Rochas Negras escrita por Zretsim


Capítulo 3
O Alquimista


Notas iniciais do capítulo

Há uma série chamada Enrolados Outra Vez. Ela tinha um potencial incrível, mas não foi utilizado. Por isso, decidi escrever este livro. Caso alguém tenha assistido a série, perceberá que o primeiro capítulo é fortemente baseado no início da série, que o segundo, é fracamente baseado no início da série e, a partir do terceiro, o enredo segue outro rumo. Por isso, vou publicar os três primeiros capítulos de uma vez. Provavelmente, publicarei os próximos de segunda a sexta.
Vale ressaltar que a arte na capa do livro não é de minha autoria.



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Uma semana após a coroação, os reis, a princesa e Eugene estavam tomando café da manhã ao sul da área externa do castelo. Era comum os reis comerem perto do jardim, pelo menos durante o dia. Eugene só estava com eles porque a princesa insistia para ele participar também. Geralmente, Rapunzel e Eugene não almoçavam juntos por causa dos afazeres dele como membro da guarda. Eugene não estava usando a vestimenta padrão dos guardas, estava com a roupa que usou no dia em que conheceu Rapunzel. Rapunzel estava com seu vestido rosa, como de costume e Pascal estava em seu ombro esquerdo.

— Pai. – disse Rapunzel com um sorriso forçado.

— Sim? – perguntou o rei Frederic enquanto comia.

— Agora que meu cabelo voltou, acredito que é seguro eu sair do castelo algumas vezes sem os guardas. – disse Rapunzel ainda com o sorriso forçado.

O rei a encarou por um momento e disse:

— Concordo.

Eugene arregalou os olhos, estava surpreso com a atitude do rei.

— Mas, lembre-se: você não pode passar dos muros. – disse o rei voltando os olhos para a comida.

— Não pode passar dos muros? – pensou Eugene.

Todos na mesa continuaram comendo. Após um curto período de silêncio, a rainha encostou o cotovelo direito no braço esquerdo do rei.

— Ah, Eugene. – disse o rei com um sorriso falso.

Eugene estava levando o garfo a boca e parou imediatamente com o chamado.

— Sim, majestade? – perguntou Eugene levando o garfo ao prato.

— Não precisa de formalidades, pode me chamar de Frederic. Além disso, obrigado por me salvar. – disse o rei com um sorriso falso.

Logo após o café da manhã, Rapunzel e Eugene foram ao quarto dela.

— O que deu no seu pai? Chamar ele pelo nome? Obrigado por me salvar? – perguntou Eugene pensativo.

— Acho que ele só falou aquilo por causa da minha mãe. Não percebeu que ele estava falando uma coisa e expressando outra? – perguntou Rapunzel enquanto sentava na cama.

— Ele estava fingindo?! – perguntou Eugene muito surpreso.

— É, meio que estava. – afirmou Rapunzel enquanto sorria.

— Era bom demais para ser verdade! – disse Eugene levando as mão à cabeça.

Rapunzel riu.

Cassandra entrou no quarto, estava com sua roupa habitual, aquela que usou na noite em que saiu do reino com Rapunzel.

— Ah, você. – disseram Cassandra e Eugene, simultaneamente, com tom de desprezo.

— Raps, posso falar com você? – perguntou Cassandra encarando Eugene.

— Claro. – respondeu Rapunzel olhando para Cassandra.

— A sós. – disse Cassandra ainda encarando Eugene.

Rapunzel ficou alternando os olhos entre a amiga o namorado até que Eugene revirou os olhos e saiu do quarto.

— Até mais, Loirinha. – disse Eugene na saída do quarto.

— Sinto muito. – disse Rapunzel com um tom triste.

— Raps, sei como podemos descobrir mais sobre seu cabelo. – disse Cassandra muito empolgada.

— Cass, eu estou proibida de sair do reino e não quero ter que sair escondida. – disse Rapunzel olhando para a varanda.

— Eu sei, eu sei. Tenho um amigo que pode ajudar, ele vive na Velha Corona. – disse Cassandra ainda empolgada.

— Amigo? Eu não estou falando por mal, Cass, mas… Você tem um amigo? – perguntou Rapunzel um pouco surpresa.

— Engraçadinha. Você está passando tempo demais com o Rider. – disse Cassandra fitando Rapunzel com os olhos.

— Estou falando sério. Você nunca me falou de amigo nenhum. – disse Rapunzel em tom sério.

Cassandra ficou corada e deu as costas para a princesa.

— É que, ele, não é só um amigo e… – disse Cassandra ainda corada.

— E? – perguntou Rapunzel.

Cassandra virou rapidamente.

— E foi ele quem me mostrou as Rochas Negras, ele está as estudando faz um tempo. – respondeu Cassandra um pouco acelerada.

— Ele entende de magia? – perguntou Rapunzel.

— Na verdade, ele diz que não usa magia, mas alquimia. – respondeu Cassandra.

— Alquimia? O que é isso? – perguntou Rapunzel um pouco pensativa.

— É tipo um pó dentro de uma bola de palha que explode. – respondeu Cassandra levando uma mão ao queixo.

— Ouviu isso, Pascal? – perguntou Rapunzel ao camaleão em seu ombro.

Pascal fez gesto afirmativo com a cabeça. Rapunzel estava empolgada com a tal alquimia.

— Vamos, Raps. Talvez ele saiba explicar esse seu cabelo. – disse Cassandra indo em direção à porta.

— Cass, acho que devíamos chamar o Eugene. Ele nem sabe como fiquei assim e, também, não sabe por que meu pai me proibiu de passar dos muros. – disse Rapunzel com um olhar triste.

— Raps, eu sei que você confia nele, mas eu não. Então, por favor, podemos mudar de assunto? – perguntou Cassandra revirando os olhos.

— Tudo bem, mas ele é meu namorado e contamos tudo um para o outro. Eu não gosto de ter que mentir para ele. – disse Rapunzel ainda com um olhar triste.

Cassandra não respondeu e saiu do quarto. Rapunzel foi junto, estava cabisbaixa.

Após sair do quarto da namorada, Eugene saiu do castelo e foi para a área comercial. Ele queria agradecer novamente ao Xavier, forjador e dono de uma das lojas de armas no reino, pelo trabalho com a frigideira.

Antes de chegar à loja, Eugene viu uma multidão ao redor dela.

— Com licença. – disse Eugene enquanto passava pelos curiosos.

Depois de passar pela multidão, Eugene encontrou Xavier conversando com dois guardas. O ferreiro tinha estatura mediana, era negro, gordo, cabeludo e barbudo. A barba e os cabelos eram brancos.

— Xavier, o que aconteceu? – perguntou Eugene interrompendo a conversa dos guardas com Xavier.

— Eu fui roubado. – respondeu Xavier muito cabisbaixo.

— O quê?! – perguntou Eugene muito surpreso.

Eugene correu para dentro da loja e ficou chocado com o que encontrou: a loja arrumada como se ninguém a tivesse invadido. Xavier entrou logo em seguida com os dois guardas e fechou a porta.

— Xavier, desculpa por falar isso, mas tem certeza de que foi roubado? – perguntou Eugene enquanto revirava o ambiente com os olhos.

Xavier andou até um barril que estava repleto de espadas.

— Tudo bem, Eugene. Eu também não percebi o que aconteceu imediatamente, mas olhe isso. – disse Xavier afastando o barril.

Era possível ver uma entrada circular e uma escada de madeira para um piso inferior.

— Isso sempre esteve aí? – perguntou Eugene olhando para a entrada circular.

— Sim, mas somente eu sabia até agora. – respondeu Xavier enquanto se posicionava para descer.

Os dois desceram, mas os guardas ficaram guardando a porta.

Havia um baú no centro da sala subterrânea, Xavier o abriu.

— Encontrei isso no lugar do meu dinheiro. – disse Xavier apontando para um chapéu dentro do baú.

— Anthony Weasel. – disse Eugene encarando o chapéu.

— Você conhece quem me roubou? – perguntou Xavier surpreso.

— Sim, sem sombra de dúvidas, essa é a marca registrada dele. Anthony costuma deixar o chapéu que usa na hora do roubo no local onde o item roubado estava. – disse Eugene revirando a sala com os olhos.

— Então você pode encontrá-lo? – perguntou Xavier um pouco esperançoso.

— Sim. Vou achá-lo e prendê-lo. – respondeu Eugene com um olhar confiante.

Eugene pediu para os dois guardas relatarem o ocorrido ao capitão da guarda, depois, dirigiu-se para a ponte. Quando Eugene estava se aproximando da ponte:

— Olha, mamãe, é a princesa. – disse uma criança que estava voltando pela ponte com uma mulher.

Muitas pessoas ficaram empolgadas só de verem a princesa, mas algumas não a reconheceram na hora. Ela e Cassandra passaram pelas pessoas rapidamente com seus cavalos, Rapunzel estava montada em Max. Elas não viram Eugene.

— Para onde elas estão indo? – pensou Eugene enquanto acompanhava as duas com os olhos.

A princesa e sua dama de companhia se dirigiram até a Velha Corona pela estrada principal. Elas viram algumas pessoas no caminho. Quando chegaram na Velha Corona, Rapunzel ficou surpresa por ver fazendas e casas mais simples do que as da ilha. No fim da estrada principal, havia portas abertas de 5 metros altura. Quando estavam fechadas, essas portas separavam Corona do mundo exterior. Muitas carroças passavam pelas portas, tanto saindo, quanto entrando no reino.

Os cavalos reduziram a velocidade e as duas começaram a conversar.

— Nossa, Cass. Como que eu nunca conheci esse lugar? – perguntou Rapunzel fascinada com o lugar.

— Simples. Seu pai é superprotetor. – respondeu Cassandra em tom de ironia.

Pascal estava olhando para as pessoas nas fazendas.

— Mas, ele deixou eu sair sozinha hoje. – disse Rapunzel ainda fascinada com o local.

— Depois de seis meses, Raps, depois de seis meses. E, também, só porque você tem cabelos mágicos agora. – disse Cassandra apontando para os cabelos de Rapunzel.

— Bom, isso é verdade. – disse Rapunzel segurando os cabelos.

Os cavalos viraram à esquerda pouco antes da saída do reino. A estrada mudou. A principal era feita de blocos de pedra, mas a atual era de solo batido.

— A casa dele é aquela no final dessa estrada. – disse Cassandra apontando para uma casa grande.

Antes de baterem na porta, deixaram os cavalos amarrados numa árvore próxima à casa. A casa era diferente das demais, era maior.

— Por que essa casa é maior do que as outras? – perguntou Rapunzel olhando a frente da casa.

— Provavelmente porque é a casa do chefe da Velha Corona. – respondeu Cassandra indo em direção à porta.

— Chefe? Meu pai nunca me contou sobre ele. – disse Rapunzel enquanto seguia Cassandra.

— O rei atribuiu ao Quirin a responsabilidade de ser os olhos e ouvidos dele por aqui depois que a vovó Agnete, a antiga chefe, voltou para Arendelle. Se algo de errado acontece, é o Quirin quem informa ao rei. – disse Cassandra parando em frente a porta.

— Vovó Agnete… Foi ela quem criou nossas mães, não foi? – perguntou Rapunzel após parar ao lado da amiga.

Cassandra estava prestes a bater à porta quando ouviu o que Rapunzel disse. Cassandra ficou cabisbaixa e disse:

— Sim. Ela mesma.

— Desculpe-me. Eu, por um momento, esqueci que a tia Willow faleceu. – disse Rapunzel antes de colocar a mão esquerda no ombro direito de Cassandra.

Pascal ficou mal com a situação.

— Espera, então o seu amigo é o chefe daqui? – perguntou Rapunzel após retirar a mão do ombro da amiga.

— O quê?! Não! Meu amigo é o filho dele. – respondeu Cassandra enquanto batia à porta.

— Qual o nome dele? – perguntou Rapunzel olhando para Cassandra.

— Varian. – respondeu Cassandra após parar de bater à porta.

— Quem é? – perguntou uma mulher, dentro da casa, quase gritando.

— Ah, não, essa chata não. – disse Cassandra enquanto botava uma mão no rosto.

— De quem você está falando? – perguntou Rapunzel para a porta.

Cassandra suspirou.

— Da pessoa mais irritante da guarda real depois do seu namorado. – respondeu Cassandra sem conseguir disfarçar a raiva.

Uma mulher abriu a porta, ela era da altura de Cassandra, mais alta que a princesa, tinha cabelos brancos, mas não era velha, também tinha uma faixa vermelha pintada partindo da testa, sendo interrompida no olho e depois continuada até a altura do maxilar. Seus cabelos eram longos, pouco mais que os da Rapunzel agora, e estava usando um vestido amarelo com uma faixa retirável na cintura, esta tinha um símbolo dourado estranho, um círculo com três triângulos na esquerda, olhando de frente.

— O que a pior guarda de Corona quer na minha casa? – perguntou a mulher cruzando os braços.

— Essa casa também é do Varian, Dira. Aliás, você não devia trabalhar hoje? – perguntou Cassandra encarando Dira.

— Minha escala é igual à do Flynn Rider, esqueceu? – perguntou Dira em tom de deboche.

Cassandra fitou Dira com os olhos.

Dira virou os olhos para sua esquerda e tomou um susto.

— Princesa?! O que você está fazendo aqui?! Essa maluca te sequestrou?! – perguntou Dira apontando para Cassandra.

— O quê? Não. Viemos aqui ver o Varian. Ele, por acaso, é seu marido? – perguntou Rapunzel com a maior inocência do mundo.

Cassandra e Dira se olharam e, por um momento, o silêncio tomou conta do ambiente. A princesa não entendeu nada. De repente, Cassandra e Dira começaram a rir.

— Gostei dela. Muito engraçada. Podem entrar, ele está lá embaixo. – disse Dira após rir bastante da pergunta da princesa.

As duas entraram. Cassandra foi na frente e abriu uma porta abaixo da escada. O porão da casa estava repleto de mesas com ampolas contendo líquidos das mais variadas cores. Também havia muitas bolas de palha, cada uma demarcada com uma linha de uma determinada cor, como preto, vermelho e azul.

— Cass, aquelas são as bolas que explodem? – perguntou Rapunzel com brilhos nos olhos.

— Sim. – respondeu Cassandra.

— Pascal, olha isso. – disse Rapunzel apontando para umas pedras brancas.

Varian estava de costas, parecia estar concentrado em alguma coisa.

— Varian. – disse Cassandra.

Ele virou rapidamente, Varian estava colocando um líquido amarelo de um frasco em outro, com líquido vermelho. Varian era um pouco mais alto que Cassandra, cabelos pretos com mecha azul no lado direito, usava um tipo diferente de óculos e as roupas eram um modelo genérico usado pelos habitantes da Velha Corona, exceto pelo pano amarrado na altura do cinto.

— Cassandra? Que surpresa. Não esperava te ver hoje. – disse Varian enquanto ficava vermelho.

Varian tampou o frasco com líquido laranja e o colocou sobre a mesa. Ele também colocou os óculos na testa.

Rapunzel estava entretida com as pedras. Quando a princesa estava prestes a tocar em uma delas, Varian falou:

— Não toque nela!

Rapunzel “congelou” as mãos.

Varian continuou falando:

— São pedras muito reativas, podem explodir nas suas mãos se não movê-las com cuidado.

Quando Varian parou para reparar na garota que tentou encostar nas pedras, tomou um susto.

— Princesa?! O quê?! Como?! Por quê?! – perguntou Varian muito assustado.

— Na verdade, ela é o motivo de eu ter vindo. Percebeu os cabelos loiros? – perguntou Cassandra apontando para os cabelos de Rapunzel.

Após um momento, Varian olhou mais calmamente para os cabelos.

— Sim. Mas, eles não eram assim, eram castanhos como os da rainha, não é? – perguntou Varian ainda olhando para os cabelos.

— Sim. Eles ficaram loiros depois que eu a levei naquele precipício, que você me mostrou, com as Rochas Negras. – disse Cassandra olhando para os cabelos de Rapunzel.

— Ela simplesmente foi até lá e os cabelos cresceram? – perguntou Varian levando uma mão ao queixo.

— Não. Ela tocou uma das Rochas e eles ficaram assim. Raps, mostra para ele. – disse Cassandra olhando para Rapunzel.

Os cabelos da princesa começaram a brilhar e crescer e, antes de tocarem o chão, começaram a flutuar. Varian ficou impressionado.

— Eu nunca vi nada assim. – afirmou Varian com os olhos arregalados.

Os cabelos voltaram ao tamanho normal e pararam de brilhar.

— Eu vou fazer alguns testes. – disse Varian olhando para Cassandra.

Primeiro, Varian tentou cortar os cabelos com uma tesoura, mas não funcionou. Depois, jogou uma bola de palha nos cabelos da princesa. Houve uma pequena explosão, mas os cabelos e a princesa não sofreram danos. Por último, ele pegou um fragmento de Rocha Negra e aproximou dos cabelos, que começaram a brilhar. Rapunzel estava sentada de costas para Varian e Cassandra.

— Raps, você quem está fazendo isso? – perguntou Cassandra olhando para os cabelos da princesa.

— Fazendo o quê? – perguntou Rapunzel um pouco confusa.

Pascal pegou um fio do cabelo de Rapunzel e mostrou para ela.

— Não sou eu. Ele está fazendo isso por conta própria. – disse Rapunzel um pouco surpresa.

Varian apontou o fragmento para Cassandra e a dama de companhia viu a pedra brilhando também, era como se estivesse em ressonância com os cabelos.

— Incrível. – disse Cassandra olhando para o fragmento de Rocha Negra.

Varian afastou a pedra dos cabelos e os dois pararam de reluzir. Ele guardou a pedra nos bolsos.

— Varian, como você conseguiu esse fragmento? Até onde eu sei, essas Rochas Negras são indestrutíveis. – disse Cassandra olhando para Varian.

— Eu encontrei muitos pedaços desse aqui ao sudeste do reino. Não sei como, mas acho que tem alguém destruindo as Rochas Negras. – disse Varian levando uma mão ao queixo.

— Mas, por quê? – perguntou Cassandra um pouco surpresa.

— Eu também quero saber. Princesa, pode virar. – disse Varian olhando para Rapunzel, que ainda estava sentada de costas para ele e Cassandra.

— O que pode me dizer? – perguntou Rapunzel em tom sério.

— Bom, o que posso dizer é que seu cabelo é indestrutível, extensível e está ligado de alguma forma às Rochas Negras. Além disso, pelo que vocês duas já me falaram, seu cabelo perdeu as habilidades de cura. Não posso ajudar mais porque não sei muito sobre essas Rochas. – respondeu Varian um pouco cabisbaixo.

— Tudo bem, obrigada mesmo assim. – disse Rapunzel enquanto sorria.

Na frente da casa, antes de irem embora, Cassandra pediu um momento a sós com Varian, por isso, Rapunzel ficou perto de Max.

— Cassandra, quando vamos nos ver de novo? – perguntou Varian enquanto segurava as mãos de Cassandra.

— Eu não sei. Estou muito atarefada agora que sou dama de companhia da princesa e, além disso, ainda estou na guarda real. – disse Cassandra com um olhar triste.

— Entendo. Mas eu sinto muito sua falta, gostaria que puséssemos nos ver mais, como quando éramos crianças. – disse Varian aproximando seu rosto do rosto de Cassandra.

— Não se preocupe, vou dar um jeito. – disse Cassandra aproximando seu rosto do rosto de Varian.

Varian e Cassandra estavam quase se beijando quando:

— Cass! – gritou Rapunzel.

— O que foi? – perguntou Cassandra enquanto virava o rosto.

Varian quase beijou a orelha de Cassandra.

Rochas Negras emergiram do chão, elas criaram um cerco com a princesa, a árvore e os cavalos no centro.

— Será que estão me seguindo? – pensou a princesa enquanto encarava o cerco.

Naquele momento, os cabelos da princesa começaram a reluzir e a mesma, usando os cabelos para impulsão, deu um salto, atingindo 3 metros de altura, para frente, caindo atrás do cerco de Rochas, usando os cabelos para amortecer a queda. Cassandra e Varian ficaram impressionados.

— Como ela fez aquilo?! – perguntaram-se Varian e Cassandra ao mesmo tempo.

Mais Rochas começaram a vir em linha reta do cerco em direção à princesa, ela pretendia virar e correr, porém, logo após virar, uma voz disse:

— Loirinha, pula!

Rapunzel pulou na hora e, de onde ela estava e do lugar onde daria o primeiro passo para correr, emergiram Rochas ao mesmo tempo. Antes de cair, Rapunzel usou os cabelos, novamente, como pernas para se impulsionar para as gramas.

A voz novamente:

— Sunshine, atrás de você!

A princesa ouviu um som, parecido com gramas sendo reviradas, vindo da floresta e, rapidamente, correu no sentido contrário à casa de Varian. A princesa estava muito rápida, percorreu uma grande distância em questão de poucos segundos e, durante a corrida, passou rapidamente pelo seu namorado, que estava correndo no sentido contrário.

— Eugene? Por que ele está aqui? – pensou Rapunzel enquanto diminuía a velocidade.

Rapunzel parou e tentou usar os cabelos para tirar Eugene do caminho das Rochas, mas eles não esticaram o suficiente a tempo de agarrá-lo.

Momentos antes, após Rapunzel passar pela ponte, Eugene foi à Taverna procurar informações sobre Anthony Weasel, o ladrão que roubou o ferreiro Xavier. Quando entrou no estabelecimento, ficou chocado com o que viu: Mão de Gancho estava tocando piano e o velho bêbado mais famoso de Corona, Baixinho, estava cantando. O lugar estava vazio, exceto pelos três.

— Ei, vocês. – disse Eugene enquanto se aproximava do piano.

Baixinho se calou e Mão de Gancho parou de tocar imediatamente.

— Você. O cara que não gosta de cantar. O que quer aqui? Não vê que estamos fechados? – perguntou Mão de Gancho enquanto levantava.

— Eu percebi agora que entrei. – respondeu Eugene levando uma mão ao rosto.

— Então vá embora. – disse Mão de Gancho apontando para a saída.

— Eu vou, mas só depois de fazer umas perguntas. – disse Eugene em tom sério.

Mão de Gancho revirou os olhos.

— Senta aí. – disse Mão de Gancho apontando para um banco. Em seguida, ele foi para trás do balcão e Eugene sentou.

Mão de Gancho pegou um copo e uma garrafa.

— Desembucha. – disse Mão de Gancho enquanto abria a garrafa com o gancho.

— Eu sei que o seu negócio não é ilegal, mas uma taverna atrai muitos criminosos, então gostaria de saber se um tal de Anthony Weasel passou por aqui recentemente. – disse Eugene olhando para Mão de Gancho.

— Anthony Weasel… O cara dos chapéus? – perguntou Mão de Gancho apontando para um cartaz de procurado na parede.

Eugene demorou um pouco para responder. Ele ficou encarando dois cartazes que também estavam na parede. Um deles, tinha o nome de alguém chamado Lance Strongbow e o outro cartaz tinha o nome de uma mulher chamada Sword Strongbow.

— Sim, esse mesmo. – respondeu Eugene em tom sério.

— Não o vi por aqui. Os criminosos têm evitado esta taverna depois de eu ter recebido anistia por ter ajudado no lance com a princesa e ser contratado pelo estabelecimento. – disse Mão de Gancho enquanto enchia o copo.

— Entendo. Obrigado pela cooperação. – disse Eugene enquanto levantava.

Baixinho se aproximou de Eugene.

— Quatro vezes dois dá oito. – disse Baixinho claramente embriagado.

Eugene soltou um sorriso de leve e saiu da Taverna, ele estava preocupado com a namorada, ela havia saído sem dizer nada a ele e, além disso, estava preocupado com a volta do cabelo. Eugene estava esperando Rapunzel contar, mas ela nem tocou no assunto durante a semana.

— Para onde elas podem ter ido? – pensou Eugene olhando para o céu.

Enquanto andava, Eugene se lembrou que Dira, uma companheira da guarda, contou-o que Cassandra namorava seu irmão de criação.

— O Alquimista! Devem ter ido perguntar sobre o cabelo. – pensou Eugene enquanto caminhava.

Eugene chegou a estrada principal.

— É só um palpite, mas vou até lá. – disse Eugene olhando para a direção da Velha Corona.

Após uma caminhada de cinco minutos, Eugene chegou à Velha Corona. Ele virou na segunda estrada à esquerda e prosseguiu até o fim dela. Quando virou à direita, no final da estrada, viu a namorada de frente para um cerco de Rochas Negras. Eugene viu que Rochas Negras transparentes foram em direção à princesa, mas ela não demonstrou reação e, logo em seguida, essas Rochas transparentes deixaram de ser transparentes na ordem em que apareceram e, então, Rapunzel virou, Eugene percebeu que ela pretendia correr, e, de repente, ele viu Rochas Negras transparentes tomarem o lugar onde a sua namorada estava, além de cerca de três metros do caminho a frente dela, ele ficou apavorado, achou que tivesse perdido a sua amada, mas, então, percebeu que a princesa continuava se movendo e o que estava vendo era uma espécie de miragem.

— Pensa rápido, Eugene. Ela só começou a reagir depois das Rochas perderem a transparência, então ela não as vê transparentes… Provavelmente, essas Rochas transparentes, que surgiram ao mesmo tempo, vão se tornar reais simultaneamente e não vai dar para ela escapar correndo. – pensou Eugene muito aflito.

— Loirinha, pula! – gritou Eugene.

Rapunzel pulou quase que imediatamente e as Rochas perderam a transparência simultaneamente. Ela utilizou os cabelos como pés e se impulsionou para as gramas. Novamente, Eugene viu Rochas transparentes surgirem, vindas da floresta, em sequência até alcançarem a princesa e começou a correr na direção de Rapunzel.

— Sunshine, atrás de você! – gritou Eugene novamente.

Rapunzel começou a correr em alta velocidade e passou rapidamente pelo namorado.

— Eugene? Por que ele está aqui? – pensou Rapunzel enquanto diminuía a velocidade.

Eugene viu Rochas Negras transparentes surgirem e perderem a transparência rapidamente e, quando a Rocha na posição dele era a única transparente, pulou para o lado das casas, não sendo atingido por pouco. As Rochas prosseguiram, em direção à Rapunzel, quando, de repente, um raio negro atingiu as Rochas que estavam a caminho da princesa, deixando-as em pedacinhos. Eugene levantou e olhou na direção de onde veio o raio, Rapunzel fez o mesmo e viram um homem com armadura negra e duas espadas negras. O elmo não permitia ver o rosto, tinham duas elipses, luminosas, roxas nas posições onde deveriam estar os olhos. O cavaleiro misterioso estava na frente da casa de Varian. Havia um círculo de comprimento mediano nas “costas” da armadura, mas não era possível vê-lo com muitos detalhes.

— Quem é você? Nunca te vi por aqui. – disse Varian botando uma mão no bolso.

— Nem eu. – disse Dira após sair pela porta.

O cavaleiro olhou para Varian e, logo em seguida, tentou correr para a floresta. Varian tirou do bolso uma bola de palha com uma linha preta pintada e a jogou na frente do cavaleiro e a explosão o jogou para trás, além de criar uma pequena cratera. O cavaleiro deu uma cambalhota e ficou de pé. Varian pediu para Cassandra ficar e foi até o cavaleiro.

— Ei, é você quem está destruindo as Rochas Negras? – perguntou Varian enquanto se aproximava do cavaleiro.

O cavaleiro colocou as espadas nas costas e não respondeu, porém, antes que pudesse fazer mais alguma coisa, Varian colocou os óculos rapidamente, tirou outra bola de palha, com uma linha branca pintada, dos bolsos e a jogou perto dos pés do cavaleiro, esta emitiu uma luz forte que cegou Cassandra, Dira e o cavaleiro imediatamente. Rapunzel e Eugene ficaram observando de longe. Varian colocou as mãos cerradas atrás da cintura, tentou um chute lateral de direita, mas não adiantou, o cavaleiro abaixou e, quando seu pé direito tocou o chão, Varian girou chutando com o calcanhar esquerdo, que foi bloqueado pelo antebraço esquerdo do cavaleiro, parecia que o cavaleiro estava agindo por reflexo. Logo em seguida, Varian usou o antebraço do cavaleiro para impulsionar o pé, girar com a direita no chão e tentar dar uma rasteira no cavaleiro, que nem se moveu. Varian levantou rapidamente. Naquele momento, o cavaleiro tomou um chute aéreo, de direita, de Dira no lado direito da cabeça, mas o chute não surtiu muito efeito, foi quase como chutar uma parede. Logo em seguida, Dira caiu de pé em posição de combate, perna direita atrás e mão direita na frente, e, de repente, o cavaleiro ergueu a mão esquerda e as moveu, acompanhando-as com a cabeça e, logo em seguida, saltou em direção à floresta, foi um salto mais alto que o da princesa.

Varian sentou com as mãos na bota esquerda e Dira foi até ele.

— Irmão, o que foi? – perguntou Dira olhando para a bota.

— A armadura dele é muito dura. – respondeu Varian com dor.

Cassandra se aproximou e retirou a bota esquerda dele. O peito do pé de Varian estava roxo como se ele tivesse levado uma pancada. As duas o levaram para o seu quarto.

Enquanto isso, Rapunzel correu e abraçou o namorado.

— Eu pensei que você fosse morrer. – disse Rapunzel enquanto chorava.

— É, eu também. – disse Eugene em tom triste.

— Desculpe-me. – disse Rapunzel olhando nos olhos de Eugene.

— Desculpar? Pelo quê? – perguntou Eugene um pouco confuso.

— Por não te contar sobre essas Rochas Negras. – respondeu Rapunzel ainda chorando.

Eugene a abraçou forte.

No quarto de Varian, Dira o deixou lá com Cassandra e saiu para buscar remédios.

— Você vai ficar bem, só precisa ficar descansando por alguns dias. – disse Cassandra enquanto fazia um cafuné.

— Eu fui muito imprudente em atacar aquele cavaleiro… De qualquer forma, agora vai ser mais difícil de nos vermos. – disse Varian olhando para seu pé machucado.

— É sério que você ainda está pensando em nós mesmo com essa perna assim? – perguntou Cassandra enquanto sorria.

Dira entrou com os remédios.

— Ei, pombinhos, já chega. Cassandra, vá embora, tenho que cuidar do meu irmão. – disse Dira apontando para a entrada do quarto.

— Até mais, Varian. – disse Cassandra encarando Dira.

Cassandra deu um beijo na testa de Varian e saiu do quarto.

— Até, Cassandra. – disse Varian enquanto sorria.

Lá fora, Cassandra encontrou Eugene e Rapunzel perto dos cavalos, eles estavam fora do cerco que permanecia ao redor da árvore.

— Quem era aquele cara? – perguntou Cassandra olhando para o cerco.

— Provavelmente é ele quem está destruindo as Rochas Negras fora do reino. – disse Rapunzel olhando para as Rochas destruídas.

— Ei, Flynn Rider! – disse Cassandra encarando Eugene.

— Oi, Cassandra. Tudo bom? – perguntou Eugene em tom de ironia.

— Como você sabia onde as Rochas apareceriam? – perguntou Cassandra ainda encarando Eugene.

— Verdade, Eugene, eu também quero saber como você me salvou. – disse Rapunzel olhando para o namorado.

— Eu não sei. Eu só conseguia vê-las antes que realmente aparecessem. – disse Eugene em tom sério.

— E como você sabia que elas ainda não tinham aparecido quando as viu? – perguntou Cassandra olhando para o cerco.

— Elas apareceram transparentes para mim antes de realmente aparecerem. – respondeu Eugene mantendo o tom sério.

— Ótimo. Agora vamos ter que te levar em todo canto durante essa investigação, já que você é o único que consegue prever essas Rochas. – disse Cassandra levando uma mão ao rosto.

— Eu adorei a ideia. – disse Eugene olhando para Rapunzel.

— Eu também. – disse Rapunzel olhando para Eugene.

Os dois sorriram um para o outro.

— Vou dar um tempo a vocês para a Rapunzel te contar o que houve na noite do seu fiasco na sala do trono. – disse Cassandra fitando Eugene com os olhos.

Cassandra foi até os cavalos, então Rapunzel contou para o namorado como o cabelo voltou e que esse foi o motivo do pai a proibir de sair do reino.

Mais tarde, durante a noite, na sala do trono, o rei conversou com seu conselheiro.

— Frederic, você tem certeza que deseja realizar o baile de máscaras desse ano mesmo após o ocorrido semana passada? – perguntou o conselheiro em tom sério.

— Sim, temos que dar, aos nossos súditos, sensação de segurança. Cancelar um evento tão popular geraria medo, as pessoas achariam que não queremos fazer o baile, pois nossos guardas não dão conta. – respondeu o rei, também, em tom sério.

— Tudo bem. Vendo por esse lado, eu concordo. – disse o conselheiro levando a mão ao queixo.

Antes de dormir, Eugene pegou a caixa do anel que usou para pedir Rapunzel em casamento e a abriu. O anel tinha uma cor similar à da armadura do cavaleiro misterioso e das Rochas Negras. Eugene recordou que este anel estava com ele desde a infância, a única coisa deixada com ele, além de outra caixa idêntica com um anel idêntico, quando ele foi deixado na frente de um orfanato quando era muito novo.

— Será que aquele cara sabe algo do meu passado? Não. Provavelmente é só uma coincidência. – disse Eugene antes de começar a sorrir.

Em alguma floresta nos arredores do reino de Berlim, um corvo se aproximou de uma mulher, usando uma capa com capuz, montada em um cavalo. O corvo disse: “A irmandade está em Corona!”.

— Irmandade? Não é possível. – disse a mulher surpresa.


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Notas finais do capítulo

De todas as perguntas possíveis depois deste capítulo, a mais importante: quem ou o que era aquele cavaleiro negro?!



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