Na grande floresta, entre a copa das árvores, a engenharia bélica do esquadrão era posta em prática: soldados desciam e subiam as árvores gigantes em plena chuva, montando pontes de madeira – simples – na medida que, em solo firme, outros armavam armadilhas para urso, terra falsa e muitos outros.

A chuva estava intensa, dificultando o trabalho árduo, mas não tinha como realizar em outro momento. Ao horizonte, uma mancha negra se aproximava, e o trabalhador soldado precisou semicerrar os olhos para identificar, era um exército de proporções absurdas, o exército de Gestova.

Assustado, o homem gritou, alertou os outros e apanhou o berrante, tocado como alarme.

A guerra começou.

— Eles vieram com antecedência, não aguardaram o prazo e nos pegaram de surpresa. — disse Aldrich, em seu cavalo. Já estava posicionado, e ouvia com tristeza o grito dos trabalhadores sendo pegos de surpresa dentro da floresta, quase completamente coberta por neblina.

— Não se pode subestimar um Gestova, por isso executei-os antes que pudessem saber de onde veio. — disse o velho Becker.

— De qualquer forma, estamos todos aqui. Emma está cuidando do assentamento, e definitivamente não permitirei que ninguém passe deste ponto... — Thomas estava firme, determinado.

Dylan estava junto aos soldados da aliança, firme em seu equino. Todos aguardavam pacientemente enquanto os inimigos se aproximavam, e estavam certos: o primeiro cavalo saiu da neblina, o segundo e vários e vários surgiram.

— Chuva de flechas! — ordenou Azulon.

E assim foi feito; soldados ergueram seus arcos e dispararam para cima, como resultado, uma chuva de flechas. Alguns soldados caíam, interrompendo e derrubando mais soldados, mas a maioria seguia firme. Era um longo e largo corredor que unia ambos os exércitos, de frente a frente. Mas... o exército de Becker ainda não avançava, aguardava calado.

— Dispersar!

Para surpresa de todos, Ysabel ordenou. Becker pareceu furioso, e ali a Gestova teve certeza de que fez a escolha correta. Pelo menos setenta porcento do exército seguiu à direita, enquanto o restante prosseguiu à esquerda.

— Eu sei que vocês estão se escondendo, seus malditos! — exclamou Akira, com os cabelos molhados pela chuva e um sorriso de canto, feliz por voltar para os campos de combate. Ia junto ao exército da esquerda, saiu de cima do equino e puxou a corda próxima a sua palma, sacando o par de espadas e se ejetando com a ajuda do gás para cima. — Te achei!

Akira estava certo, e notou exatamente quando assumiu a altitude das árvores. Pelas pontes criadas num período curto, soldados se moviam furtivamente com uma espécie de zarabatana em mãos, algo que despertou sua curiosidade. De qualquer forma, respirou fundo e avançou, deslizando suas espadas com tanta sutileza que parecia estar dançando, e quando viu, cinco soldados já estavam no chão.

Era certo, o Ackerman estava numa zona de desvantagem. Sem auxílio algum, seu único equilíbrio no uso do gás depende do peso de seu corpo, algo que ele manobrava bem, mas quando falamos de uma floresta, falamos de inúmeras torres de madeira paralelas, que complicavam e muito sua situação. Mas, mesmo com todas adversidades, o Ackerman estava visivelmente melhor do que antes, executando soldados em alta velocidade e esquivando das copas com ágeis saltos.

— Ellie, estou contando com você!

Ligeiramente, um feixe de gás surgiu no céu e rebateu entre algumas árvores, e seguiu em direção ao exército inimigo. Seja lá quem fosse, definitivamente não era um Ackerman.

— Dispersem! Precisamos suprimir o exército inimigo! — Thomas gritou, e estava certo. Se ficassem parados, seriam alvejados dos dois flancos.

O exército de Becker também se dispersou, em medidas similares para conter os dois pedaços do exército inimigo em ambas as direções. Azulon e Thomas foi para um lado, enquanto Dylan e Aldrich para o outro.

O portador do Bestial ia cavalgando entre as úmidas árvores em alta velocidade, rodeado de um gigantesco exército enquanto soldados também o acompanhavam de cima, movendo-se entre as pontes improvisadas e outros objetos que ligavam uma árvore a outra.

— Becker, cuidado! — gritou Aldrich, tarde demais.

De repente, quicando de uma árvore para outra, uma entidade encapuzada surge. Os soldados estavam prontos para atacar, mas bastou certa força nas mãos e o gás foi novamente ejetado pelos calcanhares, e aquele ser voou diretamente contra Dylan.

— Te peguei! — a voz familiar disse.

Com força, o ser e Dylan acabaram caindo morro abaixo, entre a lama e as folhas secas. Com a força das pernas, a entidade segurou firme no chão e cessou o movimento, de maneira a freiar e finalizar o loiro com um movimento de pura força: o jogou contra um tronco de madeira. Dylan estava com a visão abafada, mas pôde reconhecê-la... Ellie. Estava mais forte, ágil e poderosa, com uma nítida expressão de raiva no rosto.

Distante dali, Lisa finalmente trocava o excêntrico vestido por uma armadura de ferro, acompanhada de Roy Solastra. De repente, vindo da copa das árvores, um som estridente, e o soldado da frente colocou a mão na ferida do pescoço. Era um dardo.

Outro surgiu atrás. Mais um, mais outro e vários mais. Não eram dardos normais, e a ruiva notou isso assim que botou os olhos.

— Cuidado!

Gritou, mas foi tarde no momento que o primeiro foi atingido. Os dardos vinham acompanhados de doses fortes do maior veneno para os Eldianos: a substância capaz de torná-los titãs.

Ágil, a ruiva segurou firme no cavalo de Roy e tentou recuar, mas o equino reagiu com o susto e a derrubou no chão. Uma explosão dourada aconteceu em todas as direções, e dali, incontáveis titãs cercaram o exército à esquerda.