Garota ou Basquete? escrita por SS Saibot


Capítulo 5
Capítulo 4: Sermão paterno


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Isabella e Edward haviam marcado de passar o almoço com a família dele, depois deram uma volta no quarteirão pela tarde — aproveitando o clima ameno — e reencontraram algumas pessoas com que haviam estudado no ensino médio e escolheram permanecer em Detroit, além do senhor e da senhora Clearwater, um casal de ingleses que havia partido para a América quando a família de Sue havia proibido seu casamento com Billy.

Eles sempre convidavam ambos para tomar chá e comer biscoitos religiosamente às cinco da tarde, embora negassem veementemente que sentiam falta dos costumes da Inglaterra.

Dessa vez, Edward e  Bella aceitaram. Sue arrumou com esmero a mesa branca de padrão intricado em formato de flores em sua varanda e lhes serviu uma generosa porção de deliciosos biscoitos de gengibre e leite, junto de chá de laranjeira posto em bonitas xícaras com direito a pires repleto de detalhes em azul que pareciam ser parte de um conjunto muito bem elaborado e caro.

Billy estava contando sobre sua vida, crescendo em Liverpool na década de 40, e Edward não pôde evitar encarar sua namorada enquanto ela escutava atentamente às palavras do homem.

Isabella tinha um brilho sonhador nos olhos e as bochechas coradas pela caminhada ao ar livre que fizeram. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo que já ficava desorganizado, então alguns fios ornavam seu belo rosto. Ela parecia avassaladoramente bonita, saudável e sexy como sempre.

A visão o atordoou por um instante e a constatação de que tudo aquilo era seu, fez um desejo crescente se acumular. Edward suspirou e levantou os olhos, encontrando os de Sue fixos nele. As orbes experientes tinham um esgar malicioso e ela sorria.

— Eu já sabia que vocês ficariam juntos desde que os vi lado a lado pela primeira vez. — admitiu, de repente. — Cuide bem de sua garota, Edward.

Ele assentiu e voltou a olhar para Isabella, que ria de alguma coisa que Billy havia dito. Ele cuidaria.

Depois do chá com Sue, eles voltaram de mãos dadas para casa dos pais de Edward. Estavam quase atrasados para o jantar na casa de Charlie e eles bem sabiam como o pai de Bella detestava atrasos.

Carlisle assistia um vídeo explicativo de truco na televisão e sequer prestou atenção quando passaram por ele; Esme havia saído para o mercado a fim de comprar os últimos ingredientes da torta de romã que faria no dia seguinte.

Edward foi diretamente para o banho, enquanto Isabella separava às roupas que vestiriam. Quando ele saiu do banheiro, ela quase o atropelou para entrar, soltando um palavrão muito criativo porque haviam deixado a hora passar. 

Ele não pôde evitar dar um beijo naquela boca esperta e um tapa na bunda dela, que reagiu colando o corpo ao dele. Quando se separaram, estavam ofegantes.

Edward se vestiu rapidamente, agradecendo por ter cortado o cabelo. Estava ligeiramente incomodado com sua barba que crescia, mas Isabella havia confessado que o achava bastante charmoso com a barba grande, então ele estava seguindo na árdua tarefa de deixá-la crescer.

O que não fazia por sua garota?

Minutos depois, Isabella saiu do banheiro seminua e Edward arregalou os olhos quando viu o que ela estava vestindo.

— Como você espera que eu me concentre sabendo que você está usando isso — Apontou o conjunto de renda transparente que ela usava — no jantar?

Bella riu, deslizando para dentro da calça jeans apertada que deixava sua bunda particularmente muito atrativa e pondo sua blusa com estampa do AC/DC. Ela se aproximou e deu um beijo rápido contra os lábios dele, as mãos deslizaram para os bolsos de sua calça e as dele para a calça dela. Sem se conter, deu um aperto em seu traseiro.

— Bom saber que não serei a única com problemas de concentração, Cullen.

Eles se beijaram mais uma vez antes de correr para o carro.

Charlie Swan era a excentricidade em pessoa se alguém, um dia, perguntasse a Edward como definir seu sogro. Era o tipo de homem que colecionava tampas de garrafa de cerveja, tomava vodka às seis da manhã e colocava um rock pesado nos finais de semana.

Pelo menos uma vez no mês, a polícia batia em sua porta, pedindo por silêncio. Os policiais já até o chamavam por apelido e, por vezes, participavam das festas promovidas por ele. Foi com a ajuda de Charlie que Edward havia perdido a virgindade, inclusive.

Louco, carismático, pegador e um amante de música e lutas, de qualquer tipo. Alto, com a largura de um armário de duas portas e mãos de aparência grotesca, parecia o tipo de cara de quem você corre se ver na esquina às duas da manhã.

Não era uma surpresa que Isabella fosse do jeito que era. Se não houvesse conhecido a mãe dela, que a visitava uma vez por ano desde que tinha sete anos — idade em que Renée se separou de Charlie e caiu na estrada com uma trupe de motoqueiros de Connecticut —, Edward podia achar que sua namorada era uma cópia fiel de seu pai, mas ela tinha bastante coisa de sua mãe também; os olhos verdes, o jeito espontâneo, o sorriso encantador e uma tendência a gritar. De Charlie, herdou o pragmatismo, o dom de manipular as pessoas para atender aos seus desejos, o amor por lutas e os cabelos castanhos ondulados.

Por sorte de Edward, embora um pouco doido, Charlie cozinhava bem, então conseguiram degustar de um jantar muito apetitoso, enquanto o homem contava sobre as evoluções de seu estúdio no centro onde ensinava artes marciais — ele atendia quatro turmas com vagas esgotadas agora.

Quando o jantar acabou, Isabella ficou na mesa devorando os últimos resquícios da torta de morango e Edward foi ajudar à lavar a louça. Charlie lavava e ele secava.

Edward já havia se preparado para algum sermão paterno durante o jantar e não se surpreendeu quando o mesmo veio assim que Charlie fechou a torneira.

— Sabe, Edward, depois de Renée, eu nunca mais me comprometi seriamente com ninguém. Você sabe disso, não é?

Edward jogou o pano de prato por cima do ombro, encostando o quadril contra o balcão da cozinha e assentiu.

— E você sabe o por quê de eu nunca ter me envolvido com mais ninguém, Cullen?

— Por que você ainda ama Renée? — opinou.

— Amar aquela praga? — Charlie fez uma careta. — Deus me livre.

Edward teve que apertar os lábios para não rir.

— Então...

— Não me comprometi com mais ninguém porque sei que não tenho capacidade de me relacionar sem machucar uma pessoa de que poderia vir a gostar. — falou, também encostando no balcão — Meu pai foi uma pessoa muito ruim. Antes de vir para Detroit e morrer, ele costumava participar de movimentos relacionados a Ku Klux Klan, sabia? Ele odiava a ideia de miscigenação e qualquer pessoa que fugisse dos padrões dele. Então, eu conheci Renée, uma porto-riquenha, e me apaixonei imediatamente, antes de descobrir que ela era uma hipócrita, é claro. Meu pai ficou louco, dizia que eu era a vergonha da família. Me deserdou pouco antes de ficar doente. Como se eu fosse querer aquela espelunca que ele chamava de casa em Long Island.  Ele morreu sem ver a neta linda que teve. Mas, fiquei feliz por não ter visto que, embora um machista de merda, ele estava certo com relação a Renée.

— Que horrível!

— É — concordou, balançando a cabeça — Eu nunca mais criei esperanças com ninguém de Porto Rico depois dela.

— Estou falando do seu pai e todo o machismo e racismo dele.

— É, isso também. Mas, o que quero dizer mesmo é que, durante toda a vida de Caius Swan, só lembro de uma coisa que ele costumava dizer. Ele falava que existem dois tipos de homem no mundo: os que não sabem lidar com uma mulher e os que fingem que sabem. Eventualmente, você vai acabar magoando alguma. Como homem, sou obrigado a dizer que entendo, mas como pai de uma garota, preciso dizer que se você machucar minha filha, vou ser obrigado a te dar uma surra.

Edward arregalou os olhos para a expressão séria de Charlie.

— Eu nunca machucaria Isabella, Charlie. Eu a amo mais que tudo.

— Eu espero que isso seja verdade, Cullen, porque se você magoar Isabella... — Fez um gesto, mostrando o punho.

— Pai! — Isabella surgiu na cozinha com os braços cruzados — Para de assustar o Edward. Você não é ciumento, lembra?

Charlie riu, avançando para a filha e passando o braço sobre o ombro dela.

— Eu sei, mas a cara dele foi impagável. Faz nove anos que conheço esse moleque e ele continua com cara de bobão.

— Pai! — frisou Bella.

— Okay, okay. — Charlie levantou as mãos em rendição — Já parei. Nossa, quanta sensibilidade.

 


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Notas finais do capítulo

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