Rochas Negras escrita por Zretsim


Capítulo 2
Coroação


Notas iniciais do capítulo

Há uma série chamada Enrolados Outra Vez. Ela tinha um potencial incrível, mas não foi utilizado. Por isso, decidi escrever este livro. Caso alguém tenha assistido a série, perceberá que o primeiro capítulo é fortemente baseado no início da série, que o segundo, é fracamente baseado no início da série e, a partir do terceiro, o enredo segue outro rumo. Por isso, vou publicar os três primeiros capítulos de uma vez. Provavelmente, publicarei os próximos de segunda a sexta.
Vale ressaltar que a arte na capa do livro não é de minha autoria.



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No dia da coroação, Rapunzel acordou com um barulho de porta batendo. Ela demorou um pouco para perceber que era a porta de seu quarto.

— Raps. Acorde. Já é de manhã. Preciso te arrumar.

Era a voz de Cassandra.

Rapunzel abriu a porta tentando esconder os cabelos.

— Está tudo bem. Dispensei os guardas do seu quarto. Mandei ajudarem com a organização para a coroação. – disse Cassandra enquanto entrava, no quarto, carregando uma peruca.

O quarto da princesa ficava no segundo andar do castelo. A entrada era constantemente vigiada por dois guardas. Era um quarto enorme com uma varanda que tinha vista para a maior parte da ilha. Rapunzel pintou as paredes do quarto com o arco-íris, o sol, entre outros desenhos. Pintar era um de seus passatempos enquanto vivia na Torre. Ela costumava fazer quadros também. Era possível ver alguns quadros de seu namorado próximos à janela. Sua cama era de casal, tinha quatro bases saindo de suas pontas e era coberta por uma cortina violeta.

— Estava preocupada sobre a reação deles caso vissem meu cabelo. – disse Rapunzel enquanto fechava a porta.

— Olha isso. Consegui uma peruca. – disse Cassandra erguendo a peruca.

— Ótimo. Vamos logo com isso. – disse Rapunzel enquanto pegava a peruca.

Cassandra conseguiu colocar a peruca em Rapunzel. Era uma peruca muito utilizada por alguns nobres, era branca com alguns cachos.

Enquanto isso, Eugene estava na sala do capitão da guarda. A sala só tinha uma mesa e duas cadeiras, o capitão estava sentado em uma delas, na que o fazia ficar de frente para a entrada. A mesa e as cadeiras eram de madeira.

— Mandou me chamar, Capitão? – perguntou Eugene olhando para o capitão.

— Sim. Minha filha vai ficar responsável pela segurança da rainha e você, pela do rei. – respondeu o capitão mexendo em alguns papéis.

— O quê?! Mas, o rei me odeia, principalmente agora que eu pedi a filha dele em casamento! – disse Eugene levando as mãos à cabeça.

— Mas ela recusou, não foi? – perguntou o capitão ainda mexendo nos papéis.

Eugene fez uma cara de espanto com a frieza que o capitão teve em dizer aquelas palavras.

— Sim. – respondeu Eugene com um olhar triste.

— Então ele não deve estar com tanta raiva assim. – disse o capitão encarando um papel.

— Nossa. Quanta crueldade. – disse Eugene olhando para o capitão.

— Hahahaha! É minha vingança por me fazer correr atrás de você há seis meses. – disse o capitão olhando para Eugene.

— E o senhor esperou todo esse tempo? – perguntou Eugene um pouco surpreso.

— Sai logo daqui e vai se preparar! Ser o guarda pessoal do rei é a maior honra entre os guardas! – disse o capitão apontando para a saída da sala.

— Já entendi. – disse Eugene enquanto abria a porta.

Eugene estava muito chateado com a namorada embora não demonstrasse. Pensou em vê-la, no quarto, na noite passada, mas achou melhor dar um espaço a Rapunzel.

No quarto da princesa, Rapunzel estava quase pronta quando alguém bateu à porta. Era sua mãe, a rainha Arianna, e seu pai, o rei Frederic. Rapunzel estava quase pronta, só faltavam as sapatilhas.

— Pai! Mãe! O que estão fazendo aqui? Pensei que só veria vocês na cerimônia. – disse Rapunzel com os olhos arregalados.

— Seu pai ficou preocupado porque veio ao seu quarto ontem à noite depois de mandar os convidados embora e você não estava. – disse a rainha Arianna olhando para o rei Frederic.

— Não precisa se preocupar, pai, eu estava no quarto da Cassandra e depois… – disse Rapunzel antes de lembrar que não podia falar que saiu do castelo.

Rapunzel olhou para Cassandra, que estava atrás dos seus pais e viu o pavor nos olhos da dama de companhia. A princesa lembrou que Cassandra podia até mesmo ser banida do castelo se a verdade fosse dita aos reis.

— Filha, o que foi? – perguntou a rainha Arianna olhando para Rapunzel.

Rapunzel rapidamente pensou numa desculpa.

— Ah, eu estava falando que fui no quarto da Cassandra e depois conversamos sobre perucas, por isso estou usando uma. Eu queria ver como era. – disse Rapunzel apontando para sua peruca.

Seus pais sorriram e o rei falou:

— Filha, você não precisa se preocupar com isso. Perucas são para quem quer esconder os cabelos…

Cassandra arregalou os olhos e o rei Frederic continuou:

— E você não precisa esconder os seus, eles são lindos.

— Não, pai, não tem nada de esconder, é só curiosidade mesmo. – disse Rapunzel enquanto sorria.

— Querido, aquela outra coisa. – disse a rainha Arianna no ouvido do marido.

— Bom, filha, eu meio que conversei com o Eugene depois de ter vindo ao seu quarto. – disse o rei Frederic olhando para Rapunzel.

— Conversou? Não, filha, o seu pai deu um grito no seu namorado e disse que, se você tivesse fugido e nunca mais voltasse, a culpa era dele. – disse Arianna olhando para Frederic.

— Você o quê?! Pai, eu não fugi! – disse Rapunzel aumentando seu tom.

Cassandra arregalou os olhos novamente.

Rapunzel prosseguiu num tom mais baixo:

— Eu só precisava de um tempo para pensar longe de toda aquela gente. Mas eu não pretendia fugir.

— Eu sei. Eu errei. Sinto muito. Contudo, ainda não gosto dele. Fiquei muito surpreso com o pedido dele, mas ainda bem que você não aceitou e… – disse o rei Frederic com um tom animado.

— Pai, já chega. – disse Rapunzel interrompendo o pai.

Ela continuou:

— É melhor o senhor ir. Eu preciso terminar de me preparar para a coroação.

— Sim, filha. Até mais. – disse o rei Frederic acenando para a filha.

Os reis saíram do quarto.

— Raps, foi por pouco. Que papo clarividente foi aquele de que você quer esconder seu cabelo? – perguntou Cassandra muito assustada.

— Não sei, mas sei que não gosto de mentir, principalmente para os meus pais. – disse Rapunzel com um olhar triste.

— Falando nisso, acho que você vai ter que mentir para o seu namorado também. – disse Cassandra e, logo em seguida, ela sorriu.

— Eu não vou fazer isso. – disse Rapunzel um pouco exaltada.

— Por favor, Raps. Quanto mais gente souber, mais perigoso para mim. E se o Rider abrir o bico? – perguntou Cassandra olhando para Rapunzel.

— Ele não faria isso. Eu confio nele. – disse Rapunzel olhando para Cassandra.

— Mas, eu não. Por favor, não conta para ele. – implorou Cassandra.

— Tudo bem. – disse Rapunzel revirando os olhos.

— Obrigada. – disse Cassandra após suspirar.

Rapunzel colocou as sapatilhas e desceu. Estava usando um vestido verde, similar ao seu vestido rosa, que usava na torre.

A coroação era um evento muito importante, com o objetivo de oficializar a Rapunzel como princesa. A maioria dos súditos, que habitava a ilha, estava presente. A sala do trono estava cheia. O único lugar onde não havia ninguém era no tapete vermelho, onde a princesa passaria e o rei lhe concederia oficialmente a coroa de princesa.

Enquanto todos estavam alegres no castelo esperando a princesa aparecer, fora do castelo, no norte da área residencial da ilha, Peter, um guarda branco e ruivo da mesma altura que Cassandra, ouviu um barulho estranho, pareciam gritos abafados, vinham de uma das casas. Peter invadiu a casa e encontrou quatro pessoas amarradas e amordaçadas. Ele tirou a mordaça de uma das pessoas, que imediatamente gritou:

— Foi a Lady Caine! Ela veio aqui com uns dez caras ontem à noite e roubou nossas roupas e perucas!

— Lady Caine? Mas, o que essa criminosa queria com roupas e perucas? Lembro que ela costumava assaltar joalherias e bancos, mas ela sumiu do reino há cerca de dois anos. Por que ela voltou agora? – pensou Peter.

Enquanto soltava as pessoas, Peter deduziu a resposta para a primeira pergunta que fez a si mesmo. Ele saiu correndo da casa e foi em direção ao castelo chamando todos os guardas que encontrava pelo caminho.

— Venham comigo! O castelo será invadido! – gritou Peter enquanto corria.

Quando um grupo de uma dúzia de soldados chegou à entrada da área externa do castelo, viram pessoas correndo, fugindo de lá, era tarde demais. Peter parou uma mulher no caminho e perguntou:

— O que houve lá dentro?! E os reis?! A princesa?!

— A essa altura devem estar todos mortos. – afirmou a mulher muito assustada.

Peter chamou os outros guardas e, momentos depois, entraram no castelo. Eles foram em direção à sala do trono e encontraram a porta fechada. Alguns guardas no local disseram que a porta estava bloqueada. Naquele momento, a metade superior das portas foi quebrada e um homem saiu literalmente voando por ela como se tivesse sido arremessado. Ele caiu no chão e rolou até chegar aos pés de Peter. Uma peruca caiu da cabeça do homem enquanto ele rolava. Peter disse:

— Espera aí… Tem um cartaz de procurado desse cara.

Momentos antes, durante a Cerimônia de coroação, estavam todos animados esperando a princesa. Pouco antes de entrarem, os reis se encontraram com seus guardas pessoais para a cerimônia.

— Eugene? Você vai ser meu guarda pessoal? – Perguntou o rei Frederic levando uma mão ao rosto.

— Cortesia do capitão da guarda. – respondeu Eugene em tom de deboche.

O rei Frederic estava claramente insatisfeito. A rainha Arianna, pelo contrário, estava tranquila. Sentindo a tensão no ar, Cassandra disse:

— Vamos. A princesa já está vindo.

Eugene mudou de feição no momento que ouviu o nome princesa. Os quatro entraram na sala do trono e todos vibraram por verem os seus reis. Eugene e Cassandra estavam trajando a vestimenta padrão da guarda real, sem o elmo. Os dois estavam usando braçadeiras de ouro que se estendiam até os punhos, caneleiras de ouro que se estendiam até os pés e peitorais de ouro com o símbolo do reino. Os dois estavam com lanças. Os reis se dirigiram até os tronos, através do tapete vermelho, e sentaram. Cassandra ficou ao lado esquerdo da rainha e, Eugene, ao lado direito do rei. O conselheiro real entrou depois e ficou entre os reis, atrás de uma espécie de móvel de madeira de 1 metro de altura, que estava com a coroa no topo. Era um homem branco de altura mediana, usava colete vermelho e calças brancas, além das botas marrons. Tinha cabelos castanhos, um pouco longos, mas os usava amarrados. Era, assim como o capitão da guarda, um homem de meia idade. Pouco tempo depois, as portas foram fechadas e, depois, abertas por dois guardas, isso era parte da cerimônia. A princesa entrou logo em seguida e todos gritaram o nome dela. Quando Rapunzel se aproximou do degrau antes dos tronos, o silêncio tomou conta do salão e o conselheiro começou a falar:

— Em nome do rei Frederic, aqui presente, eu entrego…

— Já chega! Saiam todos daqui se não quiserem morrer! – disse uma mulher branca da altura da princesa, usando uma peruca similar, maquiagem e um vestido escarlate, a mulher era facilmente confundida com alguns convidados.

De repente, alguns homens no meio da multidão, no salão, sacaram espadas e começaram a cortar as pessoas por perto. Esses homens também estavam vestidos como alguns convidados. Era horrível. Um ambiente, que antes estava tomado pela alegria, de repente, foi tomado pela violência. Começou uma gritaria e uma correria. As pessoas saíram pela entrada principal. A mulher estava bloqueando a saída lateral. Os dois guardas na entrada não tiveram tempo de reagir, tiveram os pescoços cortados pelas adagas de dois bandidos que estavam no meio das pessoas que corriam em desespero. Quando a multidão se esvaiu, a mulher mandou os capangas bloquearem as duas entradas com espadas, tirou a peruca e passou um pano no rosto para remover a maquiagem. O cabelo estava preso, era cor escarlate, combinava com seu vestido. Um capanga, próximo à entrada lateral, jogou uma besta e uma flecha para ela.

— Desista! Você não vai ter para onde fugir depois do que fez aqui! – disse Rapunzel encarando a mulher.

Quatro pessoas estavam caídas no chão, além dos guardas.

— Fugir? Não seja idiota. Eu vim aqui matar você e os seus pais. Não me importo com o que vier depois. – disse a mulher apontando para Rapunzel.

Eugene a reconheceu.

— Lady Caine?! O que você está fazendo aqui?! Você não estava presa?! – perguntou Eugene muito apreensivo.

— Flynn Rider? Então os boatos eram verdadeiros. Você se tornou mesmo um cachorrinho de Corona. – disse Lady Caine num tom de deboche.

Rapunzel interrompeu:

— Por que você quer nos matar? Nunca ouvi falar de você.

— É claro que não. Seu pai nem deve saber que eu existo. – respondeu Lady Caine olhando para o rei.

— E deveria? – perguntou o rei Frederic olhando para Lady Caine.

Lady Caine ficou enfurecida.

— Esse maldito não lembra, princesa, mas, quando você foi sequestrada, ele surtou. Mandou os guardas prenderem todos que consideravam suspeitos de terem levado a princesinha e os colocou na prisão. Meu pai era um ex-contrabandista, já tinha pago suas dívidas com a lei, mas, só por causa da loucura do seu pai, ele foi preso e depois assassinado na cela por outro detento. Por isso, vim depressa para cá quando soube que você havia voltado. – disse Lady Caine olhando para a princesa e, logo em seguida, colocou uma flecha em sua besta.

— Como você escapou da prisão? É impossível escapar daquele presídio em Vardaros. – disse Eugene encarando Lady Caine.

— O Barão me ajudou. Em troca, eu só tinha que matar você também. – afirmou Lady Caine com um olhar assassino.

Lady Caine apontou a besta em direção ao rei. Eugene olhou para Cassandra como se a avisasse para ficar mais alerta e ela entendeu.

— Até mais, Frederic! – disse Lady Caine enquanto disparava uma flecha.

Rapunzel ficou sem reação, só olhando a flecha ir em direção ao rosto do seu pai. Cassandra ficou na frente da rainha. A rainha Arianna pensou que fosse perder o marido quando, rapidamente, Eugene girou a lança de forma que a ponta de aço ficasse na frente da face do rei. Cassandra nunca viu aquele movimento. A flecha bateu no aço e caiu. Rapidamente, Eugene passou a lança para a mão direita e a atirou em direção à Lady Caine, que se esquivou com um salto e um rolamento para o lado, ficando mais próxima de Cassandra.

— Cassandra! Você cuida da Lady Caine! Deixe os outros comigo! – disse Eugene enquanto encarava Lady Caine.

Frederic ainda não acreditava que estava vivo. Ele estava olhando para a flecha, que o teria matado, rolando no chão. Os capangas da Lady Caine estavam paralisados com tudo o que aconteceu, afinal, um cara parou uma flecha com uma lança. Rapunzel estava muito aliviada pelo fato do pai ainda estar vivo. Naquele momento, a princesa retirou a peruca e revelou seu cabelo loiro. O cabelo começou a reluzir e a crescer, ele se ergueu em duas partes como se essas partes fossem braços. Todos na sala ficaram chocados, exceto a dama de companhia.

— Eugene, você quis dizer “nós cuidamos dos outros”, não é? – perguntou Rapunzel enquanto seus cabelos flutuavam.

— Rapunzel?! O quê?! – perguntou Eugene muito surpreso.

Logo em seguida, um capanga jogou uma flecha para Lady Caine que tentou colocá-la na besta, mas Cassandra chutou a arma, fazendo a flecha e a besta caírem.

— Desgraçada! – disse Lady Caine antes de saltar para trás.

Rapunzel segurou quatro capangas de uma vez com os cabelos e os jogou para cima, os quatro arremessados acertaram o candelabro e caíram, dois caíram de costas e desmaiaram na hora, os outros dois caíram com os ombros e bateram a cabeça no chão, também ficaram inconscientes.

Enquanto isso, Eugene correu para pegar sua lança, que caiu perto da entrada lateral, enquanto dois capangas corriam atrás dele, ele pegou sua lança antes de ser alcançado e a arremessou no capanga que estava mais perto. A lança perfurou o peito direito do homem que caiu de costas assim que atingido. Ele ficou agonizando de dor. O outro continuou indo em direção ao Eugene, que correu próximo à parede, afastando-se da entrada lateral. O homem que continuou no encalço de Eugene tentou acertá-lo, com a espada, no rosto com um golpe horizontal, Eugene abaixou e acertou um chute praticamente deitado no joelho direito do capanga, que soltou a espada e caiu no chão. Eugene pegou a espada. O capanga estava, no chão, implorando pela vida:

— Por favor! Não me mate! Isso aqui era só um serviço! Não era pessoal!

— Eu sei. – disse Eugene com um olhar de desprezo.

Eugene abaixou e acertou um soco no rosto do capanga, nocauteando-o.

Enquanto isso, Lady Caine assumiu uma posição de combate, pé direito atrás e mão direita cerrada na frente. Cassandra assumiu uma postura semelhante, mas com a mão esquerda cerrada na frente e o pé esquerdo atrás. Cassandra se aproximou e usou um chute lateral de esquerda na altura do braço direito de Lady Caine, a criminosa recebeu o chute no braço, aproximou-se um pouco mais e acertou um chute frontal de direita no queixo de Cassandra, que caiu de costas no chão. Lady Caine foi em direção à Cassandra e tentou pisar em seu rosto com a perna direita, Cassandra rolou para o lado e levantou rapidamente, voltando à posição de combate com a perna direita atrás e a mão direita cerrada na frente dessa vez.

— Você é rápida. – disse Lady Caine com um sorriso cruel.

— Isso é óbvio. Afinal, esse é o lema do nosso estilo. Aliás, é o mesmo estilo que você está usando. – disse Cassandra ofegantemente.

Nesse instante, a rainha interrompeu:

— Cassandra, deixe comigo!

— O quê? Como assim, majestade? – disse Cassandra mantendo sua pose de luta.

A rainha se dirigiu para frente de Cassandra.

Lady Caine começou a rir diante da rainha.

— Maravilhoso! Nem vou precisar matar essa guarda para poder te matar! Sinceramente, nem sei como agradecer. – disse Lady Caine com um olhar assassino.

— Agradeça tomando uma surra. – disse a rainha Arianna com um sorriso malicioso.

A rainha Arianna permaneceu serena e Cassandra recuou. Lady Caine correu em direção a rainha, saltou e tentou um chute com os dois pés. Cassandra queria intervir, mas não podia desobedecer à rainha. Arianna simplesmente girou fazendo um percurso curvado à esquerda da criminosa se esquivando do ataque desesperado. Lady Caine caiu de costas no chão.

— É sério? – disse a rainha Arianna com tom de deboche.

Lady Caine se levantou e assumiu uma pose com o pé esquerdo atrás e a mão esquerda cerrada na frente, após se aproximar da rainha, ela tentou um soco de direita na rainha, levando a perna esquerda simultaneamente para frente, Arianna evitou recuando um pouco e movendo a cabeça para o lado esquerdo. Depois, Lady Caine tentou um soco de esquerda enquanto levava a perna direita para frente, a rainha recuou um pouco e moveu a cabeça para o lado direito. Novamente, a criminosa tentou um soco de direita na rainha, mas, dessa vez, avançou deixando o pé esquerdo atrás, Arianna evitou da mesma forma que fez no primeiro soco, a rainha não usava uma pose de luta, nem parecia que estava numa briga. A criminosa virou o quadril e o pé esquerdo, levou o joelho direito até o abdômen, botou o punho direito perto do punho esquerdo e tentou um chute de lado com o pé direito na barriga da rainha. Parecia que seria um golpe certeiro, mas, no momento do chute, a rainha se moveu para a esquerda da criminosa com um pequeno alto, Lady Caine chutou o ar, a rainha ficou de frente para a criminosa e acertou um “pesão” de direita na “boca” do estômago da Lady Caine, que caiu rolando no chão com a mão na barriga e soltando sangue pela boca. Cassandra ficou surpresa com a habilidade da rainha, a dama de companhia da princesa nem sabia que a rainha era uma combatente. Arianna olhou para Cassandra e perguntou:

— Você cuida do resto por aqui?

— Sim. – disse Cassandra olhando perplexa para Lady Caine caída.

Arianna foi para perto de Frederic que estava ao lado do conselheiro real e perto da filha, o rei estava impressionado com aquele cabelo.

Eugene foi para cima de dois capangas que estavam paralisados com medo dos cabelos.

— Ei, vocês! – disse Eugene chamando os dois com a mão.

— De você, damos conta. – disse um deles com um sorriso.

O primeiro tentou acertar o rosto de Eugene num golpe vertical, Eugene bloqueou com a espada e, imediatamente, pulou e chutou o capanga com os dois pés, caindo de costas. O capanga chutado caiu sentado e largou sua espada, o outro tentou acertar Eugene no chão, mas ele rolou para o lado e levantou. Eugene correu em direção ao homem que estava se levantando e cortou suas costas. O homem caiu de bruços no chão enquanto sangrava. Eugene abaixou e pegou a espada do homem caído e quase teve a mão esquerda pisada pelo outro capanga. Ele rapidamente enfiou a espada, da mão direita, na barriga do homem. O capanga largou sua espada e caiu de costas, Eugene soltou a espada cravada. O capanga estava sangrando muito na área da perfuração.

Enquanto isso, Cassandra acertou um soco no rosto de Lady Caine, nocauteando-a. Usando a besta, Cassandra acertou, nas costas, o capanga que carregava as flechas para Lady Caine enquanto ele tentava fugir indo para a entrada lateral. A flecha varou o sujeito, que caiu desacordado no chão.

Após Eugene levantar, um outro capanga tentou atacá-lo. Eugene já estava pronto para a briga, mas o cabelo de Rapunzel acertou o bandido, fazendo-o literalmente voar em direção à entrada principal. A metade superior das portas quebrou por causa da espada colocada pelos bandidos que não permitia às portas abrirem normalmente. Momentos depois, Peter se aproximou das portas, nem precisou abri-las para ver a sala do trono. Eugene estava bem no centro, em pé no tapete vermelho, de costas para a entrada principal, ele estava olhando alguma coisa perto dos tronos, tinham dois corpos próximos a ele, um caído de costas com uma espada na barriga e outro de bruços com um corte nas costas. Olhando para a direita, havia um homem caído de costas com uma lança no peito direito. Mais à direita, próximo à parede, tinha um homem sentado com as mão nos joelhos. Subindo a vista, era possível ver Cassandra segurando uma besta, ela estava em pé próximo a uma mulher inconsciente. Tinha um homem caído de bruços próximo à entrada lateral. No lado esquerdo da sala, havia quatro homens também inconscientes, dois caídos de costas e dois caídos de bruços. Mais próximo à entrada, tanto no lado direito, quanto no esquerdo, existiam duas pessoas caídas com cortes nas costas. Quando Peter se aproximou das portas para retirar a espada que a estava impedindo de ser aberta, viu dois guardas caídos com os pescoços cortados. Peter teve que forçar um pouco as portas depois de retirar a espada, pois os guardas caídos estavam na frente delas. Peter não havia percebido a tensão no ar até chegar próximo ao Eugene.

O cabelo da princesa estava flutuando, brilhando e muito comprido.

— Eugene, o que está acontecendo? Aquele é o cabelo da princesa? – perguntou Peter muito surpreso.

— Peter. Cheque o perímetro e verifique se houve mais baixas ou se tem mais intrusos no castelo. – disse Eugene encarando Rapunzel.

Peter voltou por onde entrou e mandou o grupo de guardas que estava com ele se espalharem pelo castelo.

O cabelo da Rapunzel começou a perder comprimento até ficar na altura da cintura e parar de brilhar.

Eugene estava muito perplexo.

— Rapunzel, como? Quando? – perguntou Eugene enquanto andava lentamente na direção da namorada.

Antes que a princesa pudesse responder, Frederic falou:

— É o que eu quero saber também.

O rei parecia estar muito bravo com a filha.

A rainha foi em direção à Rapunzel e a abraçou.

Eugene se aproximou.

— Obrigado por me salvar, Loirinha. – disse Eugene piscando um dos olhos.

Rapunzel sorriu.

Mais tarde, pela noite, Eugene e Cassandra estavam na sala do capitão, foram chamados por ele. Ele estava sentado enquanto os dois soldados estavam de pé.

— Tivemos sete capangas da Lady Caine mortos por vocês e a princesa, e seis cidadãos de Corona mortos, entre eles, dois guardas, na sala do trono. Peter e mais alguns guardas fizeram uma perícia dentro do castelo e encontraram mais dois guardas mortos, os dois próximos às portas dos fundos. Os cozinheiros foram encontrados amarrados e amordaçados na cozinha. Nenhum dos cozinheiros foi morto. Pelo protocolo de eventos no castelo, todos os guardas ficam responsáveis pela área interna, não tinha ninguém na área externa para poder perceber uma movimentação estranha atrás do castelo além dos guardas mortos perto entrada dos fundos. De qualquer forma, no total, tivemos quatro guardas e quatro civis mortos. – disse o capitão com um olhar triste.

— O mais curioso é o fato daqueles assassinos pouparem os cozinheiros. – disse Cassandra olhando para o capitão.

— Sim. Isso não faz sentido, era mais inteligente matar para ninguém tentar gritar ou fugir. – afirmou o capitão olhando para Cassandra.

— Na verdade, faz sentido. – afirmou Eugene olhando para o capitão.

— Explique-se. – disse o capitão encarando Eugene.

— A Lady Caine falou que seu pai cumpriu pena aqui em Corona, então devia ter registros dele na biblioteca da área comercial. Fui até lá depois da confusão e, analisando uns livros sobre os criminosos do reino, encontrei registros de um homem chamado Ludwig Caine, ele cumpriu uma sentença de dez anos preso em Corona por contrabando. Após ser solto, ele casou com uma cozinheira do castelo, Scarlet Caine, e tiveram uma filha chamada Elizabeth Caine e, depois do sequestro da princesa, o rei mandou caçarem o Ludwig e a esposa dele. Elizabeth só tinha cinco anos na época. – contou Eugene.

— Ela provavelmente lembrou da mãe quando viu os empregados e deve ter proibido os capangas de fazerem algo. – disse Cassandra olhando para Eugene.

— Os historiadores de Corona fizeram um bom trabalho. Será que algum deles está escrevendo sobre mim? – perguntou-se Eugene com uma mão no queixo.

Cassandra e o capitão fitaram Eugene com os olhos.

— O que mais me preocupa é o fato da Lady Caine conseguir roubar uma casa e nenhum guarda ver nada até ser tarde demais. – disse Eugene ainda com uma mão no queixo.

— Isso me preocupa também, mas, pela sua expressão, você deve ter um palpite. – disse o capitão olhando para Eugene.

— A Lady Caine estava presa em Vardaros, que fica a uns seis meses de Corona, ou seja, ela deve ter chegado na ilha, sendo otimista, há menos de uma semana. Nem mesmo uma semana é tempo suficiente para memorizar o padrão de ronda da guarda daqui. Eu mesmo tive que estudar vocês por um mês para roubar a coroa com sucesso. – disse Eugene encarando o capitão.

O capitão da guarda levantou, olhou bem nos fundos dos olhos de Eugene e perguntou:

— O que você está insinuando?

— Parece que você me entendeu, Capitão. – respondeu Eugene ainda encarando o Capitão.

— Eugene, com exceção de você, todos os membros da Guarda Real são de Corona, foram treinados desde a infância até o dia do teste para se tornarem parte do exército do reino. Todas as crianças treinadas aqui, no C.T. da Guarda Real, passaram por uma verificação de antecedentes para sabermos se são do reino. Não tem como haver um traidor, porque, se houver, ele acabou de se entregar. – disse Cassandra encarando Eugene.

Eugene não ficou amedrontado e olhou com a mesma imponência para os dois.

— Vocês acham mesmo que eu seria capaz de fazer algo assim? – perguntou Eugene em tom sério.

— Sim! – responderam o pai e a filha ao mesmo tempo.

— Tal pai, tal filha. – falou Eugene enquanto virava.

Eugene abriu a porta da sala e, antes de sair, falou:

— Se eu quisesse o rei morto, eu mesmo já o teria matado. Não esqueçam de quem o salvou hoje.

Eugene fechou a porta.

Cassandra suspirou.

— Pai, acho que exageramos. – disse Cassandra num tom mais triste.

— Eu sei, mas traição? Nunca houve traidores no exército de Corona. A insinuação dele me tirou do sério. – disse o Capitão enquanto sentava.

Enquanto os três conversavam na sala do Capitão, Rapunzel foi chamada pelo seu pai na sala do trono. Ela estava com seu vestido rosa e descalça. O salão ainda estava bagunçado, havia vestígios de sangue. Na sala, só estava o rei. Rapunzel entrou pela entrada principal e os guardas fecharam as meias portas. Os tronos e o mini-altar de madeira com a coroa estavam do mesmo jeito. O rei estava de costas para a filha, encarando a coroa.

— Filha, o que aconteceu? Como você ficou assim? – perguntou o rei Frederic enquanto virava para a filha.

— Pai, eu… – disse Rapunzel com um olhar triste.

— Você mentiu para mim, Rapunzel! Aquela história de peruca… – disse o rei Frederic aumentando o tom.

— Sinto muito. Eu não contei porque sabia que o senhor ficaria com raiva. – disse Rapunzel com lágrimas nos olhos.

— Raiva é eufemismo. O que aconteceu ontem à noite depois do papelão do seu namorado? – perguntou o rei Frederic encarando a filha.

— Eu precisava colocar a cabeça no lugar e fui até o outro lado dos muros. – disse Rapunzel olhando para o chão.

— Você o quê?! Filha, lá é muito perigoso! Se as… Se criminosos te encontrassem?! – perguntou Frederic muito bravo.

— Eu sei, pai! Mas eu estava confusa e acabei indo mesmo assim e, depois, acabei encontrando o lugar onde a gota de sol foi encontrada! – disse Rapunzel olhando para o pai.

O rei arregalou os olhos e ela prosseguiu:

— Lá havia umas Rochas Negras e eu toquei numa delas, teve uma explosão e depois as Rochas começaram a nos seguir e eu corri. Quando me dei conta, meus cabelos estavam brilhantes e muito grandes, como antes, mas depois voltaram para o tamanho que o senhor está vendo.

— Começaram a nos seguir? Você não estava sozinha? – perguntou o rei Frederic encarando a filha.

— Não. Eu estava com o Pascal. – respondeu Rapunzel olhando para Frederic.

O rei Frederic suspirou.

— Eu admito que esse seu cabelo nos salvou hoje. – disse o rei Frederic olhando para um vestígio de sangue.

— Porém, filha, quando você foi sequestrada, uma parte de mim também foi, a melhor parte, então, quando eu vi esse cabelo, o motivo de você ter sido tirada de mim, voltar… – disse o rei Frederic olhando para a filha.

O rei deu as costas para Rapunzel.

— Pai? – perguntou Rapunzel olhando para as costas de Frederic.

— Sinto muito, filha, mas eu não tenho escolha a não ser usar meu poder absoluto de rei para proibir você de passar dos muros desse reino sem meu consentimento. – disse o rei Frederic ainda de costas para Rapunzel.

— Mas, pai… – disse Rapunzel com lágrimas nos olhos.

— E, qualquer um que ajudá-la, será punido. Essa é a última vez que falaremos de pedras místicas ou de magia de qualquer natureza com qualquer pessoa, entendeu? – perguntou Frederic enquanto virava com a coroa da princesa nas mãos.

O rei entregou a coroa à princesa.

— Dói muito mais em mim do que no senhor! – disse Rapunzel chorando após pegar a coroa.

Rapunzel saiu correndo pela entrada principal.

No quarto, Rapunzel colocou os principais acontecimentos dos dois últimos dias em seu diário, ela escrevia nele sempre que podia. Além de escrever, a princesa pintava nele, era um diário ilustrado. O diário foi dado pela sua mãe e tinha a frase “Plus Est En Vous[1]” na capa. A princesa já estava deitada quando bateram à porta.

— Loirinha, sou eu.

Era a voz de Eugene.

Rapunzel abriu a porta e lá estava Eugene segurando um bolinho, na mão direita, com cobertura de morango.

— É o meu favorito! – disse Rapunzel muito alegre.

1 – Do francês, “mais em você”.

Pascal já estava dormindo. Os guardas do quarto estavam no final do corredor. Eugene entrou no quarto e os dois foram para a varanda. Ele estava carregando algo em na mão esquerda, mas evitou que a namorada visse o que era.

— Precisamos conversar. – disse Eugene enquanto limpava a boca da namorada que estava suja com cobertura.

— Sim, precisamos. – respondeu Rapunzel enquanto mastigava o bolinho.

Eugene sorriu.

— Desculpe não ter percebido que você estava sob muita pressão aqui no castelo. Estudando as leis e praticando etiqueta para ser uma rainha. Você nem pode sair do castelo sem ser escoltada por um guarda. – disse Eugene olhando para a entrada do castelo.

— Eugene… Você percebeu. – disse Rapunzel encantada com o namorado.

— Bom, seus problemas acabaram, Sunshine! – disse Eugene muito entusiasmado.

Rapunzel ficou confusa.

— Acabaram? – perguntou Rapunzel um pouco confusa.

Eugene mostrou o que estava escondendo. Era uma frigideira com o símbolo de corona pintado na circunferência exterior.

— Antes de passar na padaria, passei no Xavier. Encomendei há uma semana. Agora, você poderá provar ao seu pai que é capaz de se defender sozinha e, talvez, ele te deixe sair sozinha pelo reino de vez em quando, mas acho difícil uma frigideira conseguir competir com esse cabelo. – disse Eugene sorrindo.

Rapunzel pegou a frigideira da mão do namorado e testou uns golpes no ar.

— Ela é ótima. Obrigada. E me desculpe por meu pai ter reclamado com você ontem. – disse Rapunzel levando uma mão à bochecha do namorado.

Rapunzel beijou Eugene. Foi um beijo longo.

— Eugene, pode me prometer uma coisa? – perguntou Rapunzel olhando apaixonadamente para o namorado.

— Claro. – respondeu Eugene sorrindo.

— Promete ter paciência comigo? – perguntou Rapunzel ainda olhando apaixonadamente para Eugene.

— É claro que sim… afinal, você é o meu sonho. – respondeu Eugene antes de beijar Rapunzel.

Num castelo, muito distante de Corona, duas pessoas, um homem e uma mulher, trajando capas com capuz conversavam.

— Irmão, recebi um corvo erudito de nosso irmão em Corona. A gota de sol foi reativada. – disse a mulher.

— Eu sei, também recebi uma mensagem do corvo dele, mas não posso ir à Corona, sabe que estou ocupado tentando encontrar a pedra da lua. – disse o homem.

A mulher virou de costas e começou a se mover em direção às portas do castelo.

O homem disse algo antes dela sair:

— Lembre-se, irmã. Só tem duas formas de trazer nossa mestra de volta e a única viável no momento é…

A mulher interrompeu falando:

— Não se preocupe. Eu já sei o que tenho que fazer.


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Notas finais do capítulo

Incrível! Os cabelos da princesa de Corona estão com habilidades novas embora tenha perdido a habilidade de cura!
Quem eram aqueles dois conversando sobre a gota de sol? O que eles querem com a gota se sol? Suspeito...



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