I'm With You escrita por condekilmartin


Capítulo 10
O Baile


Notas iniciais do capítulo

Oieee!
Mais um capítulo pra vocês!
Enjoy ♥



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Dia do baile de aniversário de Beatriz.

Catarina podia jurar que estava tão ansiosa para este dia quanto a própria aniversariante. Podia tentar se enganar dizendo que era porque era um dia importante para sua prima, porque tinha ajudado toda aquela noite a dar certo, a não faltar nada aos convidados e na decoração... Mas sabia que, no fundo, toda essa ansiedade era apenas porque iria vê-lo novamente.

Haviam trocado alguns bilhetes rápidos e se encontrado algumas vezes durante as semanas que se passaram, no lago da divisa das terras, o lugar deles, para preparem tudo para hoje. Catarina nunca se sentira tão bem quanto nos dias que passavam a tarde inteira juntos. Da última vez, voltara para casa com um sorriso tão grande no rosto que sua mãe estranhou e ela precisou desconversar.

Os bilhetes serviam para marcar algum encontro ou enviar pensamentos aleatórios que habitavam a mente de ambos e os deixavam com a necessidade de partilhar tais situações um com o outro. Catarina guardou todos em uma caixa debaixo da cama.

Conversar com o senhor Castro a deixava mais leve, mais tranquila, sentindo que podia ser ela mesma sem qualquer amarra que a prendia na frente de outras pessoas. Ele não a julgava e ela sabia que ele se sentia da mesma forma quando estava junto dela.

Numa tentativa – falha – de tentar mudar o rumo de seus pensamentos, ela começou a se arrumar para o baile, escolhendo um vestido branco rendado, com a cintura marcada por um cinto preto. Decidiu deixar os cabelos negros meio preso meio solto com cachos bem formulados, o que contrastava também com seus olhos de ébano. Salpicou um pouco de rouge nas bochechas e nos lábios, garantindo que ambos estivessem rosados o suficiente para lhe dar uma aparência de saúde e estava pronta.

Ao chegar ao baile, os olhos da jovem brilharam de tanto encantamento. Parecia um sonho, com todas as luzinhas criando um clima intimista, do jeito que Beatriz adorava. Estava perdida observando todo o lugar e seus convidados e não reparou no olhar que lhe acompanhava.

Antônio perdeu todo o fôlego ao vê-la parecendo uma princesa. Não conseguia tirar os olhos dela, era completamente natural a forma como eles acompanhavam todos os seus movimentos. Ela ainda não o tinha visto, e ele se aproveitou desse pequeno descuido para guardar cada detalhe dela para si.

A senhorita Albuquerque ocupava todos os seus pensamentos nas últimas semanas e ele não sabia mais o que fazer para afastá-la da sua mente. Trocaram bilhetes, os quais ele guardou em seu armário, e as tardes que passaram juntos eram os momentos que ele mais esperava na semana.

Ele sabia que estava se metendo numa encrenca das grandes, mas não podia, ou queria, evitar.

Finalmente, seus olhares se encontraram e ele sentiu seu mundo inteiro se alinhar quando ela lhe lançou um sorriso gigante, que iluminava seus olhos e irradiava o mundo ao seu redor. Antônio não pôde evitar sorrir de volta e se aproximou dela:

— A senhorita caprichou na decoração desta festa. – Ele comentou. – E está muito bonita, também.

— Bem, obrigada. O senhor também não está nada mal. – Ela o encarou, ainda sorrindo. – Deixo o mérito da decoração para Beatriz, mas agradeço em nome dela.

— Ainda não a vi.

— Ela ainda não desceu. – Informou a jovem. – Daqui a pouco ela fará sua grande entrada.

— Será uma grande entrada? – Perguntou, curioso.

— Ora, mas é claro. Do jeito que ela gosta.

Ela soltou uma gargalhada contida, aquecendo o coração dele mais um pouco. Então, ambos lembraram que estavam ali por um motivo e que precisavam colocar os planos em prática.

— Está pronta?

— Não. – Confessou a moça. – Mas estarei em um segundo.

O advogado fingiu olhar o relógio gigante no meio da parede central do salão de baile.

— Um segundo se passou: e agora? – Perguntou, fazendo-a rir.

— Agora sim. – Ela revirou os olhos, roubando uma risada do moço a sua frente,  e respirou fundo, virando de frente para ele, dando início ao plano.

A orquestra que comandava a trilha do salão finalizava uma música e se preparava para começar outra. Antônio não perdeu tempo e puxou Catarina para dançar. Os dois não puderam evitar se olhar nos olhos e prenderem o riso, com o que estavam prestes a fazer.

Foi uma bagunça tremenda, com Catarina pisando no pé de Antônio propositalmente e ele fazendo o mesmo, ambos fingindo indignação e reclamando um com o outro.

— Será que a senhorita pode pisar no meu pé um pouco mais devagar, ou devo lembrá-la que estamos fingindo tudo isso? – Ele reclamou, sentindo o pé direito arder um pouco.

— Estou apenas devolvendo pois, caso o senhor não saiba, tem pés bastante pesados. – Ela devolveu a reclamação.

— A senhorita quem pisou primeiro no meu pé, só precisei devolver na mesa intensidade, visto que sua tentativa de atuação me pareceu bastante verdadeira. – O advogado fez uma careta.

— Bom, precisamos mesmo ser convincentes.

Para sorte dos pés de ambos, a música finalmente acabou. Eles trocaram um olhar rápido, fizeram uma mesura e se separaram.

Catarina se segurou para não virar para olhá-lo ir para longe, temia que seus pés a levassem de volta até ele na mesma hora e gostava de pensar que ainda tinha um certo controle sobre seu corpo.

Beatriz até tinha feito uma grande entrada, cujo as pessoas na pista de dança haviam perdido e Catarina se sentiu um tanto culpada sobre isso, mas a prima tratou de tranquilizá-la, dizendo que ficou feliz de vê-la dançando com o noivo, ainda que os dois parecessem mais um emaranhado de pés brigando do que um casal gracioso. Catarina precisou se controlar para não gargalhar ao ouvir aquele comentário e tratou de fazer sua parte:

— Ah, Beatriz, é impossível dançar com o senhor Antônio de Castro. Impossível. – Ela fez um pouco de drama, para que sua mãe, que estava a poucos metros delas, também ouvisse. – Sem contar que ele só fala em Lisboa, sobre em morar em Lisboa, ter uma vida em Lisboa. E os meus sonhos? Pode esquecer, ele não escuta.

— Mas vocês parecem feitos um para o outro, prima! – Reclamou Beatriz, sem acreditar em palavra alguma que acabara de ouvir.

— Pode esquecer. Eu recuso a me casar com este homem. – Catarina cruzou os braços, fazendo uma careta tão grande que dona Elisa precisou intervir.

— Não diga bobagens, Catarina! Trate de parar com essa cena, já! – Ralhou com a filha. – Imagine se as pessoas escutam você falando esse tipo de coisa por aí? Vão acreditar que o casamento não vai acontecer.

— E não vai, mamãe. Pode perguntar o que ele acha, acredito que seja a única coisa em que concordamos. – Catarina manteve a carranca.

— Eu a proíbo de continuar a dizer esse tipo de coisa por aí. – Elisa disse e resmungou. – Imagine se Olívia ou Manuel escutam uma loucura dessas e pensem em acabar o casamento?

— Eu agradeceria e tenho certeza que o filho deles também. – Catarina disse. – Inclusive, mamãe, achei que não gostasse dos pensamentos progressistas do senhor Castro.

— E não gosto. – Elisa olhou para a filha com seriedade. – Isso não significa que não quero vê-la casada.

— Com um progressista? – Chocou-se Catarina.

— Você acabou de dizer que ele não apoia suas ideias malucas, estou começando a achar que Deus finalmente ouviu as minhas preces e me respondeu de forma ainda melhor. – Elisa disse e se retirou.

Catarina não conseguia acreditar no que acabara de ouvir e sabia que sua mãe iria encher a mente de seu pai sobre aquele assunto. Ela rezava para que Antônio tivesse alguma sorte e seus olhos varreram a festa, procurando por ele.

Antônio estava conversando ao lado de seus pais, do outro lado do salão:

— Ela praticamente me mutilou! E é mandona demais, sonhadora demais, totalmente incontrolável. – Ele ia dizendo, enquanto não via seus pais esboçarem reação qualquer.

— Tudo o que você precisa aprender é a controlá-la, Antônio. – Manuel disse para o filho.

— Eis a questão, meu pai. – Antônio continuava a reclamar. – Aquela garota é incontrolável, insuportável. Não podem permitir que eu me case com ela e tenha de suportá-la pelo resto de minha vida. Vocês não tem piedade de mim?

— Você é responsável por metade dos meus fios brancos, meu filho. – Manuel disse, mantendo a expressão séria, mas seus olhos entregavam indícios de um sorriso. – Vai ser bom para você ter um desafio para dar conta.

— Mamãe, não tem nada a dizer para defender seu filho mais velho de um acordo que vai fazê-lo ficar preso o resto da vida com alguém que o fará miserável? – O advogado lançou um olhar suplicante para a mãe, que não fez outra coisa a não ser rir.

— Antônio, meu filho, você sabe muito bem do que é capaz, não é? – Olívia apertou a mão do primogênito. – Você sabe o que fazer.

Olívia puxou o marido e, rindo da pequena cena causada pelo filho mais velho, os dois foram cumprimentar alguns conhecidos perto da mesa de petiscos.

Antônio suspirou derrotado.

É verdade que ele e Catarina pareciam duas crianças e os argumentos que usavam não davam muito suporte aos dois, ainda que tivessem iniciado isso dentro de casa e usado as ocasiões em que apareciam em público para reforçar seus argumentos.

Ele rezou para que Catarina tivesse tido mais sucesso do que ele, mas quando seus olhares se encontraram, um simples balançar negativo de cabeça de ambos queria dizer apenas uma coisa: estavam encurralados.

Enquanto pensava em algo para mudar a sorte para o lado deles, Antônio percebeu que um certo cavalheiro havia tirado Catarina para dançar e ela havia aceitado. Imaginou como seria se eles não estivessem compromissados, se ela se apaixonaria por aquele rapaz e seus olhos ficaram cegos de raiva, só de imaginá-la com outra pessoa.

Beatriz Monteiro, a anfitriã, se aproximou dele. O encarando, percebeu que o olhar do advogado ia diretamente para sua prima, como se quisesse tirá-la dos braços do cavalheiro com quem dançava e levá-la para longe dali. Ela não pôde evitar deixar um sorriso sair de seus lábios. Como esses dois eram bobos...

— Eles formam um belo par, não é? – Beatriz comentou, tirando um Antônio ciumento de seus devaneios.

— O quê? – Perguntou ele, numa tentativa falha de disfarçar seus sentimentos.

— Formariam um belo par, se Catarina já não estivesse noiva do senhor. – A aniversariante olhou para o noivo da prima. – Senhor Castro, peço que seja honesto comigo: são realmente tão incompatíveis como espalham por aí?

Antônio pensou naquela pergunta e em tudo o que ele e a senhorita Albuquerque partilharam um com o outro nas últimas semanas. A senhorita Monteiro pedia honestidade e, ao encontrar os olhos suplicantes dela, percebeu que ela faria tudo pela prima e não conseguiu mentir.

— Não. – Suspirou profundamente. – Não somos nada incompatíveis.

Era a primeira vez que falara aquilo em voz alta, que expressava seus sentimentos.

— Acha que podem dar certo?

— Não sei, senhorita. – Ele deu de ombros e abaixou os olhos. – Não é o que ela quer.

— Não posso falar por ela, senhor Castro, mas conheço minha prima. – O olhar de Beatriz vagou entre a prima e o moço a sua frente. – Ela está diferente, mais feliz, alegre e sonhadora do que já é, mais disposta a viver desde que vocês se conheceram. Não desperdicem a chance que a vida está lhe dando, sim?

A senhorita Monteiro se retirou para conversar com seus convidados e deixou um Antônio plantado pensando em suas palavras.

Estava claro para ele que seus sentimentos por Catarina de Albuquerque estavam mudando e se tornando cada vez mais fortes e era verdade que não sabia o que fazer com eles, se deveria contar para ela. Iria estragar seus planos? Seus sonhos? Prometera que iria conseguir acabar com o acordo dos seus pais, que a deixaria livre, mas, verdade seja dita, não queria deixá-la ir embora nunca mais.

A dança de Catarina e o cavalheiro havia terminado e a orquestra estava se preparando para iniciar uma valsa. Antônio se apressou em levá-la novamente para a pista de dança, surpreendendo-a:

— O que o senhor está fazendo? – Exclamou.

— Não é óbvio? Tirando-a para dançar, senhorita. – Antônio respondeu, dando uma piscadinha rápida.

— Acredito que as pessoas já sofreram o suficiente com nossa péssima atuação por hoje. – Comentou Catarina.

— Uma pena para elas que, agora, não vamos mais encenar. – Ele a encarou com seriedade.

Catarina sentiu seu olhar firme aprisioná-la e acompanhou seus passos. Esqueceram completamente das pessoas ao seu redor e se concentraram ali, nos olhares e sorrisos compartilhados, na melodia que os envolvia e faziam sentir cada movimento e cada pedaço um do outro.

A moça sentia seu coração saindo batendo e podia jurar que, se não fosse a música de fundo, o homem a sua frente também conseguiria ouvir as batidas ritmadas.

Quando a música acabou, eles continuavam presos em seus olhares e, a medida que eles foram quebrados, Catarina se assustou com a explosão de sentimentos que tomou conta de seu corpo e fugiu para o jardim. Antônio, apesar de ainda estar meio desnorteado, a seguiu, gerando alguns burburinhos pelo salão.


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Notas finais do capítulo

E aí? Não esqueçam de comentar!
Nossa história tá caminhando pro fim, acho que falta só mais umas duas atualizações :( mas sem despedidas, por enquanto.
Um beijo, até a próxima.



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