Passaram-se dias, até que Bonnie veio até a casa de Stefan com uma ideia revolucionária, que poderia fazer com que eles retornassem logo. Ninguém, na história dos bruxos, havia tentado fazer aquilo; pelo menos não haviam registros nos Grimórios. Mas, Bonnie estava confiante, até porque não havia muito o que tentar no momento.

—Vocês lembram de quando falei sobre transferir minha magia para Kate, certo? - Bonnie inicia seu plano empolgada e extremamente confiante. - Então, vamos fazer isso. Eu iria fazer de qualquer forma, mas podemos antecipar e usar como uma vantagem.

—Não entendi Bonnie, vai ter que desenhar.- Caroline franze a testa, confusa na linha de raciocínio da amiga.

—Eu vou transferir minha magia para Kate. E como estamos falando em transferência, isso envolve também transferir a magia da mordida de Damon para Kate também, assim a gente resolve tudo!

—Mas… - Stefan reflete sobre o plano por um momento - E por que você acha que eles vão voltar mais rápido tendo magia?

—Porque… Bom, sobre isso não tenho tanta certeza, mas talvez ela tendo magia por lá ajude em algo… não?

—Só pelo fato de conseguir reverter a mordida de Damon, já acho válido.- Caroline diz, olhando-o desacordado no sofá e completamente encharcado de suor.- Porque não sei quanto tempo ele ainda tem…

—Eu espero que funcione.- Stefan diz, aflito.

Kate havia segurado Damon a tempo e arrastado ele até o sofá sozinha, já que Elena havia sumido. Ela permaneceu sentada na beirada do sofá, segurando a mão dele esperando ele acordar, enquanto analisava o quão avançado estava seu estágio de envenenamento. Ele estremeceu levemente por conta da febre e enquanto ela tentava secar seu suor, aproveitava para acariciá-lo para tentar dar mais conforto. Ela não sabia definir como aquilo havia acontecido, porque jurou que não se envolveria com mais ninguém depois de seu relacionamento traumático e ali estava ela, encarando um homem que simplesmente apareceu para bagunçar tudo. Kate queria permanecer acordada esperando que ele despertasse, mas ela acabou caindo no sono, com sua cabeça apoiada no peito de Damon.

Damon acorda no susto, ouvindo berros. Seu corpo o impede de se levantar depressa, como se pesasse uma tonelada e estivesse lesado, por conta da febre. Mas ele reconheceu os gritos, eram de Elena e Kate, vindos de longe.

Ele sente a respiração pesar e juntando toda sua energia, ele apressa o passo para seguir o som. E quando ele consegue chegar até a porta e olhar para o lado de fora, ele dá de cara com as duas deitadas ao chão, como se estivessem magicamente imobilizadas e encharcadas de gasolina. Cada uma estava com um rastro de gasolina que levava até o início do fogo, que acabou sendo acionado assim que Damon abriu a porta.

—Droga!

Ele analisa a possibilidade de salvar as duas, mas o fogo estava igualmente se alastrando e elas não estavam perto o bastante uma da outra, para piorar. Damon simplesmente se sente travado e mesmo que queira avançar, algo o parece segurar no lugar, como se aquele maldito mundo paralelo estivesse pregando uma peça para criar uma maior emoção. Mas o que ele não sabia, é que isso estava sendo causado por ele mesmo. Ele não conseguia se decidir em pouco tempo; se abria mão de Elena, sua grande história de amor, ou de Kate, a garota que entrou na sua vida recentemente e o fez se sentir vivo de novo. O desespero se transformou em uma lágrima, enquanto ainda tentava correr na direção delas.

O fogo estava chegando perto e o desespero estava no ápice. Seu coração quase saía do corpo, quando ele finalmente resolveu assumir a realidade. Ele apenas fecha os olhos por um segundo e respira fundo, antes de conseguir finalmente prosseguir. Nem mesmo sua fraqueza, a febre ou a dilacerante dor no corpo o impediu de dar tudo de si, afinal, bastavam poucos centímetros para que o fogo atingisse as meninas para fazer com que uma delas virasse uma tocha humana até o pó. Então se jogou na direção de Kate agarrando-a e rolando para o lado, afastando-a no exato momento em que o fogo iria tocá-la.

Elena havia virado apenas uma enorme chama, em meio a gritos ensurdecedores, enquanto Damon encarava aquela cena horrorizado, sentindo a lágrima escorrer pelo seu rosto. Kate prefere não olhar, fixando-se em Damon e limpando a lágrima que escorria dele, antes do mesmo desabar completamente ao chão, exausto a ponto mal conseguir manter seus olhos abertos.

—Damon… - Kate diz ao sentir-se estranha, como se todo o seu corpo se enchesse de energia. - Tem algo estranho.

—Não me diz que isso ainda não acabou… eu não aguento mais. - Damon acaba dizendo sem tentar se mexer pela exaustão, mas então sente a dor começar a diminuir, atraindo a atenção dele para o assunto. - Eu senti também.

—Será que…

Kate por intuição, projeta sua mão na direção da enorme chama onde Elena agora havia silenciado e estranhamente, ela consegue apagar o fogo. Damon percebe o que estava fazendo e ansioso, espera para ver o que iria encontrar, mas não havia corpo nenhum, como se nunca tivesse estado ali antes. Apesar do estranhamento, era ainda mais curioso o fato de Kate ter adquirido poder assim de repente e de Damon já estar se sentindo melhor em questão de segundos.

—Eu tinha perdido meus poderes....

—O que está acontecendo? - Damon ergue a manga da camisa e vê o ferimento cicatrizado magicamente. - A mordida sumiu!

—O quê? - Kate confere seu antebraço agora totalmente curado e o olha agora com um sorriso animador. - Eu acho que estamos…

No mesmo instante, Kate sente uma dor forte rasgar sua barriga e rapidamente vê uma mancha de sangue banhar sua camisa. Ela pressiona suas mãos contra a ferida assim como Damon, que a olha assustado.

—Nós estamos voltando! - Ele decifra o mistério rapidamente, sem saber se comemorava ou se desesperava por causa de Kate - Aguenta firme! Kate!