Águas Passadas escrita por Lilium Longiflorum
Apenas estava de cabeça baixa e apertava os lábios com força, deixava seus negros cabelos lisos frente ao rosto. Todos os presentes estavam atentos e também esperavam a resposta de Harumi. Raiden quis ir em direção à japonesa:
— Harumi...
Sonya o segurou e fez um sinal negativo. Raiden compreendeu e logo assentiu, dando um passo para trás. Tanya disse:
— Vamos Harumi! Todos estão esperando a sua resposta, agora está na hora de mostrar quem você realmente é. Vai negar que se deitou com o Hanzo ontem à tarde?
Harumi foi em direção a Tanya e lhe desferiu um soco, Tanya foi revidar, mas Harumi desviou acertando o abdômen da edeniana. Harumi sacou uma pistola automática e apontou em direção ao rosto de Tanya e disse:
— Vá embora antes que eu estoure sua cabeça.
Sub zero respirava fundo e segurava os punhos com força, não parava de olhar para Harumi, que continuava com a ama apontada para Tanya, aproximou-se dela e perguntou:
— É verdade, Harumi?
Kenshi interveio:
— Kuai, não! Por favor, deixe-a. Se ela cometeu tal ato ela deve falar a você em particular, não é um assunto que deve ser exposto.
— Não, Kenshi! – interrompeu Tanya – ela vai falar aqui. Se não teve o mínimo de pudor em manter relações com um homem comprometido, não terá vergonha em dizer a todos vocês.
Harumi baixou a arma, o seu coração estava pesado e não aguentava mais sustentar aquela situação. Kuai novamente perguntou:
— Você me traiu com o Hanzo ontem à tarde, Harumi?
A japonesa sem encará-lo, guardou a pistola e fez o sinal afirmativo com a cabeça. Nisso o rosto da japonesa estava banhado em lágrimas. Kuai sentia o seu coração pesado pela dor da traição. Tanya, por sua vez, aproximou-se de Harumi e sussurrou em seu ouvido:
— Isso é só o começo, querida! Eu vou destruir você e irá se arrepender de ter atravessado o meu caminho.
Dizendo isso se afastou e desapareceu com o seu poder de tele transporte. Kitana foi em direção a Harumi e a abraçou, a japonesa retribuiu. Raiden aproximou-se de Kuai, que estava desolado e envergonhado. Disse:
— Você não deveria tê-la forçado a falar na frente de todos.
— Raiden, já estava todos esperando por isso. Tenho certeza que todos vocês sabiam, menos o tolo aqui.
— E o que você pretende fazer com Harumi, agora?
Sub zero sentou-se em uma pedra próxima e com uma expressão fatídica disse:
— Ainda não sei. Mas Harumi não ficará impune, ela errou e terá que pagar o preço.
— O que está dizendo, Kuai?
— Raiden, não sou um otário, onde todos podem me machucar e eu aceitar numa boa só porque eu sou diferente do meu irmão.
Ao terminar de dizer isso chamou um dos guardas e disse:
— Solte Frost e traga até mim.
- Mas Kuai... – interveio Raiden
O grão-mestre levantou a mão e fechou os olhos como sinal de que não acataria nenhum pedido de Raiden. Harumi ouviu a ordem de Sub zero para trazer de volta Frost e sentiu seu coração estremecer, por medo dela cometer outro atentado contra Satoshi. Kitana se aproximou de Kuai e disse:
— Você não se lembra do que Frost fez contra o menino, vai soltá-la?
— Harumi sabe o que fazer para evitar esse tipo de coisa.
— Kuai não estou te conhecendo...
— Kitana, você sabe bem o que é se sentir a dor da traição, e de perder a confiança em alguém...
— Mas eu aprendi que não é assim que resolve as coisas.
— Por favor, não quero ser áspero com você, mas deixe-me tomar as minhas decisões. Creio que Frost não voltará a cometer mais nenhum delito desse gênero.
Kitana não quis mais insistir e se afastou do grão-mestre. Um guarda se aproximou e estava junto com Frost que já estava sem as mãos algemadas, ele a deixou frente à Sub zero e saiu. A cryomancer disse abraçando Sub zero:
— Obrigada Kuai!
Frost tentava beijá-lo, mas o grão-mestre se afastava, e disse:
— Não é porque eu te soltei que você pode fazer isso comigo, Frost. Já conversamos sobre isso.
Frost se afastou e disse se reverenciando:
— Perdão, grão-mestre!
— Preciso que você treine um jovem que chegou hoje aqui. Os guardas irão te levar até ele.
— Como quiser.
Frost deu uma olhada para Harumi, deu um sorriso maléfico e acompanhou o guarda. Kitana disse a Harumi:
— Não vou deixar que nenhum mal aconteça com o seu filho.
— Obrigada, princesa.
As duas se abraçaram, Sonya se aproximou e pediu que Harumi fosse até a base e a japonesa assentiu.
—---**----
Tanya chegou logo ao Shirai Ryu e percebeu que estava sozinha no palacete. Perguntou a um dos criados:
— Onde Hanzo está?
— Foi treinar alguns jovens num bosque próximo.
— Ótimo!
A edeniana agradeceu, e foi para o andar superior. Entrou no quarto e resolveu tomar um longo e demorado banho. Enquanto se banhava, maquinava em sua mente o que mais faria de mal a Harumi, ainda não se conformara com a humilhação que a japonesa passara. Terminou o banho, se vestiu com um vestido de uma cor rósea com bordados pretos. Estava penteando o cabelo quando ouviu um barulho, virou-se e viu Rain na porta do quarto. Voltou a pentear os cabelos e perguntou em tom de cansaço:
— Ai Rain... O que você quer?
Ele se aproximou, sentou-se na cama e disse:
— Quero saber se já está satisfeita com o que fez com Harumi.
— Ainda não. Foi muito pouco pelo que ela merece.
— E o que pretende fazer?
— Não sei. Preciso bolar um plano para tirar a Frost...
— Sub zero a libertou
Tanya virou espantada para Rain
— O grão-mestre abriu o olho?
— Parece que sim e acho que ele fez isso por raiva.
— Kuai Liang com raiva... Ele parece a Madre Teresa, sempre querendo ser bonzinho e fazer caridade com os outros, bem diferente do irmão dele. Se fosse Bi-han já decepava a cabeça dela com um só golpe de espada.
— Meu Deus, Tanya! Você fala cada coisa.
— Você não tem noção como eu odeio essa japonesa infeliz. Maldita hora que ela aparece...
— E o Hanzo? Pretende fazer alguma coisa com relação a ele?
— Rain, eu ainda estou de cabeça quente. Deixe-me respirar um pouco.
O hydromancer começou a acariciar os cabelos dela enquanto ela arrumava uma das unhas da mão. Ela perguntou:
— O que foi?
— Por que não tentamos de novo?
— Uma vez já foi o suficiente.
— Mas você não sente a minha falta? Pois eu sinto.
Tanya olhou para Rain e pensou que poderia pagar na mesma moeda o que Hanzo fez com ela. A edeniana disse a Rain:
— Preciso saber se você vai me ajudar com a minha vingança contra Harumi.
Rain permaneceu calado diante da proposta, Tanya insistiu:
— Se você me ajudar posso até me casar com você
— Me dê uma garantia.
Tanya lembrou que um pouco distante do palácio havia um casebre onde se guardava as vestes dos soldados e armamentos. Ela disse:
— Me encontre às 21h numa casinha onde são guardados os uniformes dos guardas. Trar-lhe-ei a recompensa.
Rain assentiu e se foi em um redemoinho de água.
—---**----
Sonya e Harumi estavam na sala da general. Sonya disse:
— Estamos deixando alguns soldados das Forças Especiais para guardar o seu filho. O que temo é que Sub zero não permita mais que você more no Lin Kuei.
— Ah Sonya... Nem sei mais o que pensar... O que me preocupa agora é para onde eu vou depois de ser expulsa do Lin Kuei.
— Eu tenho um apartamento em Boston. É pequeno, mas pelo menos dá para você e seu filho morarem lá tranquilamente. O bairro é bem seguro e acho que você se daria muito bem lá.
— Preciso agora estabilizar as minhas ideias. Agora com a Frost solta, o meu filho corre perigo.
— Quanto à segurança de Satoshi não se preocupe, cuidaremos disso.
Harumi apoiou os cotovelos na mesa colocou a mão na testa e pensou como seria o seu relacionamento com Kuai depois de tudo isso. Ela sabia que Kuai soltara a Frost como uma vingança e começou a enxergar Sub zero com outros olhos, como alguém imprevisível.
— No que está pensando? – interrompeu Sonya
— Na atitude do Sub zero... Não esperava isso dele... é como uma vingança
— Nós mulheres nunca entenderemos a atitude deum homem após uma traição.
Harumi sentiu seu coração pesar, não imaginaria estar no papel de traidora. Sonya segurou firme nas mãos da japonesa e disse:
— Agora você precisa ser forte e esperar de tudo do Sub zero.
A general a abraçou e disse:
— Eu te acompanho até o Lin Kuei.
As duas saíram da base e foram em direção ao clã.
—---**----
Era 21h e Tanya estava chegando com uma bolsa de cor dourada com uma quantia considerável em dinheiro e logo avistou Rain, que estava encostado na parede do casebre.
— Como você é pontual. – disse Tanya se aproximando
— E então, onde está a recompensa?
Tanya mostrou a bolsa a ele, abriu-a e Rain viu muitas cédulas de dólares. Rain perguntou:
— Onde conseguiu tudo isso?
— Isso não importa. – disse Tanya entregando a bolsa nas mãos de Rain – Acho que você não ganha todo esse dinheiro trabalhando nem seis meses nas Forças Especiais.
Rain segurou as mãos de Tanya com força e disse:
— Você sabe muito bem que não é só isso que eu quero.
Tanya deu uma olhada dissimulada, puxou Rain para si, deixou seus braços envoltos no pescoço dele e beijou seus lábios. Separou-se de Rain, pegou em suas mãos e o levou para dentro do casebre. Ali mesmo ela se entregou ao edeniano que há muito tempo esperava por isso, ele a amava de verdade, mas Tanya apenas queria se vingar de Hanzo.
—----- Dois meses depois-----
Hanzo e Tanya não se falavam desde o episódio da agressão. Ela estava almoçando sozinha quando sentiu um enjoo, a criada que a servia percebeu e perguntou:
— Está tudo bem, senhora?
— Sim, está – disse Tanya.
A criada colocou no prato uma porção de peixe ao molho, ao olhar aquilo a edeniana colocou a mão na boca e foi ao banheiro. Depois de vomitar, lembrou que seu fluxo não vinha já fazia dois meses. Lembrou-se da noite que tivera com Rain. Tanya havia concebido.
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