Reencontro escrita por CM Winchester


Capítulo 3
Capitulo 2




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— Você esta bem? - Daryl perguntou e eu assenti.

— Sim, acho que preciso comer algo. - Assentiu.

— Sabe... - Dan começou naquele tom de quem esta interessado em alguém e eu o encarei. - Enquanto conversava com Seline vi uma garota passar, uma loira bem... Bonita.

Lancei um olhar ao Daryl que disfarçou o sorriso.

— Dan, acabamos de chegar.

— Tenho que analisar as pessoas, mãe.

— Então... Desde quando usa uma besta? - Daryl se aproximou do garoto que o encarou de cara fechada.

— Desde que isso começou, entramos em uma loja de armas e minha mãe disse que você a usava.

— Então você sabe que sou seu pai?

— Compartilhamos o mesmo DNA, mas não vamos ser pai e filho que conversam enquanto veem o por do sol.

— Pai e filho não fazem isso. - Retruquei.

— Que seja, o velho entendeu. - Se afastou caminhando na frente e Daryl me encarou.

— Velho?

— Por que esta me olhando desse jeito? Ele é seu filho. Tentei dar educação para ele, mas... É um homem das cavernas igual a você. - Dei de ombros voltando a caminhar. - E não achou que fosse simplesmente chegar e ter uma conversa de camaradas, achou?

— Não. Na verdade nem sei como fazer isso. Por que não me contou? Você sabia quando foi embora?

— Sim.

— Então por que não contou?

— Que diferença ia fazer? Você não queria ser pai.

— Mas eu tinha o direito de saber.

— Você ia pirar. Ia acabar ficando comigo por obrigação. Você sabe como eram as coisas naquele tempo, seu pai incomodando. Merle te chamando para sair. Não queria que você ficasse preso a mim por causa de um filho. E você não achava que fosse para valer, esqueceu? Sempre achou que eu fosse uma patricinha querendo me divertir com você.

 

"Minha menstruação estava atrasada fazia dois meses, sabia o que isso significava. Sabia das vezes em que Daryl e eu transamos, estávamos com tanto desejo e tinha muito álcool no sangue para conseguir pensar com clareza.

Não o culpava, eu queria tanto quanto ele. E sempre achei sem camisinha melhor. Mas... É claro que tudo que é bom, tem um lado ruim. Eu corria risco de pegar uma doença por que sabia que Daryl já tinha transado com algumas vagabundas que sempre me olhavam torto quanto me viam.

E a gravidez que fariam meus pais enlouquecerem. Mais loucos do que eles já estavam. A filha querida deles andando com um Dixon. Mas a vida é minha, o dinheiro é meu, a casa era minha. Eu trabalhava para ter a minha vida do jeito que eu queria, mas eu tinha feito uma bobagem.

Lancei um olhar para o teste de gravidez e vi o resultado. Dois tracinhos. Joguei aquela coisa no lixo. Não poderia entrar em desespero. Ouvi uma buzina na frente da casa e sai do banheiro. Caminhei lentamente ate a janela observando a caminhonete vermelha desbotada de Daryl.

Encarei meu reflexo no espelho, controlei minhas emoções e limpei meu rosto antes de descer as escadas. Sai para a calçada e entrei na caminhonete já recebendo um beijo de Daryl. Seria mais um dia em que nos enfiaria na mata, mas desta vez iriamos acampar.

Ele estacionou em frente a casa do pai e notei a moto de Merle estacionado no meio fio, sabia que daria encrenca.

— Ainda esta com essa vadia? - Merle perguntou sorrindo.

Estava sentado na varanda fumando. Daryl trocou seu caminho dos fundos da casa para Merle e eu o segurei pelo braço.

— Não de importância. - Pedi o encarando nos olhos.

Eu não ligava para a opinião de Merle. Era só um babaca que achava que qualquer garota bonita era vadia, ou baranga. Ele era insignificante para mim, era um cara mais velho drogado e bêbado, idiota que achava que tinha que se enfiar no primeiro par de pernas que visse pela frente e que o seu irmão teria que fazer isso tambem.

Quando conheci Daryl ele o chamava de Darlyna, achava que era gay só por não compartilhar os mesmos pensamentos idiotas dele.

Daryl se virou e pegou a besta de dentro da caçamba da caminhonete e uma mochila enorme onde estava a barraca e algumas roupas nossas.

A casa de Daryl era insuportável, quando Merle estava viajando ou preso ficava pior. Então Daryl passava as noites na minha casa. Não falávamos em compromisso, mas tinha algumas roupas e uma escova de dentes para ele no banheiro.

Daryl segurou a minha mão e seguimos para os fundos da casa onde dava para a floresta. Ele observou suas flechas e entrou pela porta dos fundos para pegar comida e agua. Estava distraída quando vi a presença do irmão irritante.

— Qual seu nome mesmo?

— Qual o interesse? - Sorriu.

— Gosto de saber com quem meu irmão anda.

— Ate mesmo as vadias que ele dorme?

— Ate mesmo elas. - Riu. - Gostei de você. Apesar de ser uma patricinha.

— Cale a boca! - Ouvimos os gritos de Daryl de dentro casa.

O que já era bem normal. Sempre que ele e o pai se encontravam tinham discussões. E ate alguns murros na cara.

— Ate quando acha que essa patricinha vai se divertir com você? Você não tem nada. Um dia ela vai ver o quanto esta perdendo o tempo com você. Não tem nada a dar para ela, idiota. Acha que vai ficar para sempre com ela? - Daryl saiu da casa e seu pai o seguiu aos berros chamando a atenção de todos os vizinhos. - Olha para ela. Toda arrumadinha, gostosinha. Acha que é amor? Acredita mesmo nisso, seu idiota? Na primeira oportunidade ela vai dar no pé e você vai ficar chorando pelos cantos.

Os músculos de Daryl estavam tensionados, agarrei a mochila com esforço e coloquei nas costas tentando me equilibrar. Avancei para Daryl o empurrando para a floresta evitando que ele enfiasse uma flecha na cabeça do próprio pai.

— Vamos.

— Ate quando vai brincar de casinha com esse lixo? - Seu pai gritou para mim. - Acha que esse frouxo consegue comprar suas coisas de riquinha mimada, tênis de marca, cabelo arrumadinho, bolsa cara. - Ele riu. - Acha que esse idiota vai querer ter uma família com você? Por que você parece a garotinha que sonha em casa, não crie esperanças que esse dai queira isso. Principalmente ter filhos.

A mochila estava pesando mais que o normal, sentia a saliva daquele nojento no meu rosto e seu bafo de bebida alcoólica e podridão. Empurrei as alças da mochila para trás a derrubando no chão e com um movimento rápido o acertei no rosto. Deu um estalo grande deixando a marca dos cinco dedos na cara. Quando ele se recuperou e tentou vir para cima de mim Merle e Daryl se atravessaram na frente.

Teve mais uma sucessão de palavrões e gritos ate que ele se virou sabendo que iria apanhar dos filhos se continuasse daquele jeito, e entrou na casa.

Minha mão estava doendo, mas eu estava satisfeita. Fazia 4 meses que levava isso na tranquilidade, tentando não piorar as coisas.

— Belo tapa. - Merle riu antes de se afastar em direção a frente da casa.

Lancei um olhar para Daryl. Eu já o conhecia o suficiente para saber que ele concordava com o pai, sempre se achando um lixo.

— Você acha que ele tem razão?

— Um dia você vai ver que não posso dar nada a você.

— E eu pedi algo a você? Eu trabalho para ter as minhas coisas, para não depender de macho. Acha que eu quero algo de você?

— Um dia você vai ver que não é suficiente.

— Parece que seu pai sabe a verdade mesmo. Eu só estou me divertindo. Mas e ai? Acredita mesmo nisso?

— Ate quando acha que vamos continuar assim? Você não fala, mas as pessoas comentam. Seus pais estão pirando por você andar comigo.

— Eu já tenho 20 anos, Daryl. Sei muito bem o que fazer da minha vida! E o principal sei o que quero para mim.

— Você quer uma família? Por que se quer uma família, não posso te dar. No fundo ele, Merle, todos tem razão. Você tem que seguir com a sua vida, bem longe de mim.

Mesmo com a mão machucado ainda acertei seu rosto, provocando o mesmo estrondo e cinco dedos marcados no rosto dele. Virei as costas e caminhei para longe dele, de cabeça erguida. Nunca mostraria fraqueza nem para ele, nem para seu pai que olhava da janela.

Caminhei ate a minha casa e entrei, foi ai que desabei. Sentei no chão e chorei ate cansar."

 

— Fui atrás de você no outro dia, mas tinha ido embora.

— Se eu ficasse não demoraria ate você descobrir da gravidez então peguei minhas coisas e fui embora. Nós dois iriamos nos machucar bem mais se eu ficasse. Eu realmente queria alguém para casar, ter filhos. Você não podia me dar isso, não queria. - Ele assentiu.

— E você... Conseguiu isso?

— Eu mudei meus planos com o nascimento do Dan. Me dediquei a ele e minha carreira. Agora eu realmente preciso ir comer algo. - Me afastei dele e segui ate onde Dan estava conversando com Seline.

— Tia. - Seline veio me abraçar.

É claro que todos me encaravam, não dei muita importância continuei comendo enquanto Seline e Dan conversavam sem parar.

Tentei me concentrar no que falavam, mas estava com os pensamentos longes, mais precisamente há 18 anos.


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Notas finais do capítulo

Capitulo especial para Fhany Malfoy que comentou a fic. Você é demais amiga. Obrigada por sempre me apoiar.



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