Ao Seu Lado escrita por Nonni


Capítulo 6
Capítulo Seis


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Quando viu a figura de Robin apontar na sala de espera, Regina sentiu os olhos transbordarem algumas lágrimas de preocupação que ela não aguentava mais segurar. O loiro se aproximava rapidamente  e Regina seguiu ao encontro dele, buscando seu calor, seu abraço, seu apoio. 

Os braços dele a faziam se situar. Eram um calmante tão certeiro, a forma como ele a aninhava em seus braços e a fazia ter certeza que as coisas ficariam bem. Sentiu as mãos dele num vai e vem em suas costas, enquanto os lábios beijavam seus cabelos e sussurravam que tudo ficaria bem. 

"Já teve notícias?" Robin perguntou baixinho, ouvindo a mulher soltar um resmungo em negação. Ele não sabia como havia chego até ali. Sua cabeça estava pesada pela briga com Marian e seu coração apertado pela situação com Olívia. Mas, ao ter Regina nos braços, ele se norteou. 

"Faz tanto tempo que ela está lá dentro. Não me deixaram acompanhá-la, está fazendo exames…" a voz embargou e ela se afastou dele, buscando os azuis. "E se for algo grave, Robin? Eu não vou aguentar se…" 

"Shhh…" colocou o indicador sobre os lábios dela, beijando sua testa. "Ela é a menina mais forte do mundo, a nossa filha. Vai ficar tudo bem. Você vai ver." ele assegurou. 

"Me desculpa por te ligar, eu sei que tinha aquele jantar hoje, mas Olívia pediu tanto por você. Além disso, eu tinha que te avisar e…" mais uma vez Robin a interrompeu, negando com a cabeça. 

"Não há nada para se desculpar. Vocês duas são a coisa que mais importa pra mim, bem?" Os azuis encaravam intensamente os castanhos, Regina perdeu o fôlego. Robin acariciou a bochecha dela e beijou sua testa novamente, puxando-a até próximo do bebedor de água. 

Quarenta e cinco minutos depois, ambos estavam ao lado da cama de Olívia, que dormia tranquilamente enquanto tomava o restante do soro. Abraçando Regina de lado, ambos suspiraram de alívio. 

Tudo ficaria bem. 

 

***

 

Assim que o médico liberou Olívia, Robin a pegou nos braços e a menina se agarrou ao pescoço do pai, os pezinhos com uma sapatilha vermelha pendendo em cada lado do corpo dele. Passavam-se das 19h00 e Regina assinava alguns papéis pro hospital, enquanto o homem ninava sua menina, que estava naturalmente grogue de sono. 

Quando entregou as folhas à recepcionista, Regina buscou pelos dois. A cena fez seu coração palpitar forte no peito, e com a receita dos remédios de Olívia na mão, a mulher seguiu até eles. Uma das mãozinhas de Olívia mexia nos fios do loiro, e abrindo um dos olhos ela viu a mãe se aproximando. Regina se inclinou e beijou a ponta do nariz da filha, fazendo a sombra de um sorriso passar pelo rostinho cansado. 

"Vamos para casa, caquinho?" A morena perguntou carinhosamente, arrancando um leve aceno da menina. 

"O papai vai com a gente?" perguntou, fazendo uma risada sacudir o peito de Robin. Amava tanto sua menina! 

"Eu vou, princesa. Mas em um carro separado, porque vou passar na farmácia e comprar seus remédios." Ele explicou, enquanto os três faziam seu caminho para fora do hospital. 

Regina o observava. Apesar de ele a segurar fortemente em seus braços em todo o momento que não tinham notícias de Olívia, Regina o sentira distraído algumas vezes. Algo havia acontecido, só não sabia o que era. 

"Não gosto de remédios, papai." A menina protestou, contente por saber que seria paparicada por ambos os pais. 

"Mas são os remédios que vão te fazer melhorar, para ficar forte e logo poder nadar na piscina da vovó Clare." Robin argumentou e Regina nem precisava escutar para saber a resposta da filha. 

"Então vou tomar todinhos!" riram os três, e a menina foi atacada por muitos beijos dos pais. 

Naquela noite, os três dormiram juntos, na cama de casal de Regina. Olívia foi a primeira a adormecer, depois de comer uma sopinha feita com muito carinho por Regina. A morena se deitou exausta ao lado da filha depois, e não demorou a se entregar ao sono. 

Robin demorou muito a adormecer, observando-as. Sabia que havia tomado a decisão correta. Nunca estivera tão certo de sua escolha. Enquanto observava Regina, perguntava-se como demorara tanto tempo para perceber seus sentimentos. 



***

 

A claridade inundava o quarto, incomodando o sono de Regina, que se remexeu na cama, sentindo a perna da filha sobre sua cintura. Abrindo os castanhos, a mulher percebeu que estavam somente as duas na cama. Olívia abraçava o Patas, num sono calmo e pesado, e, depois de conferir sua temperatura, encostando os lábios delicadamente na testa da filha, Regina se levantou. 

Embora estivesse no final do verão, o dia estava chuvoso e a mulher se enroscou em um casaco fino, não se importando em trocar de roupa antes de seguir até a cozinha, deixando a porta do quarto aberta para que ouvisse qualquer chamado de Olívia. 

Encontrou Robin sentado à mesa que dividia a cozinha da sala de estar, uma xícara de café entre as mãos, os azuis perdidos. A sensação de que algo ruim havia acontecido voltou ao estômago da morena, e ela não demorou em seguir até ele, chamando sua atenção. O loiro sorriu quando ela se inclinou para deixar um beijo no topo da cabeça dele, acompanhando enquanto ela seguia até a cafeteira e se servia de um copo de café. Com sorte era sábado e nenhum dos dois trabalhava. 

"Você não parece ter dormido bem." comentou Regina, buscando no armário um pacote de bolachas integral. Robin fez careta pro alimento, arrancando um sorriso dela. 

"Eu tirei alguns cochilos, mas fiquei velando o sono da nossa menina." Ele disse apenas, sem confessar que não foi apenas o sono de Olívia que ele velou. A verdade é que, enquanto observava Regina e Olívia, Robin sabia que havia tomado a decisão certa ao acabar com Marian. Mesmo assim, era uma relação de mais de anos que se encerrara e o homem se sentia um pouco triste. 

Sabia que havia feito o certo para com a mulher que passou esses últimos anos, não podia enganar Marian mais. Seu coração não era dela, e ele arriscava dizer que nunca foi. Porém, será que a dona dele iria querer arriscar? Será que ele estava preparado para arriscar sua amizade com Regina e declarar seus sentimentos por ela? 

Sua mente estava confusa, sua cabeça a mil. Ele amava Regina com todo o coração, e isso só se confirmou ao observar ela sentar à sua frente, a xícara de café nas mãos, enquanto devorava um pacote de bolacha integral. O rosto amassado por uma noite de sono e os cabelos desgrenhados. Ele queria muito poder ver aquilo todos os dias ao acordar. Só que o assustava a naturalidade com a qual aqueles pensamentos pulavam em sua mente. A cada um deles, Robin confirmava que estava perdidamente apaixonado por ela, e não sabia explicar como aquilo havia começado. 

Porém, o homem não podia pensar só nele. Havia uma amizade ali, uma relação de anos que ele não se arriscaria a perder. E também havia a filha deles, que precisava ser colocada acima de tudo. 

"Você vai me contar o que aconteceu?" Regina perguntou, dando um gole em seu café, tirando Robin de seus pensamentos. O loiro forçou um sorriso, passando as mãos pelo cabelo, Regina observando-o atentamente. Esperava que, após tantos anos, ela fosse boa na arte de esconder a forma como aquilo a deixava ainda mais apaixonada por ele. Como seria poder tocá-lo da forma como ela queria? Poder enterrar as mãos naqueles fios de todas as formas possíveis? Tomou mais um gole de café para afastar os pensamentos. Foco, Regina

"Olívia é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, Regina. E o fato de você ter aceitado dividi-la comigo, ter deixado que eu fosse a figura paterna dela…" ele coçou a garganta, um pouco emocionado. Regina franziu o cenho, preocupada. Largou o pacote de bolachas e buscou as mãos dele, apertando nas suas. 

"Ela escolheu você. Acho que desde o momento em que você acalmou o choro dela pela primeira vez, ainda naquele hospital." falou saudosa, fazendo ele dar um fraco sorriso. O dedão da mulher fazia círculos na mão dele, mostrando que estava ali. Com ele e por ele. 

"Eu e Marian terminamos ontem, porque eu senti que estava prendendo ela em uma relação que não sairia do lugar. Tantas coisas erradas, Regina. A forma como eu agi com ela esse tempo todo, permanecendo em um relacionamento porque caí no conforto. Além disso, ela não consegue entender que Olívia é minha filha, mesmo que não tenha o meu sangue. Eu vou estar no lugar em que vocês duas precisarem de mim, não importa o que aconteça." Os azuis travaram nos castanhos, Regina não conseguiu esconder a surpresa. Robin e Marian haviam terminado? 

"Robin… Meu Deus! Vocês estão juntos há tantos anos." Regina disse, triste por ver a forma como o amigo estava perdido. Ela amava Robin, com muita força. E queria que ele fosse feliz, mesmo que não fosse ela a mulher escolhida para fazê-lo. "Foi por causa do jantar, não foi? Ela ficou chateada por você ter corrido pro hospital." Soltou a mão da dele, sentindo-se culpada. Robin negou com a cabeça, puxando a mão dela de volta para sua. 

"Regina, quero estar com alguém que entenda que minha prioridade é a minha filha, tendo o meu sangue ou não. Fazia muito tempo que Marian estava agindo estranho em torno de tudo e eu sei que é uma situação um tanto injusta com ela também… Além disso, adianta ficar em um relacionamento confortável? Ela vinha implicando com Olívia... Não podíamos continuar dessa forma." concluiu. "Eu acho que ela merecia mais, meus sentimentos em relação a ela já não eram mais os mesmos. Eu não podia continuar a prendê-la nessa história." falou baixinho, sentindo Regina ainda apertar sua mão. "Eu precisava deixar ela ir porque é a melhor opção, é a mais correta. Mesmo assim, ela esteve ao meu lado durante todos esses anos e é triste que tenha acabado, entende? Não queria fazer ela sofrer." Ele levou uma das mãos aos cabelos, bagunçando-os. Regina assentiu e os olhos marejaram por ver ele naquele estado tão perdido e confuso. 

"Você tem que fazer o que o seu coração manda, Robin. Tem que segui-lo. Eu quero você feliz, torço pela sua felicidade a cada dia. Vou estar aqui sempre que precisar de mim, bem?" perguntou, desvencilhando as mãos e pegando o rosto dele entre as suas. "É um longo relacionamento que chega ao fim e você tem todo o direito de estar chateado. Sinta isso e depois deixe ir. Ambos merecem a felicidade e vão encontrá-la." beijou a testa dele, se demorando um segundo a mais. Ambos fecharam os olhos, tentando buscar todas as boas coisas naquele toque. "Para ajudar com seu coração partido, podemos deitar naquele sofá e assistir filmes infantis da Netflix pelo resto do dia junto do nosso caquinho, o que você acha?" 

"Tenho certeza que é a única coisa capaz de trazer felicidade para mim hoje." ele abriu um sorriso, sabendo que as duas eram a única coisa capaz de trazer felicidade para o resto da sua vida. Beijou a testa de Regina e depois sentiu os braços dela lhe envolverem em um abraço muito demorado e acolhedor. Se afastaram apenas quando a voz sonolenta de Olívia se fez presente, dizendo:

"Eu também quero um abraço!" 

 

***

 

"Eu amo tantoooo a cor dos teus olhos, papai" Olívia falou, tocando com a ponta dos dedos uma das pálpebras de Robin. Estava no colo dele e na TV passava o seriado animado Carmen Sandiego. Os dois estavam conversando animados enquanto Regina estava na cozinha, que por ser em estilo aberto, fez com que a morena sorrisse com a fala da filha. 

"Pois eu acho os seus muito mais bonitos" ele rebateu, tocando a pálpebra dela. Olívia sorriu. 

"São iguais aos da mamãe." 

"E por isso são tão lindos!" O homem falou, o coração de Regina pulando no peito. Ela não se atreveu a tirar a atenção da maçã que estava picando para Olívia. 

"Às vezes eu queria ter seus olhos azuis, papai." virando-se para a mãe, perguntou: "Mamãe, que cor de maquiagem você acha que combina com os olhos do papai?" 

"Eu não faço ideia, meu amor." Regina respondeu, dando um sorriso. Robin observou Olívia ficar pensativa, as engrenagens naquela pequena cabecinha girando e girando até que os olhos castanhos brilhassem e a boquinha abrisse em uma carinha muito sapeca. 

"E se a gente  maquiasse o papai para ver que cor de maquiagem combina com os olhos azuis, mamãe?" Colocou para fora o que havia pensando e Robin fez uma careta. A menina riu e beijou a ponta do nariz de Robin, desarmando-o. 

"Eu achei que a senhorita estava doente." Ele brincou, apertando a ponta do nariz dela, que deu um sorriso amarelo. 

"É pra eu melhorar, papai. Eu deixo você me maquiar depois." Sugeriu, como se resolvesse tudo. Robin suspirou, vendo o brilho nos olhos dela e sabendo que na verdade não havia uma escolha. Ele faria tudo por aquela menina.

Olívia passou a manhã um tanto abatida, mas muito contente com toda a atenção que recebeu dos pais. Agora à tarde, parecia estar muito melhor, e isso acalmava o coração de Regina. A mulher observava os dois no sofá, desejando que cenas como aquela virassem rotina, e saber que agora Robin estava livre, era mais uma dose de ilusão pro seu coração. Só podia dar tempo ao tempo, ele se encarregaria de tudo. 

 

***

 

“Você só pode estar brincando!” Zelena gritou depois de ter cuspido o vinho de volta pra taça quando Regina contou sobre Robin e Marian. A morena olhou de cara feia para a ruiva, levantando os olhos pra certificar-se que Olívia ainda tinha a atenção na TV. 

Uns dias depois da intoxicação alimentar, a garotinha estava nova em folha. Fora um susto que pegou Regina desprevenida, e seu coração de mãe não poderia estar mais aliviado. Observar sua menina com lápis e brinquedos espalhados ao seu redor no chão da sala, enquanto ela se dividia em brincar e olhar desenho, fazia Regina muito feliz, era de longe muito melhor do que vê-la deitadinha e amuada no sofá, mesmo que a bagunça fosse ampliada para duas vezes mais. 

Quando teve certeza que a filha não ouvia a conversa, a morena levou os olhos de volta para a ruiva, que estava sedenta por uma fofoca. Era a noite das garotas e, bem, Regina precisava mesmo desabafar com alguém, mesmo que fosse com a estabanada de sua irmã. 

“Eu não brincaria com algo tão sério, Zel. Eles romperam o namoro, Robin está na casa dos pais até achar um apartamento.” contou, servindo mais vinho para si mesma, enquanto sentava na banqueta a frente do balcão. No forno uma deliciosa pizza estava assando, pedido especial de Olívia. 

“Eu não consigo acreditar, Regina. Aquela lá parecia que não ia largar o osso nunca!” deu ênfase na última palavra. “Então quer dizer que Robin está finalmente livre, huh?” jogou, em parte para irritar a irmã, em parte por saber que era isso que formava uma nuvem de reflexão acima da cabeça de Regina. Soube que a morena precisava conversar mesmo quando percebeu que ela nem mesmo a repreendeu.

“Isso não é a coisa mais louca do mundo, Zelena?” perguntou retoricamente, brincando com as mãos, nervosa. “Eu passei todos esses anos com o coração batendo acelerado por ele, mas era algo tão impossível de acontecer. Não que agora seja fácil, nem mesmo tenho certeza se Robin gosta de mim desse jeito, mas saber que agora apenas nossas decisões nos separam... Resta a nós a decisão de finalmente nos dar uma chance, sabe?” 

“Eu sei sim, Rê…” a ruiva buscou uma das mãos da irmã, apertando. 

“Além de tudo, não é apenas no meu sentimento que tenho que pensar. Robin e Marian tinham uma história, ele está magoado com o que aconteceu. E também, nós temos uma filha juntos, Olívia não vive sem ele. E essa relação que temos agora é ótima, Zelena. Ele continua sendo meu melhor amigo e pai da minha filha. Mas, e se a gente arriscar e eu perder a amizade dele? Pior, e se isso o afastar dela?” apontou Olívia com a cabeça, os olhos marejados. A ruiva se aproximou mais da irmã, concentrada em não cair da banqueta e conseguir passar os braços pelos ombros de Regina. 

“Suas preocupações são todas importantes, Regina. Mas não acho que devam ser só suas, a partir do momento que decidirem dar um novo passo nessa relação que vocês juram ser amizade, ambos terão que pensar naquela garotinha ali, então não carregue todo esse peso sozinha, ok?” pediu, sentindo a morena anuir com a cabeça. Afastando-se, Zelena buscou os castanhos de Regina. “Além disso, nada no mundo faria com que Robin se afastasse de Olívia, e nem mesmo de você. Vale a pena, Regina? Manter uma relação ótima e perder uma que pode ser perfeita? Eu acho que foi exatamente essa escolha que Robin tomou ao romper com Marian.” 

“Você acha?” 

“Ele escolheu a relação perfeita, Rê.” assegurou, tomando um gole do vinho enquanto via os olhos de Regina buscarem a figura de Olívia. “E, sabe, acho que os únicos que devem abrir os olhos agora são vocês dois, porque todos nós já percebemos o quanto vocês se amam. Vocês são uma família, Regina. E são adultos e maduros o bastante para saber lidar com toda a situação.” 

“Você tem razão. Mesmo assim, estou apavorada, Zel. Eu o amo tanto, não quero perdê-lo.” tomou um gole do vinho. 

“E você não vai. Dê tempo ao tempo… Eu tenho certeza que esses dois corações teimosos vão achar o caminho um pro outro.” Zelena deu dois tapinhas no joelho de Regina e antes que a morena pudesse responder, Olívia correu até elas. 

“Quem tem coração teimoso?” perguntou, esticando os braços para Regina, que semicerrou os olhos para ela. Antes que a morena a pegasse no colo, entretanto, Zelena agarrou a cintura da garotinha, enchendo-a de cócegas. 

“Mas, olha só, se não temos uma fofoqueirinha aqui! Ouvindo a conversa dos adultos.” as gargalhadas da menina enchiam o ambiente e foi impossível pra Regina não rir. “Desmarca o veterinário, essa gatinha está com os ouvidos muito bons!” 

 “Puxou a tia dela, não é?” Regina brincou, distraindo a ruiva e puxando a filha pros seus braços, que se agarrou ao pescoço da mãe, totalmente divertida e ofegante. A morena beijou os fios de cabelo e aspirou seu cheiro, pedindo para que tudo ficasse bem. 

Mas o coração se encontrava batendo forte, confuso e ansioso. Mesmo que soubesse que o tempo sempre seria o melhor remédio. 

 

***

 

Apesar de o outono ter chegado com alguns dias muito frios, aquele em especial estava bem mais ameno. As ruas de Nova Iorque já estavam tomadas das tão famosas folhas laranjas. Robin gostava muito daquela estação, e enquanto observava alguns outros pais em sua volta, perguntou-se se o dia estava quente o bastante para levar Olívia dar umas voltas de bicicleta no parque perto do apartamento de Regina. 

Os dois sempre revezavam para buscar a filha na escola, e algumas vezes Olívia insistia com todas as suas forças para que fizessem aquilo juntos. Hoje fora um desses dias, mas uma reunião no serviço da morena a impediu de realizar a vontade da filha. 

Quando sua garotinha apontou na porta da escola, acompanhada por mais duas amiguinhas, o loiro sentiu seu sorriso crescer. Olívia estava crescendo tão rápido. Robin a amava com todo seu coração. A menina demorou mais alguns instantes para ver o pai, concentrada na conversa das amigas, mas quando os olhos castanhos encontraram a figura do homem, ela logo se despediu e correu ao seu encontro. Robin a pegou no colo e beijou sua bochecha, sentindo o sorriso que ela tinha no rosto se expandir. 

"Papai!" acariciou a barba dele, soltando risinhos com as cócegas que sentia na palma da mão. "Cadê a mamãe?" Olhou em volta, buscando a figura de Regina. Um beiço manhoso se formou em seus lábios quando não a encontrou. 

"Oi, princesa. Sua mãe teve uma reunião de emergência e não conseguiu vir." Tocou o beicinho nos lábios dela, desfazendo-o, enquanto começava a seguir em direção ao carro. "Mas eu tive uma ideia de algo para fazermos enquanto esperamos ela." 

"O que, papai?" Os olhinhos voltaram a brilhar, um sorriso sapeca crescendo nos lábios. "Vamos encomendar pizza?" Tentou adivinhar, animada. 

"Podemos fazer isso também, mas a minha ideia era te levar para andar de bicicleta." Robin contou enquanto a arrumava na cadeirinha. Olívia soltou um gritinho animado e bateu as mãos. 

"Eu quero, papai. Aí a mamãe pode chegar e ir brincar com a gente." disse, ganhando um beijo na testa. Robin concordou com a fala da menina e depois de fechar a porta, seguiu até o banco do motorista, dando partida no carro. 

Bons minutos depois, eles adentraram o apartamento em que a pequena morava com a mãe. Olívia tirou os calçados, ajeitando delicadamente ao lado da porta e correu para o quarto para deixar a mochila. Robin sorriu com toda aquela empolgação, seguindo até a área de serviço e pegando a bicicleta rosa com azul da menina. 

Olívia havia ganhado o presente no último natal, do vovô Henry e vovó Cora. Na época, a bicicleta tinha duas rodinhas fixadas na roda de trás, para estabilizar melhor a garotinha. Depois de muito treinar, há poucas semanas atrás, em um dia em que estavam Robin e Regina juntamente com ela no parque, a garotinha tomou coragem e pediu para os pais tirarem as rodinhas. Foi com muito orgulho que Robin observou o momento em que Regina soltou o banco e permitiu que a Olívia desse suas primeiras pedaladas sozinha. 

Após enviar uma mensagem para Regina, avisando onde estariam, Robin e Olívia seguiram até o parque. O mesmo ficava no fim da rua, e era um lugar muito agradável para as famílias que viviam ali. Robin sentou-se em um banco enquanto Olívia deu várias e várias voltas, sempre em lugares que Robin ainda podia manter os olhos nela. Quando passava perto dele, Olívia sempre mostrava os novos truques que estava aprendendo, como andar com apenas uma mão ou tirar o pé dos pedais enquanto a bicicleta seguia seu rumo. 

Nesse ritmo Robin nem percebeu quando a mulher de cabelos castanhos se aproximou dele, colocando as delicadas mãos sobre os olhos azuis, dizendo: 

"Adivinhe quem é." O sorriso de covinhas se abriu forte, levando uma das mãos até às dela em seu rosto. 

"A mãe de uma garotinha muito sapeca" brincou, ouvindo a risada dela, que era música pros seus ouvidos. Regina tirou uma das mãos enquanto a outra Robin entrelaçou nas suas e a mulher contornou o banco sentando-se ao lado dele. 

"Você errou. Sou mãe de um anjo!" mostrou a língua pra ele. Os olhos castanhos buscaram sua menina na bicicleta, que assim que viu a mãe, começou a pedalar mais rápido, gritando um "mamãe" muito animado. 

Regina levantou-se para recebê-la em seus braços e a menina agarrou o pescoço da mãe assim que pulou em seu colo. 

"Deuses, você está toda suada!" Regina exclamou beijando a bochecha de Olívia, que sorriu faceira. A menina se agitou no colo da mãe pedindo para descer. 

"Agora que você chegou a gente pode brincar de pega-pega, mamãe." Puxou a mãe pela mão e também o pai, a bicicleta já esquecida no chão perto deles. Regina olhou para os pés que se encontravam dentro de um sapato de salto e fez uma careta, a tempo de ver Robin puxar Olívia pela mão e começar a correr com ela, gritando: 

"Sua mãe é que vai ser a pega." E não deu outra, Olívia gritou enquanto se afastava de Regina, a morena encarando o loiro com cara de poucos amigos e semicerrando os olhos. 

Sabendo que era voto vencido, Regina tirou os sapatos e a meia social que usava, colocando-os em cima do banco e levando a bicicleta de Olívia até lá. Depois, mirou onde Robin e Olívia estavam e partiu em direção deles, arrancando gritos e risadas de Olívia. Robin era ágil e esperto, entretanto, e Regina apostou em sua garotinha, que apesar de correr com todas as forças, não foi párea para a mãe, que a agarrou na cintura e a puxou para si, deliciando-se com a gargalhada da menina. 

Como regra do jogo, assim que soltou Olívia, a morena começou a correr para o caminho contrário, tentando se afastar, e Robin, apaixonado demais pela cena que desenrolava à sua frente, não viu a morena seguir rapidamente em sua direção. 

"Robin! Corre!" A morena gritou, mas foi tarde demais. O seu corpo se chocou com o dele e ambos foram ao chão, o corpo de Robin amortecendo a queda. 

Robin tinha certeza que tudo havia se passado muito rapidamente, mas com o corpo de Regina acima do seu, a testa dela escorada em seu peito enquanto gargalhadas explodiram dela, a forma como eles estavam próximos, fez os segundos passarem em câmera lenta. Quando os castanhos levantaram em busca dos dele, Robin constatou que amava tanto aquela mulher que seu peito doía. Os castanhos brilhavam em divertimento e a fileira dos dentes brancos formavam um de seus sorrisos preferidos no mundo. E quando os olhos se encontraram, Regina pareceu perceber o momento em que estavam. O sorriso desapareceu aos poucos e a mulher encarou todo o rosto de Robin, a respiração começando a falhar. A dele já estava descontrolada há muito tempo. 

Antes que dissessem qualquer coisa, entretanto, um corpinho magro se atirou em cima deles, o sorriso voltando ao rosto de Regina, e Robin atirando a cabeça para trás, fingindo que estava com dor. Olívia soltou gargalhadas altíssimas e eles continuaram a se divertir daquele jeito por longos minutos. 

Os olhares que Robin e Regina trocaram durante todo o restante da noite, entretanto, foram diferentes de todos os outros que já haviam trocado. 

 

*** 

 

"Você tem que relaxar, cara, e fazer o que tem vontade." Killian tomou um gole de sua cerveja, os olhos grudados na televisão do pub, que passava o jogo de futebol. Robin suspirou, perguntando se o amigo realmente estava prestando atenção no que dizia. 

"Não é tão simples assim, Killian." O loiro respondeu, bagunçando os cabelos. 

Killian e ele trabalhavam juntos há muitos anos. O moreno era professor de química e havia se tornado um grande amigo de Robin. Conhecia Regina e Olívia das festas da escola em que Robin as levava, e para ele a coisa toda era muito simples: era muito claro e notável o quanto Robin e Regina se amavam.

"Mate, não sei porque vocês dois complicam tanto a vida. O amor de vocês salta pelos olhos quando vocês estão juntos. Ela é mãe da sua filha. É solteira. Agora você também é solteiro, resolveu tudo pacificamente com Marian, não foi?" Perguntou, recebendo um aceno de Robin. Faziam bons meses que estavam separados agora, mas não sem antes terem uma conversa civilizada. Robin devia isso a Marian, e apesar do coração partido, a morena entendeu que não merecia um Robin pela metade. "Então, me diz o que é complicado? Vocês estão perdendo tempo, cara."

"E você acha que eu não sei disso?" Robin respondeu, um pouco irritado por ter as verdades jogadas na sua cara. Mas o que podia fazer? Queria tentar com Regina, mas não queria tentar e acabar por perdê-la. Killian deu um resmungo frustrado quando o jogador perdeu a chance de marcar um gol. "Regina é a minha melhor amiga desde que eu me entendo por gente, Killian. Não posso perdê-la." 

"Regina é sua amiga, Robin, vocês têm essa ligação bonita um com o outro. O problema é que isso não é mais só amizade, e ambos sabem disso." O moreno voltou os olhos pro amigo. "Você passou anos em um relacionamento com a Marian porque era confortável. Mas, ninguém merece isso. A gente merece aquele tipo de relacionamento que dá frio na barriga, em que a pessoa faz seu coração bater forte dentro do peito. Um relacionamento onde a pessoa some junto com a gente, seja uma companheira, uma amiga, uma mulher. Você achou isso na Regina. Vai esperar e deixar alguém tomar a atitude que você não está tendo coragem de tomar? Porque ela não vai te esperar pra sempre, meu amigo." Foi sincero e Robin suspirou, sabendo que Killian estava certo. 

A verdade é que estava sendo difícil para Robin e Regina controlarem o que sentiam perto um do outro agora. Os olhares estavam muito mais intensos, e alguns toques eram muito mais frequentes que outros. Quando se beijavam, os lábios demoravam muito mais na bochecha. Regina sempre seria sua melhor amiga, mas, por Deus, agora ele era solteiro e podia deixar as palavras saírem sem se sentir culpado: ela era a mulher mais linda e mais irresistível do planeta Terra. Tinha aquele rosto perfeito, com aqueles olhos castanhos e lábios que se abriam em um sorriso que fazia o mundo dele balançar. O corpo estava sempre envolto em roupas sofisticadas e sociais, e que Deus o perdoasse, mas como ele queria poder tirar cada peça de roupa que ela usava. Robin a desejava muito, mas não era só um desejo carnal. Ele desejava tudo com Regina, poder ser o primeiro a ver os olhos dela abrir pela manhã e o último a observar ela adormecer. Queria segurá-la em seus braços ao fim da noite depois que eles tivessem desfrutado de uma taça de vinho. Queria poder dar a família que a filha dele merecia, colocá-la para dormir sem ter que ir embora. Queria cozinhar para elas e fazer todos os tipos de planos mais mirabolantes. 

Ele queria sua vida com Regina e Olívia, a vida que estavam destinados a ter desde que se conheceram na adolescência. É claro que, na época, não haviam notado nenhum sentimento além de amizade, mas era nítido que esse sentimento cresceu durante todos esses anos, ele só havia sido sufocado por relacionamentos amorosos com outras pessoas. 

Mas, agora ambos estavam livres, e Robin sabia que deveria tentar. Por Deus, deveria respirar fundo e tomar a única atitude que faltava. Ele só queria encontrar o momento certo. 

Afinal, não era somente em Regina e nele que deveria pensar. Eles tinham uma filha, e deveriam se preocupar como seus atos refletem nela. Então, apesar de não ser complicado, na verdade, era. E foi por isso que ele tomou mais um longo gole de cerveja, suspirando. 

Mesmo quando todo o bar gritou ao assistirem na televisão o gol ser marcado, Robin continuou perdido em pensamentos. 

 

*** 

 

Se passavam das 19h da noite quando Robin entrou no apartamento com uma Olívia sonolenta em seu colo. A cabeça e ouvidos da menina estavam protegidos por um touca de urso e a ponta do nariz estava vermelha. O calor do apartamento os recebeu muito bem, junto com o cheiro de torta de maçã que vinha da cozinha. 

Robin depositou a filha no chão e retirou a jaqueta dela, ajudando ela a tirar as botinhas revestidas de pelinhos por dentro. A menina coçou os olhos e beijou o nariz do pai, antes de seguir adentrando o apartamento, em busca da mãe. 

Regina estava na pia, lavando uma vasilha, e tomou um susto quando as mãozinhas lhe abraçaram as pernas. A morena virou-se e sorriu ao ver Olívia lhe direcionar um grande sorriso também. 

"Oi, caquinho. Não ouvi você chegar." secou as mãos em um pano e levantou a filha nos braços, beijando a ponta do nariz vermelho. Robin chegou até o balcão que separava a sala da cozinha nesse exato momento, sorrindo afetado pelo momento que presenciou. 

"Eu exausta, mamãe!" Olívia fez drama, se encolhendo quando Regina mordeu sua bochecha. A morena observou Robin se aproximar e deixar um beijo no topo de sua testa, se encolhendo um pouco com a ponta do nariz gelado do homem. Também queria  poder beijar a ponta do nariz dele, mas era um toque íntimo demais. 

"O que vocês aprontaram, hein?" A morena quis saber, olhando de um para o outro. 

"Ajudamos a vovó Clare a arrumar a casa toda para amanhã, ué." Robin respondeu apenas, piscando para a filha. 

"A gente fez muitaaaaa coisa, mamãe. Papai me ensinou a drobar guardanapos, eu e a Vovó fizemos um bolo enquanto o vovô e o papai foram às compras. A vovó me mostrou um monte de decoração pra mesa de amanhã e a gente teve muito trabalho tirando o pó de tudo." Olívia tagarelou enquanto Regina a colocava sentada no balcão, prestando atenção em sua menina. 

"Meu Deus, fizeram muita coisa mesmo. Você deve estar muito cansada, caquinho." Regina respondeu, fingindo espanto. Olívia encolheu os ombros, soltando um suspiro dramático. Robin segurou o riso. 

"Um banho quentinho e um leitinho vão fazer eu descansar, mamãe." Falou naturalmente e Regina não aguentou, enchendo a menina de beijos e fazendo ela gargalhar. Só sobrou para Robin sorrir também, tendo que partir em defesa de sua garotinha que clamava por ajuda para fazer a mãe parar. As mãos do loiro não demoraram a ir de encontro à cintura de Regina e aplicar algumas cócegas ali, o que fez a morena se encolher e largar a filha. O maior problema foi que, ao tentar se afastar das cócegas de Robin, suas costas se encostaram no peito dele e a proximidade fez os dois corpos ficarem em alerta. "Quem vai arrumar o meu banho?" Olívia perguntou, chamando os dois de volta. Robin se afastou de Regina e a morena não demorou a pegar Olívia no colo. 

"A mamãe prepara o banho e o papai fica cuidando do bolo de maçã no forno." Regina respondeu, embora não tenha buscado o olhar de Robin. Junto com Olívia a mulher seguiu para o banheiro, enquanto Robin cuidava da torta ao mesmo tempo que organizava a cozinha.

Que Deus o ajudasse! 

 

*** 

 

Olívia dormiu no meio de um filme e depois que Regina a colocou na cama, voltou para a sala e sentou-se ao lado de Robin. Como estavam dividindo um cobertor com a filha antes, Robin não exitou a abrir espaço para Regina deitar-se em seus braços. Lembrando-se que já haviam feito aquilo um milhão de vezes e que nada seria diferente, a mulher aceitou de bom grado. 

Regina sentia que tudo estava diferente entre eles. A sombra do relacionamento de Robin ficou para trás conforme as semanas passaram, e ela sabia que nada impedia o que ela tanto queria. Mesmo assim, ainda sentia um medo gigante em seu coração. Era difícil imaginar sua vida sem Robin, não poderia perdê-lo e, sem nem perceber, Regina apertou os braços em volta dele.

É claro que Robin deixou de prestar atenção no filme no momento em que os braços dela o apertaram, o cheiro dela invadindo suas narinas. A sensação de ter Regina tão próxima assim era indescritível e ele resolveu aproveitar. No decorrer do filme a mulher soltava algumas risadas e Robin observava cada expressão no rosto dela. 

Regina era realmente a mulher mais linda do mundo e ele a amava com todo seu coração. O filme foi esquecido para o homem que, àquela altura, tinha algo muito melhor para admirar. E percebendo que a atenção do homem não era mais do filme por sentir a intensidade daquele olhar, Regina resolveu virar o rosto e encontrar os azuis. 

Talvez tenha sido um erro, porque ele estava muito mais próximo do que ela pensou, então a ponta do seus narizes se encostaram e Robin descansou a testa na dela. 

"Robin…" ela sussurrou e Robin quis nunca mais largá-la pela forma como o seu nome havia soado dos lábios dela. Regina já havia o chamado tantas e tantas vezes, mas, naquele momento, saiu diferente e ele se sentiu flutuar. Nada mais importava, só o toque de amor, de necessidade, que saiu naquele chamado. Robin sabia que era um alerta por parte dela, que deveriam se afastar, mas ele já sentia as respirações se misturando e, deuses, era tão bom! Ele brincou com a ponta do nariz dela por alguns momentos, arrastando o seu no dela, descendo até o canto dos lábios e seguindo para a bochecha. Então buscou os castanhos, e se sentisse qualquer hesitação, ele pararia. Se afastaria e não tentaria de novo. Mas, o que enxergou nos olhos dela o fez criar a coragem que tanto sonhara em todas essas semanas. Regina entreabriu os lábios como se implorasse, e quando Robin iria finalmente acabar com aquela distância, um grito assustado veio do quarto de Olívia, fazendo ambos darem um pulo. 

Regina saiu tão rápido de seus braços que Robin não conseguiu nem processar. Situando-se, ele mexeu nervosamente nos cabelos e seguiu até o quarto, observando Regina acalmar Olívia de um  pesadelo que fizera água verter dos olhos da menina. Fazendo sinal de que estava tudo bem, Regina tentou sorrir para Robin, mas os olhos estavam fugindo do olhar dele. 

O homem fez rapidamente seu caminho até a cozinha, servindo um copo de água para a filha. O copo era personalizado com um desenho da Carmen Sandiego e Olívia o adorava. Quando voltou ao quarto, a menininha estava deitada no peito da mãe, os olhinhos ainda bem abertos. Robin sentou-se perto delas, esticando o copo para a filha, que sentou-se e bebeu a água. O homem acariciou os cabelos bagunçados da menina enquanto a mesma bebia o líquido. Regina observava em silêncio, mas não se atrevia a olhar para Robin, o que o deixou nervoso. 

"Você pode ficar comigo e com a mamãe, papai?" Olívia pediu, manhosa. O homem assentiu, sorrindo para ela, pegando o copo da mão dela e colocando sobre o bidê ao lado da cama. A garotinha se aninhou com a mãe e Robin foi até a pequena estante de livros que a menina tinha no quarto, pegando um de contos e abrindo em uma página aleatória, começando a narrar a história. 

Embalado pela voz do pai, logo Olívia voltara para o reino dos sonhos aninhada em Regina, e sabendo que a morena esperaria até a filha estar bem adormecida para sair dali, Robin guardou o livro e voltou para a sala, sentando-se no sofá, esperando o momento que Regina iria voltar e então eles conversariam sobre o que aconteceu. 

Porém, a mulher não apareceu na sala novamente. E o loiro acabou por adormecer ali mesmo, a esperando,  se sentindo um pouco perdido quando o sono o dominou e ela ainda não havia aparecido.

 

*** 

 

O cheiro de panquecas juntamente com a claridade e o peso do corpo da filha sobre o seu despertou Robin. O homem piscou algumas vezes e colocou uma mão sobre os olhos, soltando um bocejo que tirou a atenção da filha do desenho. 

"Bom dia, dorminhoco." a menina sorriu para ele, beijando seu rosto e depois voltando a olhar desenho. Ela se encontrava vestida em um conjuntinho de veludo vermelho e se não fosse pelos cabelos bagunçados, Robin diria que ela já estava pronta para o dia de Ação de Graças. 

Se sentando no sofá, o homem arrumou a filha no colo e olhou ao redor, localizando Regina no fogão fazendo panquecas. O cheiro fez seu estômago roncar e os olhos castanhos de Olívia voltaram a prestar atenção no homem. 

"Sua barriga com fome, papai." 

"Está mesmo, minha filha. Bom dia, princesa. Como você está linda!" ele elogiou, sabendo que sua menina seria muito vaidosa. O elogio agiu como o esperado e logo as bochechas da menina ganharam um leve tom de vermelho, enquanto um sorriso se abria nos lábios. 

"A mamãe deixou eu escolher minha roupa hoje. Você arruma meu cabelo depois, papai? Pode ser aquele penteado que você faz, puxando os dois fios e prendendo." A menina explicou com gestos, separando algumas mechas de cabelos para ilustrar o que queria. Em todos esses anos, esse foi o único penteado que Robin aprendeu a fazer, e parece que era o que a filha mais gostava. 

"Eu arrumo sim, Via. Só deixa o papai se arrumar também, ok?" A menina concordou sem protestar e Robin beijou os fios de cabelos dela antes de levantar-se e seguir até o banheiro, não sem antes jogar um leve olhar na direção de Regina, que se fazia alheia à presença dele. 

Minutos depois, quando voltou para a sala, encontrou sua garotinha o esperando para irem tomar café. Robin observou Olívia subir no braço do sofá e ele logo entendeu os planos dela. Se colocando à frente dela, Robin esperou até que a menina pulasse em suas costas e segurasse  em seu pescoço, segurando as pernas dela e se deliciando com a gargalhada. Enquanto caminhava em direção a cozinha, os olhos de Regina se encontraram com os dele pela primeira vez no dia, e, enquanto Robin procurou sustentar o olhar, Regina desviou os castanhos, seguindo até os dois e pegando Olívia no colo, colocando-a na cadeira. Após isso, continuou a arrumar a mesa, jogando alguns olhares furtivos para Robin. 

"Bom dia." Robin disse por fim, cansado do silêncio entre eles. 

"Bom dia, Robin." Ela devolveu, colocando uma panqueca no prato de Olívia com um pouco de mel. A menininha, alheia ao clima entre os pais, salivou. 

"Huuuum, eu amo ax panquecax com mel da mamãe." Disse com a boca cheia. Regina sorriu para ela e sentou-se, servindo mais uma xícara de café para si. Robin sentou-se também e fez o mesmo, batendo na ponta do nariz da filha. 

"Você, dona Olívia, não deve falar com a boca cheia." repreendeu, embora tenha dado um sorriso depois. 

"Dexculpe, papai, foi xem querer." Falou ainda de boca cheia, e Regina teve que prender a risada, recebendo um olhar semicerrado de Robin. Após engolir o alimento, Olívia continuou. "Ops, desculpe, papai." deu um sorrisinho. 

"Tudo bem, princesa." piscou para ela e eles continuaram comendo, com Olívia sempre tagarelando sobre tudo. 

A menina estava muito animada com a perspectiva de passar o dia todinho na casa da vovó Clare e George, junto com os pais, a titia Zelena e os avôs Cora e Henry. Seria uma típica Ação de Graças em família e não havia nada que a menina amava mais do que ser mimada por todos. 

Robin e Regina trocaram olhares durante todo o café, e o homem estava com medo de ter ido longe demais na noite anterior, porque a mulher se manteve afastada dele pelo resto do dia.


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Notas finais do capítulo

Galera, eu prometo que o próximo capítulo promete e que tudo vai se resolver!
O próximo é também o penúltimo, então está na hora de ter paz e amor, né non?
Espero que tenham gostado e me deixem saber o que acharam.
Tenho recebido tanto carinho com eles que fico sem palavras, obrigada pelos comentários e favoritos!
Beijos e até logo!



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