Eu estava esticada na cama e tudo se escondia sob uma venda. Meus pulsos estavam presos por cordas na cabeceira da cama e sentia um formigamento nos pés. De repente, uma voz sussurrada preencheu o silêncio:

—Querida Granger… Espero que não se desagrade… Com nossos gostos peculiares…

—Queremos apenas lhe satisfazer… Não se assuste.

Em seguida, partindo do meu tornozelo, senti dois pares de lábios gelados percorrendo um caminho lentamente sobre meu corpo. Cada pequeno beijo me arrepiava e me deixava mais ansiosa pelo que planejavam. A tensão que percorria meu corpo me fornecia outra informação: eu estava completamente sem roupa, exceto pela venda. 

A cada centímetro  tocado pelos lábios em direção ao meu rosto, eu sentia o oposto do que minha nudez implicava… Não frio, mas um calor febril que se intensificava com a sensação de leves mordidas deixadas pelo caminho. Meu corpo respondia sozinho aos toques se retorcendo e pedindo que chegassem logo ao seu objetivo, mas eu sentia mãos firmes me mantendo paradas enquanto a trilha seguia.

Próxima a minha intimidade, tesão e ansiedade quase me matavam pela vontade de sentir aqueles beijos me satisfazendo completamente, mas a trilha prosseguiu acima até esbarrarem propositalmente em meus seios já eriçados. 

Em meu pescoço os beijos foram prolongados para deixarem duas marcas roxas, como se marcassem o território que dividiam posse. 

Meu maior desejo naquele momento era que me retirassem à venda para eu ver de perto seus cabelos ruivos enquanto se entretinham comigo.

Assim o fizeram:

—Bom dia, Hermione.

—Aliás, Boa tarde, Hermione!

A visão nublada do sonho se dissolveu e constatei minha realidade. Eu estava de pijama, deitada em minha cama e na minha frente haviam dois ruivos carregando uma bandeja com torradas e um copo de suco do que pensei ser café da manhã.

—Por Merlin! Pensei que Orfeu tivesse sequestrado você!

—Geralmente somos a favor de todo método de procrastinação, mas perder o almoço, Hermione?! Já está ofendendo sua vaga seleta na família Weasley!

—Bom dia para vocês também…

Já era o terceiro sonho daquela natureza essa semana… Gostaria que essas sensações criadas na minha cabeça servissem de combustível para agir, mas a verdade é que depois de Charlie eu ansiava por uma zona de conforto. Não quero deixar as emoções me guiarem e ser descartada de novo. Quero um Weasley só para mim, para ganhar carinho e me sentir bem… O problema é: qual?

Para isso, eu precisava levantar da cama e começar a agir! Adorava ser mimadas pelos gêmeos, Fred e Jorge não fizeram perguntas sobre meu término com Charlie e nem me forçaram a ir ver os  demais Weasley… E ainda me traziam comida na cama! Mas se quero ser mais que uma irmã mais nova sendo cuidada pelos mais velhos, tenho que encarar a realidade: preciso de um emprego.

***

Conseguir uma vaga no Ministério foi mais fácil do que imaginei. O Departamento de Execução  de leis da Magia estava criando uma partição que diz respeito a relações entre espécies e minha “experiências com dragões” é exatamente o que estavam procurando, disseram. Eu poderia começar naquele momento, auxiliando na formação da repartição junto a responsável pelo trabalho: Audrey Weasley.

—Oh! Hermione, fico feliz que tenham lhe indicado para trabalhar comigo. É muito melhor ficar em família, certo? - Certo - Não sabia que estava de volta a Londres, essa semana mesmo Molly estava perguntando por você! Nós tomamos chá juntas quase toda segunda… Você poderia se juntar a nós!

Audrey era, de fato, um amor de pessoa. Isso só intensificava a sensação de culpa e vergonha que me consumia… Mas eu me prometi um recomeço, e isso quer dizer deixar essas memórias no passado.

—Será um prazer acompanhar vocês! Também estou com saudade dela e dos almoços de domingo com todos os Weasley…

— Podemos fazer um para comemorar sua volta! Vou mandar uma coruja para Molly para combinarmos tudo… Ou melhor ainda! Será uma surpresa sua chegada. Quem mais sabe que você está aqui? Eu, Harry e…?

Harry. Em algum momento dos últimos meses diminuímos nossas trocas de cartas até que mal nos falávamos mais, agora estou a uma semana  em Londres e não o encontrei. Definitivamente estou sendo uma péssima melhor amiga.

—... Fred e Jorge. Eu estou na casa deles.

— Oh. Entendo… Bem, com todos os preparativos, imagino que seria difícil ficar na casa do Harry… Casamento demanda muito tempo. O meu e de Percy foi o mês mais movimentado da minha vida! 

Audrey continuou comentando, falou sobre o casamento, sobre o nascimento de Victória, mas eu só conseguia pensar em uma coisa: Harry vai se casar?! E não me falou?!

—... É claro que criar um cachorro não é a melhor experiência para se preparar para um filho, mas Percy e eu queríamos começar por um…

—Desculpe, se importa se eu começar amanhã? Preciso resolver algumas coisas…

—Claro, querida. Com sua ajuda, tenho certeza que terminaremos a preparação antes do prazo. Percy elogiou muito seu trabalho com ele na biblioteca de Hogwarts!

—Eu realmente preciso ir, desculpe.

Sai de lá antes de ouvir mais alguma menção que Percy tenha feito a meu respeito à esposa, pelo menos isso eu poderia evitar para não revirar meu estômago.  Segui em direção ao andar onde os Aurores se reúnem na esperança de encontrar Harry, mas quem encontrei em sua mesa foi um ruivo que conheço bem: Rony Weasley.

Nos encaramos por um tempo, talvez sem saber o que falar, talvez por ter muito o que falar… Só me recordo que passados alguns segundos, sorrimos e nos abraçamos. A distância, nesse caso, fez bem. Diálogo nunca foi o melhor jeito de eu me resolver com Ronald Weasley, mas um tempo separado nos fazia lembrar de como gostamos da companhia um do outro. Saímos para tomar um café e Rony comentou que saiu do Largo Grimmaund pouco depois do natal. Ele precisava começar uma vida sozinho, amadurecer.

O ruivo deixou a barba crescer, tinha novas cicatrizes do trabalho como Auror e estava saindo com outra aurora, nada sério, segundo ele. Eu tentei dar um resumo sobre os últimos acontecimentos, principalmente sobre a experiência de conhecer a Romênia, ver meus pais… E deixei o mais nublado possível o que motivou meu término com Charlie.

—Nós sentimos que era o momento de terminar. Gostamos um do outro, da companhia um do outro… Mas é preciso algo mais para manter um relacionamento por mais tempo.

Rony entendia, é claro. Tivemos um problema parecido, sobre faltar “algo mais”. No fundo eu tinha medo dele ainda estar esperando voltar para mim como um dragão com o rabo entre as pernas, segundo Charlie, mas seu próximo comentário me atenuou:

—Quando mais cedo se percebe isso, melhor. Não é justo com ninguém investir em algo sem futuro se seu objetivo é fazer planos para o futuro. 

Sorri.

—Ronald Weasley entendendo sentimentos… Uau!

—Mesmo tom de surpresa, Hermione Granger.

Foi bom conversar com Rony como amigos mais uma vez. Perguntei por Harry e ele explicou que nosso amigo havia tirado uma licença de um mês para ajudar a noiva com os preparativos. Confesso que não tive coragem de perguntar quem era a esposa porque não queria admitir que não tinha a mínima ideia de quem era, pelo menos até agora.

—Foi bom falar contigo, Hermione, vamos repetir mais vezes, convide o Harry para reunirmos o trio de ouro...Ah! E avise a Gina que vou ficar com a vassoura dela mais uma semana, por favor? Acho que se ela ouvir de você, não vai tentar me estuporar de novo.

Gina Weasley?! Agora definitivamente eu preciso ir para o Largo Grimmauld nº 12!

Segundos após a minha aparatação, a porta do Largo se abriu revelando uma cabeleira ruiva que se me lembro bem, tem um cheiro de laranjas silvestres. Gina Weasley, o mesmo rosto com sorriso travesso como se sempre estivesse planejando o crime perfeito. Naquele momento, sua reação ao me ver foi ainda mais surpreendente do que imaginei...Gina me abraçou.

Foi como se por meio desse abraço, meus temores fossem se dissolvendo aos poucos.  Eu tinha medo de encontrar uma Gina rancorosa ou mesmo fria, mas a verdade é que foi como se nunca tivéssemos deturpado nossa amizade. Fui puxada corredor adentro para me sentar em um sofá, a ruiva logo começou a me colocar a par das novidades sobre Harry, o bruxo foi a todos as partidas pelas Harpias! Só Merlin sabe como encontrou tempo para isso sendo auror… O importante é que, assim que terminou a temporada de jogos, Gina aceitou voltar a namorar e tadã! Harry a pediu em casamento há duas semanas.

—Não sei de onde tiramos essa ideia maluca de nos casarmos tão rápido, mas… Já perdemos tanto tempo! E estou tão feliz! Não sei nem como descrever como me sinto, só de imaginar que isso tudo realmente está acontecendo…

—Fico muito feliz por vocês! Não acredito que não me contaram antes! 

No instante em que disse isso, me arrependi. Era o território que estávamos concomitantemente evitando para não falar a respeito do motivo de estarmos sem se falar por meses. Mais precisamente, sobre o que tivemos antes do último natal.

—Bem… Acho que… Você entende que precisávamos de um tempo para entender melhor… Tudo. Eu agi por impulso no natal, mas saber que Charlie era o Weasley que "roubou você" foi um estranho alívio, porque ele é uma boa pessoa e você merecia ter alguém por completo - diferente de mim, foi o que imaginei ela falar nas entrelinhas- Quando ele me disse que tinham terminado e que você voltaria para Londres e ...Precisaria de uma amiga de novo, senti como se fosse o sinal que eu precisava para poder falar contigo novamente.

Gina estava nitidamente corada. Quando olhou em meus olhos, como se invadisse meus pensamentos, por um segundo eu perdi toda minha consciência, então ouvi as mais doces palavras que poderiam ser ditas:

—Hermione Granger, aceita ser minha madrinha de casamento?

***

Quando Harry voltou para casa com a confirmação do casamento poder ser realizado em uma pequena igreja trouxa, a mesma em que seus pais se casaram, nos encontrou numa situação um tanto quanto inusitada… Lá estávamos nós, duas mulheres adultas… Brincando de saber cozinhar como duas crianças. Farinha e chocolate espalhados por lado, claramente Gina não herdou os talentos culinários da mãe.

Rever Harry e matar a saudade foi o ápice daquele dia, foi como se toda a tristeza que senti na semana anterior fosse desconjurada. Eu sentia que não merecia mais aquela felicidade…  Mas eu estava errada, era bom estar de volta a Londres.

 Passar a tarde com dois dos meus melhores amigos, ajudando-os com as decisões sobre o grande dia deles… Passou rápido como o bater de asas de um pomo de ouro, logo chegou a noite e decidi voltar para a Gemialidades. Harry e Gina insistiam que eu ficasse para jantar, mas Jorge foi bastante incisivo essa manhã sobre querer minha presença essa noite.

"Noite de comemoração pelo primeiro dia de trabalho no Ministério! Temos que comemorar antes de você morrer de tédio!"

Assim, voltei para casa.

Estranhamente, as luzes da Gemialidades estavam apagadas. Abri a porta para checar se estava tudo bem com a loja, mas nada parecia fora do lugar. Cheguei às escadas que davam para a parte de cima e haviam velas iluminando o caminho, eu realmente não entendia o que estava acontecendo.

Se era alguma pegadinhas dos Gêmeos,  depois eu daria uma grande bronca sobre o perigo de conjurar velas flutuantes tão perto da madeira… Mas seria depois, agora confesso que estou apreciando o ambiente romântico.

Ao chegar na sala, o local estava limpo e organizado com girassóis incandescentes  iluminando uma mesa com pratos e talheres. 

Ao lado da mesa, um ruivo vestido com elegância e um sorriso maroto me encarava como se eu fosse Morgana em pessoa. 

—Boa noite, Hermione. Acredito que seja adequado lhe informar que você foi sorteada para ter a grande oportunidade de ter um encontro com Jorge Weasley. Para o jantar - com a varinha, o ruivo destampou as travessas revelando uma comida que parecia apetitosa e caseira -  teremos massa fresca com cogumelos e camarões acompanhada de vinho! 

A varinha foi novamente usada para a garrafa servir as taças e acionar uma música romântica num piano vinda de algum lugar da casa.  Eu ainda estava boquiaberta tentando decidir como reagir a isso tudo quando senti as mãos fortes de atleta me envolvendo delicadamente para dirigir a mesa. Jorge puxou a cadeira para que eu me sentasse e eu apenas segui o fluxo de toda a sensação mágica que aquele ambiente transmitia.

—Jorge, eu…

—Tudo bem, não precisa agradecer. Você merece o esforço para fazer isso tudo, confesso ter feito uma pesquisa minuciosa sobre qual seria o ambiente perfeito para a garota perfeita. Para você, só o melhor.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Jorge espetou um camarão e o levou à boca. Segundos depois, o ruivo fez uma expressão terrível como se estivesse engasgando e o rosto ficou tão vermelho quanto seus cabelos.

—Jorge!

Corri para segurá-lo e usei a varinha para extrair os resquícios de frutos do mar que poderiam restar em sua garganta. O ruivo em meio ao descontrole acabou puxando o forro da mesa derrubando o vinho em nós dois que acabamos perdendo o equilíbrio. Acendi as luzes e apaguei as velas, em poucos segundos o ambiente romântico foi substituídos por dois bruxos sentados no chão  molhados, com pedaços de macarrão na roupa e cheirando a uva destilada.

Olhei para Jorge, que parecia mais envergonhado do que jamais vi um Weasley ficar. Ele parecia procurar em meus olhos algum sinal de raiva, mas a única coisa que eu podia lhe dar era um sorriso, que foi evoluindo para uma risada e logo estávamos nós dois rindo de toda a situação!

Estirados no chão, dois bruxos riam inconsequentemente. Recuperado o fôlego das risadas, Jorge engatinhou até a cadeira para se apoiar para levantar do chão, em seguida, me ofereceu a mão para eu me levantar.

—Tergeo! 

Limpamos com magia a maior parte bagunça. Os pratos que quebraram foram para o lixo, assim como aquilo que seria nosso jantar. Ainda precisávamos de um banho, mas estávamos suficientemente limpos para conversar sem voltar a rir.

—Então… Existe uma chance  considerável de eu ser alérgico a camarão…

—Oh! É mesmo, Jorge? Se você não tivesse falado eu não teria percebido…

—Pelo menos estou avisando agora, imagina se você me levasse para comer camarão? Seria bem vergonhoso… Eu poderia ter um ataque e destruir a mesa ou algo assim.

Eu gostava desse humor autodepreciativo de Jorge. Sem Fred, suas piadas eram mais "sua cara".

—O que estava pensando em fazer, Jorge?! Se matar?

—Não me ofenda, Granger. Se eu fosse me matar, eu teria formas muito mais engenhosas de executar isso. Alergia alimentar? Coisa de amador… Eu...meio que... Pensei em fazer algo legal para você. Agora que está solteira… Não sei, fazer algo assim iria impressionar você...?

—Devo admitir que fiquei bastante impressionada. - Ainda ríamos um pouco de toda a situação - De onde tirou a ideia do camarão?

—Eu fui olhar alguns filmes trouxas sobre jantares românticos e misturei alguns deles e… Bem, acho que devia ter experimentado o prato enquanto cozinhava.

 -Você quem cozinhou?

Perguntei entusiasmada, isso despertou um sorriso sincero em Jorge.

—Siga-me para a cozinha, Milady.

O lugar estava mais limpo do que eu podia imaginar qualquer lugar de trabalho de um gêmeo  Weasley.  Havia um pacote de farinha e uma cartela de ovos sobre o balcão. Jorge havia feito a massa sozinho?

—Bem, não quero me gabar, mas garanto que esse macarrão seria a melhor coisa que já comeu em sua vida…

—Então prove! - Desafiei-o -  Eu fui sorteada para um encontro com Jorge Weasley, certo? O encontro pode ser passar uma noite cozinhando juntos o que, ouvi dizer, será a melhor coisa que comerei na vida…

O ruivo sorriu e sem comentar nada, pegou um avental e posicionou atrás de mim para amarrá-lo com cuidado. Confesso que ser envolvida dessa forma por Jorge foi estranhamente excitante. Senti seu rosto há milésimos de centímetros de distância me sussurrar:

—Vamos por a mão na massa, Granger.

***

Cozinhar com Jorge foi definitivamente um encontro mais agradável do que o jantar que havia planejado antes. Fizemos a massa, um molho com almôndegas (nada de camarão) e comemos no balcão da cozinha com o que restou do vinho de antes… Pelo menos o vinho  o ruivo havia acertado!  

Estávamos ainda mais sujos, mas valeu a pena, descobrir esse lado caseiro de Jorge foi uma grata surpresa. Depois da louça lavada e da cozinha e sala terem voltado a um estado habitável, combinamos de tomarmos um banho e voltarmos para vermos os filmes trouxas que Jorge citou. Fechar a noite aconchegada ao ruivo no sofá enquanto víamos casais se beijando enquanto a câmera girava ao redor… Foi definitivamente um encontro romântico impressionante!

 Já era tarde da madrugada quando terminamos os filmes, Jorge decidiu me acompanhar até meu quarto, era o seu jeito de me “levar para casa” como um bruxo de respeito faria.

Na porta, antes de entrar, nos encaramos por alguns segundos, tempo suficiente para Jorge entender que era como nos filmes… Ele podia beijar a garota.

O beijo começou leve, sem audácia… A verdade é que o ruivo estava sendo muito cuidadoso comigo. Talvez até demais.

—Jorge… Adorei nosso encontro, mas preciso confessar uma coisa. Eu meio que ...gosto quando é mais… Digo...Você não precisa ser tão… Gentil.

Depois de toda essa delicadeza da parte de Jorge Weasley, era de se esperar que eu ficasse sem graça de dizer no primeiro encontro algo como “pode me dar palmadas que eu gosto”... Mas ele entendeu o recado. Num movimento rápido, o bruxo me colocou contra a porta do quarto e tocou meus lábios com a ponta dos dedos de um jeito sedutor:

—Vai ter que esperar pelo segundo encontro, Hermione.

E me beijou novamente, dessa vez com mais intensidade, mordendo meus lábios e me fazendo querer prolongar nosso contato… Até que o ruivo abriu a porta me fazendo cambalear para dentro e fechando a porta.

—Boa noite, Hermione.

Ouvi do outro lado da porta.

—Boa noite Jorge.

Naquela noite, em particular, eu imaginava a presença de apenas dos gêmeos Weasley em meus sonhos.... Assim seria, se não fosse pela visita inesperada em meu quarto ainda na madrugada.

—Hey, Hermione… Acorda!

Abri os olhos ainda sonolentos e poderia jurar estar vendo Jorge Weasley em meu quarto. Quando minha visão conseguiu focar, vi que estava errada.

—Fred? O que você está faze…

Minha fala foi interrompida com Fred pedindo silêncio tocando meus lábios delicadamente e sussurrando em seguida:

—Só me escuta. Jorge e eu combinamos de não contar para você, mas ele ganhou no cara ou coroa e eu odeio admitir, mas é o melhor nesse lance de preparar o primeiro encontro. Só para garantir, quero deixar o meu marcado contigo antes dele te chamar para um segundo.

— Marcado o que? Do que você tá falando?

—Encontro, Hermione...Amanhã à noite, você e eu, combinado?

Fred parecia afobado, quase desesperado, para que eu aceitasse. Sorri com essa ideia, era realmente divertido imaginar ser disputadas pelos gêmeos Weasley!

—Combinado. 

— Brilhante! E… Pode fingir que essa conversa nunca aconteceu? Não quero que Jorge pense que estou desesperado para sair com você…

—Oh, você está desesperado para sair comigo, Fred Weasley?

—Eu não… Você não… Ah… Você me entendeu! Só me prometa que não vai contar. - acenei com a cabeça confirmando e Fred se aproximou selando nossos lábios num beijo rápido e meio grosseiro, como se me sugasse nos poucos segundos de contato - Uma pequena amostra grátis de amanhã… Boa noite, Hermione.

Tão rápido apareceu, o bruxo desaparatou do meu quarto, deixando um gostinho de expectativa para amanhã e poluindo novamente meus sonhos com dois ruivos fazendo minhas  mais pecaminosas vontades.