Eternal Love escrita por juliacalasans


Capítulo 21
20-Ilha do Silencio


Notas iniciais do capítulo

Bom, eu recebi alguns reviews de leitoras pedindo romance entre eles, então aí está...
Espero que gostem.



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_Bella, o que aconteceu? Bella o que fizeram com você? Bella, amor o que foi..._ Alec perguntou, aparentemente confuso. Pois eu sabia bem que aquilo era um teatro. Durante a luta eu havia conhecido Alec muito melhor do que eu conheci em cinquenta anos. Eu o conhecia melhor do que ele conhecia a si mesmo.  Me levantei, com uma sensação amarga dentro de mim.

_Você não me engana, Alec. Sabe muito bem que quase me matou. Sabe muito bem dos seus últimos atos. E sabe muito bem que nunca mais vai ter chance comigo. Eu te odeio, Alec. Eu te odeio mais do que odeio a mim mesma. Mais do que eu odeio Edward. Mais do que eu odeio qualquer outra coisa nesse mundo._ Foi o que eu disse, e eu não menti em nenhum momento. E a parte mais estranha: Eu não odiava Edward.  

Eu podia entendê-lo, depois de tanto tempo. Eu finalmente pude compreender o amor doentio que ele sentia por mim. Eu podia entender os motivos que o levaram  a tentar sair definitivamente da minha vida: Ele tinha medo.  Assim como eu  tinha medo que Victoria matasse alguém do meu clã ele tinha medo que alguém me matasse.

Na cabeça oca dele, se ele se afastasse, vampiros finalmente iriam parar de me perseguir, e para ele, me ter segura era o suficiente pra continuar vivo. Ele me chamava, se eu não me engano, de imã para o perigo e eu não sei se discordo dele, hoje. Ele sofreu muito mais do que eu para ficar longe de mim, pois o amor vampiro é cinco mil vezes mais intenso do que um mero humano pode imaginar. Ele se torturou para não quebrar a sua promessa e ficar distante. E, por mais que eu não gostasse de admitir, eu o admirava por isso.

E, eu odiava Alec pelo mesmo motivo que eu um dia odiei Edward. Alec havia me deixado sozinha num momento em que eu precisava de ajuda, assim como Edward. Mas havia uma diferença, e essa diferença mudava muito: Edward estava inconsciente de que o imã para o perigo era eu não um vampiro perto de mim. E Alec sabia bem o que estava fazendo. Ele quis me matar, ele deslizou uma faca no meu pescoço, ele disse coisas que me machucaram seriamente por dentro. Eu o odiava, concerteza.

A minha ira, em sua jaula dentro do meu peito se remexeu satisfeita com meus pensamentos. Ela estava insatisfeita por eu não ter matado Alec e saber que eu o odiava era uma éspecie de consolo pra ela. E eu não a culpava.

Levantei a cabeça para encará-lo. Eu havia amado aquele homem mais do que eu amei a mim mesma. E, pensar que nós dois entramos em combate era muito doloroso. Pensar que ele quis me matar era quase enlouquecedor.

_Eu te amo, Bella!_  Ele suplicou. Mas eu não conseguia ver que ele estava tentando ser convincente.

_Não tente mais, Alec. Acabou._Então eu tirei a aliança que ele me deu e joguei no chão, fazendo um pequeno e quase imperceptível buraco._Mas eu te amava. Isso é o bastante._ Eu terminei. Eu queria minhas lágrimas de volta, mas como não tinha como, eu deixei escapar um soluço discreto antes de sair correndo dali.

Corri não sei por quanto tempo, em circulos, em volta de Volterra, só para tentar aliviar o meu mal humor. Mas, como não consegui, fui para um lugar onde eu sei que eu relaxaria. Era meio longe dali, na praia, mas eu precisava ficar sozinha para refletir.  Corri tão rápido que levei apenas quarenta e cinco minutos para chegar ao meu destino.

Era uma praia, que tinha um amontoado de rochas, criando uma especie de portal. A água era cristalina, de modo que o fundo do mar podia ser visto com facilidade. Sentei-me exatamente em cima do ponto em que se formava o portal e comecei a observar o mar, esvaziando a minha mente de qualquer outro pensamento que não fosse aquela imensidão azul. Fiquei assim não sei por quanto tempo, até que senti um cheiro familiar se aproximando. Ele tinha me seguido, afinal.

_O que é isso?_ Ele disse.

_Bem vindo ao meu cafofo, minha paisagem e minha terapia particular. Eu o chamo de Portal do Silencio._ Eu disse, solene. Ele riu. Mas eu não estava com espirito para acompanhá-lo. Me sentei, coloquei a minha cabeça entre os joelhos e comecei a soluçar. Edward se sentou do meu lado, colocando a mão em minhas costas.

_Bella, compreenda. Ele só fez isso porque tinha medo de te perder. Ele estava disposto a te matar pra não ver você com outra pessoa._

_Observe._ Eu disse, tirando o meu escudo da minha cabeça, e passando pela minha mente todas as lembranças da luta. Do momento em que Edward foi embora até a hora em que eu domei a ira e quase me ferrei. Depois recoloquei o escudo em minha mente. Edward suspirou, surpreso.

_Eu não consigo me acostumar com isso._ Ele disse. Eu levantei a cabeça para encarar seus olhos cor-de-mel. E ele me encarou de volta.

_Agora que eu estou me acostumando com seus olhos vermelhos..._ Ele comentou. Instantaneamente eu abaixei a cabeça, enxergando um ponto que eu nunca reparei em toda a minha existencia como Volturi: meus olhos eram vermelhos, e eu matava pessoas para mantê-los daquela cor.

Indistintas, as lembranças da humana insignificante que eu um dia fui rechearam minha mente, e uma culpa incomoda tomou meu corpo. Quantos humanos eu havia matado em cinquenta anos para satisfazer meus desejos pessoais? Para onde havia ido a minha melhor característica humana, o altruísmo?

Eu não sabia a resposta.

_ Bella, o seu altruísmo ainda está aí, no seu corpo. Você só precisa fazê-lo voltar a vida._ Edward disse. Eu o encarei de novo, chocada.

_Como sabe..._

_Bella, quando eu disse aquela frase eu imaginei que a sua reação seria essa. Eu não queria despertar isso em você, mas eu só percebi a burrada quando ela já tinha sido feita... Não se culpe, ok? Os Volturi conseguem fazer qualquer vampiro ir pro lado deles sem pensar._Ele me conformou. Eu estava confusa demais pra ficar brava com ele, então assenti sem me dar conta do que estava fazendo.

Eu estava desgastada. Aqueles ultimos três meses haviam sido um tormento pra mim, e eu simplesmente não conseguia mais aguentar tantas coisas. Eu tinha sido forte segurando a onda sem incomodar ninguém, mais as coisas saíram do meu controle. Agora, eu estava me sentindo culpada por coisas que não estavam ao meu alcançe. Suspirei, derrotada, deixando que a tristeza me abrangesse por completo. Pela primeira vez, em cinquenta anos, eu havia baixado a guarda para um sentimento. Eu tinha me obrigado a ficar sempre estável, sufocando qualquer outra coisa que quisesse me controlar. E eu cedi à tristeza, uma coisa que eu tinha prometido pra mim mesma que nunca permitiria que me dominasse.

Edward pegou minha cabeça e a deitou em seu colo. Eu não fiz nenhuma objeção. Ficamos olhando as nuvens por um tempo, até que eu quebrei o silencio, fazendo outra coisa que eu jurei nunca fazer.

_Edward, acho que devo me desculpar pela minha hostilidade com você nos ultimos tempos. Eu..._

_Tudo bem, Isabella. Eu não me importo mesmo sabe? Eu deveria esperar que você se sentisse assim comigo... Ninguém que experimenta a imortalidade se sente satisfeito._ Ele me interrompeu.

_Me chame de Bella. É melhor._ Eu corrigi. Ele riu.

Ele me encarava, e eu podia ver que seu olhar estava banhado em admiração. Eu não entendia porque ele conseguia me olhar daquele jeito depois de todas as coisas horríveis que eu disse pra ele.  Resolvi criar coragem e o encarei também. Ficamos muito tempo naquele jogo de olhares, e eu podia ver que ele aproximava seu rosto muito devagar para perto do meu. Eu fiquei quietinha, esperando. Mas ele estava se mexendo devagar demais, e eu comecei a ficar impaciente.

_Você é lento demais, Edward._ Eu disse, enroscando meu braço entorno do seu pescoço e puxando seus lábios de encontro aos meus.  Eu podia me lembrar de como era beijar Edward como uma humana, mas daquele jeito era muito melhor. Nos afastamos, e ficamos mais uns intermináveis minutos nos encarando. Depois nos beijamos de novo.

Aquele momento estava tão... perfeito. É como se tivéssemos nascido pra ficarmos juntos. Tudo estava em seu lugar, como eu finalmente percebi que deveria estar. A tristeza foi empurrada lá pro fundo, e eu sabia que ela voltaria à tona mais tarde. Mas esqueci dela por um momento e me concentrei apenas em Edward.

Acredite, eu não me arrependi nem um pouco.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado... Beijos!