My Reason - Meu Motivo escrita por Letícia Silveira


Capítulo 2
Capítulo 1




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Era o meu primeiro dia na escola de Stratford, na província de Ontário, no Canadá. Minha mãe teve de mudar-se por causa do seu trabalho. Eu percebi que ela ainda se sentia culpada por ter de trazer-me junto, mas eu não tinha pai. Bem, eu considerava como se não tivesse; porém, a verdade era que ele abandonara a minha mãe quando descobriu que ela estava grávida, ainda adolescente. Eu nunca o vi, apenas havia o feito através de fotografias antigas, às quais minha mãe sempre foi apegada e às quais, todas as noites, ela chorava ao olhá-las. Nunca a vi namorar alguém, apenas dedicava-se ao trabalho e a mim. Sempre muito afetiva, eu contava tudo a ela. Desde o meu primeiro beijo, até a primeira vez que ingeri alcóol.


– Eu pareço o bicho-papão. - Ela continuou a rir.

Desculpe eu não ter me apresentado ainda, mas acho essa parte sempre muito monótona. Prazer, sou Melissa McCartney e tenho quinze anos. Estou no nono ano do colégio, mas agora entrarei em uma nova escola no meio do ano. Obviamente, serei uma aberração por lá. Isto porque sou de Nova York, Estados Unidos; e, obviamente, não haverá pessoas da cidade grande lá, muito menos americanas.

– Querida, você acha que fará amigos na escola nova? - Minha mãe, Mellany, interrompeu meus pensamentos enquanto dirigia em direção à escola nova. Eu estava vestida com uma roupa simples para evitar chamar atenção. Usava uma calça jeans skinny, que combinava perfeitamente com a minha jaqueta Dolce&Gabanna, em tons dourados e brancos. Minha blusa tinha um pequeno decote e era uma básica branca. Meus sapatos eram um tênis da Nike, e eu senti-me uma mistura de marcas ambulantes.

– Acho que sim. Bom, espero que sim, mãe. - Sorri.

– Claro que irá fazer novas amizades, querida. Você é um amor de pessoa. - Ela disse enquanto dirigia com uma mão e, com a outra, afagava o meu cabelo.

– Dona Mellany, você sabe que opinião de mãe não conta? - Falei, fingindo irritação.

– Tudo bem, filha. Mas eu sou muito realista. - Ela falou enquanto estacionava em frente ao colégio.

– Ok, mãe. Agora preciso ir. Até. - Falei, saindo do carro e sentindo-me um pouco deslocada, pois havia vários carros luxuosos no estacionamento enquanto o de minha mãe era do ano 1978: um Impala.

Embaixo de olhares nada discretos, dirigi-me até a secretaria, que era muito fácil de encontrar-se devido à grande placa na porta que indicava que aquele era o local.

– Bom dia, senhorita. Posso ajudá-la? - Perguntou uma senhora muito simpática e já com uma certa idade. Deduzi apenas por seus cabelos brancos e óculos de garrafa.

– Sim, sou aluna nova. - Respondi.

– Nome?

– Melissa McCartney. - Respondi.

– Sim, senhorita McCartney. Aqui está. - Ela entregou-me vários folhetos. - Este é o seu horário; e, juntamente com ele, estão as localizações das salas assim como nomes dos professores de cada matéria.

– Obrigada. - Respondi e olhei meu horário. Droga, Inglês era o próximo período. - Tchau, senhora. - Ela fez um pequeno movimento com a cabeça, e saí rapidamente dali, voltando para os olhares dos outros alunos. Como eu era muito tímida, agarrei meus cadernos e fitei os meus pés enquanto eu andava.

– BUM. - Foi um barulho que eu fiz ao chocar-me com algo absurdamente duro.

– Ai, desculpa. - Murmurei encabulada, recolhendo os livros. Eu havia batido com uma menina de cabelos loiros e olhos azuis, com feições angelicais, em meio ao corredor.

– Não foi nada. Quer ajuda? - Perguntou ela com uma voz muito calma.

– Não preciso. - Eu continuava a recolher as coisas, e, quando olhei para cima, a menina estava de boca aberta olhando algo atrás de mim. Levantei arrumando a minha mochila e olhei naquela direção.

– Cuidado com a baba. - Sussurou ele ao passar por mim após mandar uma piscadela.

– Não se preocupe que ela não tem raiva não, só excesso de baba. - A menina ao meu lado disse rindo enquanto todos no corredor imitavam-na. - Ah, prazer, Letícia. - Disse ela. - Aquele é o Justin, o menino mais disputado da escola. - Ela suspirou. Acho que isso seria dor de cotovelo.

Realmente, o tal de Justin era incrivelmente bonito. Possuía um cabelo castanho claro, assim como os seus olhos, que constrastavam com sua pele clara. O sorriso que ele dirigira a mim fora tão estonteante que as minhas pernas bambearam. Seus dentes branquinhos pareciam fazer o mundo parar, ou a gravidade parecia esvair-se. Quando ele sorriu, tudo pareceu perder o sentido. Eu só consegui focar naquele ser tão incrivelmente hipnotizador. Claro que eu babei por aquele deus grego maravilhoso, vulgo Justin. Por isso, a piadinha sem graça da Letícia.

– Prazer, sou Melissa. Melissa McCartney. - Falei, estendendo a mão e sorrindo para a menina ao meu lado.

– Prazer. É a aluna nova? - Assenti. - Então está no mesmo ano que eu? - Percebi seus olhos brilharem ao falar isso.

– Você é do décimo ano? - Perguntei.

– Sou sim. AH! - Ela deu um gritinho ardente em meio ao corredor. Provavelmente, as pessoas que passavam nos achavam loucas. Escondi levemente o rosto, com os meus cabelos castanhos encaracolados. - Qual é o seu primeiro período? - Ela perguntou.

– Inglês. - Sussurei.

– O MEU TAMBÉM! VAMOS! - Ela berrou e começou a me arrastar pelos corredores. Pelo menos assim, eu encontraria a sala de inglês. - É aqui! - Ela falou mais calma. Só podia ser bipolar. Antes ela quicava no lugar, agora parecia dopada de tão calma.

Entramos na sala, e já havia muitos alunos sentados. Percebi apenas três assentos vagos, mas nenhuma ao lado do outro. Letícia fez um muxoxo e me lançou um olhar de desculpas.

– Eu já tenho a minha dupla nesta classe. Desculpe, mas eu sento com a Caroline. Foi mal. - Ela se sentia culpada, eu percebi isso.


– Tudo bem. Eu sento em outro lugar. - Sorri amarelo.


– Queridos alunos, - uma voz estridente se pronunciou atrás de mim, - sentem-se. - Me virei e vi uma professora de cabelos negros, estatura baixa (ela era mais baixinha do que eu, sendo que tinha 1, 54 cm. Sou muito baixinha) e olhos claros falou. Era a professora de inglês. - Você deve ser a aluna McCartney. Sente-se por favor.

– Eu não tenho lugar. - Admiti.

– Sente-se ao lado do senhor Bieber. - Ela disse, dirigindo-se à mesa.

– Tudo bem. - Me virei para ver que lugar era esse e percebi que era ao lado do Justin, o menino do corredor.

"Eu joguei pedra na cruz? Cuspi no cálice da Santa Ceia? Fiz xixi na cruz de Jesus? Eu não mereço isso! Não bastou o episódio da baba no corredor?" Pensei irritada.

– Oi. - Eu praticamente resmunguei isso. Eu devia estar na TPM - tensão pré menstrual OU tenha pena de mim - para ficar tão irritada, ainda mais tendo um monumento de homem ao meu lado.


– Olá. - Ele disse entediado, apoiando a face no braço esquerdo, enquanto olhava o traseiro da professora. Isso mesmo, a bunda dela! Eu senti um sentimento diferente relacionado a isso, mas não identifiquei qual era.

Arrumei o meu material e fiquei batendo com o lápis repetidas vezes na mesa, fazendo um barulho que era quase música comparado com a voz da professora.

– DÁ PRA PARAR? PORRA! - Gritou o Justin, com as mãos na cabeça.

– Está de ressaca de novo? - Gritou um aluno no fundo.

– A música não acalmou os seus ânimos, Biba? - Gozou um garoto rindo ao fundo também.

– Não conseguiu o tão sonhado contrato? Eu acho que eu sei por quê. - Disse uma menina loira mascando chiclete. - PORQUE VOCÊ NÃO SABE CANTAR. - Ela berrou, totalmente alterada. Percebi uma lágrima escorrer do olho do Justin.


– DÁ PRA PARAR, VOCÊS AÍ? - Berrou Letícia, estressada com a situação. Virou-se para a professora e falou calmamente: - Poderia prosseguir? - Eu revirei os olhos. Com certeza, a minha única amiga era CDF - cabeça de ferro.

– Você está bem? - Perguntei, vendo que o Justin enterrava a cabeça na mesa e fechava fortemente os olhos.


– Não. - Ele se limitou a sussurar essa palavra e virou o rosto de lado, fazendo com que eu não o visse.


E assim foi ao decorrer da aula. Justin cochilava ou apenas relaxava na aula, enquanto eu vegetava, pensando em coisas aleatórias, como quem nasceu primeiro: a galinha ou o ovo? Cheguei a conclusão que foi o ovo, pois, se não fosse, como surgiu a galinha? Mas, se foi a galinha, quem pôs o ovo? Aff, eram muitas dúvidas para uma cabeçinha só. Ainda mais tão lerda quanto a minha.


– Mel? - Letícia interrompeu meus pensamentos. Odeio quando as pessoas quando fazem isso.

– Legal esse apelido. - Refleti.

– Vamos? Assim chegaremos atrasadas em Física, isso se for o seu período.

– Deixa eu ver. - Peguei meu horário e conferi. - Não, agora é Química. - Fiz uma careta, pois aquilo para mim era como grego. A única coisa que eu entendo de grego, com certeza, é de Deuses Gregos, no sentido figurado.


– Tudo bem. Eu te acompanho até lá. - Começamos a caminhar pelos corredores, a caminho da sala de Física e Química. - Mas e aí? Como é sentar ao lado do Bieber?

– Acho que ele sofre bullying. - Falei pensativa.

– Ah! Aquilo na aula? Não, é só porque ele pôs suas músicas no YouTube e todo mundo fica dizendo, gozando com o guri, "Quando que o Usher ou o Justin Timberlake vai ver?". De certo modo, ele sofre bullying, mas é um menino super disputado aqui no colégio, além de ser super popular. As meninas o amam, mas os meninos os invejam, em sua maioria. Se bem que a 'turminha' dele é a mais popular do colégio. - Letícia explicou. - Ele nunca que vai ser excluído. - Ela revirou os olhos. - Mas você vai na festa na casa da Kate sábado? - Ela perguntou, e eu não entendi lhufas.


– Como? - Perguntei confusa.

– Você não deve saber ainda! AH! - Ela deu um gritinho histérico. - Temos uma festa para irmos no sábado! - Um sorriso largo espalhou-se em seu rosto.

– Claro! Podemos ir. Onde será essa festa? - Perguntei, enquanto ela quicava no lugar ao meu lado. Ela estava mesmo muito empolgada.


– Na casa da Kate. Vocês fazem educação física juntas, se não me engano. Mas só para constar, ela é a ficante oficial do Bieber, por isso se acha toda. - Letícia fez uma careta ao falar isso. Me limitei a rir. - Também terá festa na piscina, churrasco e muita música. Será de noite e, de acordo com fontes, vulgo fofoqueiras, será tudo iluminado por tochas. Falaram que vai ser muito chique, pois ela é rica a final de contas.


– Que legal! - Sorri.


– Chegamos. Boa sorte nessa aula, Mel. - Letícia disse sorrindo e entrando em uma sala próxima.

Fiz um muxoxo e entrei desanimada na sala, que se encontrava vazia. Me sentei em uma classe mediana, encostada na janela. Fechei os olhos e tentei relaxar, mas fui completamente ignorada por diversos gritos que os alunos estavam dando, devido a alguma coisa acontecendo no corredor.


Me levantei preguiçosamente da cadeira e me dirigi até o corredor. Todos os alunos ali reunidos, formavam uma roda e o Justin estava no centro dela.


– Corna! Corna! - Alguns alunos gritavam, enquanto uma menina muito bela, com cabelos castanhos ondulados, corria desesperadamente em direção ao banheiro feminino.


– O que aconteceu aqui? - Perguntei sem entender.

– O Bieber corneou uma guria. HAHAHAHA. Foi pra cama com outra! - Um menino disse, enquanto gargalhava.


– O que há de engraçado nisso? - Perguntei irritada. Como podiam tratar uma pessoa assim? Eles ficaram gritando absurdos para a guria. A mesma, não resistiu a tensão e saiu correndo. Pelo o que eu havia entendido.

– Você. - Apontei para o Bieber, que sorria no meio da roda, se sentindo um pop-star. Com todo o meu ódio sendo transmitido pelo olhar, dei três passos a frente, ficando cara-a-cara com ele.

– O que é, novata? - Perguntou com um olhar diferente nos olhos, tentando esconder algum sentimento.


– Como você pode tratar uma pessoa como lixo? Como nada? Você a trata como se não tivesse sentimentos. Só porque você é assim, sem sentimentos, machista e estúpido, não precisa descontar isso nos outros! Você não tem direito de fazer isso com as pessoas! Todo mundo é diferente; e, graças a Deus, eu não conheço alguém tão mesquinho quanto você. - Cuspi todo o que eu tinha para falar nele. Na verdade, eu descontei toda a raiva que eu senti, ao ver a guria ir arrasada para o banheiro. Deixei o Bieber de boca aberta e me encaminhei para o banheiro.


– Você está bem? - Perguntei ao chegar no banheiro e ouvir um choro baixo, vindo da cabine no extremo do banheiro. A menina murmurou um "arrã" que mais parecia um gemido abafado pelo choro. - Não posso ajudá-la? - Perguntei preocupada.

– Não, obrigada. - Ela sussurou, com a voz levemente rouca, devido ao choro. - Você é a Cristine? - Perguntei lembrando das informações da Letícia.

– Não, eu sou Caitlin. A guria com quem ele traiu a minha melhor amiga, ex-ficante oficial dele, e que ele passou uma noite e não quer mais nada comigo. - Ela sussurou e percebi, devido a minha audição, o choro aumentar.

– Como? - Aqui deu um nó na minha cabeça.


– Minha melhor amiga, Kate, era a ex-ficante oficial do Bieber. Mas eu e ele saimos algumas vezes e, ontem, nós bebemos demais e eu cai na lábia dele. Perdi a minha virgindade e a Kate acabou descobrindo. Perdi a minha melhor amiga, além do Bieber dizer na frente de todo mundo que não quer nada comigo. - Ela sussurou e abriu a porta da cabine do banheiro. Ela estava com os lábios inchados, provavelmente por causa do Justin, e com os olhos inchados de tanto chorar. Além de sua maquiagem estragada.


– Não quer ajuda para limpar o rosto? Temos aula agora. - Falei seriamente e um pouco confusa em culpar o Justin ou a Caitlin.


– Eu não vou para a aula. - Ela murmurou desgostosa.

– Vamos, Caith, estamos atrasadas. - Falei puxando-a para fora da cabine, em direção às pias.


– Caith? - Ela deu um sorriso amarelo. Parecia se esforçar para sorrir, mas não conseguia fazer o ato com sinceridade.


– É um apelido, não posso? - Perguntei cética.


– Claro que pode, mas eu nem, sequer, sei o seu nome. - Ela reclamou, enquanto molhava um papel para "melhorar" a maquiagem.

– Melissa. Mas acho melhor você retirar a maquiagem, isso aí - apontei para a maquiagem borrada e o papel em suas mãos - não está adiantando, como podes perceber. - Ela se olhou no espelho em sua frente e riu.




– Se ele existisse. - Murmurei, e ela gargalhou.

Fomos para a aula e chegamos atrasadas. O professor de Química nos olhou com uma carranca, mas talvez fosse apenas a cara dele mesmo.

– Podem entrar. - Murmurou e continuou sua explicação.

Caitlin sentou-se ao lado de menina de cabelos ruivos e olhos verdes que constrastavam com sua pele clara. Me sentei no único lugar disponível ao lado de uma menina com cabelos negros ondulados, pele clara e olhos azuis.

– Oi. Posso me sentar aqui? - Perguntei.

– Claro. - Ela sorriu amarelo. Me senti incômoda.

– Sou Melissa. Qual é o seu nome? - Perguntei curiosa. Afinal, mais uma amiga para a minha "grande" lista seria legal.

– Kate. - Sussurou. Eu praticamente petrifiquei ao seu lado, com os olhos esbugalhados. Espera! Essa era a ex do Bieber! A ex-melhor amiga da Caitlin e... Minha futura amiga?


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Notas finais do capítulo

O Jus não é mau, ele vai explicar tudo em breve. NEM PENSE EM DESISTIR DE LER AGORA QUE COMEÇOU -Q -N
Continue lendo e COMENTANDO.
Desculpe erros ortográficos.
RECOMENDE caso curta a fic!
Beijos :*