Kiss me, Weasley escrita por Anna Carolina00


Capítulo 7
Um pouco mais de emoção


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada a Snow Charming pelo comentário maravilhoso! Espero que Hermione ganhe alguns pontos contigo com esse capítulo...



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Meses se passaram, mas as imagens do último natal ainda eram claras para mim. No fim Gui segurou o irmão caçula e eu ajudei Charlie a se levantar. Expliquei a Rony que queria terminar com ele mais cedo para evitar a confusão, mas não consegui falar... A desculpa foi razoavelmente aceita  e o natal continuou em um clima agradável. À noite, depois que fomos todos dormir, Gui teve uma conversa séria comigo, mas isso é história para outra hora.

Aquela também  foi a última vez que vi Gina, passei os últimos meses dormindo na beliche de cima no nosso antigo dormitório… Pensando nela boa parte do tempo, mas essa é a vantagem do tempo, ele te permite perceber que as decisões foram tomadas corretamente. Foi melhor para Gina e principalmente para mim que ela se afastasse. 

Recebi algumas cartas de Percy sugerindo que eu esquecesse a besteira de se mudar para a Romênia. Com minhas notas, eu poderia entrar em qualquer departamento do Ministério e, segundo ele, poderíamos nos encontrar em alguns intervalos tomando cuidado… Próximo ao natal, essa proposta certamente me deixaria em dúvida: a adrenalina de me deixar levar pelas leviandades de Percy me excitava, mas nada como alguns meses solitária para me desintoxicar de certas impulsividades. Se eu ainda me aproveitaria de Percy? Talvez... Mas jamais faria isso no meio do trabalho. Limites, certo?

Confesso que ainda quero conhecer mais Weasleys...Minha aposta agora era no ruivo com marcas de arranhões pelos braços e um sorriso cativante: Charlie Weasley.

O ano letivo chegou ao fim e voltei sozinha para Londres. A solidão, nesse caso proposital, me ajudava a pensar melhor no rumo que desejava para minha vida. Com minha vasta coleção de livros, eu sabia que me mudar para a Romênia não poderia envolver muita bagagem, então precisava de um lugar para deixar meus pertences guardados. Ainda não tive coragem de voltar a casa dos meus pais, nem sei se seria certo, também não poderia voltar para a Toca e arriscar ver a expressão de ressentimento de Gina ou ir para o Largo Grimmaud e encarar um Rony Weasley ainda magoado comigo. Assim, pedi abrigo para uma dupla que sei que posso contar:

—Hermione!-Hermione! 

—Preparada para ir para a Romênia?

—Se quiser ficar, pode se esconder no nosso sótão.

—A gente espalha a notícia que você decidiu fazer um cruzeiro ao redor do mundo…

—...Charlie vai ficar triste, mas a gente oferece um desconto especial na compra de um dragão de pelúcia da loja. Ele vai sobreviver.

—Parece um bom plano, Jorge.

—Com certeza, Fred! E você, Hermione? Pronta para mudar de nome e tomar poção polissuco e ser Forje, o trigêmeo perdido pela mamãe por anos?

—Forge? Pensei que seria Gred! 

Fred e Jorge tinham essa habilidade única de me fazer rir com suas ideias malucas. Eu recusei o plano, é claro, mas aceitei o quarto que montaram para mim no sótão para eu guardar minhas coisas. Pedi que buscassem na Toca o que havia deixado no quarto de Gina e levei minhas últimas malas para a Gemialidades. Ao final daquela tarde, depois de um bom trabalho de carregar, levitar e limpar bagunças, eu tinha, de fato, um quarto. Era bom ter um lugar para voltar, ainda que não conseguisse chamá-lo  de casa.

—Limonada, Hermione? 

Eu estava sentada no térreo da Gemialidades apreciando as últimas horas do dia. Fred,que agora era mais fácil de reconhecer por suas duas orelhas, sentou ao meu lado me oferecendo um copo. 

—Obrigada. 

Passamos alguns segundos apenas olhando o horizonte pintado de um laranja escarlate que muito lembrava o cabelo do ruivo ao meu lado.

—Sabe… Fiquei surpreso com seu "relacionamento" com Charlie. Sempre achei que você se acertaria com um Weasley, mas nunca imaginei que seria com ele…

Fred era o tipo de pessoa que fazia aspas com as mãos e gesticulava o tempo todo enquanto falava, isso era fofo.

—Achou que seria o Rony, né ?

—O que?! Não, jamais, muito bobão para você… Pensei que seria meu irmão. Jorge gostava de você na escola, pensei que minha versão milimetricamente menos bonita ia te chamar para aquele baile de inverno do torneio tribruxo, mas ele perdeu a chance e você saiu com o Krum. No ano seguinte ficamos tão putos com Dolores o tempo todo que acabou perdendo a chance dele… Agora estamos aqui e você está com outro Weasley. Mas ele mereceu perder a chance, sempre foi o gêmeo mais lento! Vai acabar virando um tio cheio de gatos enquanto eu faço minha geração de 7 Weasley com uma bela bruxa que ainda vou encontrar!

—E Angelina? 

—Ela é maravilhosa, mas não acho que sejamos compatíveis. Sinceramente, sempre achei que tava sobrando quando saímos com a Katia Bell, aposto que as duas vão acabar protagonizando um namoro interesportivo entre Harpias e o Orgulho de Portree...

Pouco depois o ruivo acabou descendo com nossos copos e outro Weasley chegou ao térreo, agora a noite começava a apresentar alguns pontos luminosos de estrelas.

—Biscoitos, Hermione?  Sempre que vamos na mamãe, ela manda um pote gigantesco para passarmos a semana. Dura uns dois dias, é claro.

—Obrigada, Jorge.

Peguei um biscoito e vi o gêmeo deitar no chão para olhar o céu, decidi acompanhá-lo.

—Se alguém me dissesse que você escolheu Charlie dentre todos os Weasley, eu ficaria surpreso… - por um segundo, achei que Jorge se declararia para mim, o que faria sentido depois da fala do seu irmão… Pensar nessa possibilidade me causava borboletas no estômago -... Você sempre gostou do Fred, não? Desde a copa Mundial de Quadribol. 

—O que? De onde você tirou…

—Eu perdi uma orelha, Hermione, mas sempre enxerguei e ouvi muito bem. Você sabia diferenciar a gente, coisa que nem a mamãe conseguia. Dava para ver seus sorrisos de adolecente apaixonada por ele na Armada de Dumbledore, nem adianta negar.

E Jorge tinha razão, em tudo que falava. Eu tive essa paixonite clássica pelo irmão mais velho do meu amigo, mas nunca tive coragem de falar com ele a sério. E claro, sempre achei que ele já tinha achado a namorada perfeita com Angelina, mas nossa última conversa mudou minha opinião.

Jorge continuou:

—De todo jeito, agora você é território proibido enquanto estiver  com Charlie… Mas se isso mudar, posso te arranjar um encontro com meu irmão. -o bruxo me deu um peteleco no meio da testa e bagunçou meu cabelo de um jeito fofo - Fique esperta, Granger. Ainda dá tempo de tirar uma casquinha de um dos gêmeos Weasley! 

O bruxo piscou para mim e voltou para a loja. É claro que ele estava apenas brincando, mas a ideia ficaria guardado na memória… Quem sabe o que o futuro me aguarda?

Mas por agora, precisava deixar a mente livre desse tipo de pensamento, Charlie era meu objetivo.

 

***

Encontrei com Charlie na manhã seguinte. Eu não queria alguma despedida emocionante ao me mudar, então apenas mandei pelo nosso cartão de natal a mensagem de que já estava de partida. Em particular, para Molly e Arthur, agradeci todo carinho que sempre tiveram comigo e que ainda voltaria para revê-los.

Meu acompanhante de viagem estava inacreditavelmente bonito. Não entendia o que ele fazia para exaurir uma sensação de vivacidade como aquela, mas eu só precisava olhar um pouco para Charlie e sentia toda a neve de janeiro sendo derretida por um sol acalentador. O bruxo não explicou como seria feita nossa viagem, mas presumi que seria uma chave portal do Ministério .

—Na verdade, vamos por um caminho alternativo, quero te apresentar uma das vantagens de se trabalhar fora desse mundo de colarinhos, pastas e burocracia.

O bruxo me deu um sorriso maroto e estendeu a mão para guiar a aparatação. Eu carregava apenas uma bolsa com feitiço de extensão contendo tudo que precisava para nossa viagem… E saltamos.

Estávamos em um bar movimentado mesmo a essa hora da manhã. O lugar cheirava a bebida e tabaco e parecia pior do que o Cabeça de Javali.

—Bem vinda ao Ponto de Partida!

—Onde estamos?

—Amsterdã, preciso te apresentar a melhor invenção bruxa do século 20… Antes disso, melhor bebermos alguma coisa mais interessante que uma cerveja amanteigada.

O bruxo pegou minha mão me guiando até o barman, que parecia conhecê-lo de longa data. Recebemos dois copos e uma garrafa de uma bebida que mudava de cor variando entre azul, lilás  e leves tons esverdeados. Segundo Charlie, eram "prismas". A sensação nos lábios variava de um sabor adocicado de laranja, passando por um molho salgado, picante, depois um azedo intenso que adormecia a lingua e por fim o amargo de uma vodka de baixa qualidade. Apesar de tudo, a sensação em si era estranhamente  prazerosa.

—Está tentando me drogar, Charlie? Todo esse tempo e que você era um pervertido!!

—Não tente mudar os fatos, Mione… Nós dois sabemos muito bem quem tem problemas com vício em sexo aqui - o ruivo fez uma caricata expressão de "estou de olho em você " enquanto enchia o copo mais uma vez-  mas não é sobre isso que quero falar… Eu tenho alguns contatos na Austrália - só de ouvir essa palavra, meu corpo todo arrepiou- e consegui encontrar seus pais.  Eu sei como isso é importante para você  queria que soubesse, se quiser ter a chance de revê-los, posso te ajudar nisso. Se não, sem problemas, não toco no assunto enquanto não quiser… Não ligo para sua escolha, apenas quero que tenha essa chance.

—Charlie… Eu não sei o que dizer, eu…

—Você pode entregar isso para eles.

O bruxo estendeu o cartão de natal que fiz ano passado. Era um desenho de mim e meus pais sorrindo.

—Pensei que havia perdido ele. Pedi para Fred e Jorge pegarem minhas coisas na Toca e ele não estava junto.

—Culpado. Eu precisava de uma foto dos seus pais para procurá-los… Levou algumas semanas, mas eles não mudaram muito. Seu pai deixou o cabelo crescer, na verdade.

Eu me emocionei só de imaginar… Sinto tanta falta deles! Minha vontade era de procurar uma chave portal e ir imediatamente para lá, mas precisava tomar cuidado, minhas últimas atitudes impulsivas beriraram um fiasco total e não quero errar com meus pais.

—E então? Quer vê-los?

—Eu… Sim. Quero.

—Então prepare-se para a melhor forma de atravessar oceanos! 

O bruxo me puxou para uma porta no fundo do bar, a sala octogonal tinha ao centro uma mesa de mesmo formato com vários objetos curiosos. Me aproximando, pude ler alguns nomes  acima dos objetos:  Cairo, Moscow, Jaipur, Reiquiavik…

—Charlie! Isso são…

—Chaves-Portais, feitas por outros bruxos, fora do Ministério. Há vários Pontos de Partida espalhados pelo mundo. Basta fornecer um pouco de magia e elas se auto substituem sempre que alguém a usa! 

Naquele instante, uma chave apareceu com um grupo de bruxos no local onde estava escrito Havana. Os bruxos saíram andando como se nada tivesse acontecido.

—Bem… Eu não conheço muitas cidades Australianas, mas garanto que nenhum desses nomes é de uma cidade de lá.

—Aí está a diversão, minha cara Granger. Quanto mais Pontos você conhece, mais longe consegue ir. Eu conheço uma rota, umas 10 cidades e terminamos em Sidney. Podemos voltar a solicitar uma chave Portal em Londres, se quiser… Ou podemos ir do jeito divertido.

Charlie sorria como se estivesse me oferecendo um ingresso para um parque de diversões e… Bem, se tirarmos toda a insegurança de saltos seguidos sem supervisão dos Ministérios, de certa forma, aquilo era mesmo um parque de diversões. Até agora todas suas sugestões me ajudaram de maneira positiva, acho que vale a pena entrar na onda com Charlie.

—Para onde vamos?

Ofereci a mão para o ruivo que sorriu como se tivesse ganhado seu próprio Dragão.

—Vamos dar a volta ao mundo, Hermione!

 

***

 Depois de várias Chaves Portais, passamos por cidades do Brasil, Nigéria, Honduras e acredito que também o Japão. Às vezes  saíamos de uma sala e corríamos para outra, outras vezes parávamos rapidamente porque o local tinha o melhor burrito do mundo ou uma vista que eu "tinha" que ver! Foi um passeio frenético e empolgante, como Charlie. Nunca imaginei poder ver tanto do mundo  tão rapidamente… As últimas cidades me deixaram relativamente tonta, mas o ruivo me ajudou a manter o equilíbrio, ele era, de fato, um cavalheiro. 

Após nossa última parada, me sentei no chão e o Weasley me acompanhou, estávamos respirando com dificuldade e levemente suados… Confesso que até havia imaginado encontrar o bruxo nessa aparência, mas na minha cabeça envolveria  provavelmente sexo ou mesmo alguns beijos. Entretanto, eu observava seu rosto corado e o peito arfando de cansaço e me sentia satisfeita pela diversão que tivemos, por mais estranha  e não erótica que seja.

—Milady… Bem vinda a Austrália.

Assim que recuperamos o fôlego, Charlie estendeu a mão e nos levantamos. Compramos água no bar Ponto de Partida e saímos para caminhar, em Sydney já era final da tarde e o píer no qual o bar se encontrava era pouco movimentado, mesmo por  barcos. Era bom ouvir o som do mar e algumas gaivotas ao fundo...Não me lembro qual foi a última vez que me deixei levar por essa sensação de calmaria. 

Charlie tirou os sapatos e desceu para a areia, eu o segui. Os grãos eram quentes e aconchegantes, diferente das praias frias da França que já visitei.  Chegamos perto o suficiente do mar para sentir a água encostar em nossos dedos e a sensação era gostosa, causando um leve arrepio.

Olhei para Charlie, era parecia se sentir em casa. O contato com a natureza, a despretensão e o misto de sensações… Charlie era como um Prisma para mim.

 -Chegamos tarde, infelizmente. Acho que só poderei ver meus pais amanhã. 

—Na verdade, Mione, foi meticulosamente calculado para chegarmos agora.

O bruxo deu alguns passos e sentou em uma pedra no meio da areia. Ele olhava para as escadas do píer como se esperasse a chegada de alguém. 

Escorei ao seu lado e, diferente dele, não olhava para o píer, mas para seu rosto pintado de sardas e iluminado pelos últimos raios do sol se pondo em meio aos prédios no horizonte.

De repente, duas pessoas apareceram nas escadas do píer e caminhavam em direção a água. Os rostos miúdos, os cabelos castanhos armados… O homem tinha cabelos um pouco maior do que eu imaginava, mas certamente eram eles: meus pais.

No colo da minha mãe, vi um bebê, não devia ter mais que poucos meses de vida.

—Quando eles chegaram em Sydney, pensaram muito em ter uma filha, apesar de não saberem o motivo. A pequena se chama Joane… É sua irmã, Hermione.

Senti Charlie segurar minha mão e escorei meu rosto em seus ombros. Eu  já não conseguia mais aguentar e deixei que as emoções transbordassem. Ali, no meio de uma praia em Sydney, havia uma Hermione Granger em lágrimas.


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Notas finais do capítulo

Imagino que queiram saber mais sobre os próximos Weasleys, mas eu precisava mostrar esse lado da Hermione com Charlie. Em meios as loucuras que Hermione fez e vai fazer, é aqui que ela tem uma pausa para respirar.



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