Insônia escrita por Babydoll


Capítulo 54
Dano


Notas iniciais do capítulo

Cheguei bebês!

Nos vemos nas notas finais... até lá, boa leitura! ♡



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As coisas não são do jeito que eram antes

Você nem ia me reconhecer mais

Eu guardei tudo dentro de mim

E embora eu tenha tentado

Tudo desmoronou

Eu tive que cair, que perder tudo

Mas no fim isso não tem mais importância

(In the end - Linkin Park)

Marinette mal podia se conter dentro de si.

Ela estava, finalmente, indo para casa.

Foram um total de vinte e cinco dias para que o Dr. Adam a liberasse dos cuidados hospitalares.

Claro, ainda teria que fazer alguns exercícios em casa, e realizar duas sessões de fisioterapia por semana, mas, nada que pudesse tirar seu ânimo.

— E lembre-se, tome sempre essa vitamina antes das refeições. - O médico continuou a passar as infinitas instruções, enquanto depositava mais um fraco na mesa ao seu lado, completando a coleção de seus complexos vitamínicos, suplementos e antibióticos.

— Pode deixar. - Mari assegurou, enquanto acenava com a cabeça. Contando os minutos para ir logo embora daquele lugar. 

Não que o hospital fosse ruim, mas estava morrendo de saudades do seu quarto, e de suas coisas.

— Essa é a última mochila. - Adrien interrompeu, finalizando de guardar suas roupas espalhadas perto do sofá e se dirigindo à porta. - Já volto com Tom para te buscar. 

Ele e seus pais haviam empacotando as coisas do quarto, e estavam as levando até o carro no estacionamento, onde Gorila os aguardava para levá-los para casa.

Mari concordou com a cabeça, e quando o namorado saiu, a garota se viu sozinha, apenas ela e o médico, que agora estava auscultando seu coração. E acreditou ser o momento perfeito para descobrir se havia algo de errado.

Desde que havia acordado, sentia seu coração pesado, de certa forma. E piorava quando ela pensava em tudo que havia acontecido. Apenas a lembrança de Hawk Moth a atacando, e atacando seus amigos, lhe causava uma taquicardia.

Apertou o lençol embaixo de si, sentindo-se ansiosa de repente.

— Seu coração está batendo bem. - O médico falou de forma tranquila, indo contra tudo que ela estava sentindo. - A frequência está ótima para quem passou por uma cirurgia cardíaca. Tudo dentro da normalidade.

Marinette quis contestar, mas desistiu.  Talvez fosse algo de sua cabeça, essa inquietação que estava sentindo. Já sabia que não era algo físico, afinal, os exames estavam voltando dentro dos padrões todas as semanas.

— T-tudo bem, obrigada. - Ela falou, seu tom de desânimo sobressaindo mais evidente do que esperado, pois logo o médico a olhou intrigado.

— Está tudo bem? Quer me perguntar alguma coisa? - O homem pendurou o estetoscópio em volta do pescoço, enquanto esperava por uma resposta.

— Não, não. Está tudo bem. - Ela queria dizer a verdade, mas suas suspeitas eram algo que um médico não entenderia.

Viu o médico olhar para sua cara, um pouco desconfiado, mas logo, pareceu relevar.

— Qualquer dúvida, estarei a disposição. Seus pais possuem o meu número. - Ele lhe lançou um sorriso gentil, antes de arrumar a postura. - Você vai ficar bem, Marinette.

Era o que ela esperava. Acenou com a cabeça, esperando-o sair do quarto para soltar um suspiro angustiado.

"Estou bem, eu estou bem, eu estou bem..."

Foi o mantra que repetiu em sua cabeça enquanto via seus pais e Adrien entrarem novamente no quarto, antes de abrir um sorriso forçado.

"Eu estou bem, eu estou bem, eles merecem me ver bem..."

Mas ainda, sentia que havia algo fora do lugar. 

Algo fora de seu controle.

***************************

O carro andava devagar pelas ruas pouco movimentadas de Paris. E Marinette olhava pelas janelas como se fosse a primeira vez que visse as casas, os prédios, os artistas nas ruas e os carrinhos de comida. Seu coração se apertou, apenas notando naquele momento o quanto havia sentido falta de sair livre por aí.

Seja com uma máscara ou não.

Enquanto se aproximavam da padaria, ela notou uma pequena multidão reunida em frente. Demorou apenas alguns segundos para reconhecer alguns dos rostos de seus colegas de classe.

Outros estavam escondidos ou parcialmente tampados por cartezes que carregavam, e havia uma enorme faixa estendida do meio.

"Seja bem vinda, Marinette" - Era o que estava escrito nela.

"Sabíamos que você ia conseguir"

"Você é incrível"

"Estávamos com saudades" 

E outras mensagens estavam estampadas nos cartazes coloridos que outros seguravam.

Avistou Alya e Nino atrás da faixa, não conseguindo conter um sorriso. Claro que deveria ter desconfiado que eles estavam tramando algo,e não ter ido buscar ela no hospital havia sido uma dica gigante.

— Fizeram isso... para mim? - Não perguntou a ninguém específico, apenas disse surpresa, enquanto o carro diminuía a velocidade e estacionava em frente ao local.

— Você fez muita falta, princesa. - Adrien respondeu ao seu lado. Dando um beijo em sua bochecha antes de e arrastar pelo banco e sair do carro. 

Ele deu a volta, abrindo a porta ao lado de Marinette, enquanto a ajudava a descer. Tom se encarregou de pegar as malas junto com Gorila, enquanto Sabine andou em direção aos colegas da filha.

— Mas que surpresa! Vocês são todos uns amores! - A mulher disse sorridente, enquanto abria a porta.

Mas todos apenas aguardaram, à medida que Marinette contornava o carro a passos lentos, e se aproximava deles, usando o corpo de Adrien como apoio e usando uma muleta do outro lado.

Assim que a garota se viu em frente aos amigos, quase não conseguiu conter as lágrimas.

Juleka, Rose, Alix, Mylene, Ivan, Max, Nathaniel, Marc e Kim. Estavam todos ali. Até mesmo Kagami e Luka, que não frequentavam a escola, estavam presentes.

— Vocês... - Foi a única coisa que ela conseguiu dizer, antes do nó em sua garganta se apertar e ela não conseguir mais pronunciar nenhuma palavra. 

Ela levou a mão livre sobre a boca, tentando controlar sua emoções.

— Ela está em casa pessoal! - Alya gritou, limpando as próprias lágrimas e soltando um grito de empolgação, sendo acompanhada pelos outros.

Logo o choro de Mari se transformou em uma risada, a empolgação e felicidade preenchendo seu interior. Ela olhou para Adrien ao seu lado, captando os olhos verdes úmidos preso nos amigos, com um sorriso moldado no rosto.

Ele estava maravilhoso, o sol batia em seus cabelos dourados, tornando os fios brilhantes como ouro. Suas olheiras não haviam diminuído por completo, mas pareciam bem menos destacadas à luz do dia. As bochechas coradas ao redor dos lábios repuxados pelo sorriso. Ele parecia genuíamente feliz.

Mas logo um par de braços enlaçou sua cintura, assustando não só ela, mas Adrien ao seu lado, que firmou ainda mais o aperto ao seu redor.

— Mari!!! Sentimos tanto a sua falta! - Rose disse ao meio ao abraço.

Logo suas amigas também se juntaram à ela, tornando o abraço coletivo.

Não pode deixar de rir ao ver Adrien um pouco desesperado com a situação. Não sabendo se continuava a sustentando, mas ao mesmo tempo, não querendo atrapalhar as garotas chorosas.

— Finalmente, estamos juntas de novo! - Mylene falou com entusiasmo.

— É, sabemos que você é desastrada, mas dessa vez, foi longe demais! - Alix terminou, e fez uma careta em seguida, provavelmente pela cotovelada que recebeu de Alya.

— Estou de volta. - Era um alívio finalmente poder dizer essas palavras.

As amigas a ajudaram a entrar, mesmo sob protesto dos meninos, que queriam ajudar, principalmente Adrien.

Sabine arrumou um jeito de acomodar todos os treze adolescentes na sala, voltando logo em seguida com uma bandeja de sucos e chás. Marinette sorriu para si mesma ao ver Tom puxar Gorila para a cozinha, provavelmente, faria o pobre homem de ajudante pela tarde inteira. Apesar da confusão, seus pais estavam extremamente felizes, e sorrindo o tempo inteiro.

Já seus amigos, estavam eufóricos. Ivan, Rose e os demais da banda contaram que estavam cheios de músicas novas, e que a queriam no próximo ensaio. Disseram que Luka havia composto várias melodias nesse tempo, algumas muito tristes, mas que conseguiram adaptar para o estio deles com alguns ajustes.

Marinette juntou as sobrancelhas em uma feição de empatia por seu amigo.Estava sentada no sofá com Adrien colado ao seu lado, e observou Luka na banqueta da cozinha, atento à conversa. Jurou ter visto as bochechas do mais velho corarem antes dele perceber seu olhar e esconder o rosto.

Logo sua visão foi bloqueada por Nathaniel e Marc, mostrando várias histórias que haviam criado no tempo em que ela esteve fora. Havia até uma comic inspirada na captura do Hawk Moth, claro, não havia nada parecido com o que realmente aconteceu.

Novamente, aquele peso surgiu em seu peito ao pensar no assunto. As palmas de suas mãos começaram a suar.

— Quem aceita um croissant? - Seu pai apareceu naquele momento, por sorte, colocando uma enorme bandeja com os petiscos em cima da bancada e distraindo seus pensamentos e o foco das pessoas em cima de si.

Adrien estava prestes a se levantar para pegar alguns, quando notou Marinette tensa ao seu lado.

— M'lady, tudo bem? - Ele perguntou baixinho em seu ouvido, vendo a garota dar um pequeno pulo ao ser chamada, como se sua pergunta a tivesse tirado de um transe e a chamasse de volta para o presente.

— Ah, está sim. - Ela abriu um pequeno sorriso. E Adrien ergueu uma sobrancelha, desconfiado.

Marinette sentiu o coração acelerar novamente, inalou o ar com dificuldade e mordeu o lábio inferior. Era como se as paredes estivessem se fechando ao seu redor, a deixando sem ar. Se sentia ansiosa todas às vezes que isso acontecia, e havia acontecido muito nas últimas semanas, desde que havia acordando. Também sabia que, se Adrien pressionasse apenas mais um pouco, ela acabaria se derramando sobre ele.

— Querida? - A voz de sua mãe soou atrás do namorado e exalou, sentindo o alívio em seus pulmões com o gesto, e sua mente se clareado.

 Adrien pareceu aproveitar a deixa para se juntar aos outros na cozinha, mas não parecia exatamente satisfeito com a conversa interrompida.

— Oi, mãe. - Marinette finalmente voltou o olhar para a mulher,  vendo o rosto de Sabine tenso. 

Mas antes que pudesse perguntar o que estava acontecendo com ela, Sabine respondeu.

— Chegou mais visita para você.

A mulher se afastou, indo em direção a porta, e Marinette se perguntou quem poderia ser, se todos que ela conviviam com ela já estavam aqui.

Foi quando uma cabeleira loira apareceu no corredor, ao lado de uma garota ruiva que parecia desconfortável por estar ali, com o olhar beijo e mãos juntas na frente do corpo. Diferente da menina de nariz em pé ao seu lado.

Marinette ouviu algumas exclamações surpresas ao redor, enquanto a conversa na cozinha cessava ao notar as duas novas presenças no cômodo.

— Chloé. - Marinette ousou dizer por fim. Não sabendo direito ainda como se sentir sobre a presença da garota em sua casa. - Que surpresa você vir aqui. - Disse por fim, forçando um sorriso sob os olhos azuis atentos, não se preocupando se ele parecia falso ou não. 

Mas a loira apenas continuou  a olhando de cima abaixo com os olhos estreitos, antes de virar o rosto jogar o rabo de cabelo para o lado, fazendo os fios amarelos esvoaçarem pelo ar. Um cheiro de perfume forte atingiu as narinas de Mari com aquele gesto. Provavelmente, era um perfume bem caro e bom, mas o cheiro a lembrava Chloé, e isso era o suficiente para não gostar dele e sentir enjoada sempre que o sentia.

— Hm, só vim conferir se estava mesmo viva. - A garota respondeu, desdém cobria sua voz. - E já que você não morreu, agora o Adrien pode, finalmente, voltar a ir para a escola.

— Chloé! Que coisa horrível! - Alya bradou, indo para mais perto de Marinette no sofá, as mãos já fechadas em punhos, como se já estivesse preparada para atacar Chloé assim que encontrasse uma oportunidade.

Percebeu também que Adrien olhava para a garota com uma ameaça sob os olhos verdes, antes tão gentis. Nino estava praticamente o segurando no lugar.

Mas Marinette deteve a amiga, com um gesto de mão. 

— Está tudo bem, Alya. Não é como se eu tivesse esquecido como ela é! - Ela respondeu, recebendo os olhos da Bourgeois sobre si novamente, e não ousou quebrar o contato. 

Marinette não recuaria dessa vez.

— Ér, estamos felizes que está bem, Marinette. - A ruiva disse atrás da amiga, parecendo um pouco hesitante. 

O que era de se esperar, pois a mesma ganhou um olhar ameaçador de Chloé após a frase simpática.

— Obrigada, Sabrina. - Marinette respondeu, sua voz ganhando uma suavidade a mais por falar com Sabrine. Mas seus olhos ainda estavam presos em Chloé.

Sentiu seu coração palpitar mais forte, e uma raiva começou a crescer em seus interior. Estava acontecendo de novo, a queimação fazendo todo seu corpo parecer estar em chamas. Sentiu suas palmas suarem novamente, e apesar de querer parar,  o que quer que estivesse acontecendo,  não conseguia.

— Pronto, já vimos o que queríamos Sabrina, vamos embora. - Apenas se deu conta que estava encarando Chloé intensamente, quando a mesma pareceu ficar com medo debaixo do seu olhar, recuando para a porta e levando sua "fiel serva" consigo.

— Amor? - A mão de Adrien tocou seu ombro, o contato servindo como um neutralizante para seus sentidos e a fazendo relaxar, instantâneamente. - Ela não fará algo como isso com você novamente.

Marinette lhou para cima, o rosto de Adrien ainda distorcido em um semblante rígido, mas que atenuou quando ela assentiu para ele.

Mas na verdade, Chloé era a menor de suas preocupação no momento.

***************************************

Depois da visita desagradável, o clima ficou mais leve com seus amigos continuando a lhe contar sobre tudo o que fizeram nos últimos meses. Pareciam querer recuperar o tempo que Marinette havia perdido ao preencher a memória dela com as suas. 

 Mas pouco a pouco, cada um deles foram se despedindo, mas ficaram com a promessa de que a veriam na escola em breve. 

A tarde já havia avançado, e assim que a maioria se vai, Mari se vê cercada apenas pelo seu pequeno grupo: Adrien, Alya, Nino e Luka. 

Eles haviam ajudado a organizar a cozinha depois que Sabine e Tom foram se encarregar de abrir a padaria para os clientes, e agora estavam apenas ao seu redor no sofá.

E Marinette percebeu que, não importava o quanto eles ficaram com ela, desde que havia acordado, para eles, nunca parecia ser tempo o suficiente. E era por isso que ainda estavam aqui. 

Mas ela sabia que isso mudaria em breve.

— Então, acho que é hora de me despedir de  você.

Ela jogou na conversa de repente, não se importando de olhar para alguém específico, apenas brincava com os dedo de Adrien entrelaçados no seu. A pessoa, alvo dessa frase, sabia que era para ela.

— O que? - Alya perguntou confusa, virando o rosto de Nino para ela.

Eles estavam confusos, obviamente, menos Luka, que abriu um pequeno sorriso no rosto antes de se levantar ajoelhar na frente de Marinette no sofá, lhe entregando o bracelete de cobra.

— Você tá caindo fora? - Nino exclamou, saltando do estofado com as mãos sobre a cabeça;

— O que está acontecendo? - Adrien perguntou assustado, ainda mirando o amigo ajoelhado na frente deles, que olhava para sua namorada com carinho.

— Vou acompanhando meu pai na turnê. - Luka respondeu com calma.

Adrien percebeu que, apesar dele ter falado isso olhando para Marinette, ela parecia ser a única ali que já sabia dessa informação. A viu retribuir o olhar do mais velho com o rosto aliviado, como se a fala dele a causasse tranquilidade.

Luka então se levantou, olhando para o resto dos amigos na sala.

— A turnê já está quase terminando, mas meu pai realizou outro contrato com a Ásia. - Explicou de forma lenta, olhando para cada um dos rostos voltados para si. - E vamos para lá depois, juntos.

— E vai deixar a Marinette? - Alya perguntou, e parecia um pouco irritada. 

Adrien a compreendia. Apesar de não ter nenhum direito, não podia deixar de sentir uma sensação de abandono. Luka esteve com eles todo esse tempo, e imaginar o grupo sem ele o causava um aperto no peito, ainda mais agora que, finalmente, estavam completos.

— Eu que disse pra ele ir. - A voz de Mari interrompeu seus pensamentos, e o loiro precisou de um segundo a mais para assimilar o que ela havia dito. 

Como se a namorada pudesse sentir a confusão em sua cabeça, os olhos azuis brilhantes se voltaram para os seus. Eles estavam sérios.

— Luka precisa viver a vida dele. - Ela explicou com firmeza, antes de voltar o rosto para o casal atordoado à sua frente. - Todos vocês precisam.

Adrien procurou a mão dela por cima do sofá com desespero. Parecia que ela os estava afastando, de alguma forma. Voltando ao seu estado comum de pensar nos outros antes de si mesma. Sabia que essa era sua forma de dizer que havia ficado grata por tudo que fizeram por ela durante esse tempo, mas que era hora de focarem em si mesmos a partir de agora.

Como se não precisasse mais deles.

Mas Adrien ainda precisava dela. 

E por isso, sua mão estava segurando a dela com força. Ele não a deixaria se afastar.

— Mas você também precisa. - Disse em um sopro, próximo do rosto feminino, que virou para si novamente.

Um sorriso doce serpentiou sobre os lábios rosados dela, acalmando as batidas de seu coração.

— Eu já tenho tudo que preciso. - Ela levou as mãos entrelaçadas deles até os lábios, beijando a aliança que ele havia colocado de volta no dedo durante aquela manhã.

Marinette segurou o riso, vendo o loiro relaxar ao seu lado. Obviamente, ela não estava se referindo apenas a Adrien quando disse isso, se sentiria incompleta se fosse apenas assim.

Ela tinha um amor, tinha sonhos e o melhor, como Ladybug, ela tinha um propósito. E agora que sentia que aquele futuro estava a salvo, nada a impediria de correr atrás de seus objetivos.

Ainda tinha uma vida inteira pela frente, e mal podia esperar para retomá-la.

Mas para isso, ainda precisava encerrar algumas coisas.

— Bom, se está tudo certo, então boa viagem, meu amigo. - Nino caminhou até Luka, passando um dos braços por cima dos ombros do mais velho com dificuldade, devido a diferneça de altura. 

Alya riu, se juntando aos dois e dando um abraço.

— Vamos sentir sua falta, emo.

Marinette riu quando via o cenho de Luka se retorcer pelo apelido carinhoso. Sim, a intimidade que criaram ao longo das últimas semanas era uma dádiva, mas às vezes podia ser uma droga. Receber apelidos como esse fazem parte do pacote.

Adrien também se colocou em pé, e no momento que ofereceu a mão para Marinette levantar, a garota viu a mão de Luka igualmente estendida. Ela riu enquanto via os dois garotos olharem um para o outro, sorrindo também pela sincronia.

Marinette não pôde deixar de lembrar do dia em que foram patinar no gelo, a lembrança fazendo seu peito tremular ao lembrar o quanto seu coração estava partido naquele dia, dando tudo de si para tentar se manter inteiro.

Ela tombou a cabeça para o lado, fitando-os com doçura. E diferente daquele dia, não havia mais dúvida ou medo em sua mente, enquanto esticava os dois braços para pegar ambas as mãos para se levantar. Amava os dois fortemente, apesar de ser de forma distintas.

Ficou de pé, o braço de Adrien enlaçou sua cintura para lhe dar apoio. 

Em seguida, viu o punho de Nino estendido no meio da roda, logo Alya se juntou à ele. Ouviu um riso baixo de Luka à sua direita, preparando o próprio punho.

— Estávamos te esperando. - Adrien falou à esquerda. E compreendeu em seguida.

Preparou o próprio punho, se juntando a todos no centro enquanto as vozes se uniram.

— Zerou. - Disseram juntos. 

Marinette encarou seus amigos, seus companheiros. Um peso enorme parecendo sair dos ombros de todos ali, por finalmente encerrar o que haviam começado, meses atrás. Quando ela os convidou para a missão mais difícil de sua vida.

Bom, a mais difícil até hoje.

— Ah, que bonitinho. - Ouviu a voz do pai atrás de si, quase se desequilibrando ao se virar, se não fosse os braços protetores de Adrien a envolvendo, puxando seu corpo para junto do dele. - Vocês tem um toque de amizade.

Ela quis rir para o pai, mas tudo o que podia sentir era o coração de Adrien batendo forte em contato com suas costas. Não entendendo porque seu rosto estava esquentando por causa disso.

— Adrien, seu guarda-costas está te esperando. - O homem continuou. - Disse que vai levar você e seus amigos para casa.

Mari não podia ver, mas tinha certeza que seu namorado estava com uma expressão nada agradável no rosto.

Ainda não haviam conversado sobre isso, mas sabia que ele ainda não queria voltar para casa. Apesa de precisar, afinal, a mansão Agreste ainda era sua casa.

— Ah, obrigado cara. Aceito a carona. - Nino falou alegre, e foi o suficiente para Tom acenar com a cabeça, antes de lançar um olhar pensativo para Adrien e só então, sair.

— Vou pedir para Gorila levar vocês. - Adrien finamente falou, e Marinette sentiu os lábios dele dando um beijo no topo de sua cabeça, antes de guiá-la novamente para o sofá. - Eu já volto, ok?

Mas ela se recusou a sentar, segurando os braços dele e recebendo um olhar confuso. Ela também não entendia como ele havia aceitado sair com tanta facilidade, mas não discutiu.

— Na verdade, Alya, você pode ficar comigo mais um pouco? - Falou para a amiga. - Quero ajuda para guardar minhas coisas.

Alya concordou sem discutir, já se despedindo de Nino.

Marinette também despediu do amigo, e deu um abraço apertado em Luka, que prometeu manter contato enquanto estivesse fora.

— Vou sentir sua falta. - Ela confessou no ouvido do amigo que a apertou mais forte.

— Não tanto quanto eu senti a sua. - Ele respondeu com humor. - Logo estarei de volta.

Então os dois se encararam e trocaram sorrisos antes de Luka sair. 

Virou para Adrien, que lhe deu um beijo na testa, antes de sair pela porta com os meninos.

Alya a ajudou a subir as escadas. Ficar em pé não era o mais difícil, mas subir os degraus sim, e a amiga a ajudou com toda a calma e paciência do mundo.

Entraram no quarto e Marinette inspirou fundo, olhando ao redor. Sentia que não entrava aqui há anos. Apesar de não lembrar da ausência enquanto estava inconsciente, ela ainda era sentida.

— Amiga... - Marinette interrompeu Alya ao fazer um sinal de silêncio, com o dedo sobre os lábios. 

Sabia que sua amiga jornalista estava desconfiada de alguma coisa, mas ela mesma tinha as próprias suspeitas.

— O que? - Alya sussurrou, e depois, deu um salto para trás quando uma figura preta entrou pela janela.

— Sabia que você não estava indo. - Mari disparou para ele de forma presuçosa.

Chat Noir apenas deu de ombros, e estava com um sorriso enorme no rosto, orgulhoso de si mesmo por ter burlado algum tipo de regra. Ele caminhou pelo quarto a passos lentos, enquanto rodava a própria cauda.

— Pedi à Gorila para levar Nino e Luka para casa. - Explicou rapidamente, se divertindo com a própria travessura.

Mari viu o sorriso do herói sumir aos poucos enquanto ela o encarava de forma séria.

— Droga, eu tô encrencado? - Chat mumurou, abaixando os ombros e recolhendo a postura que estava antes.

Mari apenas deu um leve suspiro enquanto tentava relaxar seu rosto. Não era sua intenção tirar o sorriso dele, mas estava na hora de uma conversa mais séria.

— Alya, pode nos dar um minuto? - Ela pediu, olhando para a amiga

— Claro. - A ruiva respondeu imediatamente, deixando a amiga no meio do quarto e já se dirigindo à saída.

— Chat? - Mari apenas ergueu os braços na direção do herói, que logo já entendeu o que ela queria.

Chat a tomou em seus braços, fazendo-a derrubar a muleta e, em um movimento preciso, os levou até a cama dela no andar de cima.

Ao ser depositada no colchão com delicadeza, Mari riu consigo mesma pela sensação que tomou conta de si, ao se ver naquela situação. Pensou em como poderia explicar isso para as pessoas, que os momentos em que se sentia mais confortável e segura, era quando estava em sua cama com um herói vestido de gato preto. 

Foi dessa forma que obteve suas melhores e mais preciosas lembranças.

— Por que eu estou sentindo que vou ser enxotado como um gato de rua? - Chat perguntou, aproximando o rosto do pescoço dela e inalando seu cheiro adocicado.

Mari sentiu um arrepio subindo com aquela aproximação, e se permitiu rir. Ainda mais por perceber que o tom dele era leve e não de raiva ou tristeza, como ela esperava.

— Porque você está sendo enxotado. - Ela confirmou, afastando o corpo dele do seu para mirar os olhos verdes, grandes e felinos. - Mas você não é um gato de rua, você tem uma casa.

— Quatro paredes e um teto não fazem um lar, e você sabe. - Ele devolveu o argumento com cara de desânimo. 

Mas a cara emburrada dele só a fez ter uma crise de riso.

— Só o Chat Noir para resumir a mansão Agreste à simples quatro paredes.

— Você sabe o que eu quis dizer. - O herói então se jogou no corpo dela, abraçando seu tronco delgado. Sentindo seu corpo relaxar apenas por ouvir o coração dela batendo de forma ritmada. - O meu lar é onde você está, princesa. Não quero ficar longe de você. 

— Não estou te pedindo para ir pra sempre. - Argumentou, com os dedos já enterrados nos cabelos dourados. - Mas você precisa ir pra casa alguma hora. Converse com Nathalie, arrume suas coisas, e à noite. Volte para mim, como sempre fez.

Ela ouviu apenas um resmungo em resposta.

— E você também precisa voltar para a escola. - Outro resmungo,  enquanto os braços fortes dele se apertaram ao redor de sua cintura, em um forte indicativo que ele não tinha a mínima intenção de sair e deixá-la em casa nesses dias. - Estou liberada para voltar às aulas em uma semana, gatinho. Não vai demorar muito.

Então Chat exalou, soltando o corpo dela e erguendo a postura novamente.

— Tudo bem. - Disse, sem conseguir esconder o desânimo. 

Não era como se esse assunto fosse uma surpresa. Notou que Mari estava preocupada consigo desde que ela descobriu que ele não havia retornado para a própria casa desde o "acidente" dela. Então, ela fazer essas exigências era só uma questão de tempo.

Ele também não queria dizer que apenas a ideia de ir lá o causava um mal-estar. Imaginar que ele viveu naquele lugar, por tanto tempo, sem saber que o corpo de sua mãe estava no subsolo, o deixava com náusea. 

Marinette sentiu o coração doer ao olhar a expressão melancólica dele. Aproximou as mãos e trouxe o rosto dele para mais perto, e arrastou vários beijos pela sua face.

— Vai ser rapidinho, logo estaremos juntos de novo. - Ela sussurrou em seu rosto, e sentiu os músculos dele relaxarem enquanto absorvia suas palavras.

Chat assentiu com a cabeça, tentando mudar o rumo dos seus pensamentos. Talvez, ir para casa fosse algo bom, depois de todo esse tempo. Mas a única coisa boa que conseguiu pensar, era que Plagg enfim iria parar de reclamar sobre os queijos que haviam ficado abandonados no quarto.

O casal então ouviu a porta do quarto abrindo novamente.

— Marinette, sua mãe perguntou se você precisa de alguma coisa. - Anunciou Alya, já entrando no quarto. - Posso despistar ela para vocês ficarem juntos mais um pouco.

— Não, tudo bem, já estou indo embora. - O herói respondeu. 

Pegou a namorada nos braços e desceu para a parte debaixo do quarto novamente. A sentou no divã e juntou os lábios aos dela em uma despedida breve.

— Te vejo daqui a pouco, meu amor. - Arrastou os dedos pelo rosto delicado dela, gravando seus detalhes, como se ele já não soubesse cada um vividamente em sua memória. - Fique de olho nela por mim, Alya. - Disse para a amiga antes de ir.

Marinette ficou olhando para a janela aberta, por onde Chat havia saído, até Alya chamar sua atenção ao coçar a garganta.

— Vai logo, desembucha.

Ao olhar para trás, e encontrar os olhos acusatórios da amiga, assim como a feição fechada e braços cruzados, Marinette sabia que não havia mais desculpas, por isso, resolveu ser direta.

— Preciso de um favor.

**********************************

Foi fácil para ele descer em um beco perto da mansão, desfazer sua transformação e esperar Gorila chegar com o carro.

O homem pareceu ter ficado surpreso quando o viu, mas obviamente, não contestou, enquanto os dois entravam pelas portas da casa.

Casa.

Adrien observou a fachada da frente e tentou conter o arrepio que subiu por sua coluna.

Sua mãe havia estado ali debaixo dele... todo esse tempo. E isso o fazia questionar, que outros segredos seu pai ainda guardava. Além de claro, ser o maior vilão de Paris.

— Adrien, que bom que chegou. - Nathalie apareceu no saguão de entrada assim que Gorila abriu a porta, os passos dela ecoando pelo cômodo vazio. 

Esse lugar sempre havia sido tão silencioso? Parecia que poderia ouvir as batidas de seu próprio coração se concentrasse mais um pouco.

— Tudo ocorreu bem com a alta da srta. Dupain-Cheng? - A mulher continuou, anotando algo em seu tablet. Adrien estava prestes a responder, quando reparou Gorila acenar com a cabeça ao seu lado. - Ótimo. - Ela disse, levantando os olhos e olhando para Adrien, parecendo satisfeita. - Estou indo visitar o seu pai nesta tarde, Adrien, e espero que possa se juntar a mim.

O loiro sentiu o sangue gelar naquele momento. Não queria nem lembrar da existência daquele homem, muito menos ir vê-lo. 

Prendeu a respiração enquanto começou a caminhar em direção às escadas, ignorando a pergunta da secretária.

— Estarei no meu quarto se precisarem de mim.

Disse simplesmente, e sentiu os nós de seus dedos doerem pela força que estava fazendo ao apertar as mãos em punhos.

Deus, como queria socar alguma coisa.

Entrou no quarto, e se perguntou se já era cedo demais para voltar para a casa de Marinette.

Mas ouviu a porta abrindo atrás de si e soube que não se livraria disso tão fácil.

— Adrien... - Nathalie iniciou com a voz doce, e por um momento, Adrien se sentiu mal por estar descontando a raiva de seu pai nela. Mas depois, lembrou que Hawk Moth tinha um ajudante, e ela ainda era, a maior suspeita. - Gabriel continua sendo seu pai. E ele sente a sua falta.

— Meu pai... - Disse, não conseguindo impedir a risada sarcástica de sair. - Eu achei que todo esse tempo, ele estivesse de luto pela minha mãe. Que ele ainda precisava de um tempo para se curar. - Virou de frente para a secretária, não importando se seus olhos estavam marejados enquanto a fitava. - Então, eu tentei ser o filho perfeito, fazendo tudo que ele me pedia. Só para descubrir que ele fazia isso? Akumatizava e aterrorizava as pessoas na tentativa de trazer minha mãe de volta?

Ele ainda não sabia como Nathalie continuou a trabalhar depois de saber que Gabriel era Hawk Moth. Achou que, depois que ela chamasse o advogado para ele na cadeia, ela pediria permissão e nunca mais a veria. Mas aqui estava ela, como sua guardiã legal, e ainda, leal ao homem que a contratou.

Nathalie continuou olhando para ele com piedade, como se ele fosse apenas uma criança mimada reclamando de algo trivial. E isso foi um basta, Adrien decidiu que era hora dela abrir os olhos para o monstro que Gabriel realmente era.

— Ele akumatizou crianças, Nathalie! Ele akumatizava as pessoas no momento em que elas estavam mais frágeis, e obrigava elas a fazerem o trabalho sujo dele, cometendo crimes, machucando outras pessoas. Elas não tinham controle do que estavam fazendo, é desumano isso. É um abuso! - Estava tentando controlar a voz para não gritar, mas estava sendo quase impossível.

Viu as sobrancelhas de Nathalie se erguerem em surpresa, como se o que ele tivesse falando fosse um absurdo.

— Gabriel só estava tentando trazer a esposa de volta, a sua mãe. Para poderem ser uma família novamente.

Adrien quase não conseguiu acreditar que havia ouvido isso.

— EU ERA A FAMÍLIA DELE! EU! - Gritou de volta para ela, enquanto batia a mão no próprio peito. Não sabia como ela ainda continuava na mesma pose séria de sempre enquanto ele derramava todas essas coisas. - E ele me deixou sozinho, Nathalie, todos os dias! O único filho dele, e para que? Pra correr atrás de uma busca milagrosa para trazer minha mãe de volta? E mesmo que ele a trouxesse de volta, qual seria o custo? - A mulher continuou o olhando apática, isso estava fazendo a paciência de Adrien se esgotar. - Ele nem obteve sucesso, mas ele já me perdeu. Por isso, por favor, não me peça para ir vê-lo novamente. Essa é a última coisa que quero fazer.

— O que teria feito, se a garota não tivesse acordado?

— O que? - Ficou confuso com a mudança drástica de assunto, não sabendo o que Nathalie queria dizer com isso.

— Sua namorada, Marinette. - A mulher continuou. Seu tom de voz era calmo, e transbordava condescendência, como se ela soubesse de algo que ele não sabia. Adrien odiou esse tom. - O que teria feito se ela não tivesse acordado do coma?

Adrien fechou os olhos, o mero pensamento causando um nó em seu estômago e suas mãos suarem frio. O pavor ainda bem vivo ali com a lembrança dela deitava na cama, com olhos que nunca abriam para vê-lo.

— Por que está falando isso? - Falou com a voz fraca, franzindo os olhos, tentando afastar os pensamentos, mas já sentindo um mal-estar por todo seu corpo apenas por lembrar.

— Estou dizendo para que pense bem, antes de julgar as ações de seu pai. - Nathalie disse, se aproximando, perto o suficiente para sussurrar a última frase. - Ainda mais quando você próprio estava as repetindo.

Aquilo o fez abrir os olhos instantaneamente, completamente assombrado.

— O que disse? - Sentiu a mandíbula doer com a força que estava fazendo para cerrar os dentes. - Eu jamais machucaria pessoas inocentes apenas para satisfazer meus desejos egoístas.

Então Nathalie abriu um sorriso astuto.

— Gabriel também começou apenas a observando. Dia após dia, não saía do quarto. Você não pode dizer que não fez o mesmo.

Adrien inalou fundo, já sentindo o sangue correr mais rápido em suas veia enquanto seu coração palpitava forte. Nathalie ainda tinha aquele sorriso no rosto, o que só contribuiu para sua raiva aumentar.

Não, ele não era igual o seu pai. Gabriel era um homem cruel que causou sofrimento à milhares de pessoas, enquanto ele jamais seria capaz de fazer o mesmo.

— O que faria depois, hum? - Ela o alfinetou com suas palavras, andando em volta dele enquanto falava, como um abutre. - Depois que os médicos disseram que talvez ela não fosse acordar mais. Você sabendo que para resolver isso, só precisaria de um anel e um par de brincos. Não me diga que a possibilidade nunca passou por sua cabeça.

Adrien estava olhando para o chão, enquanto as palavras dela se derramavam em sua mente como um veneno. Sim, ele havia pensado nisso algumas vezes no hospital. O anel em seu dedo começou a pesar...

— Mari jamais me perdoaria se eu fizesse. - Mordeu o lábio ao perceber que pensou em voz alta.

— Ah, então pensou a respeito. - Ela soltou uma risada ardilosa. - Um herói sacrifica a pessoa que ama para salvar o mundo, mas o vilão sacrifica o mundo para salvar a pessoa que ama. Me pergunto qual amor é mais forte.

Adrien não pôde deixar de olhar para Nathalie com desgosto após ouvir essa frase.

— Ele realmente conseguiu distorcer o certo e errado dentro da sua cabeça, não é? - Adrien deixou sua raiva de lado por um momento enquanto a olhava, o sentimento sendo substituído por pena. Finalmente entendeu que o problema de Nathalie, é que ela estava cega de amor. Não conseguindo mais pensar logicamente. - Ajudá-lo a trazer a esposa de volta não vai fazer ele te amar, Nathalie. 

Pela primeira vez desde que começaram a conversar, Adrien viu o rosto da mulher se contorcer em uma feição de fúria. Frazindo os olhos e deixando os lábios apertados em uma linha fina.

— Essa é outra questão que você não é capaz de compreender. - Respondeu ríspida, colocando ambos os braços novamente para trás, na tentativa de recompor a pose.

Os dois se encararam com severidade. Adrien sentia que estava andando sobre ovos. Não Sabia até que ponto Nathalie sabia sobre si e sua identidade, e também, não sabia até quando suas suspeitas estavam corretas ou se eram apenas fruto de sua mente paranóica.

Mas no final, ambos desconfiavam um do outro, e sabiam que era recíproco. 

A viu dar um longo suspiro, antes de ajeitar os óculos.

— Seu pai vai ficar triste por você perder outra visita. - Disse em um falso tom de melancolia. Talvez, fosse uma última tentativa de persuadí-lo.

— Triste é saber que ele quis impedir o próprio filho de ser feliz só porque ele não era. - Rebateu. Adrien não iria mais ficar calado sobre essa situação, e se isso significava que teria de enfrentar Nathalie todos os dias, que fosse.

— O jantar será servido às 20h. - Ela informou, como se nada tivesse acontecido e saiu do quarto. 

— Nossa, essa mulher ta precisando de arrumar um hobby. - Plagg murmurou ao sair de perto do Adrien e finalmente poder voar livre pelo quarto.

Adrien não pôde deixar de franzir os olhos enquanto olhava para a porta fechada. 

"Talvez ela já tenha um hobby." Pensou, um não muito bom, e por isso ela estava dessa maneira.

— Ah, meu camembert, está tão cheirosinho e cremoso! - Plagg exclamou entusiasmado, e Adrien torceu o nariz para o cheiro que tomou conta do quarto enquanto o kwami removia quase todos os queijos que estavam guardados no armário todo esse tempo.

— Separe só alguns para levar para a casa da Marinette. - Advertiu, enquanto se jogava na cama e soltava um gemido de cansaço. - Vamos para lá depois do jantar.

Estava em casa apenas alguns minutos, mas pareciam horas. E apesar de um sentimento nostálgico estar crescendo dentro dele ao olhar para o próprio quarto, tudo o que ele queria era ver paredes rosa, almofadas com estampa de bolinhas e cheiro de pão novo.

Já queria Marinette em seus braços novamente.

*******************************

Marinette sabia que Adrien estava destruído, e que ele não queria ir para a própria casa, mas sentia que era ela quem precisava ser salva agora.

Alya retrucou um pouco, mas seus argumentos eram falhos. 

Ela disse que Marinette não podia andar.

Mas Ladybug podia.

Disse que ela não tinha nescessidade de ir lá. 

Mas Alya não sabia que a Ladybug tinha assuntos para concluir.

— Tem certeza? - Alya perguntou sôfrega, na esperança de fazer a amiga desistir dessa ideia sem fundamento.

— Tenho. - Mas ela não tinha. A Antiga Marinette jamais esconderia isso de Adrien, ainda mais no estado emocional que ele estava. Mas parecia estar em uma encruzilhada. Se precisava resolver o quanto antes.

— Então me deixa ir com você!

— Não, Alya. Quero fazer isso sozinha.

A ruiva fez um beicinho antes de exalar em desistência.

— Ok, mas vai rápido! Por favor, não quero que o Adrien volte e não te encontre aqui. Ele vai enlouquecer.

Sim, ela sabia disso, e apesar de se sentir culpada, ainda não era o suficiente para impedí-la.

— Já estarei de volta! Tikki, transformar!

Além do mais, agora era a nova Marinette

E era nisso que estava pensando e aproveitando, enquanto saltava entres os telhados e se balançava por seu ioiô até o Centro Penitenciário de Paris, La Santé.


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Notas finais do capítulo

Não matem a Marinette! Ela tem suas razões!

E mano, essa briga do Adrien e da Nathalie, manoooooooooooo!! Até eu fiquei chocada com essa discussão kkk.

Gente, eu não sei como vai ser o desenvolvimento da Nathalie da série, muita gente gosta dela e espera que ela um dia acorde pra vida e pare de ajudar o Gabriel, mas ao meu ver, ela é uma mulher adulta e sabe muito bem o que está fazendo, e sabe também que é errado, mas ela não consegue parar pq ela é doente de amor pelo Gabriel. Uma prova que o amor não te deixa só cego, te deixa burro também. Então, eu não acho que ela vá mudar.

Sobre o próximo e último cap... (*respira e não chora*), ainda não sei quando vai sair, só sei que vai sair antes do último episódio da 4ª temporada, então, até o dia 11 de março eu volto aqui.

Mas estarei avisando para vocês, antecipadamente, pelo meu perfil aqui no watt, no nosso grupo do telegram (Insoniados) e.....

Pelo PERFIL DA FANFIC NO INSTAGRAM!!!! Hahahah e empolgação da gatah. Sigam lá @insonia_fanfic.
É isso, acho que consegui falar tudo. Quem quiser fofocar comigo sobre a série ou sobre a fanfic, pode me chamar no insta ou no telegram, vou adorar.

Beijos doces! Amo vocês! ♡



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