What If? Um Destino Distorcido escrita por Kureiji


Capítulo 3
Capítulo 3- Dio




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4 meses após minha prisão.

 

O meu plano de fugir deu errado, tenho que admitir, o Jonathan não é um adversário a ser subestimado, tenho fortes motivos para acreditar que há a mão dele nisso tudo.

Venho observando o padrão de cada guarda e eles são muito estúpidos para impedir meu brilhante plano, com toda certeza Jojo os ajudou de alguma forma.

Eu disse para aquele velho que eu não precisava da ajuda dele, essa "doação" que ele fez só ajudou ao Jonathan e não a mim, o deu poder sobre essa maldita prisão. Nesse tempo que estou aqui consegui fazer com que todos os outros presos soubessem com quem estão falando, esse era o mínimo que eu merecia, não precisava dessa ajuda que só me prejudicou.

O velho nunca mais me visitou, Jojo me contou que ele está pior, que se preocupa comigo e isso está adoecendo-o mais. As vezes ele lê cartas que o velho me manda. Ainda não consigo entender qual a razão dessa obsessão, já deixei claro que não tenho nada com ele, a única explicação que consigo pensar é que ele enxergou em mim o que também enxergo, a admiração deve ter sido inevitável.

Meu nome já remete a isso, Dio significa Deus, mais uma coincidência do destino mostrando que sou merecedor de veneração.

"-Você sabe o que seu nome significa, não é Dio?

O encarei de volta com um sorriso irônico.

—É claro que sabe, talvez isso até tenha corroborado pro seu senso de superioridade.

—O que foi JoJo? Começou a reconhecer isso também? Aposto que é por isso que não consegue deixar de me visitar.

Ele suspirou.

—Dio, você nunca pensou, que seu nome significa que você nasceu para ajudar os outros? Você tentou ganhar tudo a preço de sangue. Mas Deus entregou sua vida pelos outros.

—De todas as coisas estúpidas que você falou, essa foi a pior.

—Eu não sei Dio, só achei que você poderia pensar a respeito disso.

—Por que eu não tenho muito pra fazer Jojo?

Ele me irritou, estava jogando em minha cara a diferença de nossas posições?

—Já entendi, estou indo Dio, é só porque esses dias eu estava preocupado com você. Acho que estou escutando muito a meu pai"

As suas visitas eram sempre um baú surpresa, as vezes ele saía mais triste, as vezes ele vinha indiferente e apenas lia as cartas, havia dias que ele me fazia rir de sua ingenuidade, outros que ele me tirava do sério.

Com o tempo ele começou a tentar conseguir pistas sobre o que eu fazia aqui, ou de como eu me sentia, provavelmente saber se eu estava planejando algo. Eu também sempre tentava ver se havia algo mais por trás das palavras dele, qualquer informação vinda de fora me era útil.

Eu apenas odiava as cartas de meu pai, como eu passava boa parte em uma cela solitária, elas ficavam repassando na minha cabeça mesmo sem fazer sentido. Eu não odiava o homem, ele era apenas uma ferramenta, mas me incomodava o fato dele insistir que eu era seu filho. Não consigo compreender, será que é realmente amor? De qualquer forma, isso não faz diferença, mesmo que fosse real o amor não me é útil.

 

                                                                                              ***

 

1 mês e alguns dias após a morte de George.

 

—Vamos, Jonathan pagou sua fiança, saia!

—O que? Isso não faz sentido. Cadê ele?

O homem gargalhou.

—Eu nem sei se ele está vivo rapaz! Ninguém sabe onde ele está, queimou a casa e sumiu.

Isso não faz sentido algum... Jonathan Joestar, o que você está aprontando? Quando eu penso que o entendo você sempre me surpreende. Passou mais de um mês sem vir aqui e agora faz isso?

—Ele o deixou essa carta antes de desaparecer, e alguns pertences.

Me entregaram uma mochila, tinha uma boa quantia de dinheiro e algumas roupas nobres, há quanto tempo eu não me vestia assim... Me troquei e fui para calçada, a noite estava fria e tensa, ou era apenas eu quem estava tenso...

Abri a carta, ela dizia:

"Querido irmão, hoje paguei parte da minha dívida com meu pai. Não estava no momento de você sair da sua prisão, mas por motivos maiores eu o fiz.

Peço gentilmente que não me procure."

Minha cabeça começou a ficar tonta, uma confusão de sentimentos invadiu minha mente em um milésimo de segundo.

Primeiro: Por que? Nada disso fazia sentido. Segundo, eu não queria ser liberto por sua finança suja, eu iria sair por mim próprio!

Além do mais, como ele pôde pedir que eu não o procure? A cada dia que passa minha vida fica mais ligada à de Jojo, ele era apenas uma ferramenta, mas agora sinto que nossas vidas não querem se desvincular.

Ele sempre demonstrou paciência comigo, demonstrou várias vezes que precisava de um irmão e que George queria seu filho, agora ele diz para eu não o procurar? Isso não fazia sentido.

Eu sentia raiva, indignação, confusão, mas ainda havia algo estranho...Eu sentia... um vazio. Como se tivesse algo arrancado de mim.

Infelizmente passar meses nessa prisão podre me fez não ter muito o que fazer, os meus livros, minhas notícias e até minhas conversas vinham de Jojo, e agora ele tirou isso de mim? Sempre aguardei o dia que eu tiraria isso dele, não o contrário.

De fato, eu já não o desprezava tanto, era uma questão de lógica, não posso ter repulsa por alguém que me venceu estrategicamente, ou eu estaria desprezando a mim mesmo. A sua moleza de coração sempre me pareceu uma fraqueza, mas ele ter conseguido me superar com esse fardo o torna admirável.

Eu já não o via mais como uma ferramenta nos últimos dias de minha prisão, era mais como um rival. A morte de George deixou tudo isso muito estranho, Jonathan mal conseguiu olhar para mim, contou a notícia e não segurou as lágrimas, nem esperou uma resposta e foi embora.

Me senti aliviado porque não sabia como reagir a uma notícia tão repentina, no entanto também me irritei, aquela vez assim como agora ele soltou uma bomba em mim e não me deu a oportunidade de responder.

Fui andando sem ermo, aposto que aqueles policiais me liberaram de madrugada de propósito, vou precisar procurar um lugar para dormir.

Andar naquele silencioso frio foi bom, a gelidez do vento entrava em meu corpo estimulando minha calma. Ainda não tinha nada naquilo que fizesse sentido, eu nem tinha ideia de por onde começar, a decisão imediata era não deixar isso inacabado, tinha que ir atrás de Jojo.

Mas por que? Eu estava me tornando como ele? Era ele quem tinha obsessão por mim e não o contrário, eu devia pensar em um outro plano, começar do zero, ao menos eu tinha um bom dinheiro em mãos, dado por ele também...

Droga! Eu não precisava disso, eu conseguiria me virar de qualquer forma.

"Você é um gênio, poderia ter doado toda sua herança e ainda assim conquistaria muitas riquezas por si só."

Que saco, as lembranças do velho sempre voltavam, principalmente após sua morte.

Eu só precisava de um bom descanso...Então essa confusão acabaria.

Após andar um pouco ouvi um barulho, uma moça gritando? Andei sorrateiramente e consegui ver, um homem segurando os dois braços de uma mulher, não...Eram dois homens, fediam tanto que eu conseguia sentir.

Se eu não fizesse barulho eles não deveriam me incomodar... Apenas devia seguir fingindo que não os vi. Andei discretamente e com canto do olho vi chegar uma outra dama, com uma faca em mãos.

Ela esfaqueou o primeiro e chutou o segundo para longe. Parei um pouco e a observei com o canto dos olhos. O primeiro homem esfaqueado se levantou... era noite, então fiquei em dúvida, mas sua pele parecia esverdeada e ele estava babando.

—Que tipo de monstro são vocês?

Ela erguia a faca e tentava proteger a outra.

—Não importa! Não se aproximem.

Que tipo de criatura horrenda era aquela? Os dois monstros seguiram na direção delas ignorando as ameaças. Ouvi um passo de um beco atrás de mim, ele emitia um barulho gutural, pensando bem era o mesmo barulho daqueles dois seres...

Olhei para trás e vi o pé saindo para rua. Droga...Se ele vier pra cima de mim os outros dois podem vir também... Corri na direção das duas e chutei um daqueles monstros para longe.

—Me dê a faca!

Ela não soltou, mas eu tomei de sua mão e enfiei-a fundo no cérebro de um deles, que caiu no chão.

"—Dio, você nunca pensou, que seu nome significa que você nasceu para ajudar os outros?"

—Cala a boca! Essa era a minha melhor chance de sobreviver!

Vi que assustei as duas, ou talvez elas já estivessem assustadas.

Os dois zumbis restantes vieram em nossa direção. Tentei esfaquear um, mas ele segurou pelo meu braço, a dona da faca o chutou para longe e logo depois foi jogada ao chão pelo outro zumbi.

Usei meus braços para empurrá-lo pra longe (queria evitar contato com aquelas unhas amareladas e aqueles grandes dentes), ele apenas cambaleou e veio em minha direção junto com o outro. Me desviei de um, mas o segundo me agarrou.

É o fim? Não, não é, eu não aceito, não serei subjugado por esses dois seres nojentos! Um deles tentou me morder no momento que curvei a cabeça, alcançando apenas meu chapéu, minha última jogada...Agora não havia mais o que fazer.

Fechei meus olhos, esperando que assim eles desaparecessem. Ao abri-los vi uma silhueta, quando voltei os olhos a eles senti as suas peles nojentas derretendo. Arranquei a capa subitamente...Iria ter que mandar lavá-la, na verdade era melhor só jogá-la fora.

Onde estavam os dois zumbis agora estavam duas grandes agulhas, como as de tricô.

Um homem de roupa branca e um longo chapéu se aproximou mais.

—Prazer em conhece-las ,damas, cavalheiro.

Ele fez uma mesura.

—Me chamo William Zepelli, estou a procura desses monstros antes que eles se proliferem, vocês viram mais algum?

—Eu me chamo Simona Giovanna, obrigado por salvarem minha vida. – A moça portadora da faca disse, a outra ainda estava em choque. – Não, felizmente não vi.

— Sou Dio, o que são essas coisas?

— Zumbis, ou vampiros, como preferir, seres da noite criados por algum vampiro.

—Vampiros?

— Eu não tenho tempo pra isso agora, tenho que caça-los.

Ele parou e me olhou bem.

—Você lutou bem essa noite, eu não teria chegado a tempo de salva-las.

Essa habilidade dele, foi ele que evaporou os vampiros, não é? Tenho que conhecer esse poder.

—Sim, eu vi e tive que ajuda-las.

—Ou precisava da minha faca, não é? Me lembro que tomou de minha mão no meu momento de choque.

Não disfarcei a indignação dela ter descoberto. Ela sorriu diante disso.

—Estou apenas brincando, sou muito grata por ter nos salvado.

—Como eu disse. - Zepelli continuou- Não tenho muito tempo, mas você parece promissor, Dio. Passe onde estou hospedado amanhã as 10:30.

Ele me entregou um bilhete.

—Quero lhe conhecer melhor. Você deve conhecer bem o local, não é?

Pelo jeito que ele me olhou, aposto que deduziu isso pelas roupas.

—Sim, será um prazer.

Ele fez outra mesura e saiu.

—Por que estava andando na rua a essa hora? - Ela perguntou.

—Posso fazer a mesma pergunta.

—A resposta é longa demais para dizer aqui, ainda é muito perigoso.

Ela se virou para a moça.

—Eu posso lhe deixar em casa, tudo bem?

Ela fez que sim com a cabeça e se levantou, se apoiando no ombro de Simona.

—É aqui na esquina...-A moça disse tremendo.

—E você? Com toda essa elegância aposto que deve morar em uma grande casa, mas não há nenhuma assim aqui por perto.

—Estou de viagem.

—Tenho um humilde lar, mas posso lhe hospedar lá, o que me diz?

Finalmente, após tantos meses em uma prisão, recebendo o devido reconhecimento.

—Seria um prazer.

 


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Notas finais do capítulo

Eu tenho me divertido muito escrevendo essa história, espero que também estejam aproveitando ^^



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