Atualmente

Edward não conseguia acreditar no que os seus olhos viam. Michael Newton estava mesmo beijando Isabella, a garota dele?

Por um momento, olhou a cena embasbacado, sem conseguir se mover. A mulher estava imóvel e os braços pareciam colados na lateral de seu corpo, os olhos ainda abertos e surpresos.

Edward conseguia enxergar todas aquelas expressões de Isabella porque, mesmo com a distância, a conhecia muito bem, mais do que a ele próprio, e sabia que aquele imbecil a tinha beijado à força.

Antes que ele pudesse avançar para socar a cara daquele merda, Isabella fez isso por ele. Ela afastou Michael com um empurrão e deu um gancho de direita em seu queixo que teria deixado Charlie, seu pai e professor de artes marciais, orgulhoso.

Edward sentia vontade de beijá-la naquele momento, mas ainda via vermelho de ódio. Aproximou-se da cena que todos observavam e puxou Isabella, que estava quase dando um chute nas partes baixas do Newton, pela cintura. Ele queria muito socá-lo até que aquele bastardo aprendesse a não beijar garotas sem autorização expressa, mas ele ainda era seu colega de time e sabia que não conseguiria ter dinâmica de equipe com Michael se pusesse para fora toda a raiva que tinha, além disso, Bella já havia nocauteado o infeliz e Edward sabia que ela ficaria muito puta com ele por achar que ela não sabia se defender sozinha, isso sem falar que com certeza havia pessoas gravando a briga e ela, depois de ficar muito puta com ele, o mataria por denegrir a própria imagem saindo aos socos com um jogador de seu próprio time.

Edward segurou firmemente a mulher que ainda se debatia um pouco em seus braços e a levou para a cozinha da casa de James, o patrocinador que estava oferecendo a festa naquela noite.

Ele a sentou num dos bancos de madeira alta e preparou um copo de água com gelo para Isabella, sentindo que a raiva havia expulsado o álcool de seu sistema, pois estava se sentindo infinitamente sóbrio.

— Eu vou matar o Newtt — Ela murmurava a todo instante, mais ou menos a cada gole de água que ingeria.

— Eu posso fazer isso por você — Ele se ofereceu em tom esperançoso. Se Isabella permitisse, foda-se a harmonia do time, Edward garantiria que Michael não tivesse lábios para beijar mais ninguém ou pernas para andar sozinho.

Isabella levantou os olhos para ele, olhando-o de forma rígida.

— Não podia, não. Sou bem grandinha para lidar com meus próprios problemas. Além do mais, isso iria causar muito tumulto na internet, as pessoas poderiam distorcer informações e até esclarecermos tudo... — bufou — Não quero ninguém dizendo que dois jogadores do Hunter caíram na porrada por causa de uma simples fisioterapeuta.

Edward pegou uma vasilha de petiscos com queijo que estava sobre a bancada e empurrou na direção dela.

— Coma — pediu, roubando o copo com a água que ela bebera para si e ingerindo, ele mesmo, um longo gole.

Ele sabia que comer sempre melhorava o estado de espírito dela. Observou atentamente enquanto Isabella puxava o recipiente para si e começava a mastigar. Ele estava pronto para debater, mas precisava que ela estivesse com a boca ocupada para não gritar com ele.

— Nada de simples isso ou simples aquilo, Isabella. — rebateu — Você é muito importante para mim e de forma alguma isso vai ficar assim. Michael terá sua consequência. Ele não pode sair por aí agindo como um babaca e achar que vai ficar por isso mesmo. 

— Meu soco não foi o suficiente para você? — A morena indagou de boca cheia.

— Foi um belo soco — Ele admitiu —, mas ainda assim...

Isabella interrompeu sua fala segurando em sua mão que estava por cima do balcão. Edward entrelaçou seus dedos ao dela, sentindo aquele calor tão agradável que já lhe era familiar, e beijou sua pele no ponto em que estava vermelho devido ao golpe desferido. Isabella era uma mulher tão forte!

Edward não se surpreendia que seu coração houvesse escolhido ela para amar. Mesmo que fosse rejeitado, nunca se arrependeria de amá-la para sempre.

— Não se preocupe comigo, Cullen. Eu sei o meu valor. Porém, nem você pode negar que ser um jogador do Hunter vale muito mais. É meio óbvio e indiscutível.

Ele abriu a boca para discutir que, definitivamente, ela valia muito mais que sua posição no time, mas Isabella o interrompeu, pondo a mão na sua boca e sorrindo.

— Agora chega de discussão, por que você não me leva para longe daqui, hum? Quero te contar uma coisa.

Edward mordeu o dedo mindinho dela quando sua mão estava se afastando de sua boca e Isabella soltou um gritinho, dando um tapa fraco no ombro dele.

— Vamos, mas antes, temos que cuidar da sua mão.

O gelo havia acabado, mas Edward pegou uma lata de soda congelada e colocou sobre os nós feridos dos dedos dela.

Ansioso para saber o que Isabella queria falar e tendo a certeza de que não poderia ser mais impactante do que o que ele mesmo tinha a dizer, seguiram para fora poucos minutos depois, na direção da festa. Não esbarraram em Michael no caminho, o que o outro deveria agradecer, mas várias pessoas cumprimentaram a moça pelo seu soco enquanto seguiam para o exterior da casa.

Juntos, entraram na picape de Edward e dirigiram a esmo pelas ruas durante algum tempo. Isabella havia dito que não queria voltar para o hotel onde o time e a equipe estavam hospedados, então acionaram o GPS do carro e alguns minutos depois, pararam na fila de um drive-thru.

Nenhum dos dois havia jantado, mas estavam morrendo de fome, igual a maior parte de Los Angeles, que parecia ter ficado faminta e ido para um mesmo estabelecimento naquela noite.

A fila estava imensa e Edward batucava ao ritmo de welcome to the jungle no volante, pensando no que Isabella poderia querer contar a ele. Será que ela iria pedir demissão? Havia surgido uma oportunidade de emprego melhor? Estava namorando e por isso deu um soco na cara de Newtt quando ele a beijou? Estava grávida de algum idiota? Viajaria?

Parecendo saber o que a mente do amigo maquinava, Isabella abaixou o volume do som e virou-se para ele no banco. Ela estava muito séria.

— Preciso te dizer uma coisa — falou em voz baixa e trêmula.

Isabella não costumava ser tímida ou ficar nervosa à toa, então seu tom logo o deixou em alerta. Ela iria casar, certeza.

— Eu também tenho uma coisa para te contar. — Edward confessou.

Ela franziu a testa.

— Você fala primeiro.

— Primeiro às damas.

— Prefiro que você fale.

— Não, você fala primeiro.

Suspiraram pelo embate idiota, sorrindo um para o outro.

— Vamos falar juntos, tudo bem? — Bella sugeriu, tirando as mãos de Edward do volante e segurando entre as suas. Ele reparou que as dela também estavam úmidas — No três, okay? Um, dois, três...

Torcendo para que ela não dissesse que iria se casar, como num desses filmes românticos clichês, Edward resolveu falar antes que perdesse a coragem.

— Isabella, eu amo você.

— Edward, eu te amo.

Um momento de silêncio se passou enquanto ambos tentavam entender o que o outro havia falado, então disseram novamente, em uníssono:

 — O quê?