Valentines Week 2 - Olicity Version escrita por Ciin Smoak, SweetBegonia, MylleC, Thaís Romes, Regina Rhodes Merlyn, Ellen Freitas, EnigmaticPerfection


Capítulo 1
My Hero - Thais Romes


Notas iniciais do capítulo

Oi gentes!
Saudades disso...

Bom, esse ano estamos todas aqui batendo ponto com mais um projeto de dia dos namorados. Mas por alguma razão, dessa vez parece mais necessário. Sabemos bem como as coisas andam difíceis e só esperamos que todas essas histórias possam acalentar e confortar o coração de vocês.

Se cuidem, permaneçam saudáveis e tenham esperança.
Torço para que se divirtam com My Hero, sei bem que minha cabeça não funciona da forma usual, mas me diverti muito escrevendo essa one e espero que se divirtam tanto quanto eu.

Aproveitem a história e nos vemos lá em baixo!
Thaís Romes.



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Parte 1 – Expectativa x realidade

Felicity Smoak

Não acredito que gastei meio ano das minhas economias em um único fim de semana. Parte minha ainda se arrepende do ato, algo que aconteceu quase imediatamente após finalizar a transação em meu cartão de crédito. Mas eu simplesmente tenho ignorado essa parte a alguns dias, afinal agora eu integro a pequena parcela da população desse país que pode ostentar um emprego fixo. Deus sabe que fiz por merecer, e como já dizia Donna Smoak em toda sua sábia irresponsabilidade “ou você gasta, ou a terra come”, apesar que não tenho certeza se ela estava se referindo a dinheiro, mas prefiro pensar que sim.

Meus olhos passeiam pela imensidão de pessoas a minha frente, a maioria delas caracterizada de personagens da cultura pop, aquilo era o meu sonho de infância se realizando. Mal consigo me conter enquanto caminho entre os stands da feira, minha primeira Comic Com, quase não acredito que é real. Ajeito minha camisa do Batman para dentro dos meus jeans enquanto paro na fila para o painel dos heróis da DC. O sorriso idiota mal pode ser contido em minha face a essa altura.

Balanço no mesmo lugar quando já consigo avistar os primeiros atores que estavam autografando os pôsteres. Me contendo com muito esforço, essa era a parte chata de ter vindo para isso sozinha, mas Patty simplesmente me disse que por mais que adorasse estar aqui, seu chefe não consideraria acompanhar a amiga em uma feira de eventos nerds, como um motivo bom o suficiente para faltar ao trabalho.

—Ai meu Deus, é a Sarah Lance! -escuto o cara a minha frente exclamar para seu grupo de amigos, e me esquivo como posso para enxerga-la.

—Ela é linda... -as palavras escapam por meus lábios e o mesmo cara de antes assente em concordância. -Acha que Barry Allen está por lá? -questiono com um pouco mais de coragem, e o cara de pele parda, com óculos redondos e um sorriso cheio de simpatia se pões sobre as pontas de seus pés para espiar.

—Está ao lado do Oliver Queen -responde prontamente. -Uau, aquele cara é enorme!

—John Diggle é maior! -outro de seus amigos acrescenta deslumbrado e então voltam a conversar entre eles.

 A cada nome dito meu coração palpitava ainda mais. John Diggle, Roy Harper, Thea Queen! Mal conseguia me conter a esse ponto. Quando apenas o grupo de amigos está a minha frente, uma staff me entrega um poster e fico olhando Barry em seu traje do Flash no centro, ao lado do Arqueiro Verde. Estou a poucos metros dele...

—Sua vez -alguém avisa e simplesmente me movo, e deposito meu poster sobre o balcão a frente de John Diggle, com minhas mãos tremulas.

—Primeira vez? -ele pergunta com simpatia enquanto assinava seu nome.

—Sim -minha voz soa tremula e isso faz com que me olhe com um sorriso divertido.

—Xiii, essa sua blusa vai ferir o ego do Ollie! -diz um pouco mais alto, provocando o amigo na outra ponta e passa o poster para Sarah, que ri como se aquilo fosse algo muito divertido entre eles. -Fã do Batman?

—Sou fã de todos vocês -respondo agora com a adrenalina um pouco mais baixa.

—Sei que tem um preferido! -Sarah brinca me olhando antes de começar a assinar. -Conta -junta as mãos como se implorasse me fazendo gargalhar.

—É o Flash -murmuro me inclinando em sua direção, como se contasse um segredo.

—Flash! -anuncia para todos os seus colegas, então as coisas ficam um tanto estranhas.

Sarah, Thea e John que estavam mais próximos comemoravam, enquanto Thommy Merlin fingia sentir dor e Laurel Lance o amparava rindo. Mas mal me dou conta deles, pois Barry Allen tirava um quadro branco de traz do balcão e marcava um palitinho em um dos lados onde estava dividido com o nome do seu personagem, do outro lado estava o Arqueiro Verde e os dois pareciam empatados.

—Muito bom gosto! -Thea diz com seu rosto de fada estampando um sorriso feliz. -Meu irmão precisa de um pouco de realidade – brinca piscando para mim e passando o poster para Thommy, só consigo sussurrar obrigada, meio boba com toda aquela brincadeira.

—Flash, sério? -parecia indignado, enquanto assinava. -Por que? -ele para e me olha esperando realmente uma resposta o que me pega de surpresa.

—Só gosto dos princípios dele -começo me sentindo em uma entrevista de emprego. -O Flash é um exemplo perfeito do que um herói deve ser. -ele parece frustrado por não poder rebater, fazendo Harper a seu lado revirar os olhos.

—Então -volta a dizer assinando finalmente todo seu nome. -Qual o segundo?

—Asa Noturna -murmuro em tom de desculpas e ele solta um suspiro derrotado, entregando meu poster para Roy, que já sorria assinando de imediato.

—Não liga para eles, são loucos -brinca -Asa Noturna é uma boa escolha, mas eu preferiria o Capuz Vermelho -argumenta.

—Tenho uma séria queda por todos os que usaram o manto do Robin... -só me dou conta de ter falado em voz alta quando não só ele, mas Laurel e Oliver que estavam esperando Harper me liberar, me encaravam curiosos. Limpo a garganta e ajeito a postura antes de dizer constrangida -Quer dizer, são grandes heróis.

—São sim -Harper concorda com um sorriso divertido, me passando para a outra Lance.

—Eu amo a Canário Negro! -falo agora dominada pelo meu lado fã girl, a fazendo abrir um sorriso tão brilhante que não parecia verdade. -Só queria que focassem mais no arco dela, sem aquele romance forçado...

—Viu! -Laurel diz olhando para os lados, antes de se voltar novamente para mim. -Nessas horas o produtor sempre está no banheiro -sussurra me fazendo rir. -Ninguém mais aguenta aquele triangulo sem sentido.

—Claro que ela vai ficar com o Arqueiro Verde -Oliver se esquivava de Barry para entrar no meio da conversa.

—Ele meio que traiu ela com a irmã -novamente minha língua não pode ser freada, mas Laurel espelha a mesma expressão de nojo que eu tinha estampada em minha face.

—Ollie, Ollie... A fila já andou -brinca com seu co-star e Barry rouba meu poster assim que ela termina a última letra do seu nome. -Hey! -reclama fingindo irritação.

—Prefere o Flash -fala com um sorriso tão lindo em seu rosto que não posso conter minha cara de idiota. -As mais inteligentes sempre preferem! -se gaba. -Qual o seu nome?

—Smoak... -a voz sai meio esganiçada, então limpo minha garganta e recomeço. -Felicity, Smoak -aí Deus, que puta mico eu estou pagando.

—Allen. Barry, Allen -estende a mão em minha direção e sorrio aceitando. -Ollie, aqui -ele tira o seu celular do bolso e estende para o colega que o encara com certo ar de “é sério?”, mas pega o objeto e Barry aproveita nossas mãos unidas e me puxa mais em sua direção, se inclinando também. -Quero documentar o dia em que venci não só o Arqueiro Verde, mas também o Batman -ele explica ao perceber meu ar de confusão, dou risada e a câmera captura o momento exato. -Quer tirar no seu também?

—Posso? -repito confusa e ele assente, entrego meu celular e ele o passa para Oliver que bufa com a ousadia do amigo.

—Ollie não se importa -pisca para mim e não consigo evitar de sorrir, mais uma vez sinto o flash sobre meu rosto. -Obrigado por vir, Felicity.

—Eu que agradeço -respondo um tanto abobada. -Ah, eu tenho um presente! -me lembro, tirando um embrulho meio amassado da bolsa e dando de má vontade um passo à frente depois de depositá-lo a sua frente e ver o sorriso infantil ao recebe-lo.

—Nossa, isso é incrível! -diz abrindo o embrulho onde havia uma camisa vermelha com o símbolo do raio na frente e nas costas estava escrito “Eu sei, pareço, mas juro que não sou o Flash!” -Muito obrigado!

—Não é nada -murmuro tímida e escuto uma tosse, então Oliver Queen me olhava com meu poster em mãos.

—É sério Felicity? -ótimo ator, seus olhos estavam cheios de falsa tristeza. -Vai ferir meus sentimentos, me usar como fotógrafo e ainda me ignorar?

—O meu Deus! -exclamo rindo, meio sem saber como reagir a toda aquela birra. -Me desculpe, de verdade.

—Não sei se posso -diz sério assinando seu nome.

—Você é ótimo -solto sincera e vejo um pequeno sorriso de canto em seu rosto absurdamente lindo. -Arqueiro Verde é um bom herói, um cara babaca, mas como herói não posso reclamar -pronto, agora ele, Barry e os outros gargalhavam.

—Me sinto extremamente ofendido! -ele ria. -Mas vou te perdoar, por estar completamente certa em seus julgamentos de caráter! -faz uma pequena reverencia.

—Fico feliz por conseguir seu perdão -entro na brincadeira e imito seu gesto, outra vez me pego sem saber como reagir ao erguer os olhos e ver a forma como Oliver Queen me encarava.

—Nos vemos no painel, Felicity! -quem visse acreditaria que nós éramos velhos conhecidos.

—Tchau, Oliver!

Saio da fila com meu coração quase escapando por minha boca. Mal conseguia digerir o que acabava de acontecer, Barry é muito mais lindo pessoalmente do que em tela, e o que foi toda aquela simpatia do elenco?

Pego novamente meu celular e coloco minha foto com Barry no descanso de tela, depois a envio para Patty que ficaria louca assim que visse. Não quis comprar a foto com elenco, estava disposta a gastar, mas não sou nenhuma adolescente pra sair distribuindo dinheiro a esmo, por isso mal pude acreditar quando ele se ofereceu para tirarmos a foto juntos, se o ângulo permitisse sem exibir nenhuma das minhas partes intimas, eu beijaria o Batman da minha camisa nesse instante, morceguinho mais lindo!

OLIVER

Percebo Barry se abaixando na bancada para trocar a camisa que usava pela que havia recebido da loura gostosa com péssimo gosto para heróis. Como se toda a fila não pudesse ver claramente o que ele estava fazendo, graças a Deus que ele sabe atuar como um cara super inteligente por que as vezes me surpreendo com o nível do intelecto do garoto.

—Vou usar isso no painel -conta para a garota que estava esperando por ele assinar seu poster e a vejo suspirar admirada.

Assinamos tantos pôsteres que não sinto mais meus dedos, minha irmã estava descalça a esse ponto, não que seus pés pudessem ser vistos de fora, mas o fato dela diminuir significativamente já denunciava o ocorrido. Quando estávamos prestes a tentar assinaturas com a outra mão, o staff nos informa que seriamos levados até o painel.

—Como foi a aposta? -Waller me esperava nos bastidores e me entrega uma garrafa de água mineral enquanto caminhávamos a passos largos juntos aos outros e seus respectivos agentes.

Amanda Waller me olhava com um misto de reprovação e deboche. Quando a CW informou sobre o joguinho que Barry e eu teríamos que fazer durante as assinaturas, minha agente foi completamente contra, por saber que essa era uma estratégia para divulgar a série do Flash que estava estreando nesse ano e todas as condições seriam vantajosas para o outro ator. Mas a verdade é que me sentia na obrigação de ajuda-los a divulgar, tudo isso começou comigo então seria eu uma boa alavanca para meus precursores. Tentei fazer esse discurso para ela, mas Amanda me mandou ir me fuder.

—Barry conseguiu -dou de ombros evitando olhá-la novamente.

Troco a camisa preta que usava por uma com uma estampa do Arqueiro Verde e me jogo na cadeira ao lado de John que estava distraído com as fotos do filho no celular. Espio pelo canto dos olhos, sorrindo com as caretas engraçadas que JJ fazia para a câmera.

—Ele não sorri mais para as fotos -reclama com certo orgulho na voz. -Está em uma faze impossível.

—William passou por isso, não vai durar mais do que alguns meses -conto.

No início de minha carreira acabei me casando com uma namorada da faculdade. Erámos novos e o casamento durou sete meses apenas, mas graças a irresponsabilidade e descuido que só a juventude nos proporciona, hoje tenho o melhor presente do mundo. Will mora com a mãe em Central City, mas nos falamos todos os dias e ele passa as férias e feriados comigo. Nos vemos em finais de semana alternados dependendo muito da minha agenda, o que me deixa exausto as vezes.

—Ainda está pensando em se mudar?

—Nós gravamos em Star City, Thea está na cidade e depois que perdemos nossos pais eu nãos saberia deixa-la -esfrego o rosto vendo minha irmã ter sua maquiagem retocada. -Mas ao mesmo tempo eu sinto muita falta dele, todos os dias.

—Samantha não está considerando voltar para a cidade? -questiona me oferecendo uma bala. John passou por todo o drama ao meu lado, nos tornamos quase irmãos desde que nos conhecemos e foi pouco antes dos meus pais sofrerem o acidente.

—Ela diz que vai considerar, mas sei lá... -suspiro.

—De qualquer forma nós vivemos na ponte aérea, isso faz parecer que não moramos em cidade alguma -Tommy aparece com um sanduiche nas mãos e uma maquiadora sofrendo para retoca-lo enquanto o cara comia.

—Cinco minutos galera -Marc Guggenhein chega com os outros produtores.

Fico parado para que a garota pequena pincelasse meu rosto com sabe-se lá o que, então nos colocamos em uma fila nada organizada enquanto esperávamos nossos nomes serem chamados para entrar no painel. Barry e eu como seriamos os últimos estávamos empurrando os outros apenas para nos distrairmos com o caos gratuito, ignorando os olhares de Amanda e Caitlin que tentavam nos censurar.

FELICITY

Entro no salão onde o painel começaria em alguns minutos e recebo uma dezena de mensagens surtadas da minha melhor amiga. Respondo a todas de forma monossilábica o que só a enlouquecia ainda mais. Cerca de uma hora depois os produtores são chamados ao palco pelo apresentador, seguidos do elenco que entra um a um, Barry e Oliver sendo os últimos. As pessoas a minha volta gritavam tanto que desconfio ter perdido parte da audição por alguns segundos. Não que estivesse diferente deles, quase tive um treco ao ver Allen com a blusa que o dei mais cedo.

Eles brincam entre eles, são todos muito animados e simpáticos. Parece que Oliver e Barry estavam em uma espécie de missão. Oliver precisava encontrar uma criança que preferisse o Arqueiro Verde, mas estivesse com algo pertencente ao Superman ou Mulher Maravilha, já o Barry precisava de uma garota que preferisse o Flash, mas estivesse com algo do Batman ou derivados da Batfamília. Eu mesma!

—Não posso exibir a foto da minha grande amiga Felicity no telão, Brian! -Barry exagera, fazendo todos darem risada e Oliver revirar os olhos ao seu lado.

—Vocês se conheceram a duas horas, no máximo! -Queen rebate indignado.

—O tempo não significa muito quando há tanto sentimento envolvido -filosofa com zero de crédito, pois todos estavam gargalhando. -Vou mostrar só para o Brian.

Ele se levanta e vai até ao apresentador, mostra algo na tela de seu celular para o homem grande, com o rosto barbudo e uma camisa do Lanterna Verde. Os dois cochicham e sinto minhas bochechas queimarem quando Barry, Brian e Oliver passam a olhar a plateia como se estivessem a minha procura, o que seria uma missão impossível, devido a multidão a minha volta. Ainda assim Oliver fixa o olhar em minha direção, como se tivesse me reconhecido nesse mar de gente, olho para trás e quando volto a encarar o painel ele sorri piscando um dos olhos. Havia me encontrado!

Depois disso Brian anuncia que uma doação no nome do Barry seria feita para o hospital de crianças com câncer, como prêmio o que o deixa extasiado, com seu rosto brilhando de alegria. Thommy improvisa um troféu com a garrafa de água e alguns guardanapos e entrega ao amigo, arrancando mais risadas da plateia.

—Desculpe Ollie -murmura ao receber o troféu, sorrindo de canto para o outro que não parecia se importar de verdade com a derrota.

O painel começa com uma entrevista com os produtores e vemos os novos trailers das três séries da DC, que deixaram a plateia sem fôlego ao ver o Arqueiro Verde aparecer no final do trailer do Flash. Minhas mãos tremiam de emoção. Então o microfone é aberto para o público e rapidamente uma fila gigantesca se forma nas laterais do teatro.

—Oi, meu nome é Phill -ouvimos o primeiro fã anunciar.

—Oi Phill -todos os atores dizem juntos nos fazendo rir, parecia uma reunião dos alcoólicos anônimos.

—Oi! -murmura com a voz tremula ao microfone. -Minha pergunta é para o John. Diggle sorri o encorajando, da mesma forma que o vi sorrir mais cedo quando estava sem saber como me portar na fila de autógrafos. -Em uma entrevista você disse que seu filho não gostava do Espartano -as pessoas dão risada com a cara de tristeza que John faz.  -Qual o herói favorito dele?

—Como assim ele não gosta do seu personagem, cara? -Tommy questiona rindo.

—Não é que ele não goste -começa a explicar.  -Quando mais novo, o JJ tinha medo do capacete do Espartano, mas hoje ele não se assusta mais.

—Qual o favorito? -Oliver o lembra e Diggle revira os olhos.

—Ele gosta muito de verde -diz simplesmente a contra gosto mais é suficiente para todos inclusive o elenco gargalharem. -Crianças não tem senso crítico!

—Isso é verdade -Oliver concorda e por algum motivo o elenco inteiro dá risada.

—Parece ter uma história aí! -Brian comenta instigando a curiosidade de todos.

—Ah cara! -Queen passa a mão no rosto. -Thea? -a garota de cabelos curtos e feições de fada sorri para o irmão mais velho.

—Meu sobrinho sempre passa o Natal em Star City, comigo e o Ollie -começa a narrar e o irmão deita a cabeça na mesa, como se não quisesse escutar aquilo. -E no primeiro Natal após o início da série eu comprei para ele uma fantasia do Arqueiro como presente, ele estava encantado ao saber que seu pai era o herói -a plateia faz um som de “Awn!” -ele adorou! Mas no ano seguinte Ollie resolveu comprar um arco e flecha de brinquedo... -ela precisa de uma pausa para dar risada.

—O que aconteceu? -John pergunta ansioso, mas Thea só conseguia rir e o outro Queen batia a cabeça na mesa de forma dramática. -Oliver!

—Desculpe -ela diz se recompondo. -Ele foi todo feliz entregar o presente, mas quando William desfez o embrulho seu rosto se apagou -ela demostrou a cena.

—Não! -Tommy provoca debochado.

—Então ele disse que não faz muito sentido alguém lutar contra vilões super poderosos com um arco e flecha, que o Arqueiro não deveria se arriscar tanto quando existiam heróis com super poderes para isso -continua. -Que agora ele queria uma capa igualzinha à do Superman, que voar é mais legal -nós riamos e John afagava as costas de Oliver como se quisesse confortá-lo.

—A pior parte é que disse a ele que o Batman também não tem super poderes, ele falou que Batman tem um avião que solta misseis! -Oliver completa indignado. -Não pude mais argumentar depois disso.

A plateia ri, e não consigo deixar de dar risada com um certo nível de culpa. Agora enquanto John afagava suas costas, Barry o abraçava de lado e Tommy se levanta do seu lugar e finge secar as lágrimas do amigo com um guardanapo amassado. Mal vejo o tempo passar enquanto eles respondem mais perguntas e contam mais histórias tanto de seus personagens como coisas que aconteciam nos bastidores e com suas famílias.

Como haviam dois grupos que eram irmãos de verdade, Oliver e Thea Queen e Sarah e Laurel Lance, Andrew Kreisberg explica que no caso dos Queen’s assim que Oliver foi escolhido como Arqueiro Verde a mente dele não conseguia ver ninguém além de Thea no papel da Speed. Então ele fez a proposta para a atriz que havia acabado de sair de um projeto e acabou aceitando. Já as irmãs Lance foram escolhidas em audições separadas, mas coincidiu das duas serem perfeitas para as heroínas.

Me divirto tanto que as horas passam voando, quando finalizam o painel todos se dispersam lentamente e sigo o fluxo da multidão, completamente exausta. Ainda assim caminho um pouco pela feira observando a exposição de trajes famosos que foram usados em grandes filmes da cultura pop. Não sei quanto tempo fiquei em frente as vestes do Obi-Wan Kenobi, mas sinto uma grande sombra ao meu lado.

—É o único personagem que se salva da segunda trilogia -uma voz grossa masculina modificada de alguma forma comenta ao meu lado e me viro vendo um cosplay do Darth Vader. Agora entendo a voz, o capacete simula a respiração característica do personagem.

—Não posso discordar, Sr. Vader -retruco e escuto uma risada abafada.

—Fã da DC? -olho confusa e ele aponta para minha camiseta.

—Ah sim! -recomeço a andar e ele caminha ao meu lado, não ligo talvez por pura carência, não ter com quem falar estava me fazendo desejar escutar vozes particulares em minha cabeça. -Existe um fã filme em que o Batman te enfrenta com um sabre de luz.

—Isso não faz muito sentido -pondera me fazendo rir. -Então, eu venço? -nego com um aceno de cabeça.

—Mas é uma batalha dificil! -tento amenizar. -Sabe como é, ele é o Batman -dou de ombros e escuto o Darth bufar, o que é bem estranho.

—Isso não aconteceria se fosse o Homem de Ferro -reclama.

—Não aconteceria nem mesmo se fosse o Hulk e o Superman juntos -acrescento.

—Eles são super fortes!

—Batman é super preparado -argumento. -Não é para fazer sentido, é pelo roteiro. Batman é humano, ser invencível nos faz sentir como se nada pudesse nos derrotar no fim das contas.

—E se fosse o Arqueiro Verde? -parece refletir sozinho, mas só consigo gargalhar imaginando a morte brutal que o Robin Wood moderno sofreria.

—Bom, mas agora não sei mais se ele perderia assim tão fácil – dou de ombros e sinto o homem ao meu lado se virar, interessado demais em nossa conversa boba. – A série da CW é ótima, o que deve ter alavancado a base de fãs do personagem que já é um dos preferidos da infância de muita gente – bom, não só o roteiro, o que é aquele Oliver Queen? Deus o abençoe!

—O que foi? – a voz do Vader me desperta. – Parece ter interrompido o discurso no meio e por sua expressão, a melhor parte dele ficou só na sua cabeça.

—Não quero dizer isso em voz alta – murmuro encarando o estande em nossa frente.

—Por favor, estou assando nesse cosplay, divide a história!

—Oliver Queen – começo sentindo meu rosto queimar, mas que se dane, nem vou ver mais esse cara. – O vi de pertinho hoje e bem, digamos que o Arqueiro Verde pode ser bem mais interessante quando interpretado por um homem daqueles. Ele quase conseguiu me fazer trocar o Flash, e olha isso não é fácil!

Recomeço a andar, mas o Darth Vader continua parado no mesmo lugar de antes. Não sei se o grande líder do lado negro da força pode ficar tenso, mas todo o corpo daquele cara parecia estar. Cruzo os braços o esperando.

—Você não vem?

—Claro! – responde rapidamente em meio a uma tosse. – Vamos.

Darth Vader me faz companhia durante meu tour pela feira, tiramos fotos com outros cosplays e nos divertimos com todas as suas sugestões absurdas de outros heróis, vilões ou até mesmo catástrofes naturais que poderiam derrotar o Batman. Por fim ele diz “bomba atômica” me fazendo precisar parar pois me dobrava de tanto rir. Por alguma razão a derrota do homem morcego era uma questão de honra, nem o Superman em Cavaleiro das Trevas quis tanto acabar com a raça do Batman quanto esse cara.

—Preciso ir -constato ao notar como a feira estava esvaziando.

—Nossa, nem percebi que havia passado tanto tempo -ele para tirando um celular de algum lugar de suas vestes e a visão do Darth Vader mexendo em um iphone vai ficar para sempre gravada em minha mente.

—Obrigada por me fazer companhia, Sr. Vader -agradeço me sentindo estranhamente tocada.

—Acho que meu recrutamento para o lado negro da força foi bem sucedido -brinca me oferecendo a mão.

—Talvez tenha sido -aperto sua mão, sentindo uma corrente elétrica passar por nós, acho que aquele tecido deve ter acumulado estática. -Até mais, Sr. Vader.

—Nos vemos por aí!

Apenas nos olhamos por alguns segundos bem esquisitos, então caminhamos em direções opostas. Eu para a saída e ele em direção aos bastidores. Chego ao hotel e só me dou conta do quanto estou exausta quando me jogo na cama gigantesca e resolvo verificar meu telefone. Duas mensagens da Patty, uma da minha mãe que respondo de imediato e um e-mail do meu novo emprego.

“Srta. Smoak, o carro e apartamento disponibilizados pela empresa já estão disponíveis para uso. A Helix agradece por integrar nosso quadro de funcionários, estamos ansiosos por sua chegada.”

Em anexo vejo o endereço do imóvel, reenvio o e-mail para minha mãe, ela ficou encarregada de mandar minha bagagem quando me convenceu a vir nessa viagem. Estar à frente de uma empresa tão promissora quanto a Helix, ainda parecia um sonho. Todo esse dia me pareceu um sonho. Rolo na cama e ligo a TV, vendo Ataque dos Clones ser exibido.

—Ah George Lucas, onde é que você estava com a cabeça?

(...)

Parte II – Não sei se chamaria isso de sorte...

Star City

Inspiro forte o ar poluído da minha nova cidade. Patty me entrega um copo grande de latte para viagem enquanto sentamos nos degraus do meu prédio e esperamos todos os móveis serem levados para dentro do meu apartamento, caras de macacão azul com a logo da Helix os tiravam do caminhão de mudança como robozinhos programados.

—Sua empresa é excelente – minha melhor amiga comenta sem esconder sua diversão ao observar o serviço alheio. – Quase me sinto mal por estar aqui e não fazer nada.

—Quase – friso a palavra sorrindo. – Não quero carregar um sofá por sete andares até nosso loft.

—Tudo o que o departamento de polícia fez por mim, é me dar uma chave de um armário – reclama franzindo o rosto. – Um armário de meio, sabe como é. Não posso me abaixar completamente, ou ficar em pé como uma pessoa normal. Eu me curvo toda para conseguir guardar minha bolsa todas as manhãs!

Tento em vão segurar o riso enquanto a vejo encenando a posição que precisa ficar para guardar suas coisas. Morar com Patty Spivot vai ser divertido, ninguém me faz rir tanto quanto ela.

Passamos o restante do dia guardando e organizando coisas em nosso novo apartamento. A noite ela recebe um chamado da delegacia e sou obrigada a terminar com as caixas sozinha. Não sei quantas horas são quando finalmente termino de ligar meu PC, o ajeito na mesa do meu quarto e aproveitando que já estava com a mão na massa, resolvo descarregar minhas fotos da Comic Con.

Tirei muitas nos painéis, principalmente nos da DC. Vejo algumas no decorrer da feira, quando estava acompanhada pelo Sr. Vader. Deveria ao menos ter lhe perguntado seu nome real, mas estava tão envolvida com a história do Cosplay que nem cogitei essa possibilidade. Havia algo familiar naquele cara, a ponto de me deixar completamente à vontade, mesmo sem saber como era seu rosto, nome e nem mesmo a real voz.

Dois meses depois...

Os setes de filmagens de Arrow ficavam a caminho do meu trabalho. Era normal ver um dos atores de relance enquanto faziam filmagens externas, eu mesma já vi Tommy Merlin uma vez, mas mesmo assim hoje isso parecia um caos sem fim. Uma multidão estava no limite do bloqueio que colocaram para delimitar a área onde gravariam. Parece que o elenco principal está filmando, ou não posso entender esse escarcéu todo.

—Merda! – exclamo pegando minha bolsa que havia jogado no banco do passageiro e começo a tentar encontrar meu celular.

Felicity: Vou me atrasar, o Arqueiro Verde monopolizou a rua principal.

Aperto enviar e passo a batucar os dedos no volante, reprimindo minha vontade de sair pisando fundo sem me importar com a multa que levaria por isso.

Alana: Espero que consiga ver a bundinha dele! Se conseguir, quero fotos!

Nem consigo dar risada de sua mensagem, pois no momento em que bato os olhos nela, percebo que aquela multidão está muito estranha para serem apenas repórteres trabalhando. Então eles começam a correr em direção ao meu carro e não sei como reagir a isso, até que escuto batidas na janela ao meu lado, não sei dizer o motivo, mas destranco a porta, talvez pelo desespero ou por entender que toda aquela gente o estava perseguindo. A pessoa entra e se joga no meu banco traseiro se abaixando e puxando um capuz para esconder seu rosto.

—Vai, vai, vai! – grita em uma voz grossa bem conhecida que me faz olhar para traz chocada ao constatar de quem era. – Acelera!

Se fizesse uma lista de coisa idiotas que fiz na vida, abrir meu carro para um estranho e iniciar uma perseguição por causa disso estaria no topo. Mas agora é tarde demais para voltar atrás, então só acelero. As pessoas vão ficando para trás na medida que meu trabalho também fica, mas não tenho coragem de expulsar Oliver Queen enquanto ele tem aquela expressão de pavor em seu rosto.

—Agora seria um bom momento para explicar – falo o encarando pelo retrovisor.

Oliver parece se assustar também ao me ver, é quase engraçado. Seus olhos azuis possuíam um brilho quase esperançoso, bom, devo estar viajando. Mas no segundo seguinte ele relaxa, abaixa o capuz da blusa que ele usava por baixo de um casaco cinza escuro e solta um suspiro sonoro. Espero em silencio, enquanto ele parecia travar uma luta interna antes de começar a falar.

—Você é a garota do Barry, Felicity se não me engano, não é?

—Garota do Barry? – franzo o rosto. – Bom, não sou garota dele, ou de ninguém na verdade, não tenho nem pai para dizer que já fui a garotinha de algum cara – paro de tagarelar já começando a sentir a vergonha quase instantânea. – Desculpa, eu costumo falar demais se fico nervosa, e agora com uma celebridade fugitiva no meu carro é um ótimo momento para estar nervosa!

—Eram repórteres – começa a dizer, esfregando o cabelo com uma mão e me sinto grata por não comentar minha tagarelice. – Houve um escândalo sobre eu estar saindo com uma fã.

Mordo os lábios para conter meu sorriso. O que raios eles têm a ver com quem Oliver Queen está saindo nessa semana? O cara é um Don Ruan conhecido e nem faz sentido o perseguirem por algo tão idiota assim.

—Não saio exatamente com uma mulher por semana – murmura me encarando quase parece estar ofendido e faço careta ao perceber que devo ter dito isso em voz alta. – Não pode acreditar em tudo o que a mídia diz, Felicity. Muita coisa ali é só marketing.

—Se você diz – dou de ombros sem me importar de verdade. – Para onde devo te levar?

—Não acho que deva aparecer em público também – faz careta enquanto enfiava uma mão nos bolsos de seus jeans escuros e retira um celular. – Minha equipe estava a sua procura de qualquer forma.

—Por que me procurariam? – franzo a testa e trato de estacionar para poder encará-lo direito.

—Por isso – me entrega o celular.

Era um artigo sensacionalista sobre a nova namorada do Queen. Algo sobre uma loura misteriosa na Comic Con. Okay, foi nesse momento que comecei a suar frio. Os relatos diziam que eles passaram horas juntos e pareceram se divertir muito, que Oliver estava completamente caidinho pela garota com blusa do... Batman.

—Não! – exclamo completamente em choque ao ver a foto no final do artigo. Sou eu e o cara do Cosplay pousando para uma foto com um outro cosplay da Princesa Leia. – Essa sou eu! – aponto para o celular e Oliver mantém uma expressão estranha no rosto enquanto eu tenho um quase ataque de pânico. – Não pode ser eu, nós só nos vimos na fila de autógrafos, eu estava no painel depois, mas foi só isso. Passei o resto do dia com um cara em um cosplay do Darth Vader...

Oliver aponta para o próprio peito e é quando finalmente surto de vez.

OLIVER QUEEN

A garota me leva para seu loft, o lugar é bem legal. Aberto com grandes janelas de vidro proporcionando uma vista incrível da cidade, paredes de tijolos aparentes ou prateleiras entupidas de livros presas a parede. Um balcão dividia o espaço da cozinha com vários armários planejados e um fogão limpo demais para parecer ser usado por alguém. Felicity caminha em direção a geladeira chutando os sapatos dos pés e tirando o casaco grosso de inverno e vejo um vestido delicado azul, que parava no meio de suas coxas perfeitas e talvez isso seja o menos atraente nessa garota. Desvio o olhar quando ela pega uma garrafa de água mineral, a virando de uma só vez.

—Cuidado – murmuro com medo de que ela engasgue ao ver que não estava em seu estado normal. Retiro meu casaco e o deixo sobre o dela.

—Quer água? – pergunta sem fôlego, enquanto limpa a boca no dorso da mão. – Ou talvez tequila? – olha para a garrafa de água como se desejasse muito que aquilo fosse álcool.

—Água – respondo mordendo meus lábios para não sorrir. Existe algo adorável em seu jeito espontâneo e um tanto insano.

—Então você era o Darth Vader? – começa e aceno com a cabeça confirmando. – Por que?

—Bom, muitos atores fazem isso para poder curtir a feira sem todo o assédio – dou de ombros, mas o rosto bonito dela se tinge de uma cor quase escarlate.

—Deus, eu falei dele com ele mesmo – pousa uma das mãos sobre a testa e olha para o alto, comprimo os lábios e me forço a fazer cara de paisagem sem querer rir de seu desespero. – Falei pensando que nunca mais nos veríamos.

—Não precisa ficar com vergonha, eu escuto coisas assim o tempo todo... – me calo quando a garota me lança um olhar mortal.

—Você ainda se lembra? – o choque é claro em seu rosto.

—Passamos o dia juntos Felicity, não sou um animal – e você é gostosa pra caralho, mas prefiro não dizer essa parte em voz alta.

—Como isso se resolve? – questiona me lançando a garrafa de água, enquanto dá a volta no balcão.

—Seu rosto está borrado nas fotos da imprensa por questões obvias de direito de imagem, mas não significa que eles não tenham as originais.

—Bom, eu posso fazer com que não tenham mais nada! – murmura irritada caminhando em direção a sala, a sigo e vejo quando pega um notebook e se senta no chão o apoiando na mesinha de centro, puxa a manta do sofá para cobrir as pernas e começa a ligar o computador.

—O que está pensando em fazer? – me sento no sofá atrás dela, sem saber como ter aquela conversa com uma pessoa anônima, Felicity nunca lidou com escândalos e não teria por que fazer isso, é só uma garota normal.

—Entrar nos sistemas desse site de fofoca e apagar todos os arquivos.

—Pode fazer isso? – solto atônito e ela dá de ombros com uma naturalidade que é assustadora.

Tudo bem, ela não é tão normal assim. Respiro fundo observando como suas costas delicadas pareciam estar tensas. Não acho que invadir um arquivo da imprensa seja legal, mas sinceramente o brilho nos seus olhos ao dizer aquilo me deixou sem muita coragem de contestar.

—Claro, você pode fazer isso – começo tentando soar apaziguador. – Ou pode resolver de uma forma que não acabe presa.

—Ah, mas eles não vão saber que fui eu! – continua quase soando orgulhosa.

—Felicity, sei que para você isso é novo, mas por favor, me deixe tentar explicar como costumamos lidar com situações como esta?

Ela se vira em minha direção, abraçando as próprias pernas sob a manta e apoiando o rosto nos joelhos. A garota é bonita demais para o próprio bem, e com esse ar desamparado é quase como se algo brilhasse em sua cabeça apontando um alvo perfeito para caras como eu. Solto um suspiro e me forço a não encarar seus lábios.

—Uma nota está sendo lançada por minha assessoria nesse exato momento – começo. – Vão desmentir os rumores e explicar que sim, nos conhecemos na Comic Con, mas que foi algo puramente platônico. Você nem mesmo sabia minha identidade até o artigo.

—Se é tão simples, por que você fugiu?

É, por que infernos eu fiz isso? Esfrego meu rosto antes de me recostar no sofá, cansado demais de toda essa merda. Acho que ainda me assusto com o assédio excessivo da imprensa, correr foi uma reação automática, como se me sentisse invadido por todo aquele interesse opressivo deles. Sinto os olhos da garota em mim e sei que ainda espera por uma resposta, e o que eu tenho a perder afinal?

—Já fui casado – conto me sentando direito e me assusto ao ver que ela está sentada na mesinha de centro agora, me encarando com um ar quase piedoso. Aperto a garrafa de água em minhas mãos e me forço a continuar.  – Foi no início da minha carreira e não sabia lidar bem com o assédio da mídia. O que custou meu casamento no fim das contas, não que um de nós dois tivesse interessado em lutar para que as coisas fossem diferentes, Samantha e eu não deveríamos nem ter casado, mas a forma como perseguiram nossas vidas pessoais, como levantavam boatos sem sentido sobre traições e romances com qualquer pessoa com quem contracenasse ajudou muito para nos separar ainda mais rápido do que aconteceria se fossemos só nós dois a decidir isso. Não tinha maturidade ou suporte para lidar com nada daquilo e sinceramente sempre que algo assim acontece eu ainda...

—Você se assustou, posso entender isso – conclui com a voz acolhedora. – Sei que fiquei em choque ao ver quantas pessoas te perseguiam, a ponto de abrir meu carro para um completo estranho.

—Não somos exatamente estranhos, Smoak – brinco, um pouco menos tenso e quase perco o ar quando ela sorri ao escutar seu nome.

—Você se lembrou – sussurra parecendo deslumbrada.

—Você o repetiu duas vezes enquanto se apresentava para o Barry, não sei como poderia esquecer!

Algo acontece e não consigo desviar meus olhos do azul brilhante que eram os dela atrás dos óculos de armação vermelha. Percebo quando seu olhar desce para meus lábios e tremula antes de se firmar com dificuldade em algo atras da minha cabeça. Isso quase me faz sorrir e antes que pudesse dizer qualquer coisa que melhoraria ou nos jogaria de vez no inferno, o meu celular toca e Felicity pula assustada.

—É minha agente – conto virando o visor em sua direção. – Só um segundo.

Felicity assente arrumando a postura e me levanto indo em direção a uma das grandes janelas de seu loft. Puxo o ar já prevendo o sermão que levaria e atendo a Waller.

‘Foi sequestrado?’ começa parecendo realmente preocupada.

—O que? Não!

‘Está seguro pelo menos, Oliver?’ isso sim é uma surpresa. Poderia sorrir se todo o resto não fosse um completo caos.

—Sim, por alguma coincidência louca, quem me ajudou foi a mesma garota das fotos – me viro e vejo Felicity também ao telefone.

‘Isso facilita um pouco as coisas.’ Começa e já sei que sua preocupação passou, seu tom volta ao profissional de sempre. ‘Soltamos a nota negando o relacionamento e mais tarde você pode fazer um story em seu Instagram a respeito. O importante é permanecer onde está e não sair por aí enquanto não tirarmos os repórteres da cola de vocês dois, ela não precisa ter mais problemas do que o estritamente necessário, não concorda?’

—Penso a mesma coisa – digo suprimindo um suspiro ao observar Felicity sorrindo ao telefone. – Obrigado, Amanda.

‘Só fiz meu trabalho, não esqueça sua parte. Volto a ligar quando estiver tudo limpo.’

A ligação é encerrada e volto para perto dos sofás, abro a garrafa de água e tomo toda de uma só vez. Quando volto a prestar atenção na garota, ela me encarava com o telefone quase caindo de suas mãos a meio caminho do seu rosto como se também estivesse acabado de encerrar a ligação.

—Algum problema? – pergunto e ela não se mexe, então indico o celular em suas mãos.

—Ah, não – engole em seco me dando as costas. – Isso, foi só a Alana minha colega do trabalho, precisava dizer que não apareceria hoje e ela concordou dizendo que tem alguns caras estranhos com maquinas fotográficas na nossa porta. Estava certo, eles já sabem quem eu sou.

—Desculpe por isso – murmuro realmente me sentindo responsável por toda a situação.

—Não é sua culpa, Oliver – sorri de uma forma que revira algo em meu estomago e luto contra a vontade de dar um passo em sua direção. – O que sua agente falou?

—Para não sair daqui – faço minha melhor expressão de garoto desabrigado e a vejo abrir um sorriso, corando enquanto concorda com um aceno. – Também contou que já lançou um comunicado e estará cuidando dos repórteres em nossa cola.

—Parece ser alguém eficiente – brica voltando a se sentar e começa a digitar em seu notebook. – Oliver Queen nega o relacionamento com loura misteriosa – lê a manchete sensacionalista parecendo segurar o riso. – Sou misteriosa!

—Não deveria estar tão feliz por isso – implico a fazendo dar risada.

—Ou! – exclama voltando a ler antes de fazer um gesto me chamando. – Sabe que dia é hoje?

—Quinta feira – respondo de imediato me sentando ao seu lado e me inclino um pouco sobre ela a fim de enxergar a tela do notebook. – Nós somos a história de destaque no Valentine’s Day? – solto quase em choque.

—Oliver Queen e a Loura Geek misteriosa se conheceram no painel de autógrafos dos heróis da DC, que aconteceu a dois meses atrás – ela começa a ler em voz alta. – Segundo testemunhas oculares, a loura era fã de outro herói do painel, o que rendeu uma brincadeira do nosso Arqueiro Verde e fez com que os dois se apaixonassem à primeira vista... Isso é bem elaborado – murmura parecendo não saber o que dizer. – Em seguida contam que você se disfarçou para me reencontrar anonimamente e foi quando nosso amor floresceu, é sério? Alguém ainda diz coisas bregas como essa?

Não respondi, estava muito ocupado terminando de ler a notícia. Se não fosse a pessoa desse artigo, estaria torcendo pelo casal que narraram, as mentiras tão próximas da verdade que é fácil acreditar em cada uma dessas palavras. A mistura de imprensa com fadons ainda me assusta pra caralho. Me viro para Felicity que ainda tagarelava alguma coisa sobre a eloquência daquelas pessoas, mas não deveria ter me movido, não sem me dar conta do quanto isso me deixava próximo a ela. Não com esse imã que sinto só de estar no mesmo lugar que essa garota.

—Acha que a nota da sua assessoria bate essa história? – sussurra encarando meus lábios a centímetros dos seus.

—Não tenho certeza – respondo da mesma forma, sem conseguir me afastar.

Seria muito fácil me inclinar um pouco mais e terminar de vez com essa distância. Mais fácil ainda a puxar para meu colo e fazer tudo o que venho reprimindo minha mente de pensar desde que a encontrei. Ainda mais fácil... Minha linha de pensamento é interrompida quando ela me empurra fazendo minhas costas baterem nos pés do sofá e se senta no meu colo com as pernas ao lado do meu corpo me prendendo no local, sinto o calor de sua pele contra o tecido das minhas calças, o que me faz puxar o ar com força. Felicity segura meu rosto com suas mãos pequenas e inclina seu rosto em direção ao meu.

Nada do que eu imaginei chegou perto da realidade, seus lábios macios nos meus, seu corpo contra o meu enquanto ela rebolava sobre uma parte minha que já estava desperta e dolorida a algum tempo, me fazendo pirar. Espalmo as mãos em sua cintura e a puxo ainda mais contra mim a fazendo soltar um gemido que destruiu o restante de auto controle que ainda restava, seguro suas mãos e tento uma última vez não fazer nada que nenhum de nós se arrependa.

—Quer mesmo isso? – pergunto com meus lábios preso aos dela, mas quando tento me afastar para estudar seu rosto ela me prende onde estava.

—Pareço alguém fazendo algo que não deseja? – sua voz fraca me faz sorrir.

Que se dane.

Retiro o par de óculos de sua face e afasto seus cabelos, a beijando com carinho ao menos uma vez, direito, como ela merecia ser beijada. Felicity sorri e de alguma forma já estava com minha camisa levantada até o meu abdômen. Parece que alguém não tem muita paciência aqui.

Levanto meus braços e deixo que termine de tirar antes que ela despedace a peça de roupa e quase como uma forma de protesto, afasto calmamente seus cabelos, ignorando a forma que me encarava no processo. Ela é perfeita em cada gesto, cada medida. Beijo seu pescoço enquanto desço o zíper de seu vestido a fazendo gemer e se esfregar ainda mais em mim. Bem no fundo da minha mente eu escuto o som de uma porta se abrindo, mas não estava exatamente com uma boa quantidade de fluxo sanguíneo na cabeça de cima. Felicity passa a língua pelo lóbulo da minha orelha...

—Você não vai acreditar na quantidade de repórteres que estão nesse bairro! – uma voz feminina entra pelo loft e uma bolsa é jogada no sofá que nos escondia parcialmente da porta. – Fui obrigada a usar meu distintivo para enxotá-los daqui da nossa rua. Parece que o ator de Arrow...

Uma mulher loura e alta, usando um uniforme da polícia de Star City nos encarava de olhos arregalados. Então percebo que estou quase pelado com uma garota em meu colo e nem sei se ela mora com outra pessoa. Subo o zíper de Felicity aproveitando que minha mão já estava por lá mesmo e a vejo dando um sorriso sapeca para a amiga.

—Esse ator? – aponta em minha direção e simulo o mesmo sorriso descarado que ela.

—Oi! Meu nome é Oliver Queen – me apresento, usando o corpo pequeno de Felicity para me tampar, até conseguir encontrar minhas roupas. – O tal ator de Arrow.

—Patty. Spivot – responde petrificada.

Parte III – Celebridades também namoram...

Um ano depois...

Me sento com Barry e Sara no camarim, esperando a nossa vez de ser entrevistados. Sara usava um vestido branco curto e dava os últimos toques em sua maquiagem, Barry ao meu lado estava usando um terno escuro e eu um cinza parecido com o dele. Mais uma temporada, outro crossolver e nem acredito no quanto minha vida mudou nesse último ano.

—Seria legal se fosse todo o elenco junto, ou ao menos nossos times principais – Barry comenta abotoando o terno ao se levantar.

—Diz isso por não ter um irmão no seu elenco – Sara brinca e concordo com um aceno.

—Gente, cinco minutos – Caitlin entra para nos avisar.

A seguimos os três um tanto nervosos demais. Entrevistas são rotineiras, mas era Jimmy Fallon, o cara é uma lenda. Estar no sofá dele era o atestado de que estávamos fazendo um bom trabalho. Paramos na coxia assistindo as brincadeiras que ele fazia com a plateia. Como se um imã me atraísse, encontro facilmente uma bela mulher loura usando um vestido vermelho que estava sentada ao lado do meu filho, na primeira fileira. Os dois cochichavam dando risadas com uma cumplicidade que eu mesmo nem consigo acreditar. William adorou Felicity desde a primeira vez que se viram, provavelmente por ele falar a mesma língua nerd dela, mas o fato é que os dois realmente se gostam e isso é perfeito para mim.

—Para de babar, Queen – Sara implica empurrando meu ombro de brincadeira.

—Felicity – Barry suspira ao dizer o nome da minha garota, me fazendo o encarar com cara de poucos amigos. – Ela me prometeu que me apresentaria uma amiga, Patty, conhece?

—Vocês ainda ficam se falando nas redes sociais? – pergunto não realmente irritado com isso, mas é bom implicar com o Allen.

—Claro, somos melhores amigos! – argumenta me fazendo revirar os olhos pela seriedade em seu rosto. – E nós já temos o número um do outro a muito tempo, Ollie!

Antes que tenha a chance de replicar nossos nomes são chamados e encaixamos os sorrisos profissionais em nossos rostos. Sara se senta primeiro, então Barry e fico por último, bem de frente para onde Felicity e William estavam nos assistindo, pisco para eles e os dois sorriem em resposta, então passo a me concentrar na entrevista.

—Nem acredito que deixaram suas cidades sem ninguém para passar a noite aqui! – Jimmy brinca, nos fazendo dar risada. – Me contem, o que podemos esperar desse segundo ano de crossolver?

—Muita ação – Sara começa.

—Cenas emocionantes – acrescenta Barry.

—E uma surpresa, esperamos que todos curtam os três episódios – completo ouvindo a animação da plateia.

—Claro, claro – Jimmy dá de ombros e se inclina em nossa direção, sussurrando em tom de segredo. – Agora nos conte o que a DC os proibiu de contar!

A entrevista segue por um bom tempo com ele tentando arrancar spoilers e Sara e eu praticamente costurando a boca do Barry. O que rende várias risadas e momentos que certamente se transformaram em memes.

—Ontem foi dia dos namorados – Fallon começa me encarando de forma sugestiva o que me faz olhar em outra direção e a plateia dar risada.

—Hum, dia dos namorados! – Bear entra no jogo e Sara vai logo em seguida.

—Um passarinho me contou que começou a namorar ano passado, nesse mesmo dia... – continua e posso ver Felicity corar ao lado de William que parecia achar isso hilário. – Ontem vimos uma foto interessante no seu Instagram, Queen. Quer falar a respeito?

No telão atrás de nós, aparece uma foto da minha mão, segurando a de Felicity, que ostentava um diamante enorme. A aliança que foi da minha mãe. No fundo era possível ver uma lareira e duas taças de vinho.

—O que eu faço, Baby? – digo a olhando de longe e a vejo dar de ombros enquanto era filmada e todos faziam murmúrios de aprovação.

—Conta logo, pai! – a voz de William soa mais alta do que o restante e é o bastante para todos caírem na gargalhada.

—Ouviu o garoto – incentiva Jimmy.

—O dia dos namorados se tornou importante para nós dois – começo e gesticulo na direção da minha futura esposa para ilustrar. – Felicity me fez acreditar em destino, quando a encontrei enquanto fugia de paparazzis e por algum motivo ela me salvou, ficou meio dificil de negar o obvio. Não quando nos encontrávamos pela terceira vez ao acaso. Passamos o dia nos escondendo depois do boato que estávamos namorando, eu sei, é irônico – dou tempo para todos rirem. – Mas toda a história da mídia estava tão bizarramente parecida com a verdade que... Bom, eu ainda teria me apaixonado sem isso, mas confesso que me dar um motivo para correr diretamente para ela ajudou muito!

—Então podemos esclarecer algumas coisas? – Jimmy me encara com ar esperançoso e afirmo. – Vocês se conheceram mesmo na Comic Con?

—Sim – confirmo pela primeira vez desde o escândalo.

—O lance do Cosplay é verdade? – se inclina interessado na fofoca.

—É, mas não tinha a intensão de nada além de ver a feira, e Felicity não fazia ideia de quem eu era – faço careta. – Ela nem perguntou meu nome! – reclamo e a vejo esconder o rosto entre as mãos.

—Passaram horas juntos sem dizer o nome um para o outro? – Jimmy estava entre a diversão e a descrença. Mas como eu explicaria que a cabeça da minha noiva funciona de uma forma que ninguém poderia entender?

—Bom, ela me chamava de Sr. Vader e eu já sabia seu nome desde o painel, então – dou de ombros ignorando o riso de todos.

—Ela era realmente sua fã? – agora meus amigos começam a gargalhar ao meu lado.

—Ou, não! – Barry debocha retirando o celular do bolso e mostra algo na tela para Jimmy que começa a gargalhar a ponto de seus olhos lacrimejarem.

Então, estão todos gargalhando. Olho para trás vendo uma foto da minha mulher usando uma blusa do Batman, enquanto Barry segurava sua mão sobre o balcão e ela sorria completamente deslumbrada. O meu sorriso favorito. Bufo para dar logo o drama que todos queriam e me viro para frente ignorando a foto no telão.

—O melhor é que foi ele quem bateu a foto – acrescenta Sara em meio ao riso, apontando em minha direção.

—Depois disso, ela ainda me entregou o próprio celular e pediu para bater a foto nele também, era seu protetor de tela quando nos reencontramos – digo indignado para o delírio de todos ao meu redor.

—Melhor história de início de namoro! – Jimmy começa se levantando e vai na direção da minha família, aperta a mão de Will e segura a de Felicity, fazendo com que ela se levante. Me inflo de orgulho com o olhar admirado de todos para ela, mesmo sabendo que a beleza exterior pode ser absurda, mas nem chega perto do que ela é por dentro. – Srta. Smoak, eu preciso muito perguntar isso.

Me aproximo dos dois e paro ao lado de Felicity que instintivamente dá um passo para trás, quase se recostando em meu peito.

—O Flash ainda é seu herói favorito? – ele questiona e o rosto da garota quase alcança a cor de seu vestido. Ela se vira e esconde o rosto no meu peito, mas posso sentir a risada que abafava, então levanta o rosto para me encarar.

— Eu te amo, Oliver – começa me fazendo soltar um suspiro involuntário o que faz a plateia soltar murmúrios dizendo o quanto éramos fofos. – Mas...

—Isso! – Barry comemora ao fundo e tudo o que consigo ouvir é a gargalhada da plateia. E sinceramente, não dava a mínima, ele pode ganhar como herói, mas eu ganhei a garota.


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Notas finais do capítulo

Então, agora nos contem nos comentários o que acharam!

Obrigada por ler e continuem acompanhado o projeto, prometo que só vai ficar melhor.

Se cuidem meus xuxus e permaneçam saudáveis.

Bjnhos!
Thaís Romes.



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