What If? Um Destino Distorcido escrita por Kureiji


Capítulo 4
Capítulo 4- Jonathan




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Alguns minutos após minha suposta morte.

 

O que aconteceu... Eu deveria estar morto, por que minha cabeça dói tanto? De onde vem esses cheiros?

Esfreguei os olhos e olhei ao redor, parecia que haviam pintado as paredes, os corvos lá fora esganiçavam mais alto do que nunca.

Sentei-me um pouco esperando esse tsunami de sensações passar, respirei fundo e fui até um espelho, eu estava louco ou meus olhos estavam vermelhos? Abri a boca e percebi algumas presas, encostei minha mão nelas, realmente eram reais...

Que tipo de loucura era essa? A máscara! Só podia ser ela, é isso que ela faz? Depois de anos de estudo descobri poucas coisas sobre ela, no entanto algumas coisas davam arrepios, sempre houve um ar místico por trás de sua história.

Corri para abrir um de meus cadernos de anotações, lá estava! O povo que a criou fazia alguns tipos de rituais de sacrifício... Rituais de sangue. Esses rituais eram para criar essa máscara? Minha cabeça dói...

Toc toc. Toc toc.

Quem aparece como visita pela noite? Não estou a espera de ninguém. Olhei pela janela de cima, e vi uma moça de cabelos loiros. Guardei a máscara e desci as escadas, ao abrir a porta reconheci-a imediatamente.

—Erina! - Mais linda do que nunca.

—Jonathan...-Ela disse cabisbaixa. - Posso entrar?

Agora não seria a melhor hora.

—Pode sim.

—Soube da morte de seu pai...

Fitei o chão.

—Eu fiquei sabendo muito tarde e a viagem foi longa, perdão por demorar...

—Está tudo bem, não se preocupe.

Ela pulou em meus braços com os olhos lacrimejando.

—Me perdoe por minha ausência esse tempo todo...Eu fui infantil, deixei que o Dio me afetasse profundamente.

Sempre o Dio, sempre meu "irmão".

—Não foi apenas isso, eu também fiz a faculdade de enfermagem e a vida foi ficando super ocupada e...

—Não precisa se desculpar.

Ela me abraçou mais forte.

—Senti sua falta todo esse tempo. - Ela disse.

—Eu também.

Ao ter elas em meus braços senti algo estranho... Como se ela emanasse muito calor, me abaixei em nosso abraço para me aproximar mais dela, com certo receio em incomodá-la.

Quando meu rosto ficou próximo ao seu pescoço senti um cheiro diferente, o de um bom perfume, mas também um outro cheiro... Eu não soube dizer, porque era muito cheiroso e me trazia sensações novas, ao me aproximar mais reconheci, sangue.

Me desvinculei do abraço rapidamente.

—Você está ferida?

—O que? Não.

—Posso ver? Pensei ter visto algo.

—Ahn? Claro...

Passei a mão nos seus cabelos e abaixei um pouco a gola de sua roupa, não havia uma ferida, vi que ela se sentiu envergonhada.

—Perdão...

—Tá tudo bem, como você está lidando com tudo isso?

A memória de momentos atrás, quando tentei acabar com minha vida me veio.

—Bem...

O cheiro ficou muito forte. Comecei a sentir náuseas.

—Eu viajei de longe e você parece abatido, posso fazer um chá?

Presas, oferendas de sangue, cheiro de sangue... Como eu fui estúpido, me tornei um vampiro, como o das lendas? Como vi meu reflexo no espelho então? Acho que nem todas lendas são verdadeiras, nunca ouvi falar de alguém virar vampiro usando uma máscara.

Não, eu só posso estar delirando, no entanto, "morrer" e acordar assim também parece um conto de fadas.

—Seus olhos estão vermelhos Jojo, o que aconteceu? Está doente?

—Me desculpe Erina, você tem sido muito doce, mas eu tenho algo muito importante para fazer hoje à noite.

—Ah tudo bem...A noite não é um momento pra visitas. - Ela disse com um sorriso.

—Não diga isso, você pode vim a qualquer momento, mas hoje é diferente... Poderia vim aqui amanhã à noite?

—Sim, novamente, peço perdão pela inconveniência.

O cheiro estava ficando mais forte, quase insuportável, evitei olhar para ela. Por que a primeira pessoa que eu tinha de ver tinha de ser justo ela?

—Novamente, não foi inconveniência. Amanhã teremos muito o que conversar tudo bem?

—Tudo bem.

A levei até uma carruagem e ela se foi, provavelmente estava hospedada em algum lugar muito próximo.

Bem, qual seria a melhor forma de provar que eu estou certo? Creio que à luz do sol, mas ainda eram 20 horas da noite.

Corri para a cozinha e preparei muita carne e batatas, temperei e fiz tudo da forma mais agradável que eu sabia fazer. Minha fome estava enorme então fiz bastante.

Coloquei tudo na mesa e comi, a fome diminuiu e eu me senti melhor, mas as náuseas permaneceram.

Eu vou dormir, não importa se estou com sono ou não. Vou ficar de olhos fechados até conseguir.

 

10 minutos

 

20 minutos

 

Não irei abrir os olhos... Me revirei na cama e mudei de posição várias veze, mas minha mente funcionava como um cavalo de raça em uma corrida. O que eu faria se eu realmente fosse um vampiro? O que eu faria na visita de Erina amanhã?

Tudo isso era culpa de Dio! Maldito, ele foi a causa de todos meus problemas, por causa dele tudo isso aconteceu. Me sinto tão mal, meu corpo dói e não consigo pensar direito.

Perdoe-me pai, por pensar assim de meu irmão, eu deveria amá-lo.

 

30 minutos

 

O cheiro de Erina estava tão doce... Eu odeio Dio por me fazer perder anos da minha vida que eu poderia ter passado com ela.

Não abri os olhos, mas senti minhas unhas crescendo quando pensei nele.

 

40 minutos, ao menos acho que foi isso.

 

Desisto, preciso pegar um ar.

Peguei umas roupas e andei pelas plantações da fazenda, a lua parecia mais bela do que nunca, a noite aparentava ser muito mais clara do que eu lembrava, e também mais barulhenta, nunca antes tinha ouvido tantos insetos fazendo sons quanto agora.

Ao passo que eu andava senti um cheiro estranho, olhei ao redor, mas não vi nada. Concentrei-me e continuei andando, um pouco depois ouvi um barulho de algo se mexendo e corri em uma velocidade que eu desconhecia.

Ao me aproximar vi que era uma pessoa, ela tentou correr inutilmente enquanto eu agarrava a gola de sua roupa.

—Jimmy!

O seu coração acelerado bombeava sangue tão forte que tornava o cheiro irresistível.

—Eu estava apenas olhando Jonathan.

—Olhando? - Uma raiva desproporcional veio a mim- Você e sua família sempre tentaram sabotar a minha, meu pai sabia, mas ele sempre fazia vista grossa.

—Não estou sabotando, eu só vim aqui... Porque estamos passando fome.

Olhei-o sem acreditar que ele recorreu àquela desculpa, usando aquelas roupas de nobres e após passar a infância me perturbando. Lembro-me bem dele perseguindo Erina com seus amigos, e mais tarde dele juntando-se a Dio, como um bando de ovelhas idiotas.

Ergui-o no ar e ele deixou cair no chão uma cesta, haviam lagartas e larvas nela.

—Me perdoe Jonathan... Eu vou convencer minha família a não fazer mais isso, nunca mais farei.

Ver aquele ser se debatendo e pedindo perdão o fez parecer mais repugnante, lembrou-me de Dio fazendo um falso choro enquanto dias atrás ele envenenava nosso pai. Dele fingindo ser o irmão que precisava de redenção enquanto estava segurando uma faca.

—Eu sempre pensei que vocês pagavam alguém pra isso, mas você vindo aqui mostra que talvez você faça isso em escondido, por pura maldade... Você não é muito diferente de Dio.

—Dio? O que está falando Jojo?

—Cale-se!

—Me solta Jojo! Por favor.

Ele continuou a se debater e minha mente ficou perturbada, aqueles gritos pedindo misericórdia, o cheiro forte de sangue, a batida de seu coração, o vento uivando. A lembrança da risada de Dio tentando-me esfaquear momentos depois de pedir misericórdia...

Minhas unhas cresceram e penetraram a carne de Jimmy inconscientemente, a sensação era prazerosa, o maior prazer que eu já havia sentido em toda minha vida. Era como se eu estivesse bebendo o líquor da vida enquanto ele se espalhava do topo dos meus cabelos até a planta dos meus pés, meu corpo gélido sentiu um calor revigorante.

Eu deveria parar... Eu sei que deveria, mas eu não conseguia, estava com sede, com fome, com náuseas, seria errado abrir mão de uma sensação tão boa devido a um ser tão repugnante como ele?

Só mais um pouquinho, eu iria soltar ele depois...Só mais um pouco.

Eu suspirei fundo ao solta-lo, estava saciado, não posso me render a essa sensação ou irei ficar dependente dela.

Ao abrir meus olhos do meu momento de prazer percebi que o corpo estava sem vida.

—Droga droga droga... Perdão meu pai. 

 


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