase e eles se olham apreensivos, concluindo que o plano precisava ser iniciado logo.

—.... Apenas acabe com eles. - Damon a incentiva, que retribui com uma tentativa de parecer mais confiante, mesmo sabendo que seu nervosismo a impedia de acreditar nisso.