Garota ou Basquete? escrita por SS Saibot


Capítulo 2
Capítulo 1: O Pacote Completo


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801053/chapter/2

Algumas horas antes

 

— E aqui temos conosco o garoto prodígio do Hunter, Edward Cullen — disse a jornalista em tom de voz animado ao perceber a figura atlética e atrativa se aproximar na intenção de ir para o vestiário. Apressou-se, sinalizando para que o câmera man a acompanhasse — Edward, Edward, poderia trocar uma palavra conosco, por favor?

O homem se aproximou, sorrindo. Ainda estava eufórico com a vitória de seu time, mal conseguia acreditar, e encontrava-se tão emocionado que não sabia se conseguiria falar através do bolo que estava ainda tenro em sua garganta. Passando a mão pelos cabelos suados, tentando não aparecer tão desgrenhado na televisão, acenou com entusiasmo para a câmera do jornal local e postou-se ao lado da jornalista., oferecendo seu sorriso desinibido

— Edward Cullen é o primeiro jogador da temporada a jogar e vencer doze jogos consecutivos no campeonato interestadual. Joga para o Hunter há dez meses e desde sua entrada, o time tem mostrado resultados verdadeiramente impressionantes.

Edward sentiu a pele de seu rosto corar. Não importa por quanto tempo ele jogasse como profissional, sempre se sentiria como aquele garoto de dezesseis anos que jogava com o pai no pequeno quintal que eles tinham atrás da casa onde ele havia crescido ou com os amigos de escola, por diversão, numa quadra de cesta sem rede em Detroit, no fim da tarde

— Tendo apenas 24 anos, como é lidar com o seu time disparando na preferência dos torcedores dessa maneira?

— É sempre gratificante, eu não posso negar — respondeu com sinceridade — Sempre almejei o que tenho hoje e também sempre lutei pelos meus ideais e fico feliz ao ver onde eles me trouxeram. Além disso, com vinte e quatro anos, não sou mais tão jovem. Estou quase um sênior para o mundo dos esportes — brincou.

A jornalista riu.

— Sua modéstia é impressionante, Edward. — elogiou e voltou a olhar para a câmera — E agora, a pergunta que não quer calar: Edward, qual é a sensação de vencer seu segundo campeonato interestadual com dois times diferentes? No ano passado, sabemos que levou a vitória diretamente para os Lakers com uma pontuação disparada, o que incrivelmente também aconteceu aqui nessa noite. Duas vezes não pode ser sorte. Basta ser um prodígio do basquete ou você tem algum segredinho para encaminhar seus parceiros de equipe para o caminho certo?

— Bom, acredito apenas que, por ter adquirido técnicas diferentes ao longo da vida, jogando com alguns times de minha cidade local de forma amadora, pude ter uma maior desenvoltura e repassar esse conhecimento aos meus colegas de time, mas de forma alguma me considero um prodígio e preciso dizer aos telespectadores e a todos os adolescentes que sonham em um dia estar jogando nas quadras do mundo também, que não existem prodígios no mundo do basquete.

Ele olhou diretamente para a câmera ao dizer as seguintes palavras:

— Não existem prodígios quando há quedas e lesões na musculatura e, definitivamente, não há prodígios que consigam sobreviver a isso aqui sem dois elementos essenciais: disciplina e vontade de dar sempre o seu melhor, dentro e fora da quadra. A vitória do Hunter foi exclusivamente devido a muita determinação e harmonia. Eu só tive sorte de estar em dois bons times concentrados em seu objetivo.

Edward sorriu mais uma vez e citou os torcedores do Hunter, agradecendo-os pelo apoio, antes da própria jornalista agradecê-lo por falar.

Entrou no vestiário ainda sentindo que poderia estar pisando em nuvens. Estava exausto, mas sabia que nem na melhor cama conseguiria dormir com aquele nível de excitação que sentia. Sua pele ainda estava arrepiada com a adrenalina.

Seus colegas de equipe, e amigos nas horas vagas, estavam também no mesmo estado que ele. Emmett Jenks ou EJ, como costumavam o chamar, já havia tirado a garrafa de vodka do armário e estava ingerindo o álcool direto da fonte, enquanto fechava os olhos de êxtase. Edward entendia. Foram mais de dois meses sem ingerir uma única gota de álcool, por causa da retenção de líquidos, enquanto se preparavam para os jogos.

A equipe havia escondido aquela garrafa do treinador desde o primeiro dia em que foram avisados das regras. Em uma brincadeira meses antes, eles tinham prometido que se não conseguissem vencer o campeonato, passariam um ano sem beber. Sempre que se sentiam desmotivados, cada um olhava de relance para a garrafa e aquilo era uma motivação e tanto.

Edward riu e seguiu para a outra parte movimentada do vestiário, onde os jogadores estavam recebendo seu atendimento após o jogo. Haviam duas fisioterapeutas na ala, mas só uma interessava a ele, então esperou que Isabella terminasse a avaliação de Jasper e seguiu para a mulher, arrancando a camisa no processo e se deitando na maca.

Ele ergueu os olhos e viu que a fisioterapeuta sorria, não seu costumeiro sorriso irônico, mas o verdadeiro sorriso. Um que estendia completamente seus cheios lábios avermelhados, tornava seus brilhantes olhos pequenos e fazia o coração dele acelerar, além de provocar uma palpitação muito estranha, mas totalmente compreensível, no estômago dele.

Edward e Isabella haviam se conhecido no ensino médio, onde desempenhavam papéis bastante semelhantes. Ela era a garota gostosa e encrenqueira que jogava no time de lacrosse e todo mundo achava ser lésbica. Ele era o garoto encrenqueiro que jogava basquete e havia tentado azarar a garota duas vezes, até que percebeu que suas tentativas não passariam disso, então tornaram-se amigos inseparáveis. Pelo menos, até que o ensino médio acabou e Isabella quis fazer faculdade em Nova Iorque.

Em contrapartida, ele havia sido contatado por um time da cidade vizinha a que moravam e estava ansioso para obter alguma experiência fora do time da escola antes de entrar em uma Universidade, mas também estava muito disposto a ir atrás dela como o amigo fiel que era — Edward estava surtando só de imaginar a garota achando algum nova iorquino egocêntrico que quisesse usurpar seu lugar e, além disso, ele tinha certeza que não conseguiria ganhar um único jogo de basquete se não tivesse a garota por perto para chutar a bunda dele e dar-lhe belas ordens de incentivo —, mas Isabella não havia deixado. Ela estava convencida de que Edward a culparia depois, se perdesse a ótima oportunidade que estava tendo, então haviam combinado de manter contato e cada um seguiu seu caminho.

Costumavam se encontrar algumas vezes no ano, quando Edward passava por Nova Iorque para visitar Bella, e se falavam com regularidade, de forma que ele havia conhecido todos os namorados dela e ela, todas as namoradas dele. De qualquer maneira, com sua rotina louca no esporte, ele só tivera duas namoradas por um período longo e Bella, totalmente concentrada nos estudos e depois na pós-graduação para se tornar fisioterapeuta, somente um.

Quando ele foi contratado pelo Hunter, não hesitou em colocá-la na equipe auxiliar de cuidados médicos do time.

Isabella era muito boa no que fazia e tê-la por perto, depois de todo aquele tempo tentando lidar com a saudade que sentia da mulher, estava sendo horrível. Ela era sua parceira de festas, nas besteiras que faziam, nos momentos de nervoso e tristeza.

Sempre apoiavam um ao outro, especialmente porque Edward sempre havia sido um pouco irresponsável demais, enquanto Isabella costumava ser aquela que puxava seus pés para o chão. Havia sido ela a aconselhar sua mudança de time para o atual. Para Edward, era quase como ter uma esposa, só que sem a parte do sexo.

— Estou tão orgulhosa de você, Cullen — Ela disse baixinho com um tom de reverência que aqueceu o coração dele.

Edward percebeu que toda a euforia que havia sentido lá fora, ao ganhar, não teria servido de absolutamente nada se não pudesse ouvir aquelas palavras de Isabella. Saber que ela o admirava era alcançar uma vitória que era invisível para o restante do mundo e reservado somente a ele.

— Eu sabia que uma hora uma outra valeria a pena ter te aturado — A mulher completou, demonstrando seu sorriso torto debochado.

Edward riu. A Isabella que conhecia estava de volta. Era uma sorte que ele se sentisse a vontade com todas as versões dela; eram muitas.

— Não fale assim que eu posso começar a chorar.

— Eu já vi você chorando, Cullen, não me faça ficar traumatizada com todo aquele muco novamente.

Ele riu e observou enquanto ela se afastava para pegar algo em um compartimento ao lado de onde estava deitado. Isabella voltou com uma compressa de gelo e começou a aplicar em sua coxa direita, onde havia um hematoma bastante grande provocado por uma queda na quadra.

Ela massageou a região durante oito minutos cronometrados e deu uma pausa de três minutos a região, aproveitando o tempo para aplicar uma pomada no tórax de Edward e trabalhar na área. Quando os minutos se passaram, ela voltou a pôr a compressa de gelo na coxa dele e, dessa vez, pediu que ele fizesse alguns movimentos com o músculo para que sua circulação sanguínea fluísse com mais rapidez pela área.

Continuaram esse processo em silêncio e Isabella estava muito séria agora, concentrada em sua tarefa. Edward suprimiu a vontade  de endireitar uma mecha do cabelo dela que havia escapado de seu rabo de cavalo e  fechou os olhos, deixando que a figura feminina cuidasse dele.

Edward diria que amava Isabella aquela noite. Não podia passar daquele dia.

O momento era perfeito. Tinha acabado de ganhar o campeonato estadual, então ambos teriam algum tempo de descanso; poderiam viajar para algum lugar a escolha dela ou irem para Detroit ver suas famílias.

Claro que estava apreensivo e sempre havia a possibilidade de Isabella fazer o que há fizera na adolescência: dar um fora nele. Todavia, ele tinha que arriscar como sempre fazia quando estava em jogo: era perder ou ganhar e ele torcia para que saísse com sua garota no final.

Sempre havia amado Isabella, mas tinha consciência que que antes não estavam em um bom momento para se declarar. No ensino médio, era um tanto pervertido com qualquer par de seios, então ela nunca acreditaria que ele podia querer algo sério com ela. Quando amadureceu um pouco mais e percebeu que sua melhor amiga era o amor de sua vida, havia a distância, os estudos de Bella e sua carreira no basquete.

Todos aqueles momentos o haviam levado até ali, irremediavelmente apaixonado por aquela mulher magnífica.

Isabella não era só linda. Ela era inteligente, divertida, bem-humorada e, principalmente, já vira o pior dele, chorando, bêbado e deplorável dentro de uma banheira quando perdeu um jogo decisivo em Atlanta.

Torcia para que Isabella percebesse que ele já não era aquele garoto tão imaturo e pegador do passado, que ele a queria e que a amava tanto, que quase doía fisicamente.

Vinha pensando naquilo há bastante tempo. Na verdade, se parasse para pensar, talvez pensasse naquilo desde que a conhecera. A única coisa que ele sabia era que o pensamento já estava tão profundamente enraizado, que era difícil isolar o período de sua vida em que não estivera apaixonado por ela. 

Queria construir uma família com Isabella. Algo como o que seus pais tinham. Queria o pacote completo: a casa com jardim nos fundos, os estresses, o amor, os filhos parecidos demais com ele, mas com o temperamento dela para deixá-lo de cabelos em pé. Ele a queria.

Queria sua insegurança com o tamanho do próprio traseiro, que era estupidamente sensual em todos os ângulos; queria sua mania de falar gritando quando estava estressada e seus ataques de risos quando ficava com sono. Queria o seu bom dia e o seu boa noite.

Edward percebeu que havia cochilado quando sentiu alguém cutucar suas costelas. Abriu os olhos e encontrou uma imensidão verde acima de si.

— Hora de tomar um banho e limpar todo esse suor, Cullen. Eu terminei com você e quase todo mundo já saiu. Terá uma festa na casa de um dos patrocinadores e todo mundo está indo.

— Você vai? — indagou como quem não quer nada.

 

Aquilo não estava nos planos dele. Pretendia chamá-la para jantar ou ir dar uma volta para conhecerem a cidade. Era uma tradição deles fazer um tour nas cidades sedes de jogos. Mas, se ela queria beber...Bem, ele talvez precisasse mesmo de um pouco de coragem líquida para olhar nos olhos de Isabella Swan e dizer que estava apaixonado e tinha criado culhões.

— Preciso beber alguma coisa urgentemente, Cullen. Vamos lá. Vou me arrumar e te espero em quinze minutos lá na frente. Não se atrase ou te deixo sozinho.

Isabella piscou para ele e se afastou.

Edward deixou sua cabeça cair contra a maca novamente e praguejou. Aquela mulher ainda o deixaria à base de remédios controlados.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ❤️.

Um beijo enorme >>>



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Garota ou Basquete?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.