Garota ou Basquete? escrita por SS Saibot


Capítulo 4
Capítulo 3: Sobre intenções


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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— Será que seus pais vão gostar de mim?

Edward tirou os olhos brevemente da estrada para encarar a bela mulher ao seu lado. Isabella parecia ter ultrapassado o estado apreensivo e agora roía sua unha do polegar esquerdo. Ele riu, mas ela desviou os olhos da paisagem que transcorria rapidamente pela janela e lhe lançou um olhar estreito que o fez fechar a boca imediatamente. Ele apertou suavemente a coxa dela antes de voltar a pôr a mão no volante.

— Amor, eles te conhecem desde que você tinha dezesseis anos. Não é como se meus pais estivessem te vendo pela primeira vez.

— Mas agora é diferente, antes eu era apenas sua melhor amiga.

— E agora é a melhor namorada que eu poderia ter. — Ele pontuou, fazendo a curva com o carro e entrando na rua em que havia crescido.

Estava tudo do mesmo jeito que Edward lembrava, apesar de fazer um pouco mais de dois anos que não voltava para casa. Em suas últimas duas férias, sua mãe havia viajado para vê-lo.

— Não há necessidade em preocupar essa sua cabecinha linda com isso, certo? Minha mãe ama você, aposto que ela me jogaria numa lata de lixo sem pensar duas vezes se isso significasse te ter como filha.

— Você está dizendo isso para me deixar tranquila.

— Não — discordou ao estacionar o carro defronte a casa em que havia passado a maior parte de sua vida, virando para Isabella — Estou dizendo isso porque minha mãe falou que me trocaria por você quando foi aceita pela Universidade de Garden.

— De fato, é óbvio que sou uma filha melhor que você.

— Já vi que está relaxada o suficiente para se gabar, Swan.

Eles saíram do carro com Isabella rindo. Edward pegou a mala com as poucas roupas que haviam levado para passar dois dias em Detroit — de lá, pretendiam passar uma semana em Vegas — e a bolsa de sua namorada. Andaram de mãos dadas pela grama bem cuidada que fazia caminho para a residência dos Cullen. A casa, assim como todo resto, estava com os mesmos detalhes que Edward lembrava, com a exceção de que, após muito insistir, a matriarca da casa havia convencido o marido a dar um retoque na pintura verde-claro que já descascava após mais de dez anos com poucas manutenções. Ele particularmente havia gostado. Verde era sua cor favorita.

A casa em que havia crescido não era grande. Tinha dois andares e ele sabia que quando entrasse, encontraria a sala de estar com um mancebo atrás da porta — porque seu pai sempre deixava os casacos espalhados pela casa —, a mesa de centro feita de madeira avermelhada um pouco gasta, a televisão que era o único objeto que a família mantinha regularmente atualizado para assistir aos jogos de basquete; do outro lado, havia a cozinha pequena e aconchegante, onde sua mãe operava sua magia sobre os alimentos; no segundo andar, havia o quarto da bagunça, que servia para guardar todas às quinquilharias de seu pai, um pequeno escritório que ele costumava usar para fazer os deveres de casa na adolescência, um banheiro no fim do corredor e as duas suítes da família.

Contrariando alguns casos que já havia presenciado — como o de seu amigo Emmett, que sempre quisera ter um irmão —, Edward gostava de ser filho único. Tinha consciência de que seus pais não se sentiriam tão solitários se houvesse tido irmãos, mas ele sempre havia gostado de não ter que dividi-los.

Percebeu que estava encarando à casa durante muito tempo, mas a mão de Isabella não havia soltado a sua e a mulher também olhava para à residência de forma saudosa.

Ela e Edward tinham muitas lembranças naquele lugar também. Bella subindo na árvore que tinha um de seus galhos mais frágeis voltado para a janela do Cullen; Bella faturando o braço quando o galho quebrou; os dois deitados no telhado olhando milhares de estrelas no céu; Edward rolando por esse mesmo telhado e caindo de mais de dez metros de altura com um feio corte na testa provocado pela calha e uma concussão na cabeça; ambos jogando xadrez no chão do quarto dele; Bella entrando pela sua janela — que ele sempre “esquecia” aberta — para contar algum encontro fracassado; Edward muito puto quando descobriu uma traição da primeira namorada e Isabella tentando segurá-lo para não quebrar tudo aos socos; ele pedindo desculpas porque havia esquecido de buscar a melhor amiga para o baile — até hoje eles não sabiam como Edward havia conseguido a proeza de esquecer do baile — e Isabella estava quase duas semanas sem falar com ele por isso.

Eles sorriram um para o outro, cientes de que estavam pensando a mesma coisa, então continuaram caminhando.

A mãe de Edward parecia estar esperando atrás da porta, porque ele mal tocou a campainha e a mulher de densos cabelos castanhos e estatura mediana, surgiu rapidamente. O rosto de Esme Cullen brilhava de excitação.

— Olá, mãe.

Edward observou, embasbacado, sua mãe passar por ele e ir abraçar Isabella. As duas se cumprimentaram com sorrisinhos, beijos na face e entraram, deixando-o para trás. Bufando por ser estoicamente ignorado, ele as seguiu.

— Finalmente vocês chegaram, eu estava achando que ia enlouquecer aqui com sua mãe — disse uma voz rouca, baixa e exasperada.

Edward virou-se e encontrou o pai vindo dos fundos com um saco de hambúrgueres na mão. Sorriu e caminhou na direção do homem, dando-lhe um forte e reconfortante abraço.

Tinha bastante traços de sua mãe, como os olhos cor âmbar e o cabelo castanho, mas sua altura, bem como seu amor por basquete e sua teimosia, haviam sido heranças de Carlisle, um homem grande, forte e louro como um surfista havaiano.

Fora seu pai que o instigara para o caminho dos esportes. Juntos, passaram a maior parte da primeira e segunda infância de Edward tentando identificar uma prática esportiva com a qual o garoto de identificasse. Ele havia passado pelo hóquei, pelo futebol americano, pelo tênis de mesa e até canoagem. Quando completou doze anos, o pai o levou para assistir a um jogo de basquete amador na quadra do bairro, e foi então que Edward descobriu o que queria fazer. Não largou o basquete desde então.

O esporte, pouco a pouco, foi tomando um espaço fundamental na vida dele. Jogava quando estava triste, quando estava feliz, quando estava inspirado e quando estava se sentindo um merda. Quando entrou em uma quadra pela primeira vez — não como espectador, mas como jogador —, soube que nunca abandonaria aquela sensação boa que o dominava sempre que estava jogando.

— Ei, pai — cumprimentou.

— Como você está, filho?

— Poderia estar melhor se tivesse uma mãe que se importa comigo — falou alto o suficiente para que Esme, que estava na cozinha mostrando algo a Isabella, escutasse.

— Deixe de ser chorão, Edward! — gritou Bella em resposta.

Seu pai riu e abandonou o saco úmido com a carne sobre a mesa de centro. Edward franziu o cenho, certo de que sua mãe mataria o homem se visse aquela atrocidade. Acabaria órfão de sua parte paterna antes que o dia terminasse.

Pelo visto, a idade estava deixando seu pai mais corajoso — ou mais insensato —, porque ele sabia que sua mãe conseguia colocar muito medo em alguém. O velho estava praticamente desafiando as leis do universo.

— Dê algum crédito às duas. — falou enquanto Edward ainda encarava o saco de carne que já umedecia a madeira. Estava pronto para correr se sua mãe aparecesse. — Elas não se veem há um bom tempo.

Ele ainda estava um tanto carrancudo, mas seu pai o elogiou por sua performance com o último jogo e eles ingressaram numa conversa sobre técnicas, jogadas e sobre a próxima temporada. Ficaram um bom tempo conversando, então ouviram passos e seu pai, ligeiro, puxou os hambúrgueres para si e saiu da sala. Esperto.

Sua mãe finalmente parecia ter reparado que Isabella não viera sozinha, pois se aproximou dele, puxando-o para abraço. A cabeça de Esme mal alcançava o seu peito, mas o abraço de sua mãe ainda era um dos seus lugares favoritos para se estar. Beijou o topo da cabeça dela e a figura feminina se afastou, sorrindo.

— Vocês devem estar cansados da viagem. Subam logo. Eu dei um jeito no quarto de Edward. Daqui a pouco, servirei o almoço.

Eles obedeceram Esme e foram para o quarto. Isabella já entrou se desfazendo das roupas.

— Vou tomar um banho — avisou.

Edward olhou seu corpo parcialmente desnudo, ainda não totalmente acostumado com o privilégio de ver Isabella Swan sem roupas desfilando perto dele, mesmo que já fizesse pouco mais de um mês que estavam juntos.

— Não me avise se sua intenção não é que eu vá com você — rebateu, estreitando os olhos.

— Talvez, seja justamente essa a minha intenção, Cullen.

Apesar da provocação e de Isabella ter deixado à porta do banheiro convenientemente aberta, Edward não foi. Não por falta de vontade, mas porque dois segundos após colocar a bolsa de Isabella no pé da cama, seu pai o gritou do primeiro andar. Tinha que ajudar na churrasqueira.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ;).



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