Ao Seu Lado escrita por Nonni


Capítulo 5
Capítulo Cinco


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801347/chapter/5

 

Deviam ter avisado Regina e Robin a respeito do quão rápido o tempo passa depois que os filhos fazem um ano. Sempre que olhava para trás, Regina percebia que, na verdade, a vida não era nada mais que um piscar de olhos. 

Ela piscou, e sua filha começara a frequentar a escolinha, logo após o primeiro aninho. Fora uma época de muito choro, tanto para o lado dela, quanto para o lado de Robin. Olívia não podia vê-los: grudava no colo deles e não soltava mais. 

A morena piscou e sua menina deu os primeiros passos, com uma confiança crescente, dela para Robin. A mulher ainda podia ouvir a gargalhada da sua bebê quando Robin a jogou para cima, comemorando os primeiros passos, os dois sabendo que agora nada mais iria parar no lugar. 

Quando piscou, viu a filha largar a chupeta, depois a mamadeira, e criar a tradição de correr pro sofá todos os dias de manhã com um cachorrinho de pelúcia que havia ganhado do pai. O nome era Patas. E era o amigo inseparável de Olívia, mesmo depois de tanto tempo. 

Regina só precisou piscar, e a filha foi crescendo. Criando a sua personalidade, muito parecida com a mãe. Olívia havia completado 5 anos e Regina não podia ficar mais orgulhosa. Sua filha era uma criança feliz, cheia de luz e alegria, sensível, inteligente e tão amada. 

Pelos pais. Ambos. Porque mesmo sabendo que Robin era seu papai do coração, Olívia o amava até a lua e volta, assim como amava sua mãe. E, durante todos esses cinco anos, a menina sempre fora muito mimada por eles, pelos avós e pela tia. 

Era Olívia Mills. E gostava de acrescentar o Locksley sempre que tinha a oportunidade. Mesmo que não fosse uma Locksley de sangue, carregava na personalidade as características da família do pai. 

E Robin amava espalhar aos quatro cantos que tinha uma filha. Nunca imaginou que o bebê que Regina esperava poderia vir a se tornar tudo o que Olívia se tornou para ele. Ele amava a melhor amiga, nunca iria abandoná-la durante uma gravidez, mas o papel que Robin ocupou na vida das duas nunca fora planejado. Apenas aconteceu. Ele apenas seguiu o coração ao ficar ao lado de Regina. Ao participar da vida da filha dela. 

E Olívia o havia escolhido. E essa era uma emoção tão grande que sentia um baque no peito sempre que isso vinha à sua mente. 

Olívia foi uma bebê que buscou um pai muitas vezes, num processo de reconhecimento. O pai de Regina foi pai, George foi pai e, enfim, Robin. Muitos falavam que era porque a menina era carente de figura paterna, que via em homens que conviviam com ela essa figura. Mas isso passou… Com o tempo, Henry e George se transformaram em vovôs, mas Robin sempre foi papai. E ele nunca iria se negar a representar esse papel, porque Regina e Olívia eram tão importantes pra ele, que a simples ideia de não tê-las mais em sua vida o sufocava. 

"Me diga que conseguiu encontrar um vestido." Robin falou, encarando Regina enquanto a mesma enrolava um pouco de massa no garfo. Estavam em um restaurante italiano, prontos para almoçarem juntos. 

"Você não aguenta mais meu drama com um vestido, não é?" ela respondeu, semicerrando os olhos, enquanto levava a massa à boca. Robin riu, tomando um gole de seu refrigerante. Infelizmente, ambos teriam que trabalhar pelo resto da tarde e não havia nenhuma forma de desfrutarem de um bom vinho, algo que amavam fazer juntos. 

"A festa é hoje a noite, Regina. Até ontem Olívia me disse que você não encontrou nada que tenha gostado." 

"Minha filha é uma fofoqueirinha." revirou os olhos, mesmo que por dentro o coração aquecia apenas de lembrar de seu bebê, que não era mais um bebê. "Ela iria amar essa massa." buscou os olhos de Robin, que confirmou com a cabeça. Olívia estava na escola naquele momento, o que não permitia ela desfrutar daquele almoço com os pais. 

"Ela, com certeza, vai querer vir aqui amanhã se contarmos a ela onde almoçamos." Robin disse e Regina concordou com a cabeça, rindo. "Mas e o vestido?" se mostrou interessado novamente, chamando a atenção de Regina. 

"O vestido, Sr. Locksley, você verá hoje à noite quando for buscar Olívia." piscou, e Robin sabia que era fim de papo.

Os dois velhos amigos almoçavam juntos todas as sextas feiras. Robin não podia deixar de sentir o coração pular no peito, imaginando Regina vestida para a festa da empresa, que seria naquela noite. Ele se repreendia toda vez que pensava na amiga daquela forma. E tentava ao máximo não ter aqueles pensamentos. 

Eles eram amigos, afinal. Melhores amigos. E tinham uma filha incrível. E Robin tinha uma namorada, por Deus! O que ele achava que estava fazendo? 

Mas, mesmo que tentasse pôr todos esses pensamentos decentes em sua cabeça, realmente não estava preparado para o que viu quando a porta do apartamento de Regina fora aberta naquela noite. 

Ele estava tão encrencado!

 

***

 

"Uau! Você está… Linda!" Robin conseguiu dizer, após longos segundos encarando Regina. A mulher colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, sentindo seu corpo e coração esquentar com o olhar de Robin. Como ela podia conviver com aquilo quase todos os dias e não querer agarrá-lo? "Deslumbrante, em todos os sentidos." Ele completou mais uma vez, e os olhos castanhos se encontraram com os azuis. 

"E você é um bobo, só estou com um vestido bonito." Ela recuperou a fala, dando espaço para que ele entrasse no apartamento. Regina usava um vestido na cor vinho, de tecido leve, longo, que tinha um decote em v que chegava próximo ao umbigo, realçando o colo e os seios da mulher. Os cabelos estavam soltos, levemente ondulados, deixando-a ainda mais linda. Robin desejou poder ser o acompanhante dela naquela noite, para poder admirá-la pelo tempo que desejasse. 

Antes que pudessem falar qualquer outra coisa, no entanto, Olívia apontou no corredor que ligava os quartos a sala e correu em direção a Robin. Ela usava uma tiara de gatinho na cabeça, nos lábios um leve batom, igual ao que Regina usava. 

"Olha se não é a gatinha mais linda desse mundo." Robin a pegou nos braços quando a menina pulou. "E você está usando batom?" semicerrou os olhos, vendo a garotinha abrir um sorriso banguela. "Minha bebê está usando batom." fez drama, se deliciando com a risada que escapou dos lábios da filha. 

"Eu não sou mais um bebê, papai. E a mamãe deixou." se explicou Olívia, buscando os castanhos da mãe, que piscaram para ela. "A mamãe não a mulher mais linda de todo o universo, papai?" perguntou a menininha, alheia a todo o clima entre os adultos. 

Era um fato que Regina aprendera a conviver com os sentimentos que tinha pelo amigo. Sabia que amava Robin, com todo seu coração. Se apaixonou ainda mais pelo papel de pai que ele representava na vida da filha. Por estar com ela a todo momento desde que se conheceram. E por mais que seu coração continuasse a palpitar quando o via, por mais que se sentia aquecer com alguns toques, ela sabia que não aconteceria. Porque ele tinha um relacionamento, e ela não conseguia perceber se ele sentia algo a mais por ela. 

Mas, a forma como ele a olhava às vezes… A intensidade daqueles olhos azuis. Regina só queria poder arriscar. Queria, pelo menos uma vez, poder jogar todas as suas obrigações pro alto, todos os seus princípios, agarrar Robin e beijar aquela boca até que o ar fosse necessário. Eram mais de cinco anos de desejos reprimidos, e por Deus, ela tinha o direito de ao menos poder se sentir assim, não é? 

Será que ele sentia o mesmo? E se sentia, por que ainda estava com Marian? Por que não ficava livre para que eles pudessem explorar possíveis sentimentos? 

A morena tentava colocar na cabeça que era porque Marian era a mulher que ele amava. E Regina respeitava isso, queria vê-lo feliz, acima de tudo. 

O professor abriu um sorriso para Olívia, buscando os olhos castanhos e tirando Regina de seus pensamentos quando disse: 

"Ela está maravilhosa, Via." piscou para a menina. "Você separou o biquíni?" 

"Sim!" exclamou feliz, batendo as palmas das mãos. "Eu amo ir na casa da vovó!" 

"Ama ir na casa da vovó pela piscina, Via?" Regina perguntou, vendo Robin comprimir os lábios, segurando a risada quando a menina abriu a boca, parecendo ofendida. 

"Que feio, mamãe! Eu amo ir pela vovó e pelo vovô. E pela piscina." defendeu-se, descendo do colo do pai e correndo para pegar a mochila no quarto. 

"Coloquei um vidro de protetor solar na mochila." Regina começou. 

"Tenho um também." 

"Não achei as bóias dos braços. Ficou com você?" Mordeu os lábios, buscando os azuis. 

"Estão comigo." assegurou. 

"Qualquer coisa você me liga?" Perguntou por fim, naquela insegurança de sempre. Por mais que soubesse que Robin cuidaria de Olívia com sua própria vida, Regina era uma mãe super protetora, e era sempre difícil deixar sua garotinha (e o pai dela) ir. 

"Você sabe que sim. Mamãe vai fazer batata frita hoje a noite. E amanhã vamos passar o dia na piscina, vou fazer hambúrguer. Por que não aparece lá?" Ele a convidou, se aproximando um pouco dela. 

"Faça ela comer um pouco de salada, não apenas fritura, Sr. Locksley. E eu passo lá para buscá-la, ok? Assim vejo sua mãe também." 

"Você sabe que é mais que bem vinda." colocou a mão sobre a bochecha dela com cuidado para não estragar a maquiagem. "Se divirta." sorriu pra ela. 

"Vocês também." respondeu num sussurro, observando os olhos azuis que a faziam perder o ar. 

"Papai, eu e o Patas estamos prontos!" Olívia entrou correndo no ambiente, fazendo os adultos se afastarem. Regina sorriu quando Robin colocou a mochila rosa choque nas costas e pegou Olívia no colo, sabendo que eles teriam um tempo muito divertido. 

Enquanto observava, escorada no batente da porta, sua filha no colo do homem que amava, tagarelando sem parar enquanto seguiam até o elevador, Regina se perguntou por que não poderia estar ao lado deles. 

 

***

 

Clare havia chamado Olívia para fora da piscina, com a intenção de passar mais um pouco de protetor solar. Robin e Olívia não haviam saído da piscina desde alguns minutos depois do café, e quem ficou responsável pelos hambúrgueres foi George. Marian estava em uma espreguiçadeira, um óculos de sol enfeitando seu rosto, enquanto se bronzeava. 

"Não deixe branco, vovó." Olívia pediu, exigente, enquanto fechava forte os olhinhos, para impedir que o protetor solar entrasse neles. Robin, que estava na borda da piscina observando sua mãe e a filha, ria como bobo. Amava esses momentos em família. Era muito grato por Regina ter lhe confiado Olívia. Por ter permitido que seus pais participassem da vida da filha. Olívia foi uma surpresa pra família de Regina, mas também foi uma benção. E para a dele também. A menina era amada por todos, porque era isso que espalhava com seu jeitinho doce e divertido. Amor. 

A noite anterior foi muito divertida. Enquanto Olívia cansava Clare e George com as brincadeiras, Robin e Marian ficaram encarregados pelo jantar, exceto as batatas fritas, que foram feitas por Clare. 

Os olhos azuis caíram em Marian, que se mantinha alheia a tudo em sua volta, e o homem não conseguiu esconder o pequeno suspiro que saíra de seus lábios. Ele sabia que Marian havia ficado bastante ressentida com o fato dele ter assumido Olívia no começo, sendo até motivo de algumas brigas do casal. Mas, eles haviam transcendido aquilo, e a mulher se mostrara mais amena com tudo conforme os anos foram passando. Entretanto, de uns tempos para cá, as coisas pareceram retroceder. Brigas frequentes ameaçavam o futuro da relação, causadas pelas crises de ciúmes da morena, que se sentia ameaçada tanto por Regina, quanto por Olívia. 

Robin era grato por Marian, a amava, eles tinham um relacionamento confortável, onde foram felizes todos esses anos. 

Mas, deveria ser assim? 

A palavra certa deveria ser confortável

"Papai! Eu vou pular!" Olívia gritou, tirando o homem daqueles pensamentos. A menina gargalhou em animação, dando pulinhos no lugar, como se tivesse aquecendo. Depois, disparou em direção a piscina, dando tempo apenas de Robin se afastar da borda. As boias roxas nos braços a deixavam ainda mais sem medo e Robin a pegou a tempo de mergulhar completamente, os braços envolvendo o pescoço do pai enquanto ela gargalhava. Olhando por cima da filha, Robin viu Clare gargalhando e Marian sentada, toda molhada. Parecia irritada, e ele deu um sorriso amarelo, que não foi aceito muito bem. A mulher levantou-se e seguiu para dentro da casa, enquanto Olívia olhava travessa para o pai e a avó. "Foi sem querer, papai." Comprimiu os lábios. "Foi muitooooo grande o meu pulo, não foi?" 

"Foi sim, princesa. Você é a melhor!" beijou a testa dela, enquanto ajudava a menina a boiar. “Mas, deve sempre prestar atenção, para que não molhe ninguém que esteja fora da piscina, filha.” 

"A Marian vai ficar muito brava comigo?" perguntou. 

"Ela não vai, querida." ele assegurou, vendo Olívia fechar os olhos e inflar as bochechas, tentando boiar. "Porque sabe que você é uma menina muito especial." 

"Eu sou mesmo." disse séria, fazendo Robin, Clare e George gargalhar. 

 

***

 

Regina tivera uma noite muito divertida. Bebeu com as amigas, dançou com alguns colegas, até arriscou um flerte e alguns beijos com Daniel, um dos investidores da empresa. 

Se sentia leve, contente, sabendo que precisava muito de uma noite assim. Não saía mais com tanta frequência, porque sempre preferia o conforto de sua casa e seus programas com Olívia e Robin. 

Era especialmente por essa razão que, naquela manhã, quando acordara em sua cama, com o corpo dolorido, se sentira um pouco solitária sabendo que sua menininha não invadiria o quarto a qualquer momento, buscando os braços da mãe. Sentira saudade de sua filha e, deuses, até mesmo de Robin. E foi com esse pensamento que decidiu aceitar o convite que o homem lhe fizera para aquele dia. 

Tomou um longo banho, colocou um vestido florido e comprido e, depois de comer uma coisa rapidamente, seguiu para a casa dos pais de Robin. Durante o caminho, parou em uma sorveteria e comprou dois potes de sorvete, sabendo que sua filha ficaria energizada ao saber que poderia comer aquela sobremesa mais tarde. 

Quando chegou no local, resolveu entrar de surpresa, dando a volta pelo jardim lateral e indo direto para a área da piscina. Sorriu assim que ouviu a música que saia pelos lábios da filha e de Robin. Conforme se aproximava, percebia que Robin estava dentro da piscina, boiando de barriga para cima, com Olívia sentada sobre ela enquanto batia os pezinhos na água e cantava junto com o pai a todos pulmões. 

"Necessário, somente o necessário..." Olívia ria, alegre, os olhos fechados e o rosto inclinado pro sol. Deuses, a morena esperava que tivesse passado protetor! 

"O extraordinário é…

"DEMAIS!" gritaram juntos, e a morena sabia que não conseguia disfarçar o amor e alegria em seu rosto. Eles não perceberam a presença dela e continuaram: 

"Necessário, somente o necessário…

"Por isso nessa vida eu vivo mais…" nesse momento Olívia abriu os olhinhos e olhou em volta, os olhos encontrando os de Regina. "Mamãe!" 

Sabendo que não tinha mais onde se esconder para observar o momento, Regina se aproximou ainda mais, dando um beijo em Clare e George, entregando a sacola que tinha consigo, ouvindo um não precisava se preocupar, de Clare. Depois, deixando sua bolsa em cima de uma espreguiçadeira, ela se aproximou da piscina, Olívia já na borda esperando por ela. 

"Por que eu tenho impressão de que faz muito tempo que vocês estão aprontando aí?" perguntou, se agachando pertinho deles. Olívia riu, estendendo os bracinhos para que a mãe a tirasse da água. Sem se importar em se molhar, Regina a tirou com cuidado de dentro da piscina. 

"É porque estamos há muito tempo aqui dentro, mamãe." beijou a ponta do nariz de Regina com cautela, não querendo molhá-la. 

"Onde está sua toalha, caquinho?" perguntou, olhando em volta, vendo a filha correr até uma mesinha perto das espreguiçadeiras, voltando com uma toalha e se enrolando, para então se jogar nos braços da mãe. "Que saudade que eu estava de você." 

"Eu também tava com saudade, mamãe." sorriram uma pra outra e então encararam Robin. O homem estava na borda, em silêncio, observando-as. 

"Acho que é melhor eu e a Via darmos um tempo. Estamos ficando enrugados." disse Robin, Olívia abaixando os olhos para seus dedinhos e chegando na mesma conclusão que o pai. 

"Mas eu queria nadar com a mamãe…" fez um biquinho, recebendo um ataque de beijos de Regina. Robin sorriu abertamente, como sempre encantado com as duas. 

"A mamãe não trouxe biquíni. Mas, por que não brincamos fora da piscina um pouquinho e depois você entra de novo?" Regina sugeriu, enquanto secava o corpinho da menina, que parecia considerar. 

"Você trouxe maquiagem na sua bolsa, mamãe?" perguntou, os olhinhos brilhando. Robin escondeu a cabeça nas mãos, chamando a atenção de Regina, que riu.

"A mamãe deixa você passar batom, huh? O restante não é algo para estar na mão de uma garotinha tão pequena, porque você é ainda mais maravilhosa sem maquiagem." beijou a testa da filha. "Pode ir pegar lá, querida." E não demorou para que Olívia fizesse o caminho para a bolsa da mãe, já gritando para Clare e George que passaria batom. Regina e Robin sorriram e a morena foi até a borda da piscina enquanto era observada pelos azuis. 

"Você me ajuda?" Robin esticou a mão, seriamente. Regina semicerrou os olhos, sabendo bem que ele iria puxá-la para dentro da piscina, como fizera tantas vezes antes.

"Eu não nasci ontem, Robin." levantou as sobrancelhas para ele e o homem pareceu ofendido. 

"Tudo bem. Eu saio sozinho." Disse e o fez. Foi impossível pra Regina não perder o ar, e ela desviou os olhos rapidamente, virando-se para ver o que Olívia estava fazendo. 

Foi preciso apenas um momento de distração. Um pequeno segundo semicerrando os olhos para ver a filha em frente a avó, enquanto a mais velha coloria os lábios pequenos de Olívia com o batom. Apenas um momento, e Regina não percebeu Robin se aproximar, não antes dele pegá-la nos braços e pular na água com ela. 

"ROBIN!" Regina gritou assim que emergiu na superfície, sentindo o tecido de seu vestido se grudar ao corpo. Robin ria, triunfante por mais uma vez ter conseguido levar a amiga para água. No fundo, Olívia e George gargalhavam enquanto Clare negava com a cabeça. 

"Você nunca aprende, Regina!" Robin gargalhou, sentindo a mulher deixar pequenos socos em seu peito.

"Você é terrível! Eu não tenho roupa pra vestir agora, sem noção!" xingou, se afastando dele quando viu que estava próxima demais. Robin encarou os olhos castanhos e piscou, inabalável. 

"Mamãe! Eu vou pular!" Olívia gritou, como fizera antes com Robin, e logo estava ali dentro com os pais, sendo Regina a ser agarrada pela filha dessa vez.

Indignada por seu filho ter sempre a mesma atitude, Clare se ofereceu para entrar e tentar achar algo que Regina pudesse vestir quando saísse. A morena agradeceu prontamente, aproveitando para brincar na piscina com Olívia e Robin. Como já estava molhada da cabeça aos pés, não havia o que fazer. 

Nenhum dos três, entretanto, presenciou a cena que Clare viu ao adentrar a casa. Espiando da janela da cozinha, Marian apertava a borda da pia com força, irritada. 

 

***

 

Regina tinha quase certeza que era coisa de mãe querer tomar as dores dos filhos. Aliás, ela daria a vida por Olívia se precisasse. Era por isso que, ao receber a ligação da escola, dizendo que Olívia estava queimando em febre, a mulher não demorou cinco minutos para sair do trabalho e pegar o carro em direção à instituição. 

Sabia que a filha não estava cem por cento hoje pela manhã. A menina pediu para ficar dormindo mais, quase não mexeu no cereal, mas falara para a mãe que estava tudo bem. Era dia de música na escola e Regina sabia que eram suas aulas prediletas. 

Como o coração de qualquer mãe protetora, Regina adentrou a escola apressadamente. Os saltos batiam contra o chão, os olhos atentos ao caminho da enfermaria. Quando lá chegou, pode enxergar a filha deitadinha na maca, as mãozinhas seguravam a barriga com força. Regina percebeu, mesmo de longe, a força que ela fazia para segurar o choro. Não demorou um segundo para a mulher adentrar a sala, chamando atenção da enfermeira. 

"Filhota…" disse baixinho, os olhos castanhos da menina já transbordando lágrimas ao ouvir a mãe. O queixinho tremeu e a menina se levantou rapidamente, agarrando-se à mãe. 

"Tá doendo muito, mamãe." a voz embargada fez o coração de Regina apertar ainda mais. Os lábios foram parar na testa da filha e logo percebeu que a pele queimava. "Quero ir embora."

"Onde dói, Via?" perguntou, sentindo a menina deitar a cabeça em seu ombro. Sabia que em parte era tudo que Olívia queria, o colinho de sua mãe. Mas, ao buscar os olhos da enfermeira, Mills soube que só seu colinho não iria curar as dores da menina. 

"Minha barriguinha." disse apenas, os dedinhos encontrando os fios de cabelo de Regina. A mulher apertou a filha em seus braços e se voltou para a enfermeira. 

"Sabem o que pode ser?" 

"São todos sintomas de intoxicação alimentar, Srta. Mills. A princípio achamos que poderia ter sido algo que comeu aqui, mas ninguém mais apresentou sintomas. Além disso, a professora disse que ela nem se alimentou hoje." Explicou a mulher, o sinal de alerta soando alto na mente de Regina. Passavam das 14h e sua filha não havia comido nada ainda? "Acredito que o melhor seria levá-la ao hospital. Eles vão examiná-la e talvez aplicar um soro." 

"Eu irei fazer isso sim." Regina respondeu, sentindo Olívia se afastar e buscar seus olhos. 

"Eu não quero ir no hospital, mamãe." disse, manhosa. Regina beijou sua testa e a tranquilizou, dizendo que iria ser rapidinho e que não sairia do seu lado. "O papai vai estar lá também?" 

"Vamos ver, querida." falou apenas, sabendo que Robin teria um compromisso com os pais de Marian naquele dia. Ela pegou a mochila de Olívia, agradeceu a enfermeira e seguiu para o carro rumo ao hospital. 

No caminho, Olívia pedia por Robin. 

A menina era apegada aos dois de uma forma sem igual, e sempre que adoecia ficava ainda mais manhosa, querendo a atenção deles. 

Enquanto a filha era atendida, Regina aproveitou para avisá-lo sobre a situação. Robin ficou preocupado, perguntando em qual hospital estavam e assegurando que em minutos estaria lá. A morena tentou dizer que ele não precisava ir, por causa do compromisso que tinha, mas o homem estava irredutível. Assegurou mais uma vez que em minutos estaria lá e desligou a ligação. 

No corredor do hospital, Regina andava de um lado para o outro, em nervosismo. Rezava para que sua garotinha ficasse bem. Sua filha, seu bem mais precioso. 

 

*** 

 

Robin entrou em alerta assim que o telefone tocou e o rosto de Regina apareceu na tela. Estavam no meio da tarde e a morena deveria estar no trabalho. Quando ouviu a voz preocupada da amiga, sabia que algo estava terrivelmente errado. Seu coração apertou quando soube que sua menina estava no hospital sendo atendida. Sob os olhos atentos de Marian, o homem desligara o telefone e fora atrás de uma camiseta. 

Havia acabado de sair do banho, os planos eram ele e Marian pegar a estrada para Boston até a casa dos pais da moça, na comemoração de aniversário de seu sogro. 

"O que houve? Onde você vai?" A mulher perguntou, as mãos na cintura. 

"Olívia está no hospital. Está pedindo por mim, vou até lá." falou e, por estar colocando a blusa, não viu o olhar incrédulo da mulher. 

"O que ela tem?" perguntou apenas, tentando entender. Seu sangue já começava a ferver, o coração doendo no peito pela forma como Robin sempre acabava correndo atrás das Mills. 

"Regina acha que é intoxicação alimentar, ela está sendo atendida." ele explicou, indo até a mesa de cabeceira e pegando seus documentos e celular. 

"Robin… Nós tínhamos planos." Marian falou por fim. "Se Regina está lá com ela, então você não precisa ir." Chamou a atenção de Robin, que colocava os tênis. O homem olhou incrédulo para ela, o que a fez revirar os olhos. 

"Pelo amor de Deus, Marian! É óbvio que eu vou ir lá, é a minha filha. Peça desculpas a sua família e explique a situação, mas eu não poderei ir. Podemos marcar alguma coisa na próxima semana." Robin respondeu, se aproximando e deixando um beijo nos fios castanhos, saindo do quarto e dando as costas para ela. Marian riu com frieza, tamanha raiva que sentia em suas veias. Já Robin, resolvera ignorar o que saira da boca da mulher, não querendo começar mais uma briga, que vinham se tornando constantes. 

Antes dele sair pela porta, Marian o alcançou e o puxou pelo braço, fazendo-o olhá-la. 

"Eu não vou tolerar isso, Robin." disse entredentes, o homem tentou puxar o braço, mas ela o segurou mais forte. "Aquelas duas te chamam e você sai correndo, sempre é assim. Olívia tem a mãe dela para pedir qualquer coisa, Regina é perfeitamente capaz de cuidar da filha. Eu aceitei todos esses anos de humilhação, tendo que ver você tentar assumir um papel que não é seu, dando sorrisos apaixonados para Regina. Eu percebia cada um deles. Mas estou farta! Havíamos combinado esse jantar há semanas…" A voz dela embargou e Robin suspirou, engolindo em seco. 

"Marian, agora não é hora pra isso." 

"Não. Agora é a hora de você fazer sua escolha. Eu não vou mais admitir isso. Para mim chega! Essa garota nem mesmo é sua filha." cuspiu as palavras, vendo os azuis se tornarem uma tempestade. Robin puxou o braço com mais força, conseguindo se libertar. Quem era aquela mulher à frente dele? Falando coisas tão venenosas a respeito de uma criança? "Se quisermos continuar com isso aqui, essa sua benevolência com essa mulher e essa criança tem que acabar. Olívia não é sua filha!" 

Marian estava cansada de tudo aquilo e  decidiu enfrentá-lo, desejando que ele a escolhesse. Foram anos em um relacionamento, onde ela se sentia confortável e, por isso, continuara ao lado dele mesmo quando o homem assumiu a filha de outra mulher. Mas estava cansada, queria que ele provasse o seu amor por ela ao se acalmar e resolver ficar. Ela se iludiu até o último momento, desejando que o homem que amava retribuísse seu amor. No entanto, tudo que viu nos olhos de Robin foi uma frieza sem tamanho, e ela sabia que havia passado dos limites quando citou Olívia. O homem passou as mãos pelo cabelo nervosamente e encarou os olhos de sua companheira por anos. 

"Olívia é a melhor coisa que aconteceu na minha vida, Marian. Ela não tem meu sangue, mas é minha filha. Ela me escolheu, e eu sempre vou escolher ela de volta." falou apenas, sentindo-se mal pelas lágrimas que caiam do rosto da mulher. Ele mesmo segurava suas próprias. Não se tratava de um relacionamento de semanas caminhando para um fim, mas de anos. E Marian era tão importante para ele. "Eu amo você, Marian, e nunca fiz nada pelas suas costas. Mesmo em todas as vezes que insinuou algo sobre mim e Regina. Eu jamais faria nada para machucar você." 

"Você me machuca a cada vez que dá as costas para mim e segue em direção delas. A cada sorriso que as oferece. A cada olhar que lança para Regina." chorou baixinho e Robin queria muito ampará-la, mas não conseguia. As palavras dela vivas em sua mente. 

Olívia não é sua filha. 

Aquilo não era verdade. A escolha dele sempre seria Olívia, porque a menininha o escolhera como pai. Robin, enquanto observava o olhar de raiva que Marian lhe dirigia, soube que não podia mais fazer aquilo com aquela mulher. Ele sabia quem era a dona de seu coração, e, pela primeira vez, se permitiu confessar a si mesmo que não era Marian. 

Se odiou por todos esses anos de falsas esperanças que deu a ela. Não foram anos vividos em uma mentira, porque ele realmente foi apaixonado por ela. Mas, naquele momento, Robin se permitiu enxergar que não se sentia mais assim. E sabia que, para o bem de todos, só havia uma decisão a ser tomada. Entretanto, Marian fora mais rápida. 

"Se você sair por essa porta, quero que esqueça de mim. Se sair por essa porta, Robin, nós estamos acabados. Você tem uma escolha a tomar agora, e quero que pense bem, porque eu não vou te acolher de volta se resolver ir." Por mais que aquilo doesse como o inferno na mulher, ela deixou as palavras irem. Robin sentiu lágrimas caírem de seus olhos azuis. Marian não era a mulher que amava, mas havia estado ao lado dele todos esses anos. 

Sem nem pensar, ele se aproximou dela e beijou sua testa carinhosamente. Estava bravo. Zangado. Preocupado. Magoado. Mas a decisão já havia sido tomada há muito tempo. 

"Te desejo toda a felicidade do mundo, Marian. Mas minha filha precisa de mim." se afastou, abrindo a porta e deixando o apartamento. 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí gente? Capítulo cinco e nadaaaaa desses dois estarem juntinhos ainda, que caminho difícil, Jesus Cristo!!!
Eu estou bem apreensiva com esse capítulo, acho que tem algumas coisas que eu precisava muito passar para vocês e espero que tenha conseguido. Sei que algumas estavam com dó da Marian, e realmente é uma situação complicada, mas eu tentei deixar um pouco claro o quanto a relação foi confortável pros dois, além do fato do Robin, por todos esses anos, não ter conseguido enxergar os verdadeiros sentimentos em seu coração. Quando eu pensei na história, eu tinha muito claro o exato momento em que estamos, onde Robin e Regina teriam a Olívia nessa idade, mas ainda não estariam entregues ao amor que sentem, por isso resolvi seguir por esse caminho.
Enfim, eu aguardo as opiniões de vocês.
Se Deus quiser, agora vai!
Obrigada por todo o carinho, comentários e favoritos.
Eu amo outlawqueen e poder escrever eles é muito bom!
Beijos e até a próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ao Seu Lado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.