Rochas Negras escrita por Zretsim


Capítulo 15
Irmãos de Roubo


Notas iniciais do capítulo

A arte usada no livro não é de minha autoria.



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Após serem adotados pelo Barão, Lance, Eugene e Sword foram levados para o reino de Vardaros pelos capangas dele. Colocaram vendas nas crianças durante a viagem. O Barão foi para Vardaros separado das crianças e dos capangas. Na mansão do Barão, em Vardaros, havia um andar subterrâneo. Este andar correspondia a uma sala enorme. Os três recém-adotados estavam acompanhados de um capanga quando entraram na sala. Eugene ficou impressionado com o ambiente.

— Que incrível. – pensou o pequeno Eugene enquanto olhava ao redor.

Lance viu o Barão com outras quatro crianças.

— Ei, vocês três! Venham aqui! – disse o Barão.

— Esse cara… – pensou Lance muito irritado.

Quando se aproximaram do Barão, eles viram melhor as outras crianças. Três garotas e um garoto. Uma das garotas chamava atenção por ter o cabelo roxo, uma cor bastante incomum para cabelos. Outra era ruiva, outro tom de cabelo raro. A terceira garota era loira e o garoto era careca.

— Crianças, esses são meus três novos alunos no curso de ladrão. – disse o Barão enquanto sorria.

— O quê?! – pensaram Lance e Sword muito surpresos.

— Legal! – pensou Eugene contendo a empolgação.

As quatro crianças se aproximaram e cumprimentaram Lance, Eugene e Sword. Eugene se apresentou como Flynn Rider. O nome da garota de cabelos roxos era Stalyan. Seus olhos eram azuis. Muito parecidos com os olhos do Barão. A garota ruiva tinha os olhos castanhos claros e se chamava Mayla. A garota de cabelos loiros se chamava Anelise, seus olhos eram azuis. O garoto se chamava Aaron e seus olhos eram verdes.

— Agora que já se apresentaram, quero explicar a situação minunciosamente para os novatos. – disse o Barão em tom sério.

— Quem é esse cara? – pensou Lance enquanto encarava o Barão.

— Num passado bem distante, eu fui um grande criminoso. Era procurado nos seis rein… Esqueçam essa parte dos seis reinos. – disse o Barão em tom sério.

— Ele está bêbado? Até uma criança como eu sabe que são os sete reinos da Germânia. – pensou Sword enquanto encarava o Barão.

— Como já disse, fui muito procurado. Mas isso é passado. Eu roubei tanta coisa que não preciso roubar mais nada. Ou seja, eu fiquei rico roubando. Agora, eu me dedico a ensinar a nova geração de ladrões. Eu acolhi três bebês para ensiná-los sobre a arte do roubo. Porém, anos depois, quando estava na zona comercial de Munique, vi três garotos bastante espertos furtando maçãs. Por isso, trouxe vocês, novatos, mesmo sendo grandinhos. – disse o Barão olhando para as crianças.

— Vocês vão adorar. O papai nos deixa ficar com as coisas que roubamos. – disse Stalyan olhando para os irmãos Strongbow.

— Isso mesmo. Como eu sou muito rico, não tenho motivos para pegar o dinheiro de vocês. – disse o Barão antes de gargalhar.

— O que acontece se algum de nós for capturado? – perguntou Eugene olhando para o Barão.

— Ser capturado significa que você não se dedicou ao curso. Por isso, nós esqueceremos que você fez parte do curso. – respondeu o Barão em tom sério.

— Esquecer? Mas e se o capturado dedurar isso aqui? – perguntou Lance olhando para o Barão.

— Atualmente, eu sou, somente, um grande comerciante. Tenho um banco neste reino, além de outros negócios em outros reinos. Não adianta citar meu nome, pois ninguém vai dar ouvidos a um bandido. Aliás, as pessoas me consideram um cidadão de valor. – disse o Barão olhando para Lance.

— Você, realmente, era muito procurado? Porque não faz sentido as pessoas, simplesmente, não lembrarem disso. – disse Eugene com uma mão no queixo.

— É porque faz uns mil anos que não roubo. – pensou o Barão.

— Eu não sei. Elas só não lembram. Sinto-me até desrespeitado pelo fato das pessoas terem esquecido meus feitos. – disse o Barão fingindo tristeza.

— Como vai ser esse curso de ladrão? – perguntou Sword olhando para o Barão.

— Meus capangas vão passar tarefas para vocês. As tarefas, é claro, tratam-se de roubos e furtos. Além disso, vocês vão dormir numa casa abandonada nos arredores do reino. A Stalyan é minha filha legítima, mas não é tratada diferente por isso. Ela também dorme na casa abandonada. – disse o Barão olhando para Sword.

— Essas quatro crianças só foram trazidas aqui para vocês se conhecerem. Agora, vamos. – disse o capanga olhando para Sword.

— Já vamos voltar? – perguntou Stalyan um pouco triste.

Ela correu até o Barão e o abraçou.

— Tchau, pai. – disse Stalyan após o abraço.

— Tchau, filha. – disse o Barão enquanto olhava a filha se afastando.

As sete crianças foram vendadas e levadas para uma casa abandonada nos arredores de Vardaros. A casa era cercada por uma floresta. Os meninos ficaram num quarto e as garotas em outro.

Antes, na sala, o capanga do Barão disse:

— Amanhã, começaremos cedo com os novatos. O resto pode descansar.

— Isso. – disse Mayla, a garota ruiva.

No quarto dos garotos, Aaron, o garoto careca, disse:

— Tomem cuidado. Se forem pegos, vão apodrecer numa prisão ou coisa pior. Além disso, nunca confiem naquelas garotas.

— Tudo bem… – disse Eugene enquanto subia num beliche.

Lance ficou na cama de baixo. Havia dois beliches no quarto. Aaron deitou na cama de baixo do outro beliche.

Na manhã seguinte, logo após o amanhecer, o capanga do Barão acordou Eugene e Lance. Eles foram para a sala, onde Sword estava esperando.

— Vamos para a área residencial de Vardaros. Sem vendas dessa vez. – disse o capanga.

— Área residencial? Vai ser muito fácil. As pessoas de lá não são tão alertas como as pessoas na área comercial, que é onde ocorre a ação de verdade. – disse Eugene enquanto pegava uma fruta na mesa.

— A intenção é levá-los a um local fácil para praticarem furto. Na verdade, vou testá-los. Se vocês se saírem bem, vão praticar furto na área comercial. – disse o capanga olhando para Eugene.

— Entendi. – disse Eugene enquanto comia.

Eugene, Sword e Lance foram numa carroça enquanto o capanga estava montado no cavalo. Eles pararam pouco antes de saírem da floresta.

— A partir daqui, vamos a pé. – disse o capanga antes de descer do cavalo.

Vardaros, diferentemente de Corona, não tinha muros. As construções indicavam até onde o território do reino se estendia.

Quando chegaram perto de algumas casas, o capanga disse:

— Separem-se e furtem a maior quantidade de dinheiro que conseguirem. Eu estarei aqui, esperando vocês. Se fugirem, provavelmente o Barão vai matar todos naquele orfanato só para vocês não terem para onde voltar.

— Esse desgraçado… – pensou Eugene encarando o capanga.

Os três entraram na área residencial.

— Não nego que gostei da ideia de ser ladrão, mas fico muito irritado com essas ameaças. – pensou Eugene enquanto andava entre algumas pessoas.

Em outro lugar da área residencial, Sword percebeu que havia muitas pessoas embriagadas. Lance também percebeu a mesma coisa onde estava.

— Assim como Munique, este lugar tem vida noturna. Os idiotas devem estar retornando para casa agora. – pensou Lance enquanto “batia” diversas carteiras.

Eugene também estava “batendo muitas carteiras” e pensou:

— Eu nem estava esperando que eles estivessem bêbados. Que sorte.

Sword “bateu várias carteiras”. Porém, de repente, alguém, vestido com um traje parecido com o da guarda real de Corona, exceto pela cor preta, segurou Sword pelo ombro direito e perguntou:

— Garotinha, está perdida?

Era uma mulher, ela estava usando uma armadura semelhante à da guarda real de Corona, mas a cor da armadura era prata e ela estava portando uma besta com uma espécie de anel de flechas, o que possibilita criar uma saraivada.

— Não, minha mãe é aquela. – disse Sword apontando para trás.

A guarda soltou o ombro da garota, olhou para trás e disse:

— Aquela qual? Só tem homens…

Quando a guarda olhou para o lugar onde a garotinha estava, ela havia sumido.

— Garotinha? – perguntou a guarda enquanto olhava entre as pessoas.

O capanga do Barão estava cochilando, encostado numa árvore.

— Ei, acorda. – disse Sword cutucando o capanga.

O capanga acordou, levantou e disse:

— Mostrem.

— Foi difícil esconder. Roubei tanto que fiquei sem espaço na roupa, então tive que arrumar um esconderijo. Precisarei voltar para buscar as outras moedas. – disse Eugene enquanto removia vários sacos de moedas da roupa.

— O mesmo para mim. – disse Lance enquanto entregava alguns sacos de moedas e algumas joias ao capanga.

Sword entregou alguns sacos e voltou para a área residencial.

Após alguns minutos, Eugene voltou.

— Demorou. – disse o capanga.

Eugene tirou mais sacos de dinheiro da roupa e disse:

— Já volto.

Eugene voltou para a área residencial.

Depois, Lance e Sword apareceram.

No fim, os três tiveram que voltar duas vezes para a área residencial.

— Incrível. Esses pirralhos conseguiram roubar bem mais do que os outros na última vez que vieram por aqui, na semana passada. – pensou o capanga enquanto olhava para as moedas de cobre e joias que as crianças furtaram.

— Vamos voltar. – disse o capanga enquanto sorria para as crianças.

No outro dia, na área da floresta perto da área comercial de Vardaros, as sete crianças estavam com o capanga.

— Os novatos receberam uma promoção. Eles, agora, estão no mesmo nível que vocês. Isso significa que, a partir de hoje, eles terão as mesmas aulas que vocês quatro. – disse o capanga olhando para Stalyan.

— O quê? – pensou Stalyan enquanto olhava para Eugene.

— Hoje, vocês terão que conseguir o equivalente a quatrocentas moedas de cobre. Isto é, quarenta moedas de prata ou quatro moedas de ouro estão valendo. Ah, uma peça de platina também serve, pois equivale à dez peças de ouro. Lembrando que, se vocês vierem aqui, não poderão voltar. Ou seja, vocês só devem voltar com a meta atingida. – explicou o capanga.

— O quádruplo da semana passada. – pensou Aaron.

— Interessante. Roubar moedas de cobre é mais fácil, pois a maioria das pessoas tem. Porém, carregar quatrocentas moedas é praticamente impossível… – pensou Stalyan.

— Moedas de prata são, eu diria, comuns, mas são mais difíceis de achar que moedas de cobre. Além disso, carregar quarenta moedas é muito trabalhoso… – pensou Anelise.

— Então, o objetivo aqui são as moedas de ouro. Mas, é difícil encontrar este tipo de moeda. Geralmente, donos de estabelecimentos que carregam moedas de ouro por aí… – pensou Sword.

— E esse tipo de pessoa costuma trabalhar o dia todo… – pensou Maya.

— Por isso, terei que invadir algum estabelecimento e procurar o local onde guardam o dinheiro… – pensou Lance.

— O problema é que uma criança andando por aí, sozinha, chama atenção. – pensou Eugene.

— Podem ir. Esperarei aqui até o anoitecer. Quem não conseguir, fica sem comida por dois dias. – disse o capanga.

As sete crianças se “espalharam” pela área comercial de Vardaros.

Eugene estava andando entre as pessoas enquanto pensava.

— Eu não conheço nenhum estabelecimento por aqui. Diferente de Munique, não sei como são os esquemas de segurança das lojas daqui. Estudar um destes esquemas é a melhor opção, mas isso vai levar um tempo. Então, é melhor que eu gaste tempo observando um lugar que tenho certeza que vai dar um bom retorno. – pensou Eugene antes de ficar diante de um banco.

Eugene deu um sorriso. Ele estava diante de uma grande construção de cinco andares. Havia um nome, Banco Walker, pintado acima do portão no térreo. Eugene entrou no banco. No térreo, existiam muitas mesas com papéis e pessoas sentadas, anotando algo ou atendendo alguém. As pessoas sendo atendidas usavam ternos. Eugene sentou numa cadeira, numa área onde havia outras crianças sentadas.

— Com licença, onde estão seus pais? – perguntou um guarda real.

— Aquele é o meu pai. – respondeu Eugene enquanto apontava para um dos homens que estavam sendo atendidos.

— Entendi. – disse o guarda antes de se afastar.

— Esses homens de terno devem ser grandes comerciantes. Roubá-los aqui ou lá fora é muito difícil, esse tipo de pessoa costuma andar escoltada. – pensou Eugene olhando para dois homens fortes, que estavam logo atrás de um homem de terno sendo atendido.

— Esse banco tem muitos guardas do reino, mas também tem seguranças próprios. – pensou Eugene enquanto olhava para algumas pessoas que vigiavam a escada, mas não usavam o traje dos guardas reais.

Esses guardas portavam espadas embainhadas. Os guardas reais portavam bestas modificadas e alguns cilindros com flechas na superfície.

Naquele momento, Lance e Sword entraram no banco.

— Aqueles dois… – pensou Eugene enquanto olhava Lance e Sword se aproximarem.

Lance e Sword foram abordados por guardas e inventaram uma desculpa.

— Pensou o mesmo que nós. – disse Lance olhando para Eugene.

— É claro. Vamos trabalhar juntos? – perguntou Eugene com um sorriso malicioso.

— Não disseram nada sobre parcerias. – disse Sword também com um sorriso malicioso.

— Pensou em algo, Eugene? – perguntou Lance com um sorriso malicioso.

Eugene parou de sorrir e explicou o plano aos irmãos Strongbow.

— Entendi. – disse Sword.

— Ei, pessoal – disse Lance com algumas crianças que estavam por perto.

As crianças olharam para Lance.

— Quem de vocês é o mais corajoso? – perguntou Lance olhando para as crianças.

As crianças ficaram confusas.

— O que o meu amigo quer dizer é que há algumas crianças malvadas nos andares de cima. – disse Eugene em tom descontraído.

— E eles são muito egoístas. Não querem dividir os brinquedos do banco conosco. Eu não tenho coragem de enfrentá-los. – disse Sword em tom triste.

— Tem brinquedos lá em cima? – perguntou uma das crianças muito empolgada.

— Sim. E eles são do banco, ou seja, de todos nós, mas os malvados não nos deixam brincar. – disse Lance com tom triste.

— O plano é o seguinte: vamos correr todos para a escada. – disse Eugene apontando para a única escada no ambiente.

As crianças correram em direção a escada e foram interceptadas pelos homens que a estavam vigiando. Eugene, Lance e Sword ficaram mais atrás observando a situação.

— Crianças, não podem passar por aqui. – disse um dos homens enquanto tentava conter as crianças.

Uma das crianças subiu.

— Droga. – disse um dos homens enquanto empurrava algumas crianças.

As crianças empurradas começaram a chorar.

— Ei, esse é meu filho! – disse um dos homens que estavam sendo atendidos.

O homem que empurrou as crianças foi atrás da criança, que conseguiu subir, enquanto vários pais começaram a reclamar da forma como seus filhos foram tratados.

Após as pessoas se acalmarem, perguntaram as crianças por que elas correram para as escadas. Elas disseram que foi porque alguns garotos disseram que tinham brinquedos nos andares de cima.

— Garotos? Quais? – perguntou um dos guardas reais.

As crianças não encontraram Eugene, Lance ou Sword no banco.

— Cadê o meu dinheiro? – pensou um dos pais enquanto colocava as mãos no bolso.

Na floresta, onde estava o capanga do Barão, apareceram três crianças.

— Não pode ser… Antes da Stalyan? – pensou o capanga.

As três crianças eram Eugene, Sword e Lance. Naquele momento, cada um deles tirou um pequeno saco de dinheiro do bolso e entregou ao capanga.

— Moedas de ouro?! Há dois sacos com 6 moedas e um com 7. Essas crianças são impressionantes. – pensou o capanga depois de checar o que havia em cada saco de dinheiro.

— Eu queria roubar moedas de platina, mas, geralmente, essas moedas ficam em bancos e deve ser difícil invadir uma sala de cofre em plena luz do dia. – disse Eugene enquanto bocejava.

Quando Stalyan retornou para o ponto de encontro na floresta, ela ficou muito irritada.

— Eles já estão aqui? – pensou Stalyan.

Ela entregou cinco moedas de ouro ao capanga de seu pai.

— Eu já conhecia o padrão da vigilância numa das tavernas, então só tive que esperar o momento adequado para invadir e pegar uma parte do dinheiro que a dona guardava no estabelecimento. – pensou Stalyan enquanto olhava para o trio de novatos.

— Ei, como vocês chegaram tão rápido? – peguntou Stalyan encarando Eugene.

— Como não conhecíamos bem o local, a melhor opção era “bater a carteira” de alguém rico. Pessoas ricas costumam frequentar bancos. Então, fomos até lá. Porém, nossos alvos tinham seguranças, por isso, causamos uma distração e furtamos os alvos enquanto os seus seguranças não prestavam atenção. – disse Eugene em tom sério.

— Mas causar uma distração é arriscado, além de “bater carteira” num banco. – disse Stalyan enquanto levava uma mão ao queixo.

— Sabemos disso, mas era nossa melhor opção, pois, como o Eugene disse, não conhecemos o local. – disse Sword olhando para Stalyan.

— Não conhecíamos padrões de segurança, nem locais onde grandes ou médios comerciantes guardam dinheiro. – disse Lance enquanto olhava para Stalyan.

— Sim. Dado o que vocês sabiam, agiram muito bem. – disse Stalyan enquanto sorria.

A próxima a aparecer foi Anelise. Ela conseguiu, assim como Stalyan, cinco moedas de ouro. Depois, Mayla apareceu com três moedas de ouro e doze moedas de prata. Por último, Aaron apareceu, próximo ao prazo, com quarenta moedas de prata. Ele tirou moedas das botas, além das moedas em sacos que escondeu pela roupa.

— Essa foi por pouco. – pensou Aaron enquanto calçava suas botas.

Na mansão do Barão, ele estava jantando quando um de seus empregados apareceu e disse:

— Senhor Walker, tem alguém querendo vê-lo. Ele disse que foi furtado no banco do senhor.

— Mande-o para o meu escritório. – disse o Barão enquanto limpava a boca com um pano.

No escritório do Barão, o cliente dele estava transtornado. Era o homem que começou a discussão no banco quando viu seu filho ser empurrado por um dos seguranças do local. O escritório do Barão era uma sala pequena com uma janela, uma estante com livros, uma mesa retangular de madeira e uma poltrona entre a mesa e a janela. O Barão estava sentado na poltrona. O cliente estava de pé. Havia uma cadeira entre a mesa e a porta do escritório.

— Um de seus seguranças empurrou meu filho! Além disso, eu tinha umas seis moedas no bolso e elas sumiram! – disse o cliente muito irritado.

— Que estranho. Por que meu segurança empurrou uma criança? – perguntou o Barão enquanto olhava para o seu cliente.

O cliente se acalmou e sentou.

— Meu filho e outras crianças tentaram subir as escadas e ele empurrou meu filho junto com outras crianças. – disse o cliente em tom sério.

— Subir as escadas? Só tem cofres nos andares superiores. Não há motivos para crianças irem até lá. – disse o Barão um pouco confuso.

— Meu filho e outras crianças disseram que três garotos, que sumiram aparentemente, disseram que havia brinquedos lá. – disse o cliente em tom sério.

— Três garotos? Será… É claro. Eles não conhecem o reino, então a melhor forma de conseguirem muito dinheiro é “batendo carteira”. Provavelmente, o desafio devia pedir uma quantidade considerável de dinheiro. – pensou o Barão enquanto fingia ouvir seu cliente falar sobre o transtorno no banco.

— Você devia aumentar a segurança no seu banco. – disse o cliente enquanto levantava.

— Sinto muito pelo seu filho, mas, quanto ao furto, você não tem como provar que foi furtado no meu banco. – disse o Barão antes de levantar.

— O quê? Mas… – disse o cliente antes de sair, bravo, do escritório.

O Barão se aproximou da janela, era possível ver o reino ao longe. Ele sorriu.

O tempo passou e, após seis meses no curso de ladrões, Eugene e os irmãos Strongbow se familiarizaram com a área comercial de Vardaros. Eles aprenderam como a guarda real e a segurança particular de alguns estabelecimentos funcionavam.

No andar subterrâneo da mansão do Barão, as crianças foram chamadas para treinar artes marciais. Eugene, os irmãos Strongbow, Mayla, Anelise, Stalyan e Aaron estavam muito empolgados.

— Finalmente. – disse Stalyan enquanto sorria.

— Como sabem, vou começar a treiná-los em artes marciais. Até o momento, ajudamos a desenvolver suas habilidades furtivas, exceto pelos novatos que já as possuíam. Agora, vou treiná-los para lidarem com situações onde não é possível concluir um roubo sem ter que derrubar alguém. – disse o Barão olhando para as crianças.

— Interessante – pensou Eugene enquanto olhava para o Barão.

O Barão estava usando um traje escuro como o da guarda real de Vardaros, assim como as crianças.

— Primeiro, vocês têm que saber que cada reino tem sua forma de lutar. Corona usa um estilo que consiste na transição rápida entre socos e chutes. Brémen utiliza um estilo que visa derrubar o oponente. Munique usa um estilo que consiste na transição rápida entre socos. Vardaros não utiliza um estilo de luta. Os guardas daqui acreditam muito em suas bestas cilíndricas. Wolfsburg usa um estilo que consiste em golpes letais. Dortmund utiliza um estilo que consiste em joelhadas. E Berlim usa um estilo que visa o contra-ataque. – disse o Barão enquanto estralava o pescoço.

Schnelle Treffer[1], a arte da transição rápida entre socos e chutes, é muito utilizada em Corona. É a forma de luta desarmada dos guardas reais de lá. Os usuários de Schnelle Treffer podem assumir duas posições: perna direita atrás e mão direita cerrada na frente ou perna esquerda atrás e mão esquerda cerrada na frente. Esta arte marcial, por consistir em transição rápida, exige que o usuário ataque rapidamente. Os usuários de Schnelle Treffer costumam usar socos e chutes alternados, visto que a posição padrão desta arte foi feita para facilitar a transição entre chutes e socos. Numa postura defensiva, o usuário pode esquivar, desfazendo sua posição padrão, ou bloquear com os braços.

No treinamento, Lance e Sword tiveram dificuldade para se acostumarem com as posições da Schnelle Treffer. Eugene e Stalyan, pelo contrário, não sentiram dificuldade com este estilo de luta. Nas primeiras lutas entre os dois, Stalyan foi melhor, porém Eugene foi se aprimorando e passou a derrotar a filha do Barão. Quanto aos outros, não tiveram tanta facilidade quanto Eugene e Stalyan, mas não tiveram dificuldades com a prática de Schnelle Treffer. Em algumas das lutas entre eles, Lance lutou com Anelise e perdeu todas as vezes. Por isso, a garota se ofereceu para ajudá-lo.

— Por que ela também não ofereceu ajuda para mim? – perguntou Sword um pouco irritada.

Naquele momento, Eugene segurou o riso.

Gestürzt[2], a arte de derrubada, é muito utilizada em Brémen. É a forma de luta desarmada dos guardas reais de lá. Os usuários de Gestürzt podem assumir apenas uma postura: mãos abertas para tentar agarrar o adversário. Esta arte marcial exige que o usuário derrube seu oponente. Usuários de Gestürzt têm que treinar muito defesa evasiva, esquiva, pois não são ensinados a bloquearem golpes.

Os garotos não apresentaram dificuldades no aprendizado de Gestürzt em se tratando de ofensiva, pois, basicamente, a arte envolve força física. Porém, na parte evasiva, as garotas eram melhores, por isso, as lutas não eram muito divertidas. As garotas, geralmente, não conseguiam ser pegas, porém não tinham força para derrubarem os garotos.

— Esse estilo de luta seria interessante combinado, por exemplo, com Schnelle Treffer. Ao atordoar o oponente com algum golpe, ficaria bem mais fácil o ato de agarrar. – pensou Eugene enquanto observava uma luta de Sword com Aaron.

Schnelle Schläge[3], a arte da transição rápida ente socos, é muito utilizada em Munique. É a forma de luta desarmada dos guardas reais de lá. Os usuários de Schnelle Schläge fintam muito com os pés para enganar os adversários. A posição padrão consiste nos dois punhos cerrados na altura do queixo. A forma defensiva desta arte bloqueia golpes no rosto, mas “aceita” golpes em outras partes do corpo.

Seis das sete crianças tiveram dificuldades com Schnelle Schläge, pois elas tendiam a tentar chutes por causa do que aprenderam em Schnelle Treffer. Sword foi a única criança que não teve dificuldades com o uso exclusivo de socos.

— Vocês têm que esquecerem os chutes. Usem suas pernas só para se moverem. – disse o Barão enquanto olhava Mayla e Stalyan se enfrentarem.

— O alcance e a força das pernas são superiores aos dos braços. Na verdade, seria mais interessante aprender um estilo contrário ao Schnelle Schläge. – pensou Eugene observando a luta da Stalyan com a Mayla.

Schnelle Tod[4], a arte dos golpes letais, é muito utilizada em Wolfsburg. Os usuários de Schnelle Tod usam adagas envenenadas enquanto lutam. Esta arte marcial não tem posição padrão. Seus chutes e bloqueios costumam se basearem no Schnelle Treffer. Eles sabem evitar golpes muito bem, como os usuários de Gestürzt, mas, no lugar de derrubar, tentam acertar as adagas envenenadas no oponente.

Na primeira luta de treinamento durante o aprendizado de Schnelle Tod, o Barão colocou Eugene contra Stalyan. As duas crianças estavam segurando duas adagas prateadas cada uma. Elas estavam envenenadas.

— Droga. Se eu for atingido, vou morrer. – pensou Eugene antes de Stalyan tentar acertar seu pescoço.

— Ela está tentando me matar?! – pensou Eugene após esquivar para trás.

— Ele está mais rápido. – pensou Stalyan com um sorriso no rosto.

— O segredo da Schnelle Tod é a perícia com as adagas. O problema é que nunca usei uma adaga antes. – pensou Eugene antes de tentar acertar o braço direito de Stalyan, com um golpe desleixado, usando a adaga da mão direita.

Stalyan esquivou para seu lado esquerdo e acertou um chute de direita nas costelas de Eugene, que caiu rolando e levantou rapidamente.

— Ele é horrível com adagas. Eu estou na vantagem porque já usei uma adaga que roubei no passado. – pensou Stalyan enquanto encarava Eugene.

— O Barão falou que a guarda de real de Wolfsburg costuma se basear na arte marcial dos guardas reais de Corona para bloquearem golpes. Essa informação seria útil se eu estivesse com uma armadura. Contudo, na posição em que estou, bloquear uma adaga envenenada não é uma boa ideia. – pensou Eugene um pouco aflito.

— Ele não vem para cima? – pensou Stalyan antes de partir para cima de Eugene.

Naquele momento, Eugene percebeu alguma coisa:

— Se eu usar aquele estilo…

Quando Stalyan se aproximou para tentar acertar, novamente, o pescoço de Eugene, ele, rapidamente, mudou a forma de segurar as adagas. Agora, em vez de segurá-las como se segura um talher, ele estava as segurando de forma contrária. Ele, também, assumiu a posição padrão da arte marcial do reino de Munique, Schnelle Schläge.

— Aquilo é… – pensou Lance muito surpreso.

O Barão sorriu.

Eugene foi, rapidamente, para o lado esquerdo de Stalyan e desferiu um soco de esquerda. Ele conteve o golpe pouco antes de chegar ao pescoço dela. Stalyan ficou paralisada.

— Isso não foi trapaça? – perguntou Mayla ao Barão.

— Não. A Schnelle Tod é uma arte que tem, como única restrição, o uso de adagas. Ela não se limita quando se trata de como o lutador vai se movimentar contanto que ele use as adagas envenenadas para atacar. O Flynn Rider percebeu isso. – explicou o Barão.

— Faz sentido. Você até disse que os adeptos da Schnelle Tod costumam usar algo semelhante ao estilo de Corona para bloquearem golpes, mas não que isso era algo propriamente do estilo. – disse Lance olhando para o Barão.

— Luta encerrada. Rider venceu. Acho que esqueci de falar que tenho o antídoto para o veneno usado nessas adagas. – disse o Barão antes de rir.

— O quê?! – disse Eugene muito surpreso.

Zerstörung[5], a arte dos golpes com os joelhos, é muito usada em Dortmund. É a forma de luta desarmada dos guardas reais de lá. Esta arte marcial tem uma posição padrão: joelhos flexionados e mãos abertas para agarrar o adversário e acertar uma joelhada. A defesa consiste na esquiva e no bloqueio com tapas.

Aaron foi quem gostou mais da Zerstörung e não apresentou dificuldades no aprendizado deste estilo de luta, assim como as outras seis crianças. Desta vez, o Barão não colocou as crianças para lutarem, pois este estilo costuma deixar sequelas graves.

— Por que não vamos lutar? – perguntou Anelise um pouco triste.

— Porque… Eu gosto do meu queixo no lugar em que ele está agora. – disse Lance muito assustado.

Gegenangriff[6], a arte marcial que visa o contra-ataque, é muito utilizada em Berlim. É a forma de luta desarmada dos guardas reais de lá. Esta arte marcial não tem posição padrão. Os usuários de Gegenangriff bloqueiam golpes logo antes de desferirem um golpe. Os golpes de Gegenangriff são socos e chutes simples. A defesa consiste no bloqueio para haver o contra-ataque. Usuários desta arte marcial nunca começam uma briga.

Numa luta entre Aaron e Mayla, foi permitido a Aaron usar Schnelle Treffer e a Mayla, Gegenangriff. Durante a luta, a garota bloqueou um soco, segurando-o e, logo em seguida, puxou o braço de Aaron e acertou um chute, com a sola dos pés, na “boca” do estômago dele.

— Interessante… Geralmente, eu me esquivo porque é mais difícil bloquear um golpe. Porém, essa dificuldade é recompensada com a facilidade que se tem em atacar um inimigo muito exposto após um ataque mal sucedido. – pensou Eugene enquanto via Aaron rolar no chão por causa da dor.

— Perceberam, crianças? Quando você se esquiva, o oponente não fica tão exposto como quando você bloqueia um golpe, mas a esquiva é mais fácil do que o bloqueio. Cabe a vocês julgarem o que fazer, mas lembrem-se de que só devem tentar o bloqueio quando tiverem certeza de que conseguem bloquear o golpe. – explicou o Barão antes de ir até Aaron para ajudá-lo.

Os conceitos, das artes marciais apresentadas acima, foram bastante praticados pelas crianças por cinco anos. Os garotos continuaram, também, treinando furtos ao longo desses cinco anos. O nível dos desafios cresceram também. Além disso, as crianças roubaram várias coisas, também, nos outros seis reinos, mas ainda não eram conhecidas. Os sete reinos estavam preocupados com a quantidade de furtos e com o fato dos guardas reais não terem ideia de quem eram os ladrões responsáveis.

Depois de cinco anos cometendo roubos a mando do Barão, foi apresentado a Eugene, e aos demais adolescentes criminosos, um último desafio: roubar 30 moedas de platina do Banco Meca, um dos bancos do reino de Vardaros.

 

1 – Do alemão, “golpes rápidos”.

2 – Do alemão, “derrubada”.

3 – Do alemão, “socos rápidos”.

4 – Do alemão, “morte rápida”.

5 – Do alemão, “destruição”.

6 – Do alemão, “contra-ataque”.


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Notas finais do capítulo

É impressão minha ou a Stalyan tentou matar o Flynn Rider?



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