A Farsa escrita por Linesahh


Capítulo 7
Desfazendo a Burrada


Notas iniciais do capítulo

Como vão, flores? ♥
Sim, podem dar aleluia, irmãos! FINALMENTE as coisas vão começar a se ajeitar nessa loucura atual que tá a fanfic kkkk
Veremos como será a conversa do Iwa com o Hinata e também como será a brig... digo, a CONVERSA do Oikawa e do menino Kageyama ^-^
Estamos chegando na reta final, amores, eu nem acredito como tá passando rápido, parece que faz pouco tempo desde que terminamos de escrever "O Engano" e já estamos aqui! Incrível... Bem, aproveitem do capítulo!

Boa Leitura ♥



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Fazia uma tarde parcialmente fria naquela segunda-feira, com ventanias hostis e nuvens cor-de-leite cobrindo cada pedaço do céu. Iwaizumi Hajime havia acabado de chegar à casa de Hinata Shouyou, e após deixar sua bicicleta encostada na lateral da casa, bateu na porta e esperou, um pouco ofegante.

Havia sido dureza chegar até ali. Ainda que tivesse recebido um mapa feito à mão por Sugawara mais cedo, tinha se perdido umas três vezes naquelas estradas estranhas das montanhas de Miyagi. Estava cansado e dolorido, principalmente depois de passar mais de uma hora pedalando sua bicicleta velha e trincada.

Não demorou muito para o baixinho ruivo atender à porta, e a confusão foi evidente em seu rosto infantil ao ver o vice-capitão da Seijoh à sua frente. Ele piscou várias vezes, a boca entreaberta em perplexidade.

— I-Iwaizumi-san?... — franziu minimamente o cenho. — Você por esses lados? — questionou, impressionado.

Iwaizumi massageou o pescoço dolorido, desejando mais do que tudo sentar e descansar.

— Que fim de mundo é esse que você mora, hein? — olhou ao redor, entre admirado e insatisfeito. — É longe de tudo, quase uma viagem pra escola todos os dias…

Hinata pareceu meio envergonhado. Vestia um short largo cor laranja, e apenas uma camiseta verde naquele frio que fazia.

— É realmente longe de Karasuno e do resto das coisas, mas... pelo menos assim eu me exercito! — o baixinho argumentou, diminuindo o tom em seguida: — Você vai querer entrar? Na verdade... por que veio até aqui? — fez a pergunta que mais martelava em sua cabeça.

— Quero conversar com você sobre um assunto importante. — Iwaizumi foi direto, já pedindo licença e entrando. — Não vou demorar muito.

A casa de Hinata era bem… aconchegante, não havia melhor palavra pra definir. A sala era de tamanho médio, e tinha um sofá e uma poltrona de tecido fofo. Iwaizumi sentiu-se confortável de primeira com o ambiente desconhecido, principalmente após a mãe de Hinata aparecer e dizer que prepararia um lanche para eles. Ao que parecia, a irmã caçula estava no quarto.

Hinata, por outro lado, encontrava-se tenso e confuso com a presença do ás da Seijoh em sua casa. Não conseguia esconder o nervosismo, afinal, não fazia a mínima ideia do que ele queria conversar consigo a ponto de ter feito uma longa viagem até ali. Como ele havia conseguido seu endereço, afinal? Se bem se recordava, nunca tinha recebido nenhum colega em sua casa antes…

De repente, Hinata gelou ao considerar algo. Será que Iwaizumi estava ali por causa do vídeo? E se ele tivesse acreditado que Kageyama e ele tinham um “caso” e agora quisesse vir acertar as contas consigo?

O ruivo sentou-se na poltrona de frente para o sofá, e espiou, fugaz, a expressão do mais velho. Para sua surpresa, Iwaizumi não parecia estar zangado ou com uma aura ameaçadora rondando sua volta. Ele, na verdade, apenas observava a casa com interesse, e seus olhos logo pousaram sobre uma bola de vôlei jogada num canto.

— Você não foi no seu treino hoje, né? — comentou, e Hinata admirou-se por ele saber disso.

Acenou lentamente.

— … Não, não fui. — afirmou, fazendo uma expressão triste em seguida. — Eu bem queria ir, mas o Sugawara-san, meu senpai, me disse para descansar por mais um dia. Eu estive meio doente, sabe… — mentiu, desviando os olhos.

— Sei. — Iwaizumi não importou-se com a atitude retraída do mais novo, afinal, também estava escondendo coisas dele, como o fato de Sugawara ter combinado consigo que mandaria o baixinho não ir ao treino naquele dia para que pudesse encontrá-lo em casa naquele horário. Era o único dia que Hajime teria tempo de ir até ali, afinal, sendo uma segunda-feira, não tinha treino na Seijoh, e por isso tinha a tarde toda livre.

— Bem… — foi tirado de seus pensamentos com a voz do alaranjado, que o olhava meio hesitante. — O que você quer conversar comigo?

Iwaizumi cruzou os braços, analisando a imagem tensa do mais novo, que apertava as próprias mãos sobre o colo.

— Vou ir direto ao ponto, Hinata. — disse. — Sabe o meu namoro com o Kageyama?

“Droga”, o ruivo engoliu em seco, pressentindo que sua teoria de antes estava no caminho certo. Então ele realmente iria falar sobre o vídeo?

— … O que tem? — permitiu-se indagar, nervoso.

Iwaizumi não titubeou. Foi claro e objetivo:

— É falso. — disse na lata. — Foi tudo uma farsa.

Hinata o encarou com uma expressão de idiota por um longo tempo, piscando repetidas vezes e buscando fazer seu cérebro digerir a informação. Após passar exatos dois minutos tentando compreender as palavras de Hajime (em que a mãe do alaranjado serviu oyatsus e um chá de sencha para eles), o ruivo, ainda em choque, conseguiu encontrar a própria voz:

— O… O que?... Uma f-farsa? — gaguejou, sem compreender. — Como assim? Que história é essa? — questionou, abismado. — Então foi tudo mentira?

Iwaizumi assentiu tranquilamente enquanto tomava o chá. Ficou feliz em beber algo quente.

— Isso aí. Nós nunca namoramos pra valer, não da maneira que todos pensavam. Foi tudo armação.

Hinata, começando a entender pouco a pouco o que tudo aquilo significava, somente tinha uma pergunta martelando em sua cabeça:

— Por quê?

Foi a vez de Iwaizumi sentir-se desconfortável.

— Bem… eu queria que o Oikawa ficasse com ciúmes e voltasse pra mim, mas as coisas acabaram saindo do controle e agora estamos desfazendo a burrada.

Hinata atentou-se à última parte.

— “Estamos”? — ergueu as sobrancelhas.

O mais velho assentiu.

— É. À essa altura, o Kageyama tá lá falando com o Oikawa. — fez então uma expressão preocupada. — Só espero que ele ainda esteja vivo…

Hinata ainda parecia um pouco perplexo com a notícia inesperada, sentindo-se num estado de surrealismo intenso.

— Puxa, nem dá pra acreditar… — pensou em voz alta. — Vocês até que encenam muito bem, aquele beijo pareceu super real…

Iwaizumi frustrou-se no momento em que ouviu sobre o beijo, um oyatsu a meio caminho da boca.

— Fala sério, até você viu aquilo? Mas que droga… — suspirou desgastado. Aquele beijo não deixaria de lhe atormentar tão cedo… — Não, não — negou, massageando o pescoço. — Aquilo lá foi só encenação e um grave engano meu. — falou desconfortável. Aquele dia lhe causava pesadelos até hoje. Teve muita sorte de Kageyama ter-lhe perdoado sem guardar rancor. — Resumindo: eu achei que o Oikawa estava na loja, mas era só a voz dele na televisão.

“Ah… então foi isso…”, Hinata estava admirado. Lembrava-se que antes de largar suas compras e sair da loja, tinha visto o “Grande-Rei” na pequena TV que tinha por lá. Então o ás havia cometido um engano e por isso fez aquilo…

Saiu de seus pensamentos ao ver o mais velho levantar.

— Bem, já disse tudo que tinha que dizer. — anunciou. — Já está começando a escurecer, é melhor eu ir. Agradeça a sua mãe pela comida. — acenou e foi se dirigindo para a saída, calçando os sapatos e vestindo o casaco e o cachecol. Hinata o seguiu, e Iwaizumi não deixou de reparar que o tampinha parecia muito mais leve e aliviado do que quando havia chegado. Pelo jeito, aquela história toda também esteve pesando nos ombros magrelos dele.

Já do lado de fora e observando o mais velho destravar a bicicleta, Hinata não conseguiu segurar uma última pergunta que queria fazer:

— Iwaizumi-san… por que você veio me contar tudo isso?

Hajime pareceu ficar surpreso pela pergunta que não esperava. Pra falar a verdade, não estava nos planos de Iwaizumi falar com o tampinha, só teve que fazer isso pelo motivo de o próprio Kageyama ter desejado que as coisas fossem dessa forma. No fim, sabia que havia pegado a parte mais fácil, pois Oikawa era uma das pessoa mais difíceis de lidar naquele mundo.

Pensou um pouco, e decidiu ser sincero.

— Sugawara me contou que você foi usado pelo Oikawa naquele vídeo, e que você acabou sendo enganado e passou por maus bocados nos últimos dias. — revelou. — Isso não foi legal, e muito menos justo. Como fui o responsável por toda essa história de namoro-falso, parte da culpa também é minha, então sinto muito. — por fim, desviou os olhos para a estrada deserta e escura, ajeitando o cachecol. — Acho que você deveria saber a verdade de antemão.

Hinata pareceu ficar admirado por ouvir um pedido de desculpas vindo do vice-capitão de um grande time rival e, até poucos minutos atrás, “o namorado de Kageyama”. Iria dizer que não tinha necessidade dele se desculpar, até um pensamento repentino estalar em sua mente e o desespero atingir seu corpo.

— Peraí, o Kageyama tá sabendo que eu ajudei o Daiō-sama com o vídeo?! Essa não, essa não!… — entrou em pânico. — Sugawara-san contou que eu não fiz nada de propósito, né? Eu não sabia de nada, eu juro! — uniu as mãos, quase numa prece.

Iwaizumi pareceu achar graça de seu estado de exaspero e angústia, não compreendendo bem o porquê disso. Logo, o acalmou.

— Fica tranquilo, seu veterano só contou pra mim. Acho que o Kageyama não tá sabendo de nada, a não ser que o próprio Oikawa comente com ele. — Hinata continuou preocupado, o que o fez continuar: — E mesmo se ele souber, você não tem culpa de nada nessa história, só aquele Trashykawa. — revirou os olhos.

— Tudo bem… Só espero que o Kageyama enxergue as coisas dessa forma também. — o ruivo torceu.

Com isso, ambos se despediram, e enquanto Iwaizumi montava em sua bicicleta, Hinata o advertiu para tomar cuidado com os javalis da floresta.

— Nesse horário, eles começam a aparecer e nos surpreender nas estradas! — acrescentou antes de acenar alegremente e entrar.

“Javalis?...”, Iwaizumi franziu o cenho, receoso, olhando a floresta que circundava a casa e a estrada. Bem que já tinha ouvido falar que existiam javalis nas montanhas, mas achava que eram apenas boatos. “Merda… Que tipo de gente maluca consegue viver rodeada por essas coisas?”.

Enquanto pedalava para longe dali — torcendo para que não tivesse nenhuma surpresa desagradável com um javali no caminho —, perguntava-se se Kageyama estaria tendo um por cento da facilidade que Hajime tivera para revelar toda a farsa a Hinata.

… Infelizmente, pelo que conhecia de seu ex-namorado, duvidava muito disso.

 

◾◾◾

 

— Dá o fora daqui, Tobio-chan! Eu não acredito em nada do que você diz!

Após Oikawa articular um novo “fora” em Kageyama, o moreno, mais uma vez, apressou-se para sair da mira do saque-viagem poderosíssimo e assustador que veio em sua direção.

— O-Oikawa-san, espere um pouco! — o coração de Tobio estava aos pulos, e ele engoliu em seco. Aquela tinha passado perto… — Escute o que tenho a dizer, não estou mentindo e… — num reflexo, mergulhou para a esquerda quando mais um saque veio atingi-lo. Imediatamente voltou a se erguer, pois ficar parado era a pior escolha que poderia tomar no momento. Kageyama estava, definitivamente, desestabilizado. — Eu e o Iwaizumi-san nunca fomos namorados, foi tudo uma farsa!

— Há! Você e Iwa-chan devem estar loucos em achar que vou cair nessa mentira deslavada. — Oikawa, felizmente, descansou a próxima bola que apanhou embaixo do braço, soando com extremo rancor e arrogância. — Ele quem deve ter te obrigado a vir falar tudo isso, não é? — seus olhos se estreitaram. — Mas que cara-de-pau…

Kageyama sentiu mais uma dose de desespero varrer seu peito, mas tentou não demonstrá-la — ao menos, não externamente. Aquilo estava sendo mais complicado e assustador do que havia previsto e, afinal, por que raios o cenário de sua conversa com Oikawa era justo no ginásio de vôlei do colégio Aoba Johsai?

Respirou fundo, sempre atento aos movimentos do mais velho. Havia ido, primeiramente, à casa do antigo veterano, pois lembrava que ele descansava às segundas-feiras. Contudo, quando não o encontrou lá, imaginou que ele só poderia estar na Seijoh.

Para sua má-sorte, Tooru estava lá, treinando justamente seus perfeitos e tenebrosos saques, e...

Bem, ao avistar Kageyama, ele com certeza havia canalizado sua raiva para imaginar o mais novo como uma espécie de “alvo” ou algo assim.

— Não é nada disso, Oikawa-san. — voltou a insistir, aproveitando que o outro parecia um tanto distraído em seu estado-mental-colérico. — Além do mais — Tobio lembrou-se do xingamento que Oikawa fez ao ex-namorado, sendo tomado por uma pequena dose de coragem. —, Iwaizumi-san não é tirano que nem você.

Uau, Kageyama devia realmente estar entre a coragem e a insensatez ao enfrentar Oikawa daquele jeito; no entanto, logo a hipocrisia do que havia falado para defender Hajime apitou em sua mente, lembrando-o do fatídico dia no mercado.

“É, ele não é tirano se desconsiderar aquele beijo…”, ponderou, desconfortável.

Oikawa parecia ter lido sua mente, pois ficou ainda mais enfurecido, de repente.

— Ai, que inferno! — apertou a bola de vôlei com as duas mãos, em agressividade. — Onde é que Iwa-chan estava com a cabeça para dar um beijo em você? Um moleque feio — correu para tomar impulso, dando um grande salto — e sem-graça! — sacou a bola ferozmente.

Kageyama, mais uma vez, teve sucesso em evitar que ela lhe atingisse a cabeça, mas a agitação já estava nítida em cada poro de seu corpo.

— A-Aquilo foi um mal-entendido! Iwaizumi-san pensou que você estivesse no mercado, mas era apenas uma entrevista sua na tevê. — tentou explicar. Se a própria presença de Oikawa lhe incomodava e atemorizava em graus consideráveis, vê-lo enfurecido consigo era como vivenciar um filme-de-terror. — Aquele beijo não teve nada de verdadeiro!

Oikawa não pareceu nem um pouco disposto a largar o osso (ou, na situação atual, a perigosa molten*).

— Mentiroso! — se preparou para outro “ataque”. — Eu não acredito em uma palavra sua!

Quando outra bola foi sacada, algo aconteceu dentro de Kageyama. Devia ter sido seu vício de vôlei ou a vontade de provar algo a si mesmo, mas, naquele momento, em vez de desviar da “molten-assassina” que vinha velozmente em sua direção, foi como se seu corpo houvesse reproduzido todos os movimentos que via Nishinoya fazer quando estava prestes a executar uma recepção sensacional.

Dando um pequeno pulo e dobrando, um pouco, os joelhos para endireitar a postura, uniu os braços, entendendo-os na posição certa…

E recepcionou a bola.

O tranco havia sido violento, fazendo seu corpo tombar para trás, mas nada disso importava. Seus olhos somente acompanharam, admirados, o percurso que a bola fez até atingir a posição que o levantador ocupa.

Havia sido um trabalho perfeito. Sortudo, mas perfeito.

Kageyama ofegava, a adrenalina de ter conseguido fazer aquilo preenchendo-o positivamente. Tal conquista, por outro lado, foi a gota d’água para Oikawa; ainda mais fulo e frustrado, Tooru cerrou os dentes, jogando a bola com força no chão e dando as costas para Tobio. Pegou sua mochila e saiu, irritadiço, do ginásio.

Ver Kageyama tendo êxito em recepcionar um de seus saques devia realmente ter sido a cereja do bolo para o péssimo humor de Oikawa aumentar.

Kageyama, por sua vez — ainda hipnotizado com seu feito anterior —, finalmente saiu do mundo da lua após ouvir a porta batendo, evidenciando a retirada do mais velho. Preocupado com a possibilidade de não cumprir o trabalho que Iwaizumi, certamente, estava tendo facilidade em cumprir com Hinata, levantou-se e correu ao encalço do mais velho.

Encontrou-o a caminho dos portões do colégio, e, por algum motivo, sem sentir o mesmo medo de antes, pôs-se a caminhar ao seu lado.

— Oikawa-san — tomou fôlego. —, só peço um minuto para explicar tudo. — pediu, seus olhos-azuis preocupados com a recusa que provavelmente receberia.

O rosto de Tooru continuava amargo, as sobrancelhas finas moldadas num formato impaciente e insatisfeito. No entanto, contradizendo as previsões de Kageyama, Oikawa revirou os olhos e, inacreditavelmente, cedeu.

— Estou contando os segundos. — avisou, descontente.

Com um olhar surpreso, o alívio finalmente acalmou os nervos de Kageyama, fazendo-o ver que, talvez, aquela conversa, mesmo difícil, atingiria as metas planejadas.

Sem perder tempo — e temendo que o mais velho mudasse de ideia —, começou a narrar tudo desde o princípio. Explicou que tudo começou no amistoso entre Karasuno e Aoba Johsai, revelando que aquela história toda de farsa partiu de Matsukawa e Hanamaki. Contou seus motivos e os de Iwaizumi para concordarem em participar do plano, e no quanto Hajime, nos primeiros dias, já mostrava vontade de desistir daquela farsa. No entanto, logo veio o incidente do vídeo, que atrasou e piorou tudo, além de outras coisas desagradáveis. Para concluir, agora ele e Iwaizumi estavam correndo para resolver tudo.

— … Iwaizumi-san está falando com Hinata agora mesmo, enquanto eu estou aqui, explicando tudo a você. — terminou, elucidando todos os pontos daquela história confusa.

Após se calar, Tobio continuou analisando a expressão de Oikawa. Ele continuava com o rosto sério e fechado, sem demonstrar absolutamente nada; todavia, a imperceptível ruga de aborrecimento em sua testa revelou que ele estava sim digerindo tudo escutado.

Kageyama engoliu em seco, um tanto inseguro.

— Hum… olha, tudo o que te falei é a verdade. Mas… — desviou, coçando a nuca. — Acho que você não está acreditando em mim…

Pela primeira vez, Oikawa respirou fundo, fazendo qualquer traço de impaciência e desventura sumir de seu rosto apolíneo. Seus olhos-castanhos encararam o céu escurecido, como quem, finalmente, estava conseguindo colocar os pensamentos em ordem.

— Em você, eu nunca vou acreditar, é claro. — declarou, a pitada de orgulho em sua voz surpreendendo Tobio. Estaria mesmo Oikawa regressando a seu estado “normal”? — Mas… — ele fechou os olhos, os estresse retornando a suas feições. — Infelizmente, isso é bem coisa que os idiotas do Maki e Mattsun fariam. Mas que droga! E eu passando por tudo isso por conta de uma mentira idiota como essa, inacreditável! — se indignou. — Aqueles caras vão se ver comigo!

Kageyama, que perguntava-se se Oikawa ainda tinha ciência de sua presença ali, anunciou-se, cauteloso.

— … Hum, é por isso que espero que você possa desculpar a mim e a Iwaizumi-san por isso. — mais uma vez, desviou a cabeça. — Mas… você também…

— Eu o quê? — Oikawa o cortou, sem paciência.

Kageyama pensou em responder o que queria, mas, diante do olhar intimidadoramente indagador de Oikawa, desistiu. A única capacidade que teve foi a de direcionar os olhos para outra direção, hesitante.

Ainda encarando o mais novo em exigência, foi nesse momento, então — sem esperar —, que as palavras do “Sr. Fresco” surgiram em sua mente:

“... Direcionar seu ódio para Kageyama não faz o menor sentido!”, foi o que o platinado havia dito em pura indignação. E, olhando o rosto tenso do ex-kouhai, só então Oikawa entendeu o que ele quisera dizer.

“Ah… eu também devo desculpas a outras pessoas, não é?...”, voltou o rosto para frente, um tanto preocupado e pensativo.

E, assim, finalmente, o “Grande Rei” soltou um longo suspiro em desistência.

— Está bem. — engoliu todo o orgulho. — Me desculpe pelo vídeo, Tobio-chan. Não foi legal. — e, sem encará-lo nos olhos em teimosia, continuou: — Por sinal, antes que saiba por outras pessoas… fui eu quem obrigou o Chibi-chan a participar daquilo.

Kageyama ficou surpreso. Já estava pasmo com a iniciativa de Oikawa em se desculpar consigo, mas aquilo foi bem mais revelador e, ao mesmo tempo, esclarecedor. Percebendo sua falta de reação, Oikawa deu seguimento a seus dizeres:

— Sim, ele não estava lá por acaso. — afirmou. — Eu o usei para meus planos, então, pegue leve com ele. — logo, o capitão da Seijoh pareceu estranhamente sem jeito. — E isso me faz lembrar que também devo desculpas a ele…

Ainda admirado, foi em notável choque que Kageyama percebeu, pelo visto, que havia tido sucesso em sua missão; por mais inacreditável que ela tivesse sido.

— Hum, tá. — falou, seus pensamentos, agora, sinuosamente presos na figura de cabelos alaranjados. — Você quer que eu leve seu pedido de desculpas para Iwaizumi-san? — perguntou, distraído.

— Eu quero que Iwa-chan vá para o inferno. — Oikawa revirou os olhos, balançando a cabeça. — Ele já é bem grandinho para participar de planos assim, aquele idiota. — em seguida, encarou Tobio em advertência. — E não vai achando que, com essa conversa, deixamos de ser inimigos, Tobio-chan. Eu ainda sou melhor do que você, e não se esqueça da nossa última vitória em cima do Karasuno; vamos vencer de novo nas eliminatórias do Torneio de Primavera, e nós vamos aos nacionais. — frisou, convicto.

Kageyama imediatamente fechou a cara, percebendo que aquela era a “despedida” de Oikawa. Sendo assim, virou-se, já anotando mentalmente que treinaria em dobro nas próximas semanas.

Até que parou ante o último chamado de Oikawa.

— O que é? — dessa vez, sua voz saiu de má-vontade.

Os olhos de Tooru encaravam-no com um brilho severo, mas dava-se para notar uma certa ansiedade em sua postura.

De toda forma, não demorou para ele revelar o que queria saber:

— Foi o seu primeiro beijo? — perguntou, totalmente direto e, talvez, tentando transpassar um pouco de desinteresse (o que não conseguiu, é claro).

O moreno ficou totalmente sem-jeito. O rosto avermelhou-se em aturdimento, e ele abaixou a cabeça.

— Hum… — engoliu em seco. — É, foi sim. — concordou, em volume baixo.

O mais velho cerrou os dentes.

— Ai, mas que droga! — Oikawa praguejou, deixando toda a pose de “auto-controle” para trás. — Apenas eu devia ter todas as primeiras experiências com Iwa-chan! — frustrou-se.

Kageyama, por outro lado, não encarou a cena com muita surpresa.

Afinal, aquilo era, e sempre seria, uma coisa esperada do assustador, mas infantil, Oikawa Tooru.


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Notas finais do capítulo

O Oikawa é uma figura, aiai... Não tem como não amar, né? ♥
Bem, parece que agora tudo tá resolvido, bonito e certinho... mas ainda não acabou, CLARO :D Já teve comédia, vergonha-alheia e tristeza, mas ainda falta fazer valer à pena um gênero muuuuito importante que essa fanfic carrega: o Romance *-*
Iwaoi's, o próximo capítulo é pra vocês ♥

Até o próximo ♥



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