Shingeki no Kyojin — A Grande Guerra Titã. escrita por Sevenhj777


Capítulo 14
Uma vida que possa se orgulhar.




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Desde pequeno, minha vida tem sido só desgraça...

 

Uma jovem donzela oriental cantarolava uma música, exibindo sua voz divina. Era uma mulher linda, com uma pele branca e bem tratada, sem uma única ruga de expressão.

 

Ela estava distraída no espelho, até que uma criança surgiu. Ela tinha um kimono roxo que se arrastava pelo chão do salão, era uma princesa sofisticada. Deu um sorrisinho de canto quando viu a criança, se ajoelhando à sua frente.

 

— Akira, você precisa aprender a se vestir sozinho. Eu não vou estar aqui para sempre. — Ah, a criança... sou eu. Ela começou a me arrumar, já que havia posto o kimono do avesso. Eu tinha só quatro anos... — Eu quero que você tenha uma vida que possa se orgulhar. 

 

Uma vida de se orgulhar...

 

O tempo novamente passou pelos meus olhos, mais especificamente, dois anos. Eu crescia, ia para cerimônias e vivia feliz com a minha mãe. Como eu era mimado...

 

Eu nunca ouvi falar do meu pai. A única informação que eu tinha era que ele era um homem gentil, que partiu cedo demais. Que doce mentira...

 

De repente, aquele homem surgiu. Um velho oriental, até então líder da nação, pai de minha mãe. Ele me olhava com repúdio e ânsia, enquanto destratava a minha mãe.

 

— Iremos levá-lo para Eldia. Ele é um Ackerman, e deve servir ao rei Fritz. — Merda.

 

Revi novamente aquela cena... eu sendo arrastado contra minha própria vontade, chorando e olhando para trás. Minha mãe estava abatida, chorando tanto quanto eu enquanto chamava meu nome.

 

Quando cheguei à Eldia e me alistei junto a outros Ackermans, a verdade veio a tona: minha mãe havia se relacionado com um Ackerman de forma experimental. Minha mãe foi vendida para Eldia ver o nascimento de um Ackerman mestiço... aparentemente, de acordo com a visão do patriarcado Azumabito, minha mãe tinha menos valor que meu tio, e seu ventre podia ser negociável.

 

— Se você passar nesses testes — Meu mestre, um treinador rígido dos cadetes Ackermans, dizia para mim — poderá rever sua mãe.

 

Aquele virou meu combustível, vê-la novamente era meu único objetivo de vida.

 

Eu atropelei tudo e todos, mesmo não sendo páreo para alguns dos despertados. Eu continuei lutando com tudo que eu tinha, até os meus quinze anos. Finalmente havia chegado a hora...

 

Fui correndo receber os Azumabito num dos grandes e luxuosos navios de madeira. Crianças que eu não conhecia desceram, eu revi minha avó, meus tios... mas todos me ignoravam, como se eu fosse simplesmente a ovelha negra da família. Quando vi minha prima, que tanto brincávamos juntos na infância, abri um sorriso de canto e gritei seu nome, mas ela evitava contato visual comigo, como se tivesse pena.

 

Eu só entendi o porquê mais tarde.

 

Kurono era o novo líder dos Azumabito, então fui pego de surpresa quando ele quem se aproximou de mim, tocou no meu ombro e falou:

 

— Sua mãe está morta. Eu sinto muito.

 

Meu chão desabou, meus olhos se arregalaram e eu senti uma força que nunca senti antes. A força do ódio.

 

Derrotei meu treinador finalmente, e pude bater de frente com o melhor dos despertados. A partir dali, eu me tornei uma pessoa muito mais fria, rígida e grossa.

 

Certo dia, estava caminhando pela grande cidade, quando fui ao meu lugar favorito: um pequeno riacho na zona rural. Quando me aproximei, notei uma mulher sentada na grama. Sua pele era branca e bem tratada, vestia um kimono roxo e tinha os cabelos negros como a noite ao vento. Era minha mãe.

 

— Com licença...

 

Quando me aproximei, aquela imagem mudou. Apesar da pele albina e os cabelos pretos, não era ela. Não vestia um kimono, não tinha caraterísticas orientais, mas... me dava uma sensação acolhedora.

 

Quando virou para mim, vi que seus olhos azuis estavam cheios de lágrimas. Foi assim que conheci Ellie.

 

Tenha uma vida que possa se orgulhar.

 

Merda... aonde eu estava com a cabeça?

 

Desde o início... minha mãe sonhava com esse dia. O dia que eu seria alguém. Mamãe... eu finalmente vou voltar pra nossa família, e te darei orgulho, seja lá onde você está.

 

 

 

Akira estava em transe, perplexo com os dizeres de seu tio. Determinado, ergueu o rosto, abriu a boca e começou a dizer:

 

— Eu acei-...

 

Mas ele se calou novamente, entrando novamente nas suas memórias mais profundas.

 

É verdade... naquele dia...

 

— Seu idiota! — Era a primeira vez que Ellie falava comigo daquela forma, e talvez a única. — Você só tem vivido pelos outros desde que eu te conheci!

 

Naquele tempo, eu me recusava a mudar minha dependência, ensinada a mim desde cedo. Eu era um robô, sem vontade própria. Alguém que vivia pelos outros, que só fazia algo caso fosse a vontade dos meus superiores, especialmente da realeza.

 

— Você não deve nada a ninguém! Uma vida da qual possa se orgulhar... é uma vida que você não se arrepende de nada! Uma vida em que você vive por si próprio! Você não precisa ser o melhor, apenas... seja você mesmo!

 

Eu quase me esqueci... desculpe, Ellie. Você me deu um novo significado, e por um instante eu cogitei em abandonar tudo que conquistei por nostalgia. O que minha mãe queria desde sempre... era uma vida em que eu fosse feliz.

 

— Senhor Kurono. — Akira ergueu o tom de voz, sempre respeitoso. Numa breve reverência, dobrou a coluna e deu sua decisão final: — Me desculpe, mas não posso casar com sua filha.

 

Kurono Azumabito o olhou no fundo de seus olhos, como se compreendesse. Abriu um sútil sorriso de canto, respondeu com outra reverência e se despediu.

 

— Entendi... você não deve nada a nossa família. Eu espero que encontre alguém com quem você seja feliz, Akira Ackerman.

 

E o líder de Hizuru saiu junto a Akira, novamente de frente à multidão. Ellie e alguns poucos outros davam notícias para alguns jornalistas, que anotavam tudo que era dito num bloco de notas.

 

Ao revê-la, Akira deu o sorriso mais sincero de sua vida.


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