A Viajante - Decidida escrita por AliceCriis


Capítulo 7
6 – Como se fosse normal...




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O diretor – Sr. Thomas Cliveland – estava em cima do palco, com os professores de todas as matérias, prestes á começar, as apresentações aos calouros deste ano.

 - Muito bom dia meus jovens! – ele disse naquele tom exagerado de alegria. Sr. Thomas não era um cara novo, bem... longe disso... Ele tinha cabelos puramente brancos e uma pele coberta de rugas. E pelo que eu pude notar, era dono de olhos mutantes – certo, os olhos do cara não pulavam pra fora das órbitas e espalhavam o caos ao mundo. Eles apenas não tinham uma cor concreta. Mudavam do verde para o castanho mel. E eu gostava do cara... nas minhas não tão poucas visitas á diretoria, eu pude ver como o cara era maneiro. Ele sempre me fazia esperar a professora que aplicava a detenção – porém, sempre me dava uma lata de coca-cola pra matar o tempo.  – Este ano,  temos vários professores novos. – ele mostrou os novos homens e mulheres parados em fila. Ele se prolongou em um longo discurso de boas vindas, que com toda a certeza, me estressou. E quando ele apresentou o professor-guia do décimo primeiro ano, vi que era uma pessoa nova. Kendra Willians – uma loura de estatura média e tinha uma figura exemplarmente esbelta. Tinha olhos mel e um sorriso positivista no rosto. Eu me senti contente de repente. Quem sabe ela seria uma boa pessoa com quem a presidente do grêmio – em outras palavras, minha pessoa – poderia lidar.

 - E também chamo a presidente e a vice-presidente do ano passado, aqui ao palco! – disse entusiasmado, Thomas Cliveland. Como eu não poderia esperar isso dele? DELE?

Eu e Thalita nos entreolhamos, reviramos os olhos e subimos o palco. E como de costume uma salva de palmas nos saudou. Apenas agradecemos com sorriso.

 - Sejam muito bem vindas de volta, presidente e vice-presidente! – disse o diretor sorrindo – gostariam de dizer algumas palavras? – bem, tecnicamente aquilo foi uma pergunta. Porém, automaticamente, o diretor colocou o microfone na frente da minha boca, e Thalita sorriu aliviada, por conseguir evitar o tal incômodo. 

 - Bom dia á toda galera! – sorri, e disse na voz mais animada possível, não que eu gostasse de falar em frente de um bando de adolescentes, mas eu já estava acostumada. E os sons que recebi de volta foram bastantes acalentadores. – Pros calouros que ainda não me conhecem, sou Hope Stevenson, a presidente do grêmio estudantil, mas prefiro que me chamem de Hoo. Falou? – e sons de aprovação repercutiram da minha platéia – e essa garota aqui, é a Thalie! Ou melhor Thalita Daves, vice-presidente do grêmio. – ela foi tão aplaudida quanto eu. Pude ver como ela jogou seus cabelos e acenou, que eu estava fazendo um bom – bom, mesmo – trabalho. – Daqui á duas semanas, terá a nova eleição de grêmios... e se houver alguma chapa adversa á nossa, peço á todos vocês o seu mais sincero voto. E VIVA AO ESCONDIDINHO PESSOAL! – gritei, e os jovens berraram em resposta. O diretor chegou ao meu ouvido.

 - Escondidinho? – pediu ele numa voz severa.

 - Relaxa, Thomas! – dei de ombros em meio á baderna e me aliei ao lado de Thalie.

 - Você tem mesmo carisma, Hoo. – disse Thalie num sussurro em meu ouvido. E apenas revirei os olhos em resposta.

 - Qualquer calouro que tiver algum problema, garotada – sim, o diretor disse “garotada” EEEW! – podem dirigir-se aos integrantes do grêmio.

 - ISSO AÊ! – gritei por trás do diretor, e meu berro, foi bem recebido pelo pessoal.

 - SHH! – respondeu o diretor, com rugas na testa. – Então, sigam para as salas, e tenham um feliz retorno! - Yeap. Ele disse “feliz retorno”. Bem, dêem um desconto ao coroa...

E o que seria o “escondidinho?” Bem, como posso explicar? Escondidinho, é o local patrocinado por todos meu amigos e a minha presença ilustre está por trás de tanto sucesso. Escondidinho, era um antigo depósito da escola, que fora esquecida pelo resto da direção da escola, e durante minhas fugas no horário de aula para explorar os cantos mais remotos da escola, eu o descobri... Primeiro, eu precisei de uma boa a equipe de limpeza – e quem acha que eu recrutei para tal trabalho? – se acha que chamei meus amigos e ordenei cada minuto, está completamente correto. Depois de uma boa limpeza, uma ótima mão de tinta e móveis comprados de segunda mão – não me pergunte como eu levei tudo aquilo até lá – o lugar ficou totalmente aconchegante e é excelente pra alguns “amassos”. Não que eu já tenha experimentado – pelo menos, não é por falta de minha vontade – mas tudo o que eu reproduzi naquele local, tem dado bons momentos aos garotos da minha escola. Bem, e quando alguém passa a noite toda em claro, sem conseguir pregar o olho, naturalmente não quer babar em cima de uma carteira na aula de biologia... então, ele simplesmente recorre ao escondidinho – Okay, eu já ocupei aquele sofá por ínfimas vezes, para acabar com um par de horrendas olheiras em minha face. E como era o primeiro dia de aula, era mais do que óbvio que eu teria de colocar algumas coisas em ordem, por lá. Yeah. O pessoal adora dar uma passadinha no local para seus momentos mais... “quentes”, porém, não se preocupam em deixá-lo em bom estado... como se jovens se preocupassem com isso...

 - Alôou? – chamou Thalita do meu lado – Terra chamando Hoo!

 - Ãh? – perguntei piscando algumas vezes.

 - Vamos... – ela me puxou escadas á baixo, para voltarmos ao meio dos demais estudantes. – Está meio desligada hoje, pensado em quê? – ela indagou, enquanto ainda caminhávamos em direção ao nosso grupo de amigos.

 - Tenho que dar uma verificada no escondidinho... o pessoal não o trata como eu queria que o tratassem... – teatralmente fiz uma careta de drama, e Thalita riu um pouco.

 - Sério. Relaxe, Hoo! É nosso primeiro dia de aula! – ela tentou apertar meu ombro, mas com um movimento previsto eu corri dela. Algo que qualquer um tem de saber sobre mim é: Jamais aperte meus ombros! JAMAIS!

 - Bem, pra você a escola é mais um lugar onde pode simplesmente exibir sua boa companhia,  de que eu tenho certeza que sabre de quem estou falando – revirei os olhos – mas pra mim, a escola é apenas um lugar onde eu tenho que ser perfeita, e viver caçando garotos, e ao que parece, o meu tipo preferido já está extinto... – eu disse sem muita animação, me colocando ao lado de Z. Thalita colocou-se ao lado de Jack – oh! Como eu tinha saudade do tempo que ela e ele eram apenas amigos! Isso estava ficando completamente, irrevogavelmente insuportável!

 - Heey, foi um ótimo discurso. – elogiou Z. e eu a encarei com olhos fugazes, quase como se flechas estivesses saltando de minhas órbitas oculares. – Que olhada é essa? – ela arregalou os olhos e por instinto de um passo a traz, trombando com um garoto loiro de aparelho. – Desculpe... – ela murmurou.

 - Que olhada é essa? A traidora responde... – eu disse, remexendo em minha bolsa, e caminhando os primeiros passos em direção á sala.

 - Traidora? – ela levantou as sobrancelhas e riu – o que eu fiz desta vez?

 - Realmente eu vi. – disse sem mais pestanejar – você e Roo. Aquele clima... aquela coisa toda... – revirei os olhos e ela achou anormalmente engraçado e gargalhou.

 - Qual a graça? – franzi o cenho.

 - Eu apenas consegui ter uma conversa sobre jogos de Playstation 3 e a nova geração dos Wii... – ela riu mais um pouco. – por sorte, eu não tive tempo de me lembrar que meu ceramidas está tendo um efeito melhor do que eu esperava...

 - Aquilo era sobre vídeo games? – ri um pouco – parecia algo chamado... “desejo-ótico”.

 - Desejo-ótico? – ela gargalhou – isso existe?

 - Acabei de inventar. Favor não roubar a idéia. – pisquei pra ela.

 - Mas vem cá... – ela disse colocando sua mochila em seu ombro esquerdo – por que eu seria traidora se beijasse seu irmão?

 - Hello?! – disse em um tom sarcástico – Você pode levar Roo pra sua casa quando quiser, não me importo. Juro, mas só não quero ter que arranjar um cara pra trocar saliva durante o almoço... – disse revirando os olhos – Suze encontrou aquele cara. – maravilhoso, ei... não pense que vou furar o olho da garota... – Thalita e Jack não tem um momento que não estejam tentando um sugar a face do outro... e você e Roo... seria o fim de minhas conversas produtivas sobre videogames e shampoo de cabelo.

 - Uau. – ela disse sarcástica – como aprecia nossos assuntos.

 - Estou sendo honesta. – levantei os olhos e entrei na sala. Z, veio logo atrás de mim, e foi seguida por Suze e Josh – o cara novo –, Thalita e Jack – em seu abraço quase enjoativo.

Sentamo-nos, em nosso tradicional banco nos fundos, que estavam perto dos bancos de Jack, Thalita, Roo e agora Joshua. 

A professora Kendra, adentrou a sala com seu positivismo, que eu havia visto lá fora.

- Bom dia, garotos. – ela tinha uma voz bastante exuberante, e me fez sentir inveja dela por um minuto – Sou a nova professora do conselho de vocês, e vou trabalhar com a disciplina de inglês... – ela parecia bastante animada, mas não o suficiente, para tornar á Z, seu momento de glória ao lado de Roo.

 - Bem, você poderia me dar uma forcinha, sabe? – ela me encorajou.

 - Uma forcinha? – franzi o cenho.

 - É.

 - O que quer dizer com isso?

 - Bem, pode começar a dar indiretas para seu irmão... – ela olhou de canto para Roo, que sentava-se com Brian McLeen, um dos colunistas do jornal, Roo percebeu o olhar de Z, e piscou pra ela, que sorriu como uma idiota em resposta.

 - Indiretas?

 - É.

 - Você quase alugou um balão escrito: “Rooswell Stevenson, Zoe Travish ama você”. – levantei as sobrancelhas.

 - Yeah. Mas você me impediu, dizendo que isso seria exagero. Mesmo eu achando que era bem romântico... – ela disse fazendo bico.

 - Sugiro uma coisa. – eu suspirei – que tal contato direto?

 - Contato direto? – ela arregalou os olhos em pânico.

 - Exato. Que tal dizer pra ele, e parar de falar disso um pouquinho? – suspirei. – Roo não sente indiretas, ele poderia ser atropelado por um caminhão e ainda precisaria que alguém explicasse a ele o que aconteceu...

 - Yeah...  – isso me dá medo. - E que tal eu fazer uma metade de coração pra ele assim... – ela curvou sua mão em concha, metade de um coração – e assim, eu mostro pra ele e vejo se ele completa... – ela sorriu – o que acha?

 - Vá em frente! – disse apertando minhas têmporas.

 - Yeah!

Z não cresceu comigo, com Jack, Roo e Thalie. Os pais de Z, trabalham no resort da cidade – Paradise Rowds – eles moravam em Nova York – trabalhando numa filial do hotel – e foram transferidos para a Flórida. E bem, Z não gostou muito da mudança. Ela sempre preferiu inverno e neve o invés de sol e praia. Vive entupida em seus jeans e jaquetas de couro. E fazem quatro anos. Quatro anos que ela está na cidade, e pode sentir-se como se tivesse passado sua infância conosco. Ela faz parte de nós.

 - Ei, Roo falou algo sobre você estar motorizada... – ela pediu com os olhos brilhantes – é verdade?

 - Yeah. – disse controlando-me para não ter um ataque de histeria – A carta chegou nas férias, e por azar, eu estava no Canadá. – grunhi.

 - Que tal uma ida á praia hoje? – ela ofereceu.

 - Z? – pedi estupefata – Você está bem?

 - Sim. – ela disse dando de ombros – praia de vez em quando é bom. Quero pegar uma corzinha, sabe? – ela sorriu e mostrou os braços pálidos.

 - Yeah. – ri – está precisando.

A professora nos passou trabalhos sobre gramática e blá... blá... blá... – nunca gostei muito de inglês, entende? – Mesmo com as conversas de Z sobre Roo – a ultima coisa que escutei realmente foi:

 - Ele está olhando pra você agora – comentei, mordendo meu lápis.

 - Sério? – ela disse em um tom meloso, que mais pareceu “Sériuun?”. E depois disso, ela se jogou em um assunto sobre como os cabelos de Roo eram perfeitos. Eu apenas parei de escutá-la.

E como eu tinha meus benefícios, apenas pensei em Augustine. Eu queria ir até Augustine. E com os olhos fechados, imaginando minha outra vida, uma corrente leve de ar passou por mim. E quando eu abri meus olhos eu estava lá...


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