My Reason - Meu Motivo escrita por Letícia Silveira


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

MANOLO, LÊ A NOTA!!! QUEM NÃO LÊ NÃO TEM EDUCAÇÃO U_U -QQ //

Gente, eu estava no Hospital e por isso voltei a pouco tempo pro Nyah. So sorry. Eu queria recompensar com o próximo cap, então espero que vocês me perdoem com esse aqui, que é o ÚLTIMO! Depois só tem o epílogo.


Eu tive que reescrever o capítulo 2 vezes, porque eu sempre fazia alguma coisa errada. Então ele pode parecer um pouco corrido, talvez. Sorry, again :S Na verdade, acho que todas as minhas fics são assim -QQ Ah, sem preguiça pra lê-lo, OK? Eu fiz BEEEEM grandão pra voces *u* HSUASHA'

Ah, se ficou muito vago pode ter sido porque eu tinha digitado mais de 20,000 palavras e tive que tirar UNAS COSITAS daí :(

Beijos :*



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A claridade me proibia de viver naquele lugar confortável: a escuridão. A claridade me voltou para a realidade, ou melhor, a triste realidade. A claridade impediu que os meus sonhos se realizassem. A claridade impediu que a minha vida melhorasse ou, pelo menos, permanecesse estável. A claridade pode arruinar muitas coisas, mas o amor ninguém altera. A claridade me fez abrir os olhos, porém quem diria que eu demoraria para deixar de enxergar aquilo que eu queria?

A claridade penetrou pelas finas cortinas de cetim daquele ambiente. Eu recusei, primeiramente, o ato de abrir os olhos. Mesmo sendo um recurso humano, eu podia viver na terra dos sonhos, onde pesadelos não acontessem, certo?

- Bom dia, dorminhoca! - Ouvi uma voz muito familiar soar. Eu sorri ao escutar aquela voz, pois era de uma amiga muito querida e extremamente importante para mim.

Finalmente, desisti de continuar dormindo. Não tinha por que fugir da realidade, afinal, aquilo já acontecera. Ou não acontecera?

Pensamentos. Eis uma palavra cercada por dúvidas. Você nunca sabe o que os outros estão pensando e nem entende o que você pensa às vezes... Ou sente!

Entreabri os olhos e vi Letícia sorrindo perante a mim. Ela parecia animada por algum motivo, como se o meu namorad.... Como se o Justin nunca tivesse se drogado ou distribuido droga pelo colégio e estivesse a ponto de ser expulso do mesmo.

A realidade pode ser dura, porém os sonhos podem ser irreais. Prefere viver na realidade ou viver no seu próprio mundo? Pudera eu ter tido a chance de escolher antes de optar, automaticamente, pelo meu próprio caminho.

- Oi. - Respondi fracamente, sentindo um bolo se formar em minha garganta. Eu só não queria acreditar que ele tinha feito aquilo. Por que amar é tão doloroso? Inventamos remédios para tratarmos os doentes de câncer, de derrames, de doenças menos sérias; porém e àqueles que estão doentes de amor? Àquele ponto, eu poderia apostar que o amor matava. - Aonde estamos? - Perguntei, tentando frear os meus pensamentos inexplicáveis e incoerentes.

- Ainda na escola. Quando você desmaiou meus braços, porque eu fui pegar você quando vi suas pernas fraquejarem, a trouxe para a enfermaria. Você demorou quatro horas para acordar e daqui há dez minutos já acaba a aula. E, aliás, devo lhe agradecer, pois faltei a muitas aulas aqui com você, desarcodada. - Ela disse animada e sorrindo. Bom, o humor dela era inalterável.

Tentei sorrir o máximo que pude, demonstrando a minha felicidade por ela; entretanto fora um gesto inútil, pois fora muito forçada a ação e acabou por falhar. O meu sorriso amarelo não fora de seu agrado, afinal, ela desfez o seu sorriso em resposta ao meu.

- Chamaram os pais do Justin. Ele disse para o Chaz que ficou até feliz pela reunião, porque os pais nunca mais tinham estado juntos no mesmo ambiente por mais de trinta minutos. Ele chorou muito, mas eu não acho que seja por causa da injustiça que fizeram com ele. - Letícia desabafou e eu arqueei a sobrancelha. Ela tinha usado a palavra "injustiça"? Como ela poderia provar? E ainda deveria ter pensado, para concluir a fala, algo como: "Com certeza, foi por causa da sua reação, Melissa." Eu não queria sair como a culpada dessa história. Minha mãe confia em mim, o bastante para saber que eu nunca me drogaria, só porque o meu ex-namorado se drogava.

Então era isso? O Justin era apenas mais um ex? Eu poderia ter sido apenas mais uma para ele, porém eu sentia o amor em suas palavras... Eu sentia a sinceridade, honestidade e, acima de tudo, o amor. Ele falava com o coração, não apenas com a cabeça como muitos guris fazem. Eles não têm, realmente, sentimentos por meninas; não sentimentos duradouros, ou, pelo menos, sinceros e temporários. Pois eu acho que era nesta categoria que o amor do Justin por mim se encaixava.

Já o meu amor por ele era como qualquer amor incondicional de uma adolescente. Entretanto, eu já pensara que estava apaixonada por outra pessoa, mas nada comparado a o quê eu senti pelo Justin... O que eu sinto por ele.

- Eu preciso falar com a Pattie. - Desabafei. Realmente, era a conclusão mais lógica que o meu cérebro ilógico chegara.

Uma lágrima solitária escorreu pela minha face, enquanto - quase automaticamente - a enxuguei com as costas das mãos.

- Pattie? Quem é essa? - Letícia perguntou sem entender nada e franziu o cenho, pois percebera o meu choro silencioso e, claro, não entendia o motivo. Quem me dera não entender o que estava acontecendo ao meu redor.

- A única mulher que realmente conhece o verdadeiro Justin Bieber. - Afirmei e levantei-me da maca da enfermaria da escola, onde eu me encontrava.

Saí apressada porta à fora, porém a enfermeira me impediu que eu continuasse.

- Espere, mocinha. O que você...

Antes que ela pudesse continuar, a interrompi e prossegui:

- Estou apenas tentando salvar a minha vida.

A empurrei fortemente ao finalizar a frase e continuei, quase correndo, pelos corredores do colégio. Estava-se quase vazio o colégio; pois, normalmente, já é inabitado, e ao meio dia em ponto já estava quase vazio aquele lugar.

Antes de sair, ainda escutei a mulher falando que lá era uma enfermaria, onde cuidavam das pessoas, todavia ela não entendeu qual era a minha doença.

Corri até à sala da Direção, onde a secretária nem se econtrava mais. Resolvi adentrar no cômodo, pois a Diretora deveria estar ali com os pais do Justin. Eu iria conhecer, pelo menos, o meu ex-futuro sogro. Isso soou estranho.

Abri a porta, já entrando no ambiente, sem nem olhar quem estava ali.

- Desculpe, diretora, mas eu preciso... - Congelei.

Meu cérebro não processava nenhuma informação. Eu, simplesmente, congelei ao ver Pattie, o meu ex-sogro e seu respectivo filho: meu ex-namorado. Mas não era uma cena comum: ele estava algemado ao lado de alguns seguranças.

- Sim, o que você quer? Pode aguardar lá fora, por favor?

Para ser sincera, eu não escutei o que ela disse. Apenas continuei a fitar os pulsos do Justin cercados por ferros. Co-Como? Nem por pensamento eu conseguia raciocinar direito.

- Mel, já pedi para você sair. Não há nada aqui que lhe interesse. - A diretora retrucou fitando-me fixamente, abanando com a mão em frente aos meus olhos, cujos não paravam de fitar o Justin.

- Não, diretora Candsey. Eu peço que ela fique. - Pattie pediu à diretora, fazendo-me engolir seco. Eu não estava preparada para enfrentar essa situação.

Na sala, havia duas cadeiras - ocupadas pelos pais do Justin - em frente à mesa da diretora e mais quatro cadeiras no canto do cômodo, próximo aonde o Justin estava parado, em pé.

- Tudo bem. Então a senhorita McCartney fica. Continuando, o filho de vocês fez algo ilegal, e não é culpa da escola, pois nós somos rigorosos perante a isso. Porém, o maior perigo, é que ele estava espalhando o vício por aí e, provavelmente, apenas para ganhar dinheiro. - Esclareceu.

Fitei, de soslaio, o menino algemado ao meu lado. Ele tinha a cabeça baixa, os olhos cerrados e, provavelmente, o caração apertado.

- Mas, senhorita, ele jurou que não foi ele. Além do mais, não precisamos introduzir a polícia no caso. Dê a ele três dias de suspensão e, depois, finja que nada aconteceu. Se não foi ele, não se repetirá. - O pai do Justin declarou.

Engoli seco. Ver o destino de quem se ama ser traçado, é difícil quando mudará as suas vidas radicalmente... Se bem que nossas vidas pareciam tão distantes agora...

- Senhor Bieber, por favor, acalme-se. O aluno não será indiciado, mas não posso mantê-lo nessa instituição. - A diretora prosseguiu calma e arrumou os seus óculos tranquilamente, como se nada estivesse acontecendo.

Lágrimas escorreram dos meus olhos, mas eu as limpei rapidamente. Não queria que o Justin visse a minha fraqueza, principalmente por sua causa.

- E quando será a expulsão? Imediatamente? - Pattie perguntou receosa.

- Daqui a uma semana, no máximo, pois ele precisa achar uma escola à altura. - A diretora disse.

- Desculpa, mas eu não posso ficar aqui. - Eu afirmei sentindo lágrimas se formarem nos cantos de meus olhos e corri para longe daquele lugar. Longe daquele pesadelo que parecia não ter fim...

Ouvi uma voz sussurar o meu nome, enquanto eu fugia daquela cena. Eu sabia a quem pertencia aquela maravilhosa voz, que me fizera viver uma noite incrível, porém que me ferira internamente.

Uma dor apossou-se de meu peito, mas não era algo comum, que eu já sentira antes. Agora, eu estava próxima do fim. O ponto final havia sido dado em nossa relação. Ele me drogou apenas para se aproveitar de mim. Era o pensamento que circundava a minha mente... Antes de tudo se apagar novamente.

***

Passara-se uma semana desde que tudo ocorreu. Desde então, não coloquei os pés, novamente, naquele lugar. Eu tinha medo de encontrá-lo, pois sabia que eu não conseguiria evitar os meus sentimentos. Eu amava-o.

- Querida, vamos. Hoje você podia se despedir do coleguinha de vocês que está saindo do colégio. Eu ainda não sei como você pegou essa doença e... - Minha mãe continuou a tagalerar.

Pobre, mãe. Eu havia mentido para ela durante uma semana. Antes, nós éramos parceiras, fazíamos tudo juntas. Agora, eu estava sozinha no mundo, porque nem contar para a minha mãe eu havia.

Eu escondi sobre o meu namoro que, infelizmente, havia durado apenas um dia. Todavia eu tinha motivos suficientes para acreditar que aquilo tudo não passara-se de um sonho. Havia tudo o que era necessário para formar um conto de fadas: o príncipe carinhoso, as palavras mágicas e uma candidata a ser feliz para sempre. Mas, como contos de fadas não acontecem, eu não podia ter acreditado no meu.

- Tudo bem, mãe. Eu já melhorei, quero ir ao colégio. - Declarei.

Desde segunda, o dia em que acusaram... Ele, eu não ia ao colégio. Já era sexta-feira, último dia de aula antes do fim de semana. Eu precisava despedir-me dele, pelo menos isso. Eu precisava dar um adeus, mesmo sendo a coisa mais dolorosa que eu já fiz em toda a minha vida.

Eu havia mentido para minha mãe que eu me sentia, regularmente, mal. Não tinha disposição para, sequer, sair da cama. O que não deixava de ser verdade.

- Que bom, querida. Mas você tem apenas quinze minutos para chegar lá, e eu não tenho como levá-la hoje. Terá que ir de ônibus. - Minha mãe disse pesarosa.

Como uma menina de Nova York, eu não era muito acostumada a andar de ônibus, apenas metrô. Porém eu não faria drama por esse tipo de coisa, principalmente perante a minha mãe.

- Tudo bem, mãe. Vou me arrumar.

Coloquei uma roupa simples, composta por uma saia preta de cintura alta e uma blusa branca fina, contrastando. Me senti um pouco desconfortável com o meu corpo; eu estava, pois, um pouco magra demais, devido a alimentação irregular que eu estava tendo.

Penteei os meus cabelos e comi uma rápida waffle, pois não queria me atrasar. Pus o meu All-Star e saí de casa apressada. Hoje eu precisava conversar, realmente, com a Pattie. Eu queria perguntar se ela acreditava no filho, pois, se ela fazia, por que não eu? Conseguiria eu perdoá-lo?

O ônibus demorava, enquanto eu ficava em pé próxima a parada. Avistei um carro vindo rapidamente pela estrada onde eu me encontrava, pois lá era assim: as casas eram muito afastadas e a escola ficava em outro extremo. Apenas a rodovia ligava os extremos da cidade, e o ônibus que passava ali demorava muito.

Repentinamente, o carro freiou em minha frente. Parecia ser um carro muito potente e bem cuidado.

- Quer uma carona? - Perguntou Kate abrindo a janela do carro.

Sorri em resposta, automaticamente. Entrei no carro, e logo ela acelerou.

- Então, você voltou?! - Soou como uma exclamação, porém havia um grande dúvida em seu semblante.

Apenas balançei a cabeça positivamente e ouvi sua mandíbula contrair.

- Que bom. - Disse contra-gosto.

- Kate, eu sei que você deve alimentar sentimentos pelo... Justin. - Completei hesitante, engolindo o bolo em minha garganta. - Desculpa, mas eu nem estou mais com ele. Não precisa se preocupar. - As palavras eram tão verdadeiras que eu sentia o meu coração desmoronar sobre a minha palma.

Kate pareceu refletir e me fitou. Eu sentia-me mais pálida e fraca que o normal, porém não queria que eu refletisse as minhas emoções - que não eram as melhores.

- Sim, Mel. Eu ainda gosto do Justin, tenho que admitir. Porém não permito-me intrometer em sua vida. A única coisa que me fere é que ele nunca esteve tão triste assim... Nunca o vi assim por causa de uma menina. - Ela confessou em voz baixa.

Respirei fundo, tentando desembralharar os meus pensamentos desconexos. Ele sentiria a minha falta? Dã, claro que não. Ele me conhecia há duas semanas, entretanto ninguém ficaria apaixonado (a) nesse meio tempo... Apenas eu.

- Claro que ele deve estar assim apenas porque será expulso do colégio. - Murmurei.

Suspirei. Era a explicação lógica. Nem reparei que já estávamos entrando no estacionamento descoberto e que alguns alunos fitavam o carro.

- Até esqueci de perguntar: é novo o carro? - Perguntei.

- Ganhei de aniversário, mas como você não voltou para cá, não viu. Agora vamos entrar. - Ela disse pegando o material no banco de trás.

Respirei fundo e fechei os meus olhos. Eu queria encontrar novamente aquela escuridão tão silenciosa, do que a minha vida tão turbulenta. Eu só não queria o ver, pois sabia que eu choraria em sua frente. Você sabe o que é dizer adeus?

Saímos do carro, finalmente. A escola parou para me olhar, praticamente. Não que eu esteja me achando, porém todos me fitaram como se pensassem: "Olha a namoradinha do deliquente!", sendo que eu nem sei o que posso ter feito naquela noite. Imagina você ser drogada pelo seu próprio namorado! Você iria gostar disso? Eu tinha vontade de perguntar mesmo.

- Ignore-os. É inveja da sua beleza. - Kate disse sorrindo e pegando a minha mão. Caminhamos até o corredor principal do colégio, onde daria acesso ao Ginásio; pois agora teria a proclamação da expulsão dele, porque o Colégio queria demonstrar aos pais que é ético e que tem a coragem de expulsar os 'deliquentes'. Bem, fora o que Kate que dissera.

Eu achava um tanto patético expor aquele... Guri na frente de todos e ainda explicar os motivos. Acho que isso não deveria ser chamado de Democracia, mas bem pelo contrário.

Caminhando até o Ginásio e acabamos encontrando Letícia e Caitlin, que estavam acompanhados com os seus pares, respectivamente, Ryan e Chaz. Agora eu que me perguntava:

- Que porra é essa? Letícia e Ryan?

Eu senti todos os olhos naquele ambiente direcionados a mim e corei imediatamente.

- Você pode me explicar? - Pedi sussurando, não querendo passar mais nenhum vexame. Era atenção demais!

- Eu achei seduzante a dança com a Raquel, está bem? - Letícia perguntou indignada, ainda inventando palavra. Não pude evitar um riso baixo.

- Amor, você é única. - Ryan disse no ouvido dela, sussurando, porém não foi baixo o suficiente para não ouvirmos. - Acho que estou caindo de amores por uma pessoa. - Ele disse divertido.

Todos riram, menos eu, da cara de indignada que Letícia fez. Eu já havia escutado aquela frase anteriormente. Algumas lágrimas escorreram, novamente, dos meus olhos, enquanto o meu peito se apertava com a dor da partida.

- O que houve, Mel? Por que você está chorando? - Caith perguntou desencostando-se do Ryan e abraçando-me.

- O Justin... Me... Disse... Isso... Uma... Vez. - Afirmei fracamente, escondendo o meu rosto em seu ombro. Eu queria apenas um refúgio onde eu pudesse me abrigvar e ficar segura, sem reviravoltas.

- Calma, amiga. - Leticia pediu.

Todos os meus amigos suspiraram e juntaram-se ao abraço, que tornou-se em grupo. Senti-me acolhida entre eles e ali era até confortável. Suspirei, e nos separou.

- Obrigada por tudo, gente. Eu não sei o que seria de mim sem vocês... - Falei com um pequeno sorriso no canto da boca.

- Mel, você pode não acreditar, mas o Justin está pior do que você. Ele inclusive pediu que eu te intregasse uma coisa, entretanto só pode ser quando ele já não estiver mais aqui. Ele disse que escreveu com coração... É uma música. - Ryan disse, deixando-me apenas mais triste. De vez, minha 'armadura' para não expressar os meus sentimentos havia-se ido.

- Tratem de sentar-se. A Reunião irá começar. - A Diretora Candsey insistiu. Sentamo-nos em cadeiras próximas do palco que ali havia.

Aquela escola tinha poucos alunos e fofocas se espalhavam rapidamente. A esse ponto, todos deveriam saber do ocorrido. Aliás, a Diretora da escola havia convidado alguns pais, porém eu não havia entrego a circular a minha mãe.

- Senhores pais e professores, queria lhes falar sobre um caso trágico que tivemos semana passada. Foi descoberta um tráfico de drogas em pleno Colégio e áreas conveniadas. - Alguns pais começaram a conversar, surpresos com tal notícias. - Calma, senhores! Porém, apesar de tudo, fizemos uma ronda em todas as mochilas dos estudantes dessa instituição. Queremos preservar a imagem do colégio, então tomamos certas providências para não envolvermos a polícia no caso. O culpado por tudo isso fora o estudante Bieber que irá subir aqui apenas para despedir-se. Resolvi dar essa chance a ele, pois todos temos o direito de expressão. Se bem que o que ele fez não tem perdão. - A professora disse balançando negativamente a cabeça. - Então o senhor Bieber será expulso do colégio, infelizmente.

Vários cochichos se manifestaram no ginásio quando a diretora proferiu suas palavras. Eu apenas senti minha visão embaçar e logo lágrimas despencaram de meus olhos. Agora a realidade invadia a minha mente, e lembranças vívidas cercavam os meus pensamentos.

- Calma, amiga. Calma. - Disse novamente Letícia, minha melhor amiga, a qual eu podia contar sempre.

- Eu não posso ficar sem ele novamente. - Eu disse a mais pura verdade.

- Você precisa ser forte. - Ela sussurou, me abraçando.

- Silêncio, por favor! - A diretora reclamou. - Além dos inesperados incidentes no colégio, ele ainda está com notas muito baixas, então foi convidade a se retirar. - Ela disse séria.

- Meu Deus, mas o que vai ser de mim sem o meu Deus grego? - Sussurou Beatriz, uma menina que dava em cima do Justin. Ela tinha uma voz extremamente fina, e eu tinha visto ela apenas uma vez: na festa. Porém não alguém que o Justin desse muita atenção.

- Silêncio! - Declarou a professora. Todos se aquietaram, enquanto as lágrimas em meus olhos escapavam descontroladamente. - O aluno Bieber irá subir para dizer algumas palavras. Como eu já disse, demos a ele o direito de despedir-se dos colegas assim, já que fora um tanto inesperada a sua saída.

Um ritmado andar era escutado no silêncio daquele ambiente. Eu fechei os meus olhos, querendo conter as lágrimas e não querendo vê-lo. Enxergá-lo era como admitir para mim mesma que ele fora real. Porém eu não queria isso, pois ele era perfeito demais para ser real, e eu não queria sofrer mais ainda.

- Oi. - Aquela voz que fazia o meu mundo girar. Aquela voz fez o meu coração acelerar. Aquela voz era tudo o que eu precisava ouvir... Ao meu lado. - Eu sei que muitos devem achar que eu sou um traficante desgraçado filho da mãe, mas não. Eu não me importo se não acreditam que sou inocente, mas uma pessoa tinha que me escutar. Abra sua mente, escute o seu coração. Chega de ilusão. Eu juro que não te droguei e, muito menos, que vendi drogas. Posso ser humilde, mas não sou idiota para levar as pessoas à morte. Sei o efeito da droga, não que eu já tenha tomado, e nunca tiraria a vida de ninguém, nem do meu pior inimigo. Nunca me aproveitaria de nenhuma garota através do efeito... Muito menos você.

Novamente, eu ouvia o carinho que ele dedicava à cada palavra. Porém eu podia mesmo confiar nele? Eu deveria fazer o que ele pedia?

Ele sabia que eu havia entendido o recado, porém devia saber que eu sou muito determinada também. Eu não queria dar a ele uma segunda chance, se ele não iria aproveitá-la.

- Diretora, posso cantar uma música? Eu trouxe o meu violão. - Ele disse sorrindo tortamente. A Diretora apenas assentiu, e ele pegou o instrumento. - Essa música é para a aluna Melissa McCartney: - Meu coração acelerou-se, e eu não resisti: abri os olhos. Vi ele me encarando enquanto tocava alguns acordes no violão. Aquela melodia era conhecida para mim, e ele sabia disso. Ele prosseguiu: -

When I met you girl my heart went knock (knock)
Now them butterflies in my stomach wont stop (stop)
And even though its a struggle love is all we got
So we gonna keep keep climbing till the mountain top


Ele continuou a cantar aquela música do nosso primeiro encontro.

Eu notei certa diferença na música, mas o efeito em meu coração havia sido o mesmo: a aceleração. Era incrível o jeito como eu correspondia a sua voz. Ele me encarou ao terminar o refrão, e todos no auditório aplaudiram. A Diretora pegou o microfone e resolveu estragar o momento de vitória dele.

Eu evitei ao máximo encará-lo, pois sabia o quão corada eu estava e que as lágrimas estavam sendo seguradas nos meus olhos.

- Pessoal, por favor, isso aqui não é um show. Muito lindo, senhor Bieber. Agora temos que prosseguir com as atividades da manhã. Quer deixar mais algum recado, Bieber? - A Diretora Chata Candsey perguntou.

- Sim, obrigada por me aguentarem todos esses anos. Mas saibam que esse foi o melhor! - Ele exclamou sorrindo. Em resposta, dei um sorriso fraco. Era incrível os meus sentidos próximos a ele. Tudo o que ele fazia, eu correspondia.

Nesse momento, percebi que nossos olhares se encontraram, causando-me um arrepio na minha espinha. Tudo o que eu queria era correr de encontro àqueles braços fortes e aconchegantes e selar as nossas bocas naquele beijo ardente e carinhoso que só ele sabia dar. Porém a vida, como eu já disse anteriormente, não é um conto de fadas.

Ele deixou o palco e veio em nossa direção. Meu coração acelerou-se automaticamente, e minhas bochechas coraram-se.

- Ryan, Chaz, Kate, Leticia! Vou sentir a falta de vocês! - Ele exclamou, abraçando todos à sua volta... Menos eu.

Ele não me notara ou não queria se despedir de mimnto o sentimento era horrível. Uma dor localizada já é horrível. Imagine dez vezes pior do que isso e, ainda, localizada em seu coração.

Saí do Ginásio, não aguentando mais aquele ambiente de despedida, principalmente, porque ele apenas não tinha declarado o meu nome. E, devo assumir, que eu também queria receber aquele abraço. No mínimo um abraço de despedida...

Se bem que eu errei muito ao acusá-lo de algo que não tinha provas. Isso me fez lembrar da Pattie.

A procurei pelo estacionamento do Colégio, pois não queria procurá-la próxima ao filho. Limpei as minhas lágrimas com as costas das mãos e ajeitei o meu cabelo, não sei por que. Eu não tinha motivo para viver, muito menos o que fazer. Então optei que o meu corpo se auto controlasse, sem nem ao menos eu pensar... Mesmo que às vezes eu pensasse nele.

- Pattie! - Exlamei ao vê-la entrando no carro. Sozinha, ainda bem.

- Mel? Eu acho que você deve estar muito aborrecida. Mas pode me dizer o que está acontecendo com o meu menino? Ele se tranca no quarto; e, primeiramente, pensei que era por causa da expulsão, porém ele canta lá. Ele canta músicas amorosas de perda, que ele está compondo. O que aconteceu? Ele te deu um pé na bunda também? - Pattie perguntou usando um vocabulário chulo. Mas quem era eu para falar? Uma adolescente que nem as ações conseguia controlar.

- Bem, eu acho que eu sei o motivo. Você sabe que o seu filho foi acusado a ter porte de drogas? Na noite anterior que fui para a sua casa, na festa, eu estava drogada, pois alguém pôs algo em minha bebida. Então, quando descobri que fora ele, pensei que era apenas para se aproveitar de mim... E você confia no seu filho? E deve ser por minha causa que ele está assim, sem querer me referir a nada. Entretanto saiba que não estou em melhores condições. - Falei encostando em meu peito.

Pattie franziu a testa, claramente confusa. Por fim, suspirou.

- Amor adolescente é sempre assim. Sentimos como se fosse o fim do mundo. O meu filho nunca fora alguém romântico ou gentil, mas eu vi o jeito como ele te trata e como acaricia cada palavra direcionada à você. Ele nunca tinha agido daquele jeito antes comigo e, você viu, foi por sua causa. Eu acho que ele nunca teria coragem de drogar alguém para conseguir o que quer, pois ele nunca diz nunca. - Pattie sorriu, aliviando-me imensamente.

- Quer dizer que ele não me drogou?

- Possivelmente, vocês foram vítimas de uma armação. - Ela declarou pesarosa.

Sorri imensamente e, sem ao menos me despedir, corri novamente. Porém, dessa vez, não fora uma fuga para longe dos meus pensamentos, dos meus sentimentos. Ao contrário, eu ia deixá-los em paz e felizes. Eu só precisava dele. Eu só precisava de alguém para amar. Eu precisava de alguém que me fizesse sentir amada e cuidada, que eu sentisse, novamente, o fogo de amar.

Meus pés moviam-se rapidamente, como se respeitassem o ritmo acelerado do meu coração e imitassem-no. O sorriso não desmanchava-se da minha face, e uma alegria surreal tomava conta do meu ser.

Adentrei no Colégio, sentindo-me como alguém que estava prestes a aprontar. O sorriso sapeca e rejuvenecedor em meu rosto espressava a enorme e indescritível felicidade que eu sentia.

O meu ato poderia ser óbvio para o leitor dessa estória, porém, com certeza, surpreenderia-o.

Finalmente, cheguei no Ginásio, onde encontrei apenas Ryan, Chaz, Leticia e Caitlin. Ofegante, corri até eles e perguntei:

- Cadê ele? - Perguntei ansiosa. A ansiedade estava presente em meu tom, assim como o medo. Medo de que ele me recusasse depois da minha terrível atitude de julgá-lo. Se a mãe dele confiava naquela pessoa que ela conhecia há dezesseis anos, por que não confiar também? E, mesmo que eu estivesse errada, cederia uma chance para ser feliz.

- Nossa, Mel! De onde você apareceu? E de onde veio toda essa alegria estantânea? O Justin está no banheiro. Disse que precisava pensar... Sei, isso só aconteceu depois que tocamos no seu nome. Anda sendo tão difícil para ele e...

- Obrigada, Ryan. - O interrompi, correndo para o banheiro masculino mais próximo. Eu não queria sentir-me mais culpada e, por isso, apressei o passo. Estaria ele sofrendo por minha causa? Realmente?

Os meus passos não estavam mais acompanhando o ritmo do meu coração; o meu orgão vital estava mais rápido. Assim que alcançei a entrada dos Banheiros Masculinos, vi a porta abrindo-se. Minhas pupilas dilataram-se; e, como se fosse possível, o ritmo de meu coração aumentou.

Mas não era ele. Um obeso saira do banheiro e me encarou confuso.

- Cuidado com o cheiro... E, aliás, aí é o banheiro masculino.

Em resposta, assenti com a cabeça e franzi o cenho. As pessoas poderiam, ao menos, ser mais educadas. Ou modestas.

Entretanto, eu não estava tão interessada nisto. Insegura, dei passos à frente, para adentrar no Banheiro. Porém não pude conter a hesitação.

"Isso não fora tudo o que você sonhou na última semana? O pedido de desculpas... Se bem que você pensava que viria dele." Pensei comigo mesma. Dei de ombros e, determinada, abri a porta.

O Banheiro era amplo, assim como o feminino. Justin não estava próximo às pias de lavar as mãos e, por isso, decidi averiguar os boxes. O primeiro estava vazio, assim como o segundo... Por que o terceiro era sempre o misterioso?

Enfim, o terceiro box estava trancado, e uma respiração acelerada vinha dali. O meu coração acelerou-se, e eu sentia que era ele. Porém, quando eu estava a um passo de abrir a porta, ouvi alguns gemidos vindos dali... Iguais ao que eu havia escutado no aniversário da Kate.

Com os olhos marejados, temi o indesejável. Seria ele? Com quem? Eu estava certa?

Eu não queria presenciar a cena, porém não podia julgá-lo depois. Eu precisava saber a verdade, mas às vezes ela pode ser o que mais tememos.

Resolvi olhar por debaixo da porta. Toda aquela emoção do reencontro que eu sentia, tinha se esvaído. Eu sentia-me fraca e, com certeza, não aguentaria muitas mais coisas. Provavelmente, devido a alimentação fraca que eu tive naquela semana.

Ao olhar por debaixo do box, vi tênis de basquete - iguais aos que o Justin usava, - e uma sandalha preta, que eu tinha a impressão de conhecer. Algumas lágrimas já escapavam dos meus olhos, todavia eu não tinha que confirmar a minha suspeita. Eu não iria espiar o casal - pensei nisso enojada.

Eu temia que fosse o Justin, pois não queria vê-lo com outra. Mas, ao mesmo tempo, queria tê-lo, novamente e terminamente, em meus braços. Aquecê-lo e amá-lo ali. Eu sentia falta dele, mesmo tendo suspeitas horríveis sobre ele.

Resolvi tomar vergonha na cara e espiar quem estava no box ao lado. Subi sobre a patente, levantando-me em um salto e procurando as duas pessoas. Não acreditei na cena em que vi, acabando por cair da patente, sem equilíbrio. Isso causara um enorme barulho, acabando pelas duas pessoas saindo do Box masculino, procurando pela fonte do barulho:eu.

Ele

fitou-me surpreso.

Ele

fitou-me incrédulo.

Ele

fitou-me pesaroso.

Ela

fitou-me surpresa.

Ela

fitou-me incrédula.

Ela

fitou-me pesarosa.

- Ka-Kate? E Jus-Justin? - Gaguejei, sem conseguir pensar em uma explicação mais lógica para aquilo. Dessa vez, eu que estava surpresa, incrédula e pesarosa. As minhas últimas esperanças esvairam-se.

- Desculpa, Mel. Você estava ciente dos meus sentimentos pelo Justin... - Kate teve a cara-de-pau de dizer.

Com lágrimas encharcando a minha camisa, deixei o lugar, sem nem ouvir a desculpa dele. Será que seria algo como "Eu precisava me distrair"? Primeiro ele vem cantando a música do nosso primeiro - e único - encontro. Depois ele já me trai com a minha melhor amiga no banheiro? Eu não o entendia. Nem queria tentar entender. Queria apenas desaparecer.

Corri para o Estacionamento, sem outro destino em que eu pudesse ir. Infelizmente, a aula estava ocorrendo, e eu não podia sair do Colégio. Eu era obrigada a ir à aula, porém não queria encará-los.

Resolvi correr até o Banheiro Feminino. Afinal, queria apenas faltar à aula e evitá-los. Ao entrar nele, encontrei o meu Anjo da Guarda: Leticia. A própria fitava-se no espelho e nem me viu. Apenas corri ao seu encontro e a abraçei com ímpto. Nem um abraço amigo faria-me esquecer os meus problemas. Afinal, fora uma amiga minha que me traiu... Tudo bem que ele havia me trocado por ela, porém eles já não estavam mais juntos... Nem eu estava com ele mais... Verdade, eu não poderia culpar a Kate. Mas e quanto a ele? Bem, uma coisa eu tinha certeza: não existiria mais "nós" entre Justin e eu.

- O que houve, Mel? Por que você está chorando assim? - Leticia perguntou preocupada comigo, respondendo o abraço enquanto me embalava, como se eu fosse um bebê.

- O Jus-Justin. - Voltei a gaguejar, sentindo um bolo em minha garganta.

Quando essa dor ia ter fim? Esperava eu que em breve.

- O que aquele cretino fez agora? Arg, nós temos que ir para a aula. Respira fundo e lá você me escreve o que aconteceu. Vem, se chegarmos logo no próximo período, podemos sentarmos uma do lado da outra. - Ela disse sorrindo. Realmente, nada interrompia a sua felicidade.

Apenas assenti e comecei a limpar a minha maquiagem. Eu sabia que choraria perante eles, porém eu não iria encará-los. Eu não tinha essa capacidade.

- Vamos. - Falei simplesmente. Fitei-me no espelho e notei que as minhas olheiras eram enormes. Minha aparência não era das melhores e notava-se a tristeza que eu sentia.

Saímos do banheiro em direção à sala de Matemática, a próxima matéria que teríamos. Respirei fundo e abraçei a minha amiga, antes de entrar na sala.

- Leticia, eu não tenho palavras para te contar o que eu vivi hoje. - Murmurei. Afastei-me dela e entrei na sala.

O professor, de aparência muito velha, me encarou surpreso por cima dos óculos de garrafa que possuia em sua face.

- Senhoritas, não estão muito apressadas, não? Falta ainda cinco minutos para bater o sinal. - Ele disse surpreso. Essa era uma emoção que eu não queria mais sentir: surpresa. Pois nem sempre as surpresas são agradáveis.

- Não, senhor. Acabamos o trabalho mais cedo, e a professora nos despençou. - Leticia improvisou uma mentira e, para completar, sorriu; pois uma frase da Leticia sem um sorriso, era mentira. Pelo menos ela sabia mentir; eu era muito ruim nisso.

- Sendo assim, podem sentar-se. - Ele disse.

Escolhemos acomodarmo-nos nas últimas cadeiras da fileira da janela, o mais isolado o possível. Eu não tinha palavras para descrever o que eu tinha visto no banheiro, então resolvi escrever, mesmo apenas o professor estando presente na classe inteira.

"Leticia, eu fui conversar com a Pattie. Ela me disse que confiava no filho que tinha; e que, provavelmente, ele não tinha me drogado. Eu, inocentemente, acreditei. Mas parece que nem a própria mãe pode confiar nele. Então eu fui atrás dele, para finalmente nos encontrarmos. Mas nada é o que esperamos. Quando cheguei lá, presenciei algo parecido com o que vi na festa da Kate, onde vi a Caitlin e o Chaz transando. OK, não abra tanto assim a boca. Foi por isso que hoje consegui encarar o Chaz, se não eu não conseguiria... Dessa vez, no banheiro, era o Justin e a Kate. Eu presenciei a cena com os meus próprios olhos. Você não imagina o quão doloroso foi ver a minha amiga - que inclusive me dera carona hoje e deixou claro que ainda amava o Justin - e o seu ex-namorado juntos. Pior, eles nem tinham um relacionamento fixo e já sairam... Fazendo aquilo. Eu não sei como ainda estou viva, se a dor é tão grande no meu coração. Espero conseguir enfrentar a aula, pelo menos."

Terminei de escrever a carta e a entreguei para Leticia. Pensei na noite mágica onde começei a namorar o Justin. Eu pensava, às vezes, que tudo não se passara de um sonho. Mas, se realmente não fosse realidade, por que essa dor parecia ser tão real? Tão profunda...

- NOSSA, SENHORA! MAS AGORA QUE AQUELE GURI VAI VER QUEM É QUE MANDA AQUI! - Letícia gritou muito alto, sem dar-se conta que o professor, mesmo surdo, notaria o seu berro "sutil".

- Calma, Lê. Eu não posso culpá-los também, apenas evitá-los. Por favor, não vá de encontro a eles. Eu lhe imploro. - Pedi, quase ajoelhando-me ali.

Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, o sinal tocou fortemente, fazendo-me pular na cadeira. Ela apenas assentiu com a cabeça e fitou a porta, concentrada no momento em que a Kate entraria. Afinal, ele deveria estar dirigindo para outra escola nesse momento e, pela primeira vez, fiquei feliz de que ele estava saindo do colégio. Seria menos doloroso...

Abri o meu caderno, no qual começei a escrever algumas palavras, expressando a dor que eu sentia. Acabei me lembrando de uma frase de uma música da Selena Gomez onde dizia "eu estou cansada de todas as suas pequenas mentiras". Eu estava mesmo, pois, não relativamente a mim; mas também a Caitlin que havia perdido a virgindade com o Justin, além de diversas garotas espalhadas pelo Canadá que já haviam sido vítimas daquele... Ninfomaníaco.

Ri de mim mesma ao pensar aquilo, pois eu estava muito nervosa e furiosa com ele, que acabava por pensar em besteiras.

- Amor, você não vai sentar do meu lado? - Ryan perguntou à Leticia. A mesma me fitou e franziu a testa, indecisa.

Em seguida, Ryan me fitou preocupado, mas confuso ao mesmo tempo. Ele não devia saber sobre a Kate, porém percebera o olhar da Leticia era um tanto nervoso, como se ela estivesse insegura.

- Hmm, entendi. Te vejo mais tarde, então. - Ele disse, beijando levemente a sua testa, já que ele era alguns centímetros mais alto do que ela - leia-se muitos centímetros.

- Ótimo, agora sou um problema! Até te deixei longe do seu namorado. Pode ir lá, Leticia. - Disse desanimada, sentindo certa infelicidade por estar estragando a vida de todos ao meu redor, apenas porque a minha vida era horrível. Um verdadeiro pesadelo.

A Leticia me olhou com a testa franzida, porém assentiu com a cabeça, sentando-se na classe à minha frente. Suspirei, apenas rezando para que a Kate não sentasse-se ao meu lado, afinal, eu nem tinha cara para fitá-la mais.

Finalmente, ela adentrou no cômodo, de cabeça baixa, procurando um acento na sala de aula. Sentou-se na primeira classe - lugar difícil para que ela sentasse-se, afinal era popular. O fundão era o lugar mais animado durante a aula, porém não senti a mínima diferença. Apenas começei a rabiscar uma folha qualquer de papel, com os pensamentos ao longe.

Enquanto o professor tagarela sobre a matéria, a qual eu não prestava a mínima atenção, resolvi desenhar sobre a mesa. Começei a escrever algumas coisas desconexas, como "A vida é cheia de coincidências... Eu, por exemplo, nasci no dia do meu aniversário". Eu não tinha o por que de escrever aquilo, entretanto não queria mais pensar sobre ele.

Todavia, como quase sempre, fracassei. A minha vida era repleta de fracassos, dos mais embaraçantes até os mais dolorosos. Acabei por reparar que aquela mesa fora ocupada por ele, pois acabei por ler "Por Justin Bieber" escrito com uma caneta preta.

A dor me corroeu, porém a curiosidade prevaleceu. A frase estava escrita na mesa ao lado, que juntava-se à minha para a dupla sentar-se ali. Não aguentei de curiosidade e acabei por espiar. As palavras acabavam por confurdirem-me, e eu já não raciocinava direito. Estaria eu lendo certo?

Na mesa ao meu lado, estava escrito: "You're the finest girl I've ever seen and I wanted you to know this. That every guy you meet winds up catching feelings for ya. You can have any of 'em. You can take your pick but you need to check with me". O que significava: "Você é a melhor garota que eu já vi e eu queria que você soubesse disso. Todo cara que você conhece acaba tendo sentimentos por você. Você pode ficar com qualquer um deles. Você pode escolher, mas você precisa ficar comigo".

Estaria ele falando de mim? Perguntei-me isso, porém, abaixo, estava escrito: "Para a senhorita McCartney. Por Justin Bieber. Um dia ela será minha".

Lágrimas escorreram dos meus olhos, ao constatar que ele pensava tudo aquilo de mim. Ele me achava assim tão bonita? Ele me achava tão preciosa? Ou estaria eu apenas fantasiando?! Claro que eu o escolheria, entre dois ou entre mil homens. Havia apenas um que eu amava: Justin Bieber. Pena que ele já havia esquecido esses sentimentos por mim.

- Algum problema, senhorita McCartney? - O professor perguntou, vendo o meu choro repentino.

Apenas balançei a cabeça negativamente, envergonhada por todos fitarem-me e confusa com o turbilhão de emoções.

- Professor, é melhor deixá-la ir ao banheiro. Ela precisa tomar um pouco de ar fresco. - Kate, para minha surpresa, pronunciou-se. Não levantei o meu rosto para fitá-la, mas eu sabia que ela deveria estar com a face franzida, demonstrando culpa. Bem, pelo menos, eu queria que ela estivesse assim.

- Como ela tomará ar fresco no banheiro, senhorita? - O professor indagou irônico.

Todos na sala acabaram por rir, porém eu não. Levantei-me, ainda com os olhos marejados, e pedi licença para ir ao banheiro. O professor concedeu, notando o meu desespero. Eu não sei que sentimentos eu sentia naquele momento: se compaixão ou raiva. Raiva pelo o que ele fez - sem mais detalhas sobre o fático incidente. Porém, conseguiria eu perdoá-lo? E ele aceitaria o meu perdão?

Não que eu fosse correr atrás dele pedindo por desculpas, pois nunca rebaixaria-me. Mas, caso ele se desculpasse, eu poderia aceitá-las? Acho que não, afinal, ele podia dizer que me adorava; porém, quando eu falei "eu te amo", ele apenas disse "também te adoro". O que isso significava? Eu não era boa o suficiente para ele? Quando eu o escolhi, ele recusou a minha recusa?

Mais lágrimas escorriam dos meus olhos; não mais pelo motivo de tê-lo visto fazendo aquilo com a minha amiga anteriormente, mas sim que ele nunca me amou, apenas me usou. Era isso, ele não me amava.

Mesmo amando-o, eu precisava conviver com o simples fato de que nunca estaria nos braços dele novamente, sentindo o seu hálito, sentindo a sua boca colada na minha... Acabara.

Com uma folha de papel, limpei as lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Fitei-me no espelho e notei que estava horrível. Eu teria que dar a volta por cima e esquecê-lo, agora. Então, com a sua saída do colégio, seria mais fácil sem vê-lo, porém o meu pensamento estava sintonizado ao nome Justin a todo momento.

Resolvi que deveria deixá-lo de lado. Não poderia brigar com a Kate apenas porque ela... Transou com o meu ex. Afinal, eu tinha ficado com o ex dela. É, apenas ficado, porque ele não quis mais nada de mim...

Respirei fundo; hoje estava sendo um dia escolar difícil. Resolvi que voltaria para a sala de cabeça erguida, alegre e sorridente; mesmo que, por dentro, eu estivesse inteiramente quebrada, sem vida e sem motivos para viver.

Andei pelos corredores recordando dos momentos dos primeiros dias de aula. Aliás, apenas do meu beijo e do dele, onde ele me puxara à força para beijá-lo, na frente do Chaz... Bons momentos, más lembranças.

Lembrei de quando ele me pedira em namoro, eu recusei. Deveria ter sido mais resistente, porém o seu charme, o seu carinho e, o que eu pensava ser, honestidade, me enfeitiçaram. Acabei aqui e assim: sofrendo por amor como a minha mãe sofrera todos esse anos... Bem, pelo menos, a história não se repitira: eu não estava grávida, nem havia me entregado para ele.

Forçei um sorriso no meu rosto e peguei o meu telefone. Eu precisava fazer uma ligação antes de entrar na sala de aula.

- Alô?! - Perguntei animada, digo, realmente animada. Seria ótimo revê-lo. Poderia, pelo menos, me causar uma felicidade verdadeira, pois, até agora, eu só estava mentindo - o que era errado.

- Oi, quem é? - A voz masculina pronunciou do outro lado da linha.

- Oliver, sou eu: Melissa McCartney! Ainda lembra de mim? - Perguntei animada. Ele era o meu melhor amigo desde pequena, onde caminhávamos juntos pelo Central Park. Eu adorava-o, porém ele gostava mais de mim, digamos que com mais intenções.

Eu nunca havia namorado ninguém antes do meu namoro com o Justin de uma noite, é verdade. Mas ele já tinha me pedido para namorar com ele, depois que ficamos. Eu não aceitei, pelos mesmos motivos de sempre: me ferir por causa de um estípido sentimento... Não é que eu estava sentindo isso dessa vez?

- Melly? - Ele perguntou animado do outro lado da linha, me chamando com o meu apelido de infância.

- Oliver, eu preciso que você venha me visitar! Eu sinto a sua falta! - Era verdade, eu sentia a falta dele. Porém, o verdadeiro motivo pelo qual eu estava ligando-o, era que eu queria voltar no tempo. Eu queria desfazer todas as bobagens que eu fiz, como aceitar o namoro com o Justin. Eu queria esquecer o meu passado doloroso e, a única pessoa que me fazia feliz, era o Oliver. Ele me rejuvenescia; eu me sentia como uma muleca ao lado dele. Eu me sentia... Feliz - o único sentimento que eu queria sentir naquele momento e não conseguia.

- Melly, claro que eu vou. Hoje é sexta, e segunda já é feriado! Então vou para o Canadá te ver nesse fim de semana, O.K.? - Ele perguntou, parencendo que iria pular de emoção. Ri fracamente e assenti.

- Claro! Se quiser, eu pago a sua passagem. Eu preciso arrumar logo um emprego, aliás. - Murmurei comigo mesma.

- Não se preocupe. Esqueceu que o meu pai é o presidente da Empresa dele agora? Hello, não de preocupe, sua boba. E, quando quiser, pode pedir dinheiro emprestado. - Ele disse carinhoso, como sempre. Eu podia ver o seu sorriso doce no rosto e isso quase me fez sorrir... Quase.

- Oliver, eu quero te dar um abraço agorinha! - Falei rindo, pelo modo infantil que eu dissera aquilo. Ele riu do outro lado da linha também, relembrando a nossa infância.

- Nossa, você continua a mesma moça linda que sempre foi? E aí? Namorados? - Ele perguntou curioso, mas pude ouvir certo desconforto. Maior desconforto viera de minha parte, mesmo.

- Hmm... Eu preciso mesmo responder isso? - Murmurei triste, relembrando justamente o que eu não queria. - Aliás, Olly, eu preciso voltar para a sala de aula. E você, onde está?

- Na aula, mas você sabe como é a professora de Português: ela sempre vai buscar mais folha na reprografia, mas fica flertando com o cara da copiadora. - Ele disse rindo, e imitei o gesto. Como eu sentia falta de Nova York!

- O.K., aproveita aí! Beijos, até. - Falei desligando, sem ouvir a sua resposta.

Teria eu feito a coisa certa? Eu não deixaria Oliver intrometer-se nos meus sentimentos, mas eu queria ter um ombro amigo para apoiar-me - o que eu mais precisava agora.

Voltei para a aula sentindo-me aliviada de ter conversado com o meu amigo. Sabe quando você quer aquele que sempre esteve ao seu lado novamente ali? Bem, eu queria o Oliver... E o Justin. Tinha que admitir.

- Finalmente, senhorita McCartney! - O professor reclamou ao me ver entrando na sala.

- Desculpe, senhor. Eu estava fazendo uma ligação. - Reclamei, com um sorriso falso, mas que parecia animado, na cara. Todos me fitaram curiosos e apenas dei de ombros. Essa seria a nova eu: não teria que dar explicações das minhas ações para ninguém. Sou auto-independente mesmo! E daí que essa palavra não existe? Vixe, larga do meu pé!

O professor apenas bufou, claro, me achando bipolar, possivelmente. Eu saíra chorando e voltara tão... Diferente. Esperava que fosse no bom sentido.

A aula passou lentamente, até o último período antes do almoço. Havia uma certa inquietação entre a Letícia e o Ryan; talvez ela tivesse contato para ele sobre o incidente do banheiro. Não virei-me para fitar Kate, pois não queria ver se ela apenas me encarava. À medida que o meu coração contorcia-se internamente de dor, um pouco de tempo passava. Pelo menos, o tempo não parara como a minha vida parecia ter parado. Ela não tinha mais por que ser vivida. Amor não é algo vivo, mas que pode ser vivido. Então para que vivermos sem amor?

- Posso sentar com vocês? - Perguntei sorrindo, tentando camuflar a minha dor, ao Chaz, o Ryan, à Caitlin e à Leticia. Kate não havia aparecido, ainda, no refeitório.

Todos entreolharam-se, preocupados com a minha mudança de humor repentina. Apenas dei de ombros e sentei, já que ninguém havia respondido-me.

- Posso fazer uma pergunta para você, Mel? - Ryan perguntou, já que o Chaz estava bem quieto, devido a Caitlin.

- Isso já é uma pergunta. - Respondi desleixada, comendo a comida da qual havia me servido, que eu nem conseguia comer por inteiro que já sentia a minha barriga embrulhar.

- O.K., você entendeu. O que eu perguntar é o que você estava fazendo no bannheiro? Você ia fazer as pazes com o Ju... Digo, com ele? - Ryan perguntou, evitando pronunciar o nome daquele ser.

Fechei os olhos, procurando não chorar. Logo os abri, para não mostrar a minha fraqueza. Pensei rapidamente numa possível resposta, porém não a encontrei.

- Antes daquilo, eu fui falar com a Pattie. - Resolvi contar a verdade dos fatos. Notei Chaz e Ryan entreolharem-se; Caitlin e Leticia aparentavam estar confusas.

- Pattie quem? - As meninas perguntaram simultaneamente.

- Pattie Mallette, mãe do Bieber. - Murmurei revirando os olhos, como se fosse uma coisa básica para se saber.

- Espera, você já a conhecia? - Chaz resolveu perguntar curioso.

- Já, eu dormi na casa do... Bieber uma vez. E lá a conheci. - Murmurei sem expressar nenhum sentimento.

Todos na mesa trocaram olhares reveladores, mas que não consegui decifrar. A única que me deu uma dica fora Leticia:

- Quer dizer que você perdeu a virgindade com ele? - Perguntou diretamente, sem nenhuma vergonha. Eu ri da cara apavorada de todos, pois todos continham bocas entreabertas.

- Bem, quer dizer, eu não lembro de nada. Ele me disse que eu cheguei toda bêbada e não podia voltar para casa, então ele me levou para lá. Eu bem que, supostamente, tentei transar com ele, mas ele recusou. - Contei a versão que ele me contara, dando de ombros novamente, mas sentindo algo me rasgar por dentro.

- O Bieber arregou? - Ryan perguntou gargalhando.

- Sim, arregou. E pior: inventou que ele não queria apressar as coisas comigo; que eu era especial. Especial é aquele cu dele que ele dá em qualquer esquina. - Falei bem alto, já alterada com os meus sentimentos. Eu sentia raiva pelo jeito como ele me tratara para depois ter feito aquilo, mas não precisava me expressar assim também...

Leticia calou-se perante a minha informação, visando não mexer com a minha irritação. Notei um certo silêncio incômodo estabelecendo-se e, por isso, Chaz resolveu quebrar o clima:

- Eu realmente acho que ele te acha especial. - Declarou, me fazendo bufar. Eu realmente não sabia quem era aquela pessoa encarnada em mim, mas ela era bem esquentadinha.

- Olha a Kate ali. - Caitlin murmurou apontando discretamente para a menina entrando no refeitório.

Levantei-me, andei até ela lentamente, e ela me fitou curiosa e preocupado. Algumas pessoas no refeitório pararam para olharem a cena, mesmo que metade delas não soubessem o que acontecera mais cedo.

- Kate, eu te entendo. Você sempre amou o Justin, e eu apenas interferi. Não te culpo, culpo apenas ele. Desculpa por ter sido tão intolerante! - Murmurei tudo em um fôlego só. - Aliás, quer sentar na nossa mesa? Tem lugar de sobra! - Murmurei sorrindo.

Ela arqueou a sobrancelha, e aposto que os seus pensamentos estavam confusos. A sua cara de pura dúvida, pois não entendia o que estava acontecendo ali... Assim como todos os que estavam sentados na minha mesa.

- Mel... - Leticia tentou em repreender, mas eu apenas pisquei o olho.

- Escuta, Mel. Pelo o que aconteceu mais cedo, eu te avisei que eu ainda o amava e apenas me entreguei ao momento... - Ela começou a tagarelar, mas a repreendi.

- Esquece, Kate. Já foi, agora apenas abstrai. - O.K., eu estava parecendo muito Hippie e nem me reconhecia. Porém eu queria apresentar a ela alguém especial; por isso, precisava me aproximar dela e perdoá-la.

- Mas, Mel, você tem que deixar eu te explicar... A culpa não é do Justin e..

- Não fala esse nome, - eu pedi. - Nem adianta tirar a culpa dele também.

- Então, Caitlin, topa um cineminha hoje de noite? - Chaz perguntou visando um encontro e visando que o almoço não acabasse em tragédia.

Rolei os olhos assim que ela aceitou, e ambos se beijaram. Não aguentava mais melação e resolvi ir ao banheiro. Esperava eu que logo o dia acabasse...

Finalmente chegara a hora tão esperada: três horas da tarde, o término da aula. Hoje, Stratford estava muito fria e nem dava vontade de sair de casa... Ainda mais para ver uma cena daquelas.

Sorri ao sentir a chuva sobre a minha pele, assim que saí do colégio. Hoje eu teria de ir a pé para casa, então resolvi caminhar na chuva e, mesmo que eu pegasse um resfriado, não me importava. Queria apenas curtir a parte viva que restara em mim.

Quando eu estava sob a chuva no estacionamento, ouvi uma voz muito conhecida, parecendo ofegante:

- MEL!!!!! - Gritou, correndo em minha direção.

Não.
Não ele.

Como eu iria ignorá-lo? Como a "felicidade" iria permanecer perto dele? Eu não podia desmoronar emocionalmente perante ele. Eu não podia deixar me levar pela sua voz, ou o jeito sedutor do seu cabelo, ou o simples fato que o seu toque já me fazia suspirar. Não, eu podia até desmoronar em casa, mas eu ia ser forte na frente dele... Eu precisava fazer isso.

- Mel, por favor, me escuta! - Ele pediu.

Percebi todos os meus amigos fitarem a nossa conversa e, inclusive, Kate, que já estava com os olhos marejados.

- O que você quer, Bieber? - Perguntei, tentando parecer desinteressada.

- Nossa, até semana passada eu era o "Jus" e agora já passei para "Bieber". Que evolução! - Ele exclamou irônico.

Eu não ia aguentar a sua ironia, como se eu tivesse feito algo errado. Bufei e saí andando, à passos rápidos para qualquer lugar longe dele. Eu estava sem rumo, à deriva. Mas não me importava, alguém teria de me salvar.

- Não, me desculpe, Mel. Juro que não queria dizer aquilo. Eu só vim aqui, sendo que saí do outro lado da cidade, para me desculpar e pedir que aceitasse o meu pedido de desculpas. - Ele falou. Eu queria fitar aqueles olhos profundos, para saber se ele estava falando a verdade; mas eu sabia que cederia caso o fitasse, pois não resistiria ao seu charme e doçura.

- Vai incomodar outra, Bieber. Primeiro, você namora a Kate e a trai com a Caitlin. Depois, você abandona ambas. Então, de repente, você aparece do meu lado, canta uma música para mim; e eu, estúpida, caio de amores por você. Como se uma música idiota fosse conquistar qualquer puta que dorme na sua casa! Você pensa que eu não lembro da sua mãe falando que até prostituta você já levou para lá? E você ainda teve a cara-de-pau de dizer "Mas com você é diferente". Claro, apenas porque comigo foi de graça, não é? - Senti lágrimas de ódio inundarem os meus olhos, ao constatar que eu estava apenas falando verdades. Prossegui, sem me importar com ele. O fitei diretamente nos olhos, procurando desabafar tudo aquilo que eu tinha e queria dizer: - Então você me droga. Eu ainda fui atrás da sua mãe, pois ela deveria realmente te conhecer e saber da verdade. E sabe o que ela disse? "Vocês foram vítimas de uma armação"! Eu corri para o banheiro, pois o Ryan e o Chaz me falaram que você estava lá. EU FUI PARA LÁ PARA FAZER AS PAZES COM VOCÊ! E O QUE EU GANHO EM TROCA? VOCÊ TRANSANDO COM A KATE? VOCÊ ACHA QUE EU NÃO TENHO SENTIMENTOS, SEU SALAFRÁRIO? - Desabafei, chorando de tristeza, raiva e sentindo emoções diferentes. Eu havia desabafado, realmente; mas não era o suficiente para me fazer feliz: eu precisava dele ao meu lado.

- Verdade, eu fiz tudo isso com você. Mas eu me arrependo profundamente. Juro que não foi a minha intenção magoá-la ou lhe fazer mal! Você foi a única que realmente senti algo a mais... Talvez eu te... Eu não consigo falar aquela palavra... Não depois do que acontecera com os meus pais, mas....

- Nem vem dar desculpas! "Você foi a única que realmente senti algo a mais"! Então por que você me traiu? E ainda com a minha amiga?! - Perguntei indignada. Mesmo perante a escola toda, eu queria explicações. Nem que fosse "você não é boa o suficiente". Eu queria saber o que eu fiz de errado para ser infeliz a minha vida inteira!

- Eu juro que eu não fiz nada. - Persistiu ele com os olhos marejados.

- Eu.. - Respirei profundamente, querendo ter forças para falar aquilo. - Eu.. vi a cena. Ninguém me disse! Não dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras? - Retruquei entre lágrimas.

- Por favor, me escuta, amor.

- Nunca mais me chame de 'amor'. - Praticamente guspi as palavras em sua cara, pois o ódio tomava conta do meu ser.

- Eu... te... - Ele permaneceu calado por um tempo. - Eu não consigo dizer aquilo... Você sabe por que. - Ele sussurou, e eu saí correndo, em disparada, do estacionamento do colégio.

Lágrimas escorriam dos meus olhos. Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Hoje, mais cedo, o meu peito havia se enchido de esperança ao falar com a Pattie. Porém, logo se desfez ao ver que ela estava errada. De certo, ele queria algo passageiro, só para que dissesse que me pegou. Afinal, de acordo com ele, eu era a garota que conquistava qualquer menino que passasse... Até parece.

Encharcada, arrasada, confusa, angustiada e com tantos outros adjetivos e sentimentos, cheguei em casa. Entrei no nosso pequeno lar e vi a minha mãe falando no telefone, com uma expressão extremamente preocupada.

Como eu não havia apertado a campainha, resolvi ouvir a discussão que ela estava tendo. Talvez fosse algo importante.

- NÃO, VOCÊ NÃO PODE VOLTAR ASSIM! ELA NÃO VAI AGUENTAR TANTAS EMOÇÕES! POR FAVOR, ELA FICARÁ ARRASADA! - A minha mãe gritava ao telefone, já derramando lágrimas. Quem era "ela" e quem era o "você"? - POR FAVOR, LUIGI, NÃO VENHA NOS VISITAR! EU SEI QUE VOCÊ PERDEU O CRESCIMENTO DELA, MAS NÃO É NECESSÁRIO VOLTAR PARA O SWEET SIXTEEN DELA! POR FAVOR, ME DEIXE EM PAZ! - Ela parecia fora de si, e não reconheci a minha verdadeira mãe.

Notei que era de mim que ela estava falando, afinal eu iria fazer dezesseis anos e, assim, como costume, faria o meu Sweet Sixteen... Se bem que eu estava sem paciência para isso.

Minha mãe respirou fundo, procurando paciência - cuja ela não tinha - e prosseguindo:

- Luigi, eu sei que ela é sua filha também, porém você a recusou e eu também não posso revê-lo... Não agora. - Minha mãe confessou com a voz sufocada.

Quer dizer que aquele no telefone era.... O meu pai? Aquele que eu só conhecia por fotos e via a minha mãe chorar todas as noites por ele? Mais lágrimas caiam dos meus olhos, eram muitas emoções ao mesmo tempo. Estaria o meu pai propondo um reencontro? Quer dizer... Eu iria conhecer aquele me abandonou sem ao menos me conhecer? Não que eu não estivesse ansiosa para conhecê-lo, mas ele queria me conhecer? Ele queria conhecer aquela cuja deixou a minha mãe cuidando sozinha durante a adolescência inteira?!

- Mãe. - Limitei-me a falar. Esta virou-se surpresa ao meu encontro, e eu apenas sorri amarelo. - Eu ouvi tudo. Me passa o telefone. Eu quero falar com o meu... Pai. - Murmurei hesitante, estendendo a mão.

Minha mãe fitou a minha mão, em seguida olhou para o telefone. Acho que ela estava atordoada demais para ter alguma reação, porém eu estava necessitada de carinho, e o meu pai e o meu amigo poderiam me ajudar nessa fase difícil que estava por vir. Aliás, já estava acontecendo.

Por fim, ela me entregou o aparelho, o qual eu pus na orelha, mas não ouvi som algum.

- Pai? - Perguntei hesitante.

Ouvi uma respiração ofegante do outro lado da linha, como se um coração tivesse acelerado, e tudo tivesse saído dos eixos. Senti um pontada no meu coração; nesse ponto, eu já não sabia se era por estar falando com o pai que me recusara sem ao menos me conhecer, ou porque eu havia sido traída pelo único menino que eu me apaixonei por.

- Fi-Filha? - Ele gaguejou. Notei que a sua voz aparentava ser grossa pelo telefone, mas tinha certa suavidade e chegava a ser acolhedora. Suspirei, me sentindo aconchegada.

- Sou eu mesmo... Pai. - Murmurei, pela primeira vez, a palavra "pai" emocionada, com alegria. Mesmo que a minha vida estivesse um tanto perturbada, eu estava feliz de que o meu pai voltara.

- Filha! Desculpe-me, filha! Eu sei que o que eu fiz foi errado, mas eu era um adolescente irresponsável e pensei que o melhor para você e para a sua mãe era me afastar! - Ele disse apressadamente, como se tivesse medo que eu desligasse, ou algo do gênero.

- Acalme-se, pai. Eu estou aqui: a sua filha. - Falei emocionada, chorando horrores de felicidade. Não é que eu poderia ser feliz mesmo nos momentos mais tristes da minha vida? Talvez eu nem precisasse dele para ser feliz...

Quem eu queria enganar? Eu continuava a sentir aquele aperto no peito; mas, ao me "aproximar" do meu pai, ele aliviava-se. Esperava eu comunicar-me com o meu pai o máximo de tempo possível.

***

Logo o tempo passou-se, nem notei que já eram sete horas da noite quando desliguei o telefone. Minha mãe havia retirado-se, pois vi seus olhos inundados de água ao deixar o cômodo. Provavelmente, ela fora lamentar e rever as fotos dele no seu quarto, como fazia todas as noites. Porém, dessa vez, eu não engoliria o choro dela. Eu sentia a mesma dor que ela sentia, talvez menor. Mas como isso poderia ser possível? O dobro dessa dor em meu peito?! Eu não aguentaria...

Talvez ela tivesse resistido por minha causa. Talvez ela não quisesse que eu visse a sua dor. Talvez é uma palavra que proclama hipóteses. Porém, nesse sentido, não era uma hipótese; era uma afirmação, com medo de ser afirmada.

Teria eu causado a introversão de minha mãe?

Distraí-me com o meu celular recebendo uma chamada. A música que continha no meu toque era Telephone, da Beyoncé e da Lady Gaga. Aquela música lembrou-me ele, porém relevei o fato e atendi, parecendo animada.

- Alô. - Murmurei sorridente.

- Oi, Mel. Aqui é a Cailtin e eu queria que você viesse jantar conosco hoje. Vai ser ótimo para você distrair essa cabeçinha. - Ela disse brincalhona, rindo alto e aparentando estar feliz como nunca.

- Ai, Caith. - Suspirei. - Tenho mesmo que ir? Afinal, qual é o programa?

- Nós vamos no cinema assistir Harry Potter 7 e depois iremos jantar em algum restaurante de Stratford ou da província de Ontário. Topas? - Ela perguntou.

- OK, mas só porque hoje é sexta. - Murmurei rendendo-me.

Caitlin acabou por comemorar no telefone e, depois de um tempo, desligou.

Eu nem havia parado para pensar quem estaria no tal jantar, porém não importei-me com isso. Eles não iriam fazer isso comigo, afinal eram os meus amigos.

Arrumei-me belamente, a fim de que a minha auto-estima aumentasse. Eu estava quase depressiva e precisava, realmente, me animar.

Coloquei um vestido justo, que apenas acentuava as minhas curvas e, deveria dizer, tinha um enorme decote. Eu queria esquecê-lo e, nada melhor, do que fazer outros homens suspirarem por mim. O vestido tinha uma coloração dourada, com vários tons de cobres; enquanto tinha alguns babados escapando daquele tubinho que também poderia ser chamado de vestido.

A minha maquiagem estava bem clean, apenas um batom e um leve lápis de olho. Não queria colocar uma maquiagem pesada, mesmo que a minha aparência fosse péssima.

Apenas peguei o meu celular e me dirigi para a sala de estar, no andar de baixo.

- Mãe, já estou saindo. - Falei desenteressada.

- Filha, espera. E quanto aquele seu ex-namorado? Você nem pareceu sentir falta dele. - Minha mãe afirmou surpresa, entretanto não era verdade.

- Mãe, eu só quero esquecê-lo. Vou sair com a Cailtin, depois eu volto. - Falei e, sem esperar por alguma reação, sai de casa.

Só que eu não podia dirigir ainda, então caminhei até à parada de ônibus, mesmo estando toda arrumada. Enquanto eu esperava o ônibus para ir até à casa da Kate, onde nos reuniríamos, recebi uma mensagem no meu celular.

"Vim mais cedo, Melly. Já cheguei em Stratford, então posso ir pra sua casa? Manda o endereço. Beijos, Olly."

Então o Oliver já tinha chegado? Que ótimo, eu queria mesmo uma companhia para não sentir-me sozinha lá. Possivelmente, estaria o Ryan, a Leticia, o Chaz, a Cailtin e a Kate. Duvidava que eles fossem convidar o Justin!

Enviei uma mensagem com uma carinha feliz inicialmente. Logo depois dizia o endereço da parade de ônibus, pois ele não deveria estar muito longe.

Enquanto eu esperava, alguns homens passaram e olharam-me dos pés a cabeça. Fiz uma cara desgostosa e notei um carro parar no meio-fio da estrada iluminada apenas com um poste de luz solitário.

- Deixem ela. - Ouvi uma voz dizer. Aquela voz... Não, não era a voz que eu desejava que fosse, a do Justin. Mas sim a do Oliver, o meu amigo de infância.

Os homens simplesmente continuaram andando com expressões apavoradas nos rostos ao fitarem-no. Não entendi por que tanto desespero, apenas aproximei-me dele e comprimentei-o, sem conseguir fitá-lo direito, devido a pouca iluminação.

- E então, Edward Cullen? Como vai você? - Perguntei para o Oliver, brincando devido ao salvamento. Ele riu novamente e aproximou-se rapidamente de mim, carregando-me nos braços em seguida.

- Que saudade, Melly! Há quanto tempo! Como você está bonita! - Ele murmurou entusiasmado. - Aliás, você sempre foi bonita, apenas está mais.

- OK, sem indiretas.Vamos, entre logo no carro, e eu tenho um programa para fazermos juntos. - Disse alegremente. Ele apenas me obedeceu e entrou.

Ele logo ligou o carro e começou a tagarelar. Oliver sempre fora muito tagarela, nunca deixava-me falar; mas eu gostava disso, afinal, não tinha que ficar demonstrando os meus sentimentos a ele. Eu não gostava de fazer isso, por isso sempre fui muito anti-sociável.

- Agora dobre à direita. - Pedi, dando as coordenadas para irmos até à casa da Kate.

- Você ainda não me contou. Aonde estamos indo? - Perguntou ele confuso, pois eu ainda não havia falado sobre os planos.

- Ao cinema assistir Harry Potter 7 e depois jantaremos em algum lugar com os meus amigos. - Respondi.

Ele apenas assentiu e calou-se, finalmente. Eu ainda não tinha fitado-o direito, devido a má iluminação. Porém, ao nos aproximarmos daquela casa enorme e muito iluminada, pude ver o seu cabelo loiro claro e os seus olhos azuis cristalinos. Notei as expressões fortes marcadas no seu rosto e os músculos do seu braço. Ele usava uma camisa pólo branca e uma calça jeans escura. Nunca notei como ele era... Sexy.

Percebi que ele fitava-me incisivamente, com os olhos direcionados ao meu decote. Um pouco envergonhada, falei que ele podia estacionar para decermos.

Assim que o fizemos, descemos do carro e abraçamo-nos de saudade. Senti o calor preencher-me, a saudade presenciar-se, o carinho tomou conta do meu ser. Ele viera assim que eu pedi, e eu não tinha nada para dar a ele em troca.

- Olly? Como eu posso te agradecer por ter vindo? Você não tem ideia como anda sendo difícil para mim e você veio aqui para ajudar-me. Obrigada! - Murmurei sinceramente, abraçando-o mais fortemente.

- MEL! - Uma voz animada pronunciou saindo da casa.

Eu e Oliver nos separamos e fitamos ela vindo ao nosso encontro, confusa.

- Hmm, e esse é? - Ela perguntou com a sobrancelha arqueada.

- Caitlin, esse é o Oliver. Oliver, essa é a Caitlin. - Murmurei sorrindo.

Enquanto Caitlin e Oliver cumprimentavam-se com um beijo em cada lado do rosto, notei a sua expressão temerosa no rosto. Não a compreendi, mas apenas relevei.

- Então seja bem vindo, Oliver. Vamos entrar, Mel? - Caitlin perguntou. No mesmo momento, não entendi porque a Caitlin fez questão de apenas convidar-me. E o Olly?

- Caith, eu achei que o Olly podia ir conosco. Por quê? Tem algum problema ele nos acompanhar? Ele veio diretamente de Nova York só para me ver! Por favor, deixa, vai! - Implorei.

Ela apenas deu de ombros, juntamente de um sorriso amarelo. Resolveu caminhar até a casa e segui-a. Oliver seguiu-me, desconfortável pela deshospitalidade.

- E eu que pensei que gente do interior era mais receptivo. - Oliver murmurou baixinho, reclamão.

- Oliver! - Repreendi.

- Bom, pelo menos você não pensou que a gente era surdo. - Caitlin murmurou divertida.

Logo entramos na casa, que não surpreendeu a Oliver, pois ele era tão rico quanto. Podia jurar que ouvi ele bufar de decepção, mesmo ele sabendo que eu nunca tive dinheiro.

Então Chaz apareceu vindo da cozinha, com uma pizza na mão e mastigando uma fatia. Ao ver-me de mãos dadas com Oliver, o resto da fatia caiu de sua mão; e Kate, tendo visto a cena da cozinha, veio reclamar daquela cena.

- Olha o que você fez no chão! - Ralhou com Chaz, que apenas fitava-me incrédulo e hesitante. Sem importar-se com Kate, ele correu para a cozinha, desesperado.

Eu achei tudo muito estranho, até mesmo porque a Kate fitou-nos complexada. Ryan e Leticia estavam de costas para a gente, apenas assistindo TV e trocando carícias. Com o grito da Katheryn, eles viraram-se, também fitando-nos atordoadamente.

- Mel? - Ouvi uma voz perguntar. Dessa vez, era a voz com a qual eu tanto sonhava; a qual eu sentia saudade. Era ele: o Justin. Espera, então ele estava lá? - Mel? Para, Chaz. Se eu quiser, eu vou lá! - Reclamou, irritado.

- Não, porra! Você não pode! - Ele implorou, parecendo impedir que o Justin entrasse.

Eu apenas estava em choque. Parei para fitar Kate, que limitava-se a fitar o chão sob os seus pés. Já Leticia balançava a cabeça negativamente, reprovando o ato de eu ter levado um amigo. Ryan apenas fitava a porta da cozinha, apreensivo. Caitlin tinha uma expressão preocupada, porém, ao mesmo tempo, confiante. Não sabia dizer-te por que.

- Ai, eu quero ver ela logo, como nós havíamos combinado! - Justin proclamou.

Oliver fitou-me confuso, enquanto o Justin passava pela porta da cozinha com uma expressão indefinada - poderia ser ódio, rancor ou, até mesmo, arrependimento. Pude ver ele segurar as lágrimas em seus olhos e, não pude evitar, de deixar derramar algumas delicadas lágrimas, afinal, eu estava vendo-o perante a mim na casa daquela com quem ele traiu-me.

- OK, se a Melly não vai me apresentar, eu me apresento... - Oliver começou a falar sorrindo.

- Espera, "Melly"? - A voz rouca do Justin pronunciou-se, enquanto todos fitavam preocupados com a conversação. Pude ver Kate frear um sorriso em seu rosto, porém não fiquei brava com ela. Eu compreendi-a, pois ela amava o Justin, assim como eu. Assim, alguém teria que ser infeliz e, pelo jeito, esse alguém seria eu.

- Justin, esse é o Oliver. Oliver, esse é o Justin. - Caitlin apressou-se a dizer, aparentando tensão e pude notar uma gota de suor escapar da sua testa.

- Prazer. - Oliver informou sorridente, porém não fora respondido à altura.

Justin apenas espirrou, porém o espirro mais pareceu uma palavra: "Repugnante".

- OK, Olly, estes são Leticia, Ryan, Caitlin, Chaz, Kate e... Acho que você já conhece aquele ser. - Conclui gelidamente, apontando para todos os meus amigos... E para ele, no final.

- Olly? Porra, vocês criaram esses apelidos quando eram bebês? - Irritado, Justin perguntou irônico.

- Sim, exatamente. Nos conhecemos desde crianças, lá em Nova York. - Murmurei sorrindo. Fitei Oliver e, apenas para causar um pouco mais de ciúmes (já que eu notara que o Justin estava remoendo-se), o abraçei na frente de todos. - Senti sua falta. Obrigada por ter vindo ainda hoje. - Falei alegre, próximo ao seu ouvido e, para isso, tive que subir na ponta dos pés; pois ele era muito alto. Assim, para completar, o meu vestido subiu um pouco e mostrou um pouco mais das minhas pernas. Não me importei, queria que ele soubesse o que ele havia perdido.

Porém, eu não podia afirmar que não queria correr ao seu encontro, pular em seu colo e beijá-lo loucamente. Isso era tudo o que eu queria e não podia fazer.

- Melly, você sabe que eu senti muito mais a sua falta. Afinal, você ainda não me respondeu aquela pergunta que eu fiz na ligação: - Oliver começou a falar, relatando a discagem que eu havia feito anteriormente. Nos separamos e fitamo-nos. - Você tem algum namorado?

Um silêncio incômodo estabeleceu-se no ambiente. Fitei os meus pés, sentindo uma dor descomunal preencher-me.

O Justin pareceu determinado em tomar alguma providência e, repentinamente e rapidamente, aproximou-se de mim. Não pude notar quando ou por que, mas logo os seus lábios estavam selados nos meus. Parecia até o nosso primeiro beijo, que ocorrera no colégio. Primeiramente, eu não queria ceder, porém sua língua forçou-me a corresponder, além de que o meu corpo implorasse pelo seu. Num impulso, percebi que eu já estava correspondendo àquele beijo selvagem, que mexera com as minhas emoções, inclusive com as minhas forças. Sem reparar, eu estava entregando-me aquele que me causara dor; me causara sofrimento, que não merecia o meu amor.

Repulsiva, o joguei para longe, igualmente como fiz no colégio. Dei passos vagos para trás e percebi que, com a força que empurrei-o, ele acabou caindo no chão e causando um baque oco.

Olhei ao redor na sala, e todos tinham caras assustadas e surpresas... Principalmente, Oliver. Justin olhou-me com os olhos tristes, as expressões melancólicas e, pela sua expressão, com o coração partido.

Eu havia esperado tanto por aquele beijo, mas não assim! Não forçado. O meu coração apertou-se e, mesmo perante aos meus amigos, eu tinha que conseguir algumas explicações:

- Por que você sempre tem que me beijar à força? Por que você, simplesmente, não pode aceitar que eu não te perdoei? Não me importa se aquilo tivesse acontecido com a Kate ou a Caith. A Leticia ou a vagabunda da esquina.

- Valeu pela comparação. - Interrompeu Leticia irritada.

- Mas aconteceu. Agora, você não conseguirá simplesmente me beijar para eu aceitar o seu perdão... Ou seja o que você quiser de mim. - Continuei. - Se é apenas pra ferir ainda mais os meus sentimentos, desista. Eu não vou te dar outra chance! Toda menina que você pega, acaba sendo traída por você. Eu pensei que comigo seria diferente, afinal, nós estávamos na-mo-ran-do. Mas vejo que me enganei. Se lembra que eu recusei primeiramente? E você lembra dos meus motivos? - Perguntei com lágrimas nos olhos.

Precisando de um apoio, abraçei a pessoa que estava ao meu lado naquele momento: Oliver. No seu ombro, chorei. Mesmo diante do Justin, eu tinha que desabafar, com direito a lágrimas e tudo. Eu tinha que me expressar, afinal eu era livre.

- Mel. - Leticia e Caitlin vieram abraçar-me também.

Não virei para ver a expressão do Justin, nem para ver aonde ele havia ido.

- Desculpa, mas eu preciso sair daqui. - Falei, não aguentando mais a dor que guardava dentro de mim.

Afastei-me deles e, sem olhar para trás, saí da casa da Kate correndo, em direção à porta dos fundos, que dava para o quintal. A última coisa que ouvi antes de sair foi:

- Eu vou atrás dela. - Era a voz de Oliver pronunciando.

- Não, eu vou. - Eu reconheceria essa voz à milhas de distância. Claro que era o Justin. Mas eu não queria que ele viesse ver-me. Não se fosse para magoar-me mais ainda, ou rir da minha cara. Pois, agora, eu era apenas mais uma ex-namorada chorona.

Para me afastar dele, corri mais rápido, movendo as minhas pernas de modo robótico, sem importar-me com o cansaço. Eu queria apenas nunca ter conhecido ele, para nunca ter sofrido por ele.

Meus cabelos embrenhavam-se na minha vista. Os meus olhos encharcados prejudicavam a minha visão. O meu vestido amassava-se à medida que eu afastava-me da casa e embrenhava-se na mata.

Repentinamente, encontrei um tipo de clareira, a mesma da noite que acontecera há uma semana atrás. Ali era o lugar mágico onde o meu contos de fadas começou. Porém, não era um simples conto de fadas. Esse era incomum, pois não havia nada de felizes para sempre.

Parei de correr. Cansei de fugir. Tratei de cair. Não sei como ou por que, mas perdi todas as minhas forças, caindo de repente sobre a relva. Eu havia cansado: cansado de mentiras, cansado de fingir ser alguém que não sou, cansado de sofrer por amor.

- Mel?! - Ouvi, ao longe, a voz do Justin ecoar.

Sentei-me na relva, apreciei o pôr-do-sol que se punha. Lágrimas ainda caíam dos meus olhos; o meu peito ainda tinha o buraco nele, como uma cicatriz que nunca iria fechar-se.

- Mel! Por favor, deixe-me explicar. Eu nunca deveria ter te traído! Eu sei disso! - Ele disse. Sua voz vinha de trás de mim e, pudia jurar, que ele estava chorando. Não que fosse comum Justin Bieber chorar, afinal, ele era o 'pegador' da escola. Não que eu gostasse desse título, até porque, desde então, isso apenas machucou-me. - Eu prometo que nunca mais irei te trair! Nunca mais dormirei com outra após te ter. Nunca mais selarei os meus lábios em outros pela minha própria vontade. Nunca mais te machucarei! - Declarou, fazendo com que eu quase cedesse. Mas eu precisava de alguma garantia antes de entregar-me e render-me às suas palavras doces.

- Fale aquelas três palavras que eu acreditarei em você. - Eu disse.

- Você não entende que eu não consigo?! - Eu ameacei sair do ambiente. - Mas... Eu posso tentar. - Sorri fracamente, e ele sorriu torto em resposta, retirando o meu fôlego. - Eu... te... amo! - Ele falou com emoção, e eu inocentemente acreditei naquilo.

Sorri imensamente, levantando-me e virando-me de frente a ele.

- Eu não sei se posso confiar em você, então por favor repita! - Pedi, sentindo o meu coração bombear fortemente com expectativas.

- Melissa McCartney, eu te amo! - Ele disse com um enorme sorriso em resposta.

- Pare com essas alucinações, Mel. - Disse para mim mesma, movendo a cabeça negativamente. Eu só podia estar enlouquecendo para ouvir tal declaração de amor!

- Você não está louca, não são alucinações. Isso é apenas eu e desculpe-me se assusto-te. - Falou sorrindo. Deu um passo à frente, porém eu não movi-me; permaneci parado. Baixei o meu olhar, sentindo lágrimas invadirem os meus olhos. Era ora de rever o passado.

- Justin, sobre aquilo que ocorreu diante das drogas, eu não sabia mais em quem acreditar. Fora por esse motivo que lhe acusei, mas saiba que não pensei nas minhas palavras. Porém agora sei que não posso viver sem você e, ainda, que você é inocente. Por favor, me dê outra chance para amá-lo e fazer-te feliz. - Pedi com algumas lágrimas caindo dos meus olhos.

Levantei o meu olhar para fitá-lo e vi chorando-o, algo que nunca pensei que se repetiria. O pior é que podia ser a minha culpa. Minha testa franziu-se de dor; dor essa que eu sentia internamente.

- Me-Mel? - Gaguejou. - Vo-Você acredita em mim? - Ele perguntou com as lágrimas inundando aqueles olhos castanhos profundos, que quase faziam-me poder ler sua alma.

Seus olhos marejados fizeram com que os meus desviassem do seu olhar. Eu não podia aceitar tamanha culpa em cima de mim. Eu sabia que era minha culpa e eu podia consertá-la.

- Sim, Justin. Eu... Também te amo. - Rendi-me pronunciando a verdade, mesmo sabendo que eu iria arrepender-me. Cerrei os olhos e fiquei ali, parada, esperando por uma reação.

Logo uma mão encostou nos cachos dos meus cabelos. Suspirei ao sentir o seu aroma, novamente, junto a mim. Abri os meus olhos, fitando os dele perante a mim. Estávamos muito próximos, e sua boca estava entreaberta. Isso significava que o meu pedido de perdão fora aceito?

O encontro dos nossos olhares eram como faíscas incendiando o meu ser. Eu não sabia mais diferenciar realidade de sonho, entretanto nem fazia questão do mesmo. Melhor sonharmos do que vivermos a triste realidade.

Sem reparar, nossas bocas aproximaram-se e, como em um impulso, chocaram-se instantaneamente, de modo feroz e - creio eu - apaixonado.

Eu sentira falta do seu gosto. Eu sentira falta dos seus braços carinhosos. Eu sentia falta dos seus lábios macios contra os meus. Eu sentia falta dele: Justin Drew Bieber.

A maldita falta de ar tomava conta do meu ser. Mas largá-lo agora, seria como perdê-lo. Eu tinha muito medo de ficar sem ele novamente. Eu não podia, eu não aguentaria...

Porém fora inútil. Tivemos que nos separarmos ofegantes, e logo fechei os olhos. Um sorriso involuntário estampou-se em minha boca.

- Senti sua falta. - Finalmente, ele disse algo sem gaguejar.

Entreabri os meus olhos, e ele tinha um enorme sorriso - talvez maior que o meu - em sua face. Seus olhos tinham um brilho especial inexplicável, e uma alegria tomara conta de seu ser. Assim como do meu.

- Por que está chorando? - Ele perguntou preocupado, ao ver os meus olhos marejados, e uma lágrima escapar deles.

Com o seu polegar, ele limpou a lágrima e sorriu ao fazer o gesto.

- Nem consigo acreditar que estou aqui novamente: nos seus braços. - Murmurei dengosa, sentindo uma estranha calma domar-me.

- Acredita que eu estava pensando na mesma coisa? - Ele perguntou rindo.

Num impulso, o beijei novamente, aproveitando que, caso o nosso relacionamento não fosse para sempre, eu teria aproveitado ao máximo. Nossas línguas movimentaram-se rapidamente; em um ritmo caloroso, em um ritmo impetuoso.

Antes que o beije acabasse, ele separou-se de mim repentinamente.

- Não, eu não posso voltar a te beijar, a te ter nos meus braços. - Ele murmurou pesaroso.

Surpresa, o encarei com a boca aberta. Ele havia declarado-se para mim e, logo depois, arrependido-se de tê-lo feito. Meus olhos tornaram-se marejados e, em questão de segundos, as lágrimas já estavam sendo limpas pelos dedos carinhosos dele.

Eu tinha perdoado-o por trair-me. Eu tinha acreditado nele por causa do assunto das drogas. Eu havia entregado-me aos seus beijos.

E ele veio pedir para que eu parasse?

- Não, me desculpe, Mel. Não é sua culpa. Só que eu não posso beijá-te ou te ter nos meus braços. Você sabe o quanto eu te quero, o quanto eu te desejo... Eu não posso te obrigar a nada! - Ele declarou, referindo-se ao fato dele ser um viciado em sexo, digamos.

- Justin, não que eu queira que seja aqui, no meio da mata e no quintal da sua... Amiga. Mas eu estou pronta para você. Eu também preciso te ter dentro de mim. - Sussurei em seu ouvido, não crendo que estava falando aquelas coisas, porém reconhecendo as verdades nas minhas palavras.

Ele pareceu desapontado, pois balançou a cabeça negativamente.

- Com você eu preciso ter calma. Eu sempre fui um galinha medíocre, mas vou mostrar para você que sou confiável. - Ele assumiu sorrindo.

Assenti, sem querer comentar mais nada. Dei-lhe um selinho e levantei-me, estendendo uma mão a ele.

- Justin, nós temos que voltar. Porém, antes, eu tenho que te contar sobre o Oliver. - Murmurei hesitante. Ele fez uma careta assim que eu pronunciei o nome do meu amigo. Eu apenas rolei os olhos. - Jus, primeiro, o Oliver é apenas um amigo de infância. Tudo bem, eu tenho que admitir que ele é muito bonito e sexy, mas só um amigo. - Falei, tentando provocá-lo um pouquinho.

- Mas eu bem que notei uma intenção a mais da parte dele. - Justin reclamou.

- Seu bobo, ele diz gostar de mim, mas eu te amo mais. - Murmurei dando um beijo na ponta do seu nariz. Ele sorriu em resposta ao gesto e puxou-me ao seu encontro, fazendo com que as nossas cinturas ficassem coladas.

- Então, vamos para o Cinema! - Murmurou alegre, mordiscando a minha orelha em seguida.

- Mas me prometa uma coisa, Jus: não me beije ou me agarre na frente da Kate. Sabe, eu fiz as pazes com ela ainda hoje, e ela assumiu que te ama também. Eu não quero magoá-la como ela fez comigo hoje. Por favor. - Pedi suplicante, com um beiço no lábio. Ele assentiu sério, para logo roubar um beijo rápido dos meus lábios.

- OK, chefinha. Agora vamos. - Ele murmurou. - Suba nas minhas costas. - Eu o encarei confusa. - Vai logo. Sobe!

Obedeci-o, montando em sua corcunda.

- Então corra, Edward Cullen! - Murmurei rindo. Só então dera-me conta de que eu havia dito a mesma coisa para o Oliver, ainda mais cedo naquele dia.

Porém, não verbalizei os meus pensamentos, acabando por ouvir o riso animado dele no ambiente.

Rapidamente, chegamos na porta traseira da casa da Kate. Resolvi que não poderíamos contar a ninguém sobre o nosso namoro, además alguém poderia contar por acidente. O Justin compreendeu-me, porém reclamou que talvez não aguentasse-se de vontade de beijar-me. Apenas rolei os olhos e ainda dei a desculpa de que no escurinho do cinema nós poderíamos beijar-nos.

Com um último doce beijo de despedida, entramos na casa mau humorados, finjindo odiarmo-nos.

- Ai, Bieber, para de galinhagem. Ou então vai viver num galinheiro mesmo, digo, puteiro. - Fora a minha fala inicial para começar o nosso teatrinho.

Pude notar que o Justin segurou a risada, mas fingiu direitinho a combinação.

- Só vou para um galinheiro no dia em que eu for galo, porque eu sou macho o suficiente para não ser galinha.

- Como se algum dia você fosse mudar... - Sussurei irada, enquanto sentava-me a sofá.

Todos na sala encontravam-se em silêncio, apenas observando o assunto. Até que Caitlin, que parecia ter armado todo aquele encontro que havia - secretamente - funcionado, resolveu falar:

- OK, vamos logo para o cinema antes que percamos a seção. - Resmungou, arrastando Chaz consigo.

- Espera, vou tomar água. - Falei, indo até à cozinha.

- Não, eu te sirvo. Você está na minha casa. - A Kate disse sorrindo. Estranhei o ato.

- Então, Mel, você vai com quem no carro? - O Justin perguntou, quase desmanchando o nosso teatrinho.

- Com você eu sei que eu não vou. Acho que vai eu, o Oliver, a Leticia e o Ryan. Pode ser? - Perguntei arrogantemente.

- Claro. - Eles responderam unanimamente.

Quando estávamos ultrapassando a porta, notei o Justin fazendo um sinal para ir para atrás do arbusto. Enquanto caminhava, fingi perder a minha chave de casa ali, e o Justin ofereceu-se para ajudar.

- Como se eu quisesse a sua ajuda. - Murmurei irritada, apenas para os outros escutarem.

Abaixamo-nos atrás do arbusto e, a primeira coisa que fizemos, foi beijarmo-nos. Fora um beijo rápido, onde as nossas línguas exploraram cada canto da boca do outro, porém tivemos que nos separar assim que ouvimos Oliver reclamar da minha demora.

- Como é difícil ficar sem você. - Murmurei para o Justin.
Aquilo era a mais pura verdade. Eu já sentia falta dele, em apenas alguns minutos.

- Também sinto a sua falta. - Respondeu, levantando-se. - Nossa, eu acho a sua chave, e você nem para agradecer! - Ele murmurou incrédulo, novamente, fingindo.

- Obrigada. - Agradeci contra-gosto.

Entramos no carro, e Ryan fitava-me estranhamente. Não gostei dos inúmeros olhares que ele dirigia-me enquanto o Oliver dirigia o carro.

- Que foi? - Finalmente perguntei, quando estávamos quase chegando no Cinema.

- Você está diferente... Achei que nunca fosse agir daquele jeito com o Justin. - Ryan finalmente confidenciou, mesmo sendo algo inútil.

Suspirei e, de soslaio, vi um enorme sorriso estampado no rosto do Oliver... Ah, não! Não estaria ele tendo esperanças comigo, estaria? Agora que eu tinha... Bem, ele ainda não havia pedido-me em namoro, mas seja lá o que o Justin fosse, eu nunca iria traí-lo! Ainda mais com o Oliver!

Se bem que isso nem deveria passar pela cabeça do Justin caso uma guria desse em cima dele...

- Ela apenas não quer demonstrar a sua fraqueza a ele! - Leticia me defendeu, enquanto via algumas lágrimas solitárias cairem dos meus olhos.

Mas o motivo não era aquele que Leticia pensara. Eu apenas queria poder confiar nele, mas a insegurança não permitia-me.

Novamente, o silêncio tomou conta do lugar.

Repentinamente, os meus pensamentos já sintonizaram-se ao Justin e a Kate. Eles deveriam estar no mesmo carro; será que ela tentaria algum tipo de avanço com ele? Será que ela pensava que ele gostava dela? Mas se ele estava disposto a voltar comigo, e ela apoiou, então...

Minha cabeça estava muito confusa e, por isso, comecei a ter uma forte dor de cabeça. Não contei a ninguém, pois não era necessário.

Acabamos por chegar no Cinema, e todos desceram do carro. Fui a última a sair, pois começei a sentir-me estranhamente tonta. Ignorei o fato e, estranhamente, notei a porta do carro abrir. Era Oliver, novamente, abrindo a porta para mim, só que uma coisa havia mudado desde uma hora atrás: eu tinha, no mínimo, um ficante. Como ele tinha coragem? Ah, é. Ele não sabia.

Enquanto eu saía do carro, notei as feições furiosas do Justin e dei um sorriso amarelo em troca. Apenas porque eu vi tudo girar, acabei por tropeçar e segurar-me no peito de Oliver. Este, entendendo o recado errado, puxou-me de encontro ao seu peito e selou os nossos lábios.

Sua língua não era delicada como a do Justin. Mesmo quando o Justin forçava o beijo, tinha certa delicadeza. Já o Oliver era bruto, tentava adentrar na minha boca de qualquer jeito. Eu lutava contra, a fim de que o Justin não ficasse brabo comigo, afinal, eu não aguentaria outro término de namoro.

Por fim, vendo que eu não iria render-me, ele soltou-me bruscamente.

- Olha, aqui, porra! Não beije a minha namorada assim! - O Justin gritou, dando um soco no nariz do Oliver.

- Olly! - Gritei, parecendo que era um flashback do que havia acontecido há pouco tempo, na semana passada, minha primeira semana em Stratford.

- E tudo se repete. - Chaz murmurou rindo à toa, como se aquilo não fosse sério.

- Você vai defendê-lo? - Perguntou Justin, cego de ciúmes.

- Calma, por favor. Oliver, você entendeu tudo errado. Justin, você também! - Falei com lágrimas nos olhos, sentindo que o meu mundo poderia estar prestes a desabar. Fitando todos, disse: - Pessoal, eu e o Justin voltamos hoje. Fingimos que não, por causa da Kate. Porém nós nos amamos e... - Senti tudo em volta girar, sem conseguir concluir a frase. Não sei onde apoiei-me, porém, repentinamente, eu estava no chão. Ouvi gritos ao meu redor e vi faces assustadas, até que tudo ficou preto.

***

Acordei, novamente, em um quarto branco, porém eu tinha certeza de que não era a enfermaria do Hospital. Senti algo coçando em meu nariz e fui retirar aquilo dali; mas algo me impediu. Alguns tubos estavam conectados ao meu nariz e, quando percebi, havia outros diversos colocados em meu corpo e conectados a máquinas.

Olhei ao meu redor assustada, pensando que talvez aquilo fosse apenas um pesadelo que logo passaria. Fitei à esquerda e vi um menino sentado em um sofá desconfortável, dormindo ali tortamente. Era ele: o Justin. Um sorriso estampou-se em minha face, e notei o quão desagradável era para fazê-lo. Eu deveria ter dormido por muito tempo, afinal, os meus músculos faciais já estavam resitados.

- Moça, até que enfim você acordou. - A enfermeira murmurou entrando no quarto, enquanto eu via o Justin mexer-se e entreabrir os olhos.

Notei que ele dera um pulo ao ver-me acordado e, quase correndo, veio de encontro a mim.

- Não, senhor Bieber. Afaste-se, deixe-me ver como ela está. - A enfermeira ordenou, fazendo com que ele fizesse um muxoxo, mas obedecesse. - Senhorita McCartney, você sente algum tipo de dor estomacal? Ou alguma dor generalizada? - A moça perguntou-me preenchendo algo em sua planilha.

- Não, só estou um pouco desconfortável com esses tubos aqui. - Falei, apontando para o meu nariz. A moça assentiu e fitou o Justin.

- Comporte-se, rapaz. Senhorita, com licença. - Murmurou retirando-se.

O Justin aproximou-se de mim e, a primeira coisa que ele fez, foi beijar-me. Apenas selou os nossos lábios, mas pude sentir o gosto da saudade naquele selinho.

- Ai, meu Deus. Eu senti tanto a sua falta. Eu não sei o que seria de mim sem você. E pensar que é tudo a minha culpa... - Ele falou em um fôlego só, concluindo com pesar.

- Espera, Jus. Você pode me explicar o que aconteceu? - Perguntei confusa e perplexa ao mesmo tempo.

- A gente estava indo ao cinema, quando você desmaiou. Fomos para o Hospital, sem saber o que fazer, pois você não respondia nem com água na cara! Então chegamos aqui, eu liguei para a sua mãe (que por sinal ficou muito feliz em me conhecer), você ficou duas semanas deitada aí, e os médicos diagnosticaram que você havia sido envenenada, para a nossa preocupação. - Ele respondeu, deixando-me totalmente surpresa.

- Nossa, eu fiquei uma semana desacordada? E alguém me envenenou??!!

Era muitas informações para eu raciocinar, porém também não estava retardada. Eu havia entendido que alguém havia envenenado-me, mas quem poderia ser?

Tentei relembrar o dia em que eu havia desmaiado, onde eu e o Justin havíamos feito as pazes, onde o Oliver tinha voltado... Gosh, o Oliver!

- Justin, posso te fazer uma pergunta um tanto incômoda? O que aconteceu com o Oliver? - Perguntei, preocupada com a possível briga que poderia ter acontecido entre os dois. Aliás, preocupei-me também com a possível discussão que teríamos agora.

- O Oliver? Ou o Olly? - Ele perguntou irônico, fazendo uma careta. - Eu só não discuto com você agora, porque estou ciente do seu estado. Naquele dia, você deve lembrar do... Beijo. - Murmurou contragosto, fazendo uma careta. - Então, quando você desmaiou, eu automaticamente, fui te ajudar; enquanto ele falava que eu havia amarelado. Apenas os seus verdadeiros amigos foram te ajudar. Ele resolveu ficar aqui em Stratford, falando que tinha que esperar você acordar. - Ele disse irritado. - Porém apenas eu, a Cailtin, a Leticia, o Ryan e o Chaz ficamos no Hospital. Aliás, apenas eu fiquei após o término da primeira semana. Por isso eu estou um lixo, então não note. - Ele falou fitando-se.

- Claro que não, seu bobo. Você está mais lindo do que nunca! - Murmurei, puxando-o pela gola de sua camisa e beijando-o avidamente. Novamente, parecia o nosso primeiro beijo. Eu sentia todas as emoções desdo primeiro dia... Isso fizera-me lembrar de uma cosia: - Justin, hoje em dia, eu sinto todas aquelas emoções que eu descrevi a você. Se lembra quando eu te falei: "Um dia você encontra aquela garota que fará as suas pernas bambearem e o seu coração acelerar. Sentirá choques elétricos quando a encostar e os beijos estarão repletos de amor"? - Perguntei tocando-o na face. A sua face era tão macia, e, logo, senti os famosos choques elétricos.

- Claro que eu lembro... - Ele murmurou envergonhado.

- Eu sinto tudo isso com você ao meu lado. Eu não quero nunca te deixar. - Murmurei com lágrimas nos olhos, pois eu nunca conseguiria deixá-lo, mesmo tendo quase morrido por homicídio.

- Devo admitir que, já quando você me disse aquilo, eu sentia aquelas emoções com você e até hoje sinto. Foi esse o motivo de eu ter saído correndo, pois me assustei diante de todas aquelas emoções diferentes, por mais prazerosas que fossem. - Admitiu envergonhado, o que eu achei muito fofo.

Beijei-o avidamente, assim que ele selou os nossos lábios. Fora um beijo calmo e apaixonado, demonstrando que não estávamos apenas curtindo um relacionamento, mas também sentindo e aproveitando ele.

- Com licença, casal melosinho! - Chaz exclamou, entrando na sala acompanhado da Caitlin, que acabaram interrompendo o nosso beijo e o nosso momento.

Fiz um muxoxo e reclamei baixinho por terem interrompido-nos; porém isso apenas fez o Justin rir.

- Olha quem fala... - Resmunguei.

- Nossa, percebi que alguém aqui acordou de mau-humor! - Caitlin murmurou brincando, enquanto aproximava-se da minha cama.

A cumprimentei com um beijo de cada lado da bochecha e notei, dessa vez, o Chaz fazer um beicinho.

- O.K., eu também te dou um beijo. - Murmurei rendendo-me.

- Não, eu fiquei com ciúmes da Caitlin. Caith, dá um beijinho aqui, vai! - Chaz pediu, apontando para a própria bochecha.

- Depois eu e a Mel que somos o casal meloso. - Justin sussurou, fazendo-me rir.

- Então, isso quer dizer, que está tudo bem com vocês dois? Finalmente?! - Caitlin perguntou eufórico.

- Dude, você já contou sobre a Kate então? - Chaz perguntou ao Justin, confundindo-me.

Eu fitei o Justin, sem entender sobre o que o Chaz estaria, possivelmente, falando. O que a Kate havia feito dessa vez? Ele teria voltado a... Transar com ela? Não, não, não. Era a única palavra que passava pelo meu pensamento.

- Yo, você tem merda nessa sua cabeça? - O Justin perguntou, encarando furiosamente o Chaz. Caitlin, que percebeu a tensão no ar, resolveu abraçar o Chaz, para impedir uma possível revolta.

- O que aconteceu, Justin? Por favor, não me esconda nada... Não dessa vez. - Pedi, com os olhos já marejados e sentindo uma certa dor no peito de opressão.

- Nada demais, Mel. - Ele respondeu-me, claro, não convencendo-me.

Arqueei a sobrancelha em resposta, deixando claramente exposta a dúvida e a desconfiança em minha face. Notei a troca de olhares entre ele e o Chaz, causando-me mais agônia.

- Por favor, desembucha logo! - Praticamente implorei por aquilo.

Ele retrucou com um suspiro, dando-se por convencido. Logo, prosseguiu:

- Mel, eu já te contei o por que de você estar aqui: você foi envenenada. Então eu, quando descobri, logo quis ir atrás desse 'assassino' incompetente. Mas o médico disse que não havia sido um veneno muito forte, que, provavelmente, o assassino não teve coragem de colocar todo o veneno, ou fora por um descuido. Tratei logo de averiguar o caso, afinal, alguém tentara te matar! - Murmurou incrédulo, enquanto eu só observava perplexamente. - Minha mãe se disponibilizou a me ajudar, tratando de fazer uma síntese de tudo o que acontecera naquele dia; pois o médico havia dito que ervas com esse poder tinham efeito no mesmo dia. Logo percebemos um elemento que fora muito importante para o nosso estudo: o copo de água que você pediu na casa da Kate. Lembra? - Ele perguntou, avaliando-me, enquanto eu tentava raciocionar alguma coisa direito. Espera, a Kate não teria...? Claro que não!

- Que loucura, Justin. Claro que a Kate, a minha amiga, não faria isso. - Ele fitou-me pesaroso assim que conclui a frase.

Nem Caitlin, nem Chaz, disseram nada. Apenas permaneceram calados, assim como o Justin, que estava hesitante para dizer algo.

- Aí é que está, Mel. Também achei que ela não teria coragem de fazer isso. Então fui falar com a mãe dela, já que o pai é super ocupado. Acredita que a mãe dela pensou que eu ia pedir a mão da filha dela em casamento? - Ele perguntou retoricamente, incrédulo também. - A mãe dela é doidinha... Enfim, eu descobri que a Kate contou sobre mim, que nós teríamos sido namorados há um ano já, porém ficamos juntos apenas duas semanas... E nem éramos namorados oficiais! Descobri também que a Kate tem uma psicóloga, devido às diversas loucuras de sua cabeça. Ela já inventou cada coisa para os pais! E os pobres acreditam ainda! - Justin exclamava e não parava de falar, apenas surpreendendo-me ainda mais.

- Eu nunca pensei que a Kate tivesse algum problema psicológico... - O Chaz disse.

- Assim, descobri também, com a empregada dela, que a Kate se drogava há um ano, e tudo deve ser efeito das drogas. Ela aparenta ter alucinações, colocava muita maquiagem devido às olheiras, ficou depressiva e por isso necessitou de uma psicóloga. Para aumentar a auto-estima, acabou inventando que eu a namorava há muito tempo e ainda espalhou essa notícia para a família! O pior é que ela não era viciada em apenas um tipo de droga, aliás, até hoje é! Nós temos que ajudá-la, mesmo ela tendo feito tudo isso pra gente! - O Justin disse, surpreendendo a todos com o seu grande coração.

- Claro que vamos! - Murmurei alegremente, apoiando, sempre, os meus amigos. - Espera, o que isso tem a ver comigo estando aqui?

- Essa é a pior parte. A Kate está enlouquecendo aos poucos. Temos que ajudá-la logo, caso contrário, será muito tarde. Uma vez em que ela enlouqueceu, foi hoje. Parece que ela tem algum tipo de obcessão por mim... O pior é que, por minha causa, você veio parar aqui. Para te tirar do caminho, ela já tinha te drogado uma vez. - O Justin encarou-me, e pude ver tristeza nos seus olhos. - Uma foi no aniversário dela e, depois, ela acabou tentando te eliminar de vez do caminho dela: te envenenando. - Ele disse cerrando os olhos.

Fiquei estática, sentindo o meu chão - mesmo eu estando deitada em uma cama - ceder. Como uma pessoa podia ter duas faces? Ela sempre ajudando-me; nunca reparei no quão dependente ela era. Nunca reparei no que ela era capaz... Mas, mesmo assim, eu iria ajudá-la a recuperar-se. Afinal, amigos são aqueles que te ajudam nas horas mais difícieis. A questão era: ela era minha amiga?


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Notas finais do capítulo

Então? Raiva da Kate? E do Oliver então?
O que acharam? Aprovaram :S #MorrendoDeMedo
Eu queria que fosse perfeito, mas mais perfeito vai ser o EPÍLOGO *-* Eu já pensei em tudo, só falta digitar -#EComoFalta...

Aww, people, eu queria fazer uma continuação do Epílogo, mas aí é encher muito D: Então me falem se querem mais.

Ou se não, eu podia fazer toda essa fic escrita na versão do Justin. Mas eu não sei se vocês iam querer. Ia ser tão triste quanto...

Agora, falando sério, alguém quer fazer parceria em uma fic do Justin? Eu já tenho o primeiro cap pronto, só que eu não queria fazer a fic inteira sozinha. É muito trabalhosa. Só que eu queria alguém que pudesse escrever um capítulo com 3 mil palavras em um dia. Eu faço isso e gosto de pessoas no mesmo ritmo (:
Então me adicionem nos favorito dos autores e aguardem a minha próxima fic do Justin Bieber. x) -Q

Beijos e respondam as minhas perguntas U_U #EducadosRespondem

:*


P.s: se você riu, gostou, chorou, ou seja lá que outra ação estranha o seu corpo permitiu ter (-QQ), recomende xD Faça uma autora feliz e faça ela (-eu-) me sentir recompensada por horas a fio ter ficado no computador escrevendo. U_U