Prólogo 

— Vai, vai, vai, vai!

A multidão ecoava um barulho ensurdecedor e quase preocupante para a audição, mas Edward pouco se importava com isso ou com a cacofonia que o rodeava.

Já estava excitado o suficiente com a bebida para se sentir a vontade com toda a algazarra e, no momento, sua tarefa mais importante era conseguir terminar de beber um litro inteiro de cerveja dois segundos antes de sua adversária, que sempre o ganhava por aquela margem de erro.

Podia sentir sua garganta ardendo com a temperatura do líquido. Naquela velocidade, beber e respirar começava a ficar difícil. Meses sem praticar o tornaram aquele perdedor que perdia o fôlego com um litro de cerveja.

Sentia a espuma roçando a parte de cima de seus lábios e seu estômago era um mar de líquido e algumas batatas fritas ensacadas que havia comido ao chegar na casa no lobby do hotel,boiando. Sentiu até vontade de vomitar, depois de semanas tendo em seu cardápio apenas alimentos selecionados e água com gás. Sua nutricionista o mataria se o visse naquela situação, mas o lado bom era que Diana havia tirado folga mais cedo para voltar a família; longe dos olhos, longe do coração, não era isso que diziam?

Então, de repente, a sensação acabou, ele tirou a grande caneca dos lábios quase feliz com sua performance e bem a tempo de ver a mulher voluptuosa se virar em sua direção com um sorriso brilhante.

Ela tinha um bigode de espuma branca sobre os lábios avermelhados de forma mais enfática pela imensa carga do líquido gelado e enquanto o estômago de Edward fazia um irritante shack, shack, ele teve a estranha impressão de que queria muito beijar aquela mulher. Tirar aquela merda de espuma branca com a própria boca. Depois, lembrou que havia perdido novamente para ela e gemeu, fechando a cara.

Oh, droga!

— Você bebe como um maricas, Cullen — zombou a garota, pondo sua caneca com um baque vitorioso sobre a mesa de sinuca, ao mesmo tempo em que fazia um cumprimento de mãos com Jasper, o cara responsável pelas apostas.

Edward fez um gesto ofensivo para Isabella Swan, enquanto via todos distribuírem tapinhas orgulhosos nas costas dela, ao qual ela apenas retribuiu com uma gargalhada. Quando viu que o amigo estava realmente sério, ela se aproximou dele quase pulando, sem disfarçar em nada a euforia por ter vencido a fim de fazê-lo se sentir melhor, e ficou tão próxima que ele sentiu o cheiro de frutas cítricas que era característico dela, o invadir.

Quando ela apertou as bochechas dele como se ele fosse um bebê emburrado, Edward bufou. Mesmo perdendo para Isabella na disputa da cerveja, não conseguia ficar com raiva dela por muito tempo.

Aquilo não era um segredo para ninguém. Aquela garota o tirava do sério ao mesmo tempo em que o fazia ter vontade de dar o mundo inteiro naquelas mãos.

Levou o braço até os ombros dela e a puxou para si de forma desajeitada, meio que sufocando a figura pequena contra o seu torso. Mesmo assim, Isabella não reclamou, suas mãos seguravam os bíceps de Edward por cima da camisa do time e ela logo deslizou os braços para a cintura dele. Ficaram ali por um tempo, bêbados como gambás.

Depois do que pareceram horas no relógio mental dos dois embriagados, mas que provavelmente não passaram de alguns minutos, Isabella, que tinha um grande problema em ficar parada no mesmo lugar por muito tempo, começou a balançá-los de um lado para o outro em algum tipo desajeitado de dança que não tinha um ritmo definido. Tocava James Brown, mas eles pareciam estar em sintonia com algo como Beethoven. Lentos como cágados no deserto.

— Você nunca vai me ganhar, Cullen. Desista. — Ela debochou com a voz abafada pelo corpo dele. Não esqueceria aquilo tão cedo.

Ele riu, sabendo que teria que aguentar a provocação por um longo tempo, especialmente porque havia sido ele a desafiá-la e Isabella Swan nunca recusava um desafio. Na verdade, encaixar qualquer coisa inescrupulosa e o verbo desafiar com sua conjugação na primeira pessoa do singular era como atiçá-la. Acontece que, Edward esquecia detalhes como esse quando estavam bêbados e, achando realmente incrível toda aquela prepotência, embora fizesse bastante tempo que ele estava acostumado com ela, estalou a língua com desgosto.

— Desistir não está no meu sangue — recitou como se fosse um lema exclusivamente seu — Eu sou um Hunter, esqueceu?

— Bom, se gosta de ser humilhado — O corpo feminino deu de ombros contra seu peitoral e Edward sentiu a vibração do riso dela em seu estômago — Pelo menos, não pode avisar que eu não tentei poupá-lo do fracasso.

Edward a afastou um pouco de si para observar os intensos olhos verdes enevoados pelo álcool e, antes que a mulher pudesse se afastar, bagunçou os longos e escuros cabelos dela, que naquela noite estavam soltos, ondulando até a altura de sua fina cintura, coberta pela camiseta dois ou três números maior que o seu com os dizeres ‘”Seu pênis não é milagroso!” destacados em itálico.

— Merda, Edward, qual o seu problema? — Ela questionou, tirando os fios de cabelo da frente dos olhos e o fulminando com um olhar que poderia matá-lo se ele estivesse levando a reclamação dela a sério.

Antes, porém que pudesse responder com uma frase muito provocativa típica de um bêbado, alguém ou algo, passou como um furacão por eles, puxando Isabella pelo braço e arrancando o corpo frágil de si.

— É a nossa música, Swan, vamos dançar!

Michael Newton ou Newtt, como eles gostavam de chamá-lo, havia arrastado uma Isabella muito bêbada para a pista de dança improvisada e Edward os observou com um sorriso enquanto ambos começavam alguns passos coreografados — com direito até a movimentos de robô — de Crazy in Love. De fato, a dança era tão empolgante que, em pouco tempo, todo o pessoal da festa os acompanhava.

Edward balançou a cabeça, preparando-se para ir pegar mais bebida e terminar de assistir aquele pequeno show quando escutou um barulho de surpresa coletivo. Virou-se e, sem acreditar, viu Michael Newton — ou o que sobraria dele depois que ele o enchesse de porrada —, beijando Isabella Swan.