A Viajante - Decidida escrita por AliceCriis


Capítulo 4
3 – Como dizem os bons costumes...




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3 – Como dizem os bons costumes...

Eu havia tomado em bom banho e ao sair, me lembrei das malditas roupas na lavadora... Ainda de roupão, caminhei até a lavanderia e estendi aquelas roupas – que deveriam ser estendidas por Roo ou meu pai – porém, se esperasse que eles fizessem isto, era melhor eu esquecer que aquelas roupas existiram.

 Voltei correndo para meu quarto, e me vesti com um calção jeans, e uma regata branca sem detalhe algum – e acredite: eu tive a coragem de não usar maquiagem. Meu pai estava na sala, lendo um livro – que provavelmente o causaria uma neura logo-logo.

 - Estou indo pai... – alertei, olhando para meu par de sapatos comprados na JUICY.

 - Ah... – ele não tirou a atenção de seu precioso livro – tome as chaves. Não volte depois da meia noite, Samy. – ele lançou a chave, por cima de seu livro, e alertou mais uma vez sobre o horário.

 - Claro pai. Claro. – confirmei. E antes que ele pudesse dizer algo sobre meu estado de virgem, desci as escadas rumo á garagem.

 E lá estava meu pequeno bebê. O mini Cooper, envolto por um lençol – que é claro, para evitar a poeira – me esperava com anseio. Ele tinha sua pintura amarelo canário, que brilhava á cada ponto luminoso aproximado á ele.

 - Ah meu bebê... – sussurrei tirando o lençol que o protegia. As luzes da garagem faiscavam  contra ele, e eu fiquei radiante mais uma vez. EU TINHA MINHA LIÇENÇA DE MOTORISTA!

 Empurrei a capota do Cooper para trás, e entrei nele e me apoiei em seus bancos de couro legítimo. Claro que eles estavam com cheirinho de carro novo... coloquei o cinto de seguranças – bem, eu não estava á fim de levar uma multa de trânsito no meu primeiro dia como motorista legalizada. Girei a chave na ignição, e o adorável som do motor me fez satisfeita. Saí da garagem, e me infiltrei no trânsito de uma das mais populosas cidades dos Estados Unidos.

Sentir o vento com a umidade do mar, pela capota do carro, me fez sentir-me feliz de estar de volta... ignorando os fatos de eu ter de voltar para a escola no dia seguinte e começar a cursar o décimo primeiro ano... Mas não era nisto que eu estava disposta a pensar...

 Eu dirigi bem pela capital movimentada, e eu podia apreciar a lua através do meu carro – novíssimo e impecável – conversível. Logo avistei o shopping, e me guiei para lá. Entrei no estacionamento subterrâneo abarrotado de carros, e estacionei meu lindo carro amarelo canário. E com o mesmo impulso, peguei minha bolsa – que era uma coisa ridícula de se olhar, notando o fato dela ter estampas de vaquinha...

 E com apenas um clique na chave do meu carro, ele estava se fechando automaticamente. Há um motivo, para que eu seja tão impulsiva nos cuidados do meu carro... Morar numa casa onde você é a única fêmea, acaba te masculinizando um pouco... – admito. UM BOCADO. Meu pai é dono de uma série de oficinas famosas na Flórida. Com mais de três filiais pelo estado... Ele inclusive, deixou de seguir a carreira de advogado, para crescer como dono de uma oficina... e a sua “paixonite” por carro, de fato, teve muita influência na hora de criar seus filhos... ou seja... eu sei bastante sobre carros... até mesmo mais do que alguns garotos por aí... Mas não vem ao caso. Então, eu conheço modelos de carros, e até posso trocar quantos pneus me forem propostos, e conheço diversas peças do motor de um carro. Isso é um fato que eu me orgulhe – que algum dia por aí, eu não vou ficar plantada na beira da estrada chamando um cara pra rebocar meu carro, por que tem um problema no carburador. E o fato de eu babar quando vejo um conversível ou uma BMW, é pura influência de família.

 Saí do carro, e fui para o shopping. Minha primeira parada foi no salão – no lugar que eu preferia ter perdido a audição... Fiz cabelo, unha, sobrancelha e tingi os tons de azul safira nas pontas de meu cabelo. E para falar a  verdade, a experiência que eu rezei ser relaxante, foi mais estressante que minhas férias inteiras ouvindo as histórias de “quando eu era garoto...” do meu avô.

 Fui atendida por Loreine McTravish – uma ex-ficante de meu irmão Roo. Ela facilmente me reconheceu... e quando eu entrei no salão e pedi o que eu queria... Ela me narrou como foram os rolos e como ele enfiava a língua na boca dela e afins... ou seja, coisas que eu não precisava saber – na verdade, nem queria. Loreine ela uma loira de olhos negros como ônix. E ela magra como uma linha. Sério – sem qualquer exagero. Ela não era nada atraente – exceto se você estiver á fim de espalitar os dentes. Não tinha nenhuma curva que a deixasse atrativa á garotos, mas suspeito que Roo tenha aceitado enfiar a língua na boca dela, para que ela parasse de falar pelo menos um minuto.

 Não que Roo não tivesse outras garotas super afim dele... bem, Roo é o que se chama de galã hoje em dia... Ele não tem muita distinção de mim. Tem olhos azuis claro e um cabelo preto-acastanhado. Tinha um bom físico e particularmente – eu o acho um gato – mas nunca me imaginei num momento-sucção-de-faces com ele. EEWW!

 Quando finalmente estava uma garota-de-Jacksonville novamente, eu me senti bem. Maquiada,  com as unhas feitas, cabelos cortados e tingidos. Paguei cem dólares no salão... bem... eu estava comemorando minha carteira de motoristas... poderia exagerar um pouco. E entre minhas andanças no shopping encontrei um all star meio cano quase extinto em Jacksonville... e obviamente, não consegui evitar o impulso de compradora obcecada e os comprei. Depois em uma outra loja – deduzo que seja da JUICY – comprei um colete jeans, uma camiseta larga e estampada e não poderia esquecer de um calção curto e sem dúvidas jeans. Qual é? Eu estava na Flórida de novo!


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