Águas Passadas escrita por Lilium Longiflorum


Capítulo 13
capítulo treze




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Harumi estava em desolação, sentia-se a pior criatura da face da terra. Ela sempre fora uma mulher honesta e sempre deixou a bondade reinar o seu coração, mas agora sabia que tinha errado para com Sub zero. Sentia que estava sendo ingrata e que não merecia mais a hospitalidade do grão-mestre, a vontade de contar a verdade a ele lhe invadia o peito, mas ao mesmo tempo tinha medo de contar o que houve naquele dia.

A japonesa tinha pousado a cabeça no colo de Jacqui, esta permanecia calada tentando entender toda aquela situação. Jacqui perguntou:

— O que pensa em fazer?

— Não sei ainda. Estou com muito medo. Será que o Kuai está desconfiando de algo.

— Acho que todos, Harumi.

Harumi levantou de ímpeto, foi em direção a janela e viu como que  folhas de alguns arbustos se mexendo, como se alguém tivesse passado por lá. Harumi sentiu um pavor lhe invadir o coração e disse:

— Alguém ouviu!

Jacqui se levantou e disse:

— Como assim?

— Parece que alguém saiu correndo em direção à floresta.

Jacqui foi em direção a janela e não viu nada. Voltou-se para Harumi e disse:

— Deve ser fruto da sua imaginação.

— Eu espero.

—---***----

Kuai estava encostado em uma pilastra olhando o céu, Sonya se aproximou e perguntou:

— O que você acha que aconteceu lá?

— Acho que ela não foi apenas entregar o planejamento estratégico.

Sonya respirou fundo e disse:

— Eu não vou insistir no assunto, mas se precisar pode falar comigo ou com algum de nós.

— Está certo! Não estou com cabeça para isso

Dizendo isso, Kuai entrou no palacete e Sonya o olhava de longe, sentia que as coisas poderiam piorar e que uma nova guerra entre Lin Kuei e Shirai Ryu poderia começar, era tudo o que Sonya não queria. Ela foi atrás de Jacqui, mas esta já estava voltando. Sonya perguntou:

— E aí?

— Vamos para a base, lá eu te conto. Espere, Kitana não vem conosco?

— Sub zero preparou um quarto para ela aqui, achei melhor.

Jacqui assentiu e as duas saíram do Lin Kuei em direção à base próxima.

—----***-----

Já era por volta das 23h, Kitana vestiu seu roupão e foi beber água, indo de volta para o seu quarto com o copo cheio na mão avistou Kuai encostado em uma varanda. Ela se aproximou e perguntou:

— Você não vai dormir?

Kuai voltou-se para ela e disse:

— Não paro de pensar em Harumi.

Kitana olhou com piedade para o grão-mestre que estava com o coração em lagrimas. E disse:

— Você nem sabe o que aconteceu lá, Kuai? Está sofrendo por antecipação.

— Por que Harumi demorou tanto em voltar?

Kitana se calou e tentava buscar respostas, mas não achava. Segurou na mão do grão-mestre e disse:

— Não quero que você sofra. Já não basta tudo o que você passou... Olha, eu sei que só conseguimos nos  aproximar mais agora, mas eu quero ser sua amiga e no que precisar pode confiar em mim.

Kuai deixou uma lágrima deslizar em seu rosto, Kitana limpou o rosto dele e disse:

— Dói ver meu amigo assim.

Ele beijou as mãos da princesa e disse:

— Acho que encontrei um apoio.

Kitana deixou o copo em cima de uma pilastra, abraçou Sub zero e este retribuiu. Ela sussurrou em seu ouvido:

— Pode contar comigo.

—---***----

Tanya caminhava pelo jardim indo em direção para a porta e ir para o quarto. Ouviu uma voz masculina:

— Isso são horas?

A edeniana virou-se e viu Rain a sua frente. Perguntou em sussurro:

— O que você está fazendo aqui?

— É que aconteceram algumas coisas hoje por aqui.

Tanya se aproximou de Rain e disse em tom de ameaça.

— Diga logo!

— Teve uma visita aqui hoje de alguém que você odeia.

Ela sentiu seu corpo tremer de temor, perguntou:

— Quem veio aqui? Responda!

— Acho melhor você entrar, lá você encontrará as respostas.

Tanya, em passos firmes entrou no palacete, deixando Rain do lado de fora. Ela subiu as escadas e foi em direção ao quarto, o corredor estava escuro e Tanya nem ousou em acender as luzes, temendo que Hanzo acordasse. Encontrou Hanzo dormindo, ela pensou: “Ele deve ter esquecido o fato de ontem e voltou para o nosso quarto.” Tanya foi se banhar e colocou sua camisola. Deitou ao lado dele, o abraçou, começou a acariciar seus cabelos e beijar seu rosto. Ele se virou e sussurrou: “Harumi”. Tanya, de sobressalto, se levantou. Hanzo sentou-se, esfregou os olhos e disse:

— Ah é você, Tanya?

Tanya sentiu uma raiva dentro de si e disse:

— Agora eu sei quem veio aqui.

Hanzo, ainda confuso pelo sono disse:

— E qual é o interesse em você saber quem veio aqui? Você estava na Exoterra pelo mesmo propósito nosso.

— Não tente desconversar, Hanzo. O que Harumi veio fazer aqui?

— Me entregar o planejamento estratégico em caso de invasão.

— Veio para outro propósito também.

— O que você quer dizer?

Tanya foi em direção à cama, pegou um dos travesseiros e cheirou. Sentiu um perfume feminino diferente, que não era o dela, jogou o travesseiro no chão e disse:

— Você se deitou com ela?

Hanzo não conseguia olhar diretamente nos olhos de Tanya, procurava um foco, mas não conseguia. Tanya voltou a dizer:

— Quem cala, consente.

A edeniana saiu do quarto a passos firmes, mas Hanzo a agarrou pelo braço e perguntou:

— Aonde você vai?

— Hoje é a minha vez de dormir no quarto de hospedes. Ah e Sub zero saberá logo que você e Harumi andam se encontrando as escondidas.

Hanzo desferiu um tapa no rosto de Tanya, com a força ela caiu no chão, ela pôs a mão na boca e viu que estava sangrando. Ele disse:

— Se disser algo a alguém eu juro que te mato.

Ao dizer isso, Hanzo entrou no quarto e deixou Tanya do lado de fora caída. Tanya se apoiou na parede para se levantar e algumas lágrimas caíram de seu rosto. Ela foi para o banheiro do quarto de hospedes e lavou o ferimento com água e sabão, olhou para o espelho e disse:

— Vou te devolver esse tapa, Hanzo. Ninguém me trai, ninguém!

—---***----

A manhã estava bem clara e não havia nenhuma nuvem no céu, os pássaros cantavam uma melodia quase que angelical e uma brisa suave invadiu o quarto de Harumi. Ela acordou e viu que seu filho estava de pé no berço, se levantou e foi buscar o menino no berço e começou a conversar com ele, o mesmo começou a resmungar, a mãe logo percebeu que ele estava com fome e foi direto a cozinha, deixando o menino caminhar na sua frente. Ela passou pelo jardim e viu Kuai sozinho tomando café, resolveu não dizer uma palavra e prosseguiu o caminho até encontrar uma criada que pegou o menino no colo, ela disse:

— Deixe que eu lhe dê café da manhã

Harumi relutou, mas assentiu. Foi em direção à cozinha para tomar o seu café da manhã, mas a criada interveio:

— Você não vai tomar café com o grão-mestre? Vocês sempre tomam café juntos.

— Acho que hoje será diferente.

Harumi prosseguiu o seu caminho em direção à cozinha, pegou algumas frutas, bateu no liquidificador junto com leite, colocou em um copo e começou a bebericar enquanto verificava algumas mensagens em seu celular. Kitana apareceu lhe dando um “Bom dia””, a japonesa respondeu sem olhar muito para ela, a edeniana sentou junto na mesa com ela e perguntou:

— Soube o que aconteceu ontem.

— Sub zero já contou a versão dele para você?

—Harumi... Eu não queria que vocês ficassem desse jeito. Kuai é louco por você e está muito mau com tudo isso.

Harumi deixou o celular e o copo de vitamina em cima da mesa e ficou olhando para uma janela próxima. Depois de alguns segundos Kitana perguntou:

— Rolou alguma coisa entre você e o Hanzo, não é?

A japonesa não queria encarar Kitana, disse como um sussurro:

— O grão-mestre nunca irá me perdoar.

Dizendo isso se debruçou sobre a mesa e rompeu em um choro. Kitana a amparou, mas foi interrompida por um guarda do clã:

— Harumi, há uma moça querendo falar com você.

Harumi se levantou e perguntou:

— Quem é?

— A noiva do senhor Hasashi.

A japonesa sentiu seu coração tremer, voltou-se para Kitana e disse:

— Ela já deve saber.

Kitana de ímpeto se levantou e disse:

—Deixe que eu cuido disso.

— Não Kitana! Fui eu que provoquei, deixe que eu mesma resolvo isso.

— Mas deixe que eu te acompanhe.

As duas foram em direção a entrada do palacete Lin Kuei e ali estava a edeniana com um vestido sem mangas amarelo com detalhes em preto,  um pouco acima do joelho. Tanya aproximou-se de Harumi e lhe desferiu um tapa no rosto dela, fazendo a cair no chão, a edeniana já estava pronta para jogar uma adaga no peito de Harumi quando sentiu alguém segurar o seu braço e virá-lo para trás. Kitana disse:

— Não ouse a tocar nela.

— Kitana, você voltou. Mas sempre dando uma de heroína.

Ouviu-se passos firmes vindos da entrada do templo,  Sub zero surgiu entre os guardas que o escoltavam, Kitana soltou Tanya. Sub zero viu Harumi caída no chão, aproximou-se dela e estendeu a mão para ela se levantar, enquanto Harumi se reerguia Tanya disse:

— Continua enganado pelas palavras dessa cobra pérfida, não é mesmo, grão-mestre?

Sub zero olhou firme nos olhos de Tanya e perguntou:

— O que você quer dizer?


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