Insônia escrita por Babydoll


Capítulo 53
Insônia


Notas iniciais do capítulo

Não demorei tanto dessa vez kkk.

Aproveitem o capítulo, principalmente o final dele.... Vocês vão entender quando chegarem lá.

Boa leitura! ♡



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Nós fomos feitos um para o outro

Para ficarmos juntos para sempre

Eu sei que fomos

 

Eu só quero que você saiba

Que eu mal posso respirar, 

eu preciso senti-la aqui comigo

 

Quando você foi embora

Os pedaços do meu coração sentiram a sua falta

Eu senti a sua falta

(When you're gone - Avril)

Estava a caminho do hospital.

Havia recebido menos entregas nesse dia, o que não era necessariamente algo ruim, já que passou o dia preocupado com Adrien, e queria voltar ao Hospital Necker para checar se o amigo estava bem. Ele parecia mais abatido que o usual naquela manhã.

E também, desejava ver Marinette um pouco. 

Luka sentia falta dela. Mais do que achava que podia sentir, e muito mais do que aparentava aos outros.

Parou sua bicicleta no local de costume dentro do estacionamento e depositou o capacete  no guidom.

Estava andando em direção à porta de entrada, quando reconheceu duas pessoas afobadas indo na mesma direção.

— Alya, Nino! - Ele saudou de forma animada. 

Quase não os via devido o conflito de horários, a aula acabava duas horas antes do fim de seus turnos, mas também percebeu que eles haviam chegado mais cedo que o habitual. Juleka ainda estava na escola.

Foi quando Alya olhou para trás e o coração de Luka gelou. O rosto da garota estava banhado em lágrimas, e ele não pôde deixar de pensar no pior.

— Não... - A respiração acelerou e suas mãos suaram frios. Ele travou sob seus pés, sentindo que podia cair se desse mais um passo.

Mas foi Nino quem se aproximou.

— Ninguém avisou a você? - Ele disse,  com um sorriso no rosto. - Ela acordou!

Luka não prestou muita atenção no que aconteceu a seguir. Seu corpo agindo de forma automática, o levando para dentro do hospital, diretamente para o quarto de Marinette, com Alya e Nino em seu encalço, tão apressados quanto ele.

Parecia um de seus sonhos, um de muitos que teve durante esse tempo. Prendeu a respiração, com medo de fazer algo errado e acabar acordando em seu quarto, frustrado e triste como de costume, tentando se agarrar a algo que não era real.

Mas então ele abriu a porta, e sentiu que o ar faltou em seus pulmões ao ver a cena.

Adrien estava de costas para eles, na poltrona que ficava ao lado da maca, perto dos aparelhos, o que era muito comum. A mão dele por cima do lençol segurava a dela com carinho.

O incomum era Mari estar sentada na cama, e ela estava rindo de algo que provavelmente ele havia dito. Logo os olhos azuis foram desviados em direção à eles, parados na porta. Foi quando ela abriu um sorriso tão belo, que fez Luka se perguntar como ele estava vivendo todos esses dias sem ter essa visão.

— Mari! - Alya gritou por detrás dele, passando por entre os dois garotos parados à porta, correu para dentro do quarto e se jogou no colo da amiga. - Meu deus, eu senti tanto a sua falta! 

Marinette soltou uma risada gentil, e Luka percebeu quando Adrien movimentou a mão dela com a sua até os cabelos ruivos da garota, a mão feminina acariciando os cabelos de Alya de uma forma estranha.

Nino logo entrou no quarto também, indo até o loiro e o abraçando por trás da poltrona, visivelmente aliviado por tudo estar bem.

— Não sabe o quanto estamos felizes, Marinette. - Ele disse de forma emocionada, o que fez Alya se levantar sorrindo, enxugando as lágrimas.

Foi quando Adrien olhou para trás, convidando o mais velho com o olhar. Esperando por ele.

Mas Luka mal podia respirar, o que diria andar. Estava paralisado observando os quatro amigos, e apreciando como todos sorrisos pareciam encaixar um no outro. Eram como uma orquestra em perfeita harmonia, todos eles.

— Luka... - A voz dela. Ele quase fechou os ouvidos apenas para apreciar o timbre que não ouvia a tanto tempo. Mas ao invés disso, apenas fixou os olhos na figura magra que estava na cama. 

Ela havia perdido peso enquanto era sustentada apenas por soro, e estava mais pálida que o comum. Mas ainda era a mesma garota, a mesma Marinette e a mesma amiga que ele tanto sentiu falta.

Achou que a ausência dela seria como um eterno silêncio, sombrio e constante. Mas não, sua ausência gritava por todos os cantos. Sempre que buscava a irmã na escola, ele a procurava com os olhos. A cada ensaio da banda, via um lugar vazio que berrava por ela. E assim eram todos os dias, onde quer que olhasse, a saudade causava barulho.

Agora, Luka finalmente pode contemplar o silêncio. O silêncio da tranquilidade por saber que Mari estava aqui, de volta, junto com eles, completando-os.

— Talvez, não ter ido ao festival tenha sido uma má ideia... - Ela brincou, o sorriso travesso nos lábios fizeram os dele se abrir em uma resposta automática.

— É, acho que teria sido mais seguro. - Ele jogou de volta, percebendo logo em seguida que Marinette fez uma cara de confusão.

Ela parecia querer dizer algo, abriu a boca e a fechou sem dizer nada, mas então, ela olhou para Adrien.

Aquilo foi como um sinal. Luka fechou a porta atrás de si e, assim que fez isso, Sass saiu de dentro de sua blusa de frio. Observou Wayzz e Trixx fazerem o mesmo, surgindo perto de Alya e Nino. Todos eles a cumprimentando com animação, com Plagg e Tikki se juntando a eles.

Observou Marinette olhar assustada para todos, até Adrien acalmá-la, pegando sua mão e fazendo pequenas carícias com o polegar.

— Amor, eles sabem. - Explicou com carinho, levando os dedos finos dela até os lábios.

— Então... todos sabem? De mim e uns dos outros? - Ela olhou no rosto de cada um, ficando insegura por alguns segundos. 

Luka lembrou que Adrien havia comentado, poucos dias após o acidente, em como Marinette levava o segredo dos Miraculous a sério. Não lembrava as razões disso, só sabia que ele os alertou sobre serem sensíveis quando fossem revelar a ela.

E ele estava pronto para explicar, quando Alya tomou a palavra.

— Aconteceu, amiga. - A garota sentada na cama, alcançou a outra mão de Mari, por cima do lençol. - Depois que a identidade do Adrien foi revelada, tudo o que sabíamos era que Ladybug estava ferida, e ele precisava de ajuda, não tivemos escolha.

Viu os olhos azuis dela buscarem pelo namorado, mas o mesmo já havia abaixado a cabeça, evitando contato visual, como se culpasse por isso.

— Precisamos fazer isso agora? - Adrien retomou a postura em seguida. - Ela acabou de acordar. - Ele não parecia irritado, mas também não estava tranquilo.

— Onde estão os seus pais, Marinette? - Luka resolveu perguntar, saindo de perto da porta e criando coragem que precisava para caminhar em direção à ela, na cama. Viu os kwamis se esconderem no banheiro no processo, mais do que acostumados à rotina do hospital.

— Foram para casa. - Ela começou a explicar, um pouco hesitante, devido ao desconforto de Adrien. Mas isso não a impediu de falar. - Meu pai disse que queria cozinhar algo para os médicos e enfermeiros que cuidaram de mim, em agradecimento, e minha mãe foi buscar roupas minhas. Saíram pouco antes de vocês chegarem.

— Ótimo, então temos tempo para te deixar atualizada sobre tudo. - Disse com tranquilidade, se aproximando da cama ao lado da dela para sentar. Nino já havia saído de trás da poltrona e se juntado à namorada na beirada da cama de Marinette. 

Já ele, não sabia se conseguiria chegar tão perto ainda.

— Luka... - Ouviu Adrien protestar, lançando um olhar sério em sua direção. Estavam de frente um pro outro, apenas com a cama de Marinette no meio. Mas antes que pudesse respondê-lo, Mariette o fez em seu lugar.

— Adrien. - Os olhos dele fixaram-se nos dela, parecendo muito mais vívidos e brilhantes do que qualquer dia do último mês. - Eu quero saber o que aconteceu. Está tudo bem. - Ela abriu um sorriso gentil que foi capaz de quebrar todas as barreiras do loiro. Ficou nítido em como os ombros tensos dele relaxaram após a fala dela.

Luka fez uma nota mental: Adrien Agreste estava com o modo protetor ativo, e todos teriam que ter paciência de agora em diante.

— Então. - Mari os olhou de forma divertida. - O que eu perdi enquanto dormia?

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Um resumo rápido foi feito, e foi bom estarem todos juntos para isso, pois o que um esquecia, outro completava. E assim, a deixaram a par dos eventos mais importantes.

Luka percebeu como Mari às vezes fechava os olhos enquanto os ouvia. Não sabia se era para escutá-los de forma mais concentrada ou para criar uma imagem mental em sua cabeça. O que quer que fosse, estava deixando Adrien inquieto.

— Então, Gabriel foi preso. - Ela perguntou, quase de forma retórica, reabrindo os olhos. Parecia apenas estar organizando as coisas em sua mente. - E ninguém sabe aonde Mayura está, assim como o Miraculous do pavão.

— Estamos tentando descobrir quem ela é. - Alya continuou o raciocínio, o modo jornalista a mil. - Acreditamos que ela possa ser alguém que Gabriel conhece.

— Ah não ser que seja uma desconhecida para ele. - Nino completou, ajeitando seu boné de forma nervosa. - Vocês não sabiam quem o outro era quando receberam os Miraculous, não é?

— É diferente, Nino. - Adrien, que estava em silêncio a maior parte do tempo, soltou um longo suspiro enquanto se recostava na poltrona. Sem nunca largar a mão de Marinete. O polegar dele fazendo constantes afagos nas costas da mão dela. - Nossos Miraculous foram entregues por um guardião. Não sabemos onde meu p... eles, onde eles encontraram os deles. De qualquer forma, os dois trabalhavam em conjunto, o que a torna cúmplice dos seus...crimes.

Era visível o incômodo que Adrien sentia toda vez que o pai era o assunto. A respiração dele estava irregular e ele balançava a perna, agitado, olhando para qualquer lugar que não fosse o rosto dos amigos.

Luka soltou um suspiro. Os quatro já haviam conversado sobre esse assunto diversas vezes, sem nunca obter algum resultado. No fim das contas, era tudo especulação.

— Bom, seja quem for que estiver com o pavão, não provocou nenhum ataque até agora. Ao menos um ponto positivo. - O mais velho continuou, tirando o foco de Adrien e lançando um sorriso para Marinette.

— Sim. - Ela concordou, satisfeita. - E vocês também acalmaram a população sobre o Hawk Moth.

— Na verdade, eu tenho o vídeo desse dia, se quiser. - Alya retirou o celular do bolso, enquanto Marinette concordou, com expectativa.

O celular foi passado a Adrien, que estava mais perto dela, e ele segurou a tela enquanto o vídeo era reproduzido.

Marinette teve que concordar o quanto foi estranho ver a ela mesma ali, sabendo que não passava de uma ilusão. Percebeu também o quanto Chat parecia estar sofrendo durante todo o vídeo, e era horrível vê-lo daquele jeito.

Ergueu os olhos, vendo Adrien atrás do aparelho telefônico, e ele parecia estar incomodado apenas por lembrar daquele dia. 

— Vocês tomaram a decisão certa. - Ela falou assim que o vídeo terminou. - Tenho que agradecer a vocês. Protegeram minha identidade, para que Gabriel não descobrisse quem sou, e deixaram a população mais tranquila.

Adrien encontrou os olhos azuis dela, não conseguindo deixar de admirá-la. Ela mal havia despertado de um coma e já estava colocando os deveres acima de si mesma. Mas isso também o deixava ansioso, o motivo pelo qual não queria essa conversa agora era o fato de querer evitar preocupações desnecessárias sobre ela, para deixá-la se concentrar apenas em ficar melhor.

Adrien sabia como ela tendia a colocar muita pressão sobre os próprios ombros.

"Você nem consegue andar, mas já percorreu por Paris duas vezes em sua mente. Bugaboo teimosa!"

Ele segurou um riso, enquanto continuavam a conversa, até ouvir a pergunta de Marinette.

— E eu tive um ataque cardíaco? - Ouviu a pergunta da namorada e o sorriso que ameaçava sair morreu na hora. Adrien viu seus amigos trocarem olhares entre si, aquele dia ainda assombrava sua mente, assim como dos outros ali.

— O médico disse que foi devido a cirurgia recente. - Foi Luka quem respondeu, e Adrien ficou grato à ele por isso. Não sabia se ele seria capaz. - E está fora de perigo agora.

Luka estava com ele naquele dia. Não se esqueceria de como o amigo o acalmou depois que todo o terror acabou. 

O coração de sua amada havia parado por alguns minutos. Sem batimentos algum. Isso era algo que ele jamais seria capaz de superar.

— Olá! - Uma enfermeira entrou pela porta, carregando uma bandeja. Atrás dela, estava Sabine. - Preciso que nos deem licença agora, meninos. 

— Oi querida, trouxe algumas de suas roupas, não vai mais precisar usar as camisolas do hospital. - Sabine deixou uma mala em cima do sofá, enquanto Luka, Nino e Adrien se levantavam.

— Obrigada mãe. 

—Te vejo daqui a pouco, M'lady. - Adrien ainda segurava a mão dela, quando fez uma reverência e depositou um beijo casto em sua pele. 

Marinette sentiu suas bochechas queimando, não só pelo gesto, mas pela plateia.

— Ah, pelo menos o garoto consegue colocar uma cor no seu rosto.

— Sra. Bonnet! - Adrien a censurou, sabendo como Louise era "espirituosa", sorrindo sem  jeito enquanto ele próprio sentia o rosto esquentar. - Não a deixe sem graça. 

A enfermeira apenas riu, enquanto os meninos saíam, e Mari se viu no quarto apenas com sua mãe e Alya. 

— Não vão embora ainda! - Mari falou para os três, quando estavam já na porta.

— Não vamos a lugar nenhum. - Luka lançou uma piscadela antes de fechar a porta, e Mari soltou um riso baixinho.

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— E essas são as vitaminas. - Enfermeira Louise entregava mais algumas pílulas coloridas, além das outras que Mari havia acabado de ingerir. - Precisamos aumentar sua imunidade antes de você sair daqui, mocinha.

Mari às pegou de bom grado, colocando as três pílulas na boca antes de pegar o copo estendido por Alya e engolí-las. Elas já haviam colhido sangue e trocado o acesso da mão para a outra. 

Viu Louise a olhar com olhos marejados, o mesmo olhar que sua mãe a olhava desde que acordou. A mulher pareceu perceber e riu, enquanto enxugava os olhos.

— Me desculpe, eu apenas estou muito feliz por te ver acordada. 

— A Sra. Bonnet cuidou de você esse tempo todo querida. - Sabine se aproximou, o pijama de Marinette em seus braços. - Somos muito gratos à ela. 

A enfermeira sorriu, antes de levantar e juntar as coisas que trouxe em sua bandeja.

— Tudo bem, vou deixá-las à vontade agora. Conseguem mesmo trocar a roupa dela? - Marinette viu Alya e sua mãe acenas com a cabeça, e se sentiu bem melhor. 

A ideia de sua mãe e sua amiga terem que tirar sua roupa e colocar outra já era um pouco intimidadora, mas ter uma estranha fazendo isso, era apavorante. Se sentiu grata por elas se esforçarem para deixá-la à vontade.

— Tudo bem, então eu volto amanhã para checar você. Sua pressão ainda está um pouco baixa, então tente comer bem hoje a noite. E amanhã também começa sua fisioterapia, vamos torcer para você conseguir sair desse hospital quase andando.

Marinette crispou os lábios enquanto sentia o suor frio na palma de suas mãos. Parecia que tinha muita coisa para fazer, e sentia que havia perdido tempo demais. Tentou não ficar nervosa ao pensar nisso, tinha que manter o pensamento otimista de que logo voltaria ao normal, mexendo seus braços e pernas por conta própria.

Ela tentou suavizar seu rosto para que ninguém percebesse suas aflições.

— Tudo bem, Sra. Bonnet, obrigada!

A mulher rapidamente saiu do quarto, e Sabine e Alya começaram à despí-la.

Marinette tentava ajudá-las, mas não podia colaborar em quase nada com seus infimos movimentos. Decidiu se distrair com alguma conversa.

— Então mãe, como está a padaria?

Sabine terminou de passar a blusa pela cabeça da filha, antes de formular uma resposta.

— Está bem. Seu pai e eu conseguimos manter o negócio enquanto revezávamos para ficar aqui com você. - Sabine ajeitou os cabelos escuros de Marinette, aproveitando para fazer um carinho em sua face. - Mas isso não é algo que você deva se preocupar agora meu bem. - Mari se sentiu culpada novamente por tê-los feito passar por tantas dificuldades. - E também, tivemos o Adrien para nos ajudar, não teríamos conseguido sem ele.

O nome fez os pensamentos da garota mudarem totalmente de direção.

— Adrien? Como assim?

— Ué amiga, você não notou? - Alya entrou na conversa, enquanto passava um dos pés da amiga por dentro da calça. - O seu boy ficou acampado no hospital esse tempo inteiro. - Ela terminou a fala apontando com o queixo para o sofá no canto do quarto.

Sim, Marinette havia notado as mochilas e alguns pertences de Adrien ali, imaginou que ele tivesse sim ficado algumas noites ali com ela, mas não todas!

— Ele disse que você precisava dele do seu lado, e se recusou a sair. - Sabine continuou, terminando de colocar a calça do pijama de Mari e indo até a mesa de cabeceira pegar uma escova de cabelo. - Não sabíamos o que ele queria dizer com isso.

"Ah, eu sei bem o que ele queria dizer..." - Mari finalizou em pensamento.  

— Não pudemos contestar, ele já estava passando por tantos problemas, pobrezinho. O pai dele foi preso, ele te contou? - Sabine estava desembaraçando os cabelos da filha, que nem notou a troca de olhares entre a filha e Alya, ao tocar no assunto.

— Ele contou sim, mãe. - Ela mordeu o lábio, temendo que a raiva em seu interior pudesse fazê-la dizer o que não devia. - É uma situação horrível.

— Nem fale. - Alya disse em suporte, buscando a mão de Mari por cima da cama e dando um leve aperto em seus dedos. O gesto fez o interior de Mari se aquietar, mas não tanto quanto gostaria.

— De qualquer forma, conseguimos mandá-lo pra casa alguns dias. A nossa casa. - Marinette ficou surpresa com a informação. Imaginou que seus pais deveriam ter insistido muito até convencer Adrien de sair. Sabine finalizou a escovação, pegando a camisola que Mari estava usando e colocando em um cesto. - Ele disse que não queria ir pra mansão e ficar lá sozinho. Acho que ia se sentir solitário sem o pai, mesmo que a secretária e o guarda estivessem lá. Ela possui a guarda dele agora, sabia? Desde que recusou a ir com a tia para a Inglaterra. 

A mulher continuou a falar, enquanto arrumava o quarto e ajeitava as flores que Marinette havia recebido, trocando a água de algumas e jogando fora as que já estavam murchas, que eram muitas. Marinette sentiu um arrepio apenas de imaginar Adrien indo embora para tão longe.

— A guarda dele está com a Nathalie? Eu não sabia. - A garota notou que o olhar da amiga também era de surpresa, e se perguntou porque Adrien não teria dividido essa informação com os amigos.

— Ah, isso me lembrou uma coisa! - Sabine parou de repente, em sua mão havia uma rosa vermelha. Ela já havia perdido um pouco de suas pétalas, mas ainda continuava linda. - Chat Noir trouxe isso. Ele passava pra te visitar algumas noite, um amor.

— É mesmo tia Sabine? Dessa eu não sabia. - Alya comentou de repente, antes mesmo que Marinette pudesse dizer algo. - Que herói prestativo! - Ela quase bufava de raiva

Mari sentiu o coração se apertar com isso, enquanto todos achavam que Adrien havia finalmente ido descansar...

"Adrien, o que você estava pensando..."

— Foi muito lindo da parte dele, um super-herói vir checar se você estava bem. - Sabine continuou sem reparar em como as duas garotas estavam, terminando de organizar todo o quarto.

— É, o Chat Noir é incrível. - Marinette tentou mascarar sua preocupação com um falso ânimo, suspirando aliviada quando percebeu que sua mãe estava mais concentrada no quarto do que na conversa, senão, ela já teria notado Alya quase soltando fogo pelos olhos.

— Tudo bem, agora está tudo organizado. - Sabine sorriu satisfeita consigo mesma, indo até a filha e depositando um beijo no topo de sua cabeça. - Vou ajudar seu pai na padaria e voltamos a noite para ficar com você. Vou pedir os meninos para entrarem, mas lembre-se que você também tem que descansar.

— Só vamos ficar mais um pouco, tia Sabine. - Alya a assegurou,  percebendo a mulher ficar mais tranquila após sua fala.

Ela lançou um sorriso para as duas antes de sair. Pouco tempo depois, os três garotos entraram no quarto.

— Eu não acredito que você fez isso! - Alya mal pode esperar que eles fechassem a porta para despejar sua raiva. Levantando e caminhando em direção ao grupo.

— O que eu fiz agora? - Nino parou com as duas mãos na frente do corpo em forma de defesa, enquanto seu rosto era tomado por uma feição de pavor, enquanto os outros dois pararam no lugar, sem entender o que estava acontecendo.

— Não você, Nino. Parece que um certo gato vinha visitar a Mari no hospital, sem a gente saber! - A garota cruzou os braços enquanto batia o pé no chão. Típica pose de uma mãe quando dá bronca no filho.

Marinette viu Adrien abaixar os ombros, e não sabia se ria da cena ou se defendia o namorado.

— Alya, ele só estava tentando me ajudar! - Interferiu, mal contendo o riso.

Não sabia até que ponto os amigos tinham conhecimento sobre como a relação deles começou, por isso, não esperava que pudessem compreender a profundidade dessa situação. 

— Eu só não contei porque sabia que iam reagir dessa forma. - Adrien completou, ainda na defensiva, e felizmente, a resposta dele fez com que Alya relaxasse a postura, soltando um suspiro cansado.

— Cuidar de você é pior que cuidar de criança. Eu me demito. - Ela jogou os braços para o alto, e Marinette viu Luka sorrindo junto com Nino, enquanto eles se aproximavam da cama dela novamente. 

Adrien sentou na poltrona ao seu lado e abriu um lindo sorriso, que ela logo correspondeu, sentindo as mãos dele irem de encontro a sua.

— Então você deu trabalho, que coisa feia. - Brincou, e viu Adrien levar a mão livre até a nuca, coçando seu cabelo de forma constrangida.

— Talvez um pouco.

— Um pouco? - Alya disse irônica. Nino estava sentado atrás dela na beirada da cama, massageando os ombros, talvez na tentativa de deixá-la mais calma, o que gerou mais risos no quarto.

Os cinco ficaram conversando, aproveitando o pouco tempo que tinham até que horário de visita terminasse, no fim da tarde.

Marinette estava apenas apreciando, enquanto seus amigos contavam sobre a escola, seus dias e as novidades que havia perdido, quando sentiu um peso cair sobre seu braço.

Adrien estava ainda sentado na poltrona, a mão dele segurando firmemente a sua, mas seu tronco estava debruçado sobre a cama, e a cabeça escorada em seu antebraço. Os olhos fechados, enquanto a respiração mantinha um ritmo lento e frequente, o embalando em um sono doce e tranquilo.

— Tem muito tempo que eu não o vejo dormir assim. - Nino comentou, fazendo Marinette desviar os olhos dos fios dourados do seu namorado para o rosto do amigo. 

Só então percebeu que todos também encaravam Adrien.

— Ele não saia do seu lado por quase nada, Mari. - Luka comentou, mirando o loiro dormindo, lembrando da conversa que tiveram há algumas semanas. 

Adrien achava que Mari precisava da presença dele, mesmo desacordada. E por mais que o mais velho achasse a ideia completamente insana, Mari havia tido um ataque cardíaco no dia em que ele saiu, e nenhum deles estava disposto à comprovar a teoria novamente.

— Ele nem foi para a escola. - Alya continuou, pegando a mão de Nino e abrindo um sorriso para ele. Mari não havia notado que o amigo estava tenso até aquele momento, em que ele pareceu relaxar, soltando um suspiro e devolvendo o sorriso à Alya. - Nino trazia as anotações das aulas para ele todos os dias.

— Nossa, isso foi atencioso. - Mari falou, surpresa pelo gesto. Lançou um olhar para o amigo, que parecia sem graça por ter seus atos revelados. - Obrigada, Nino.

Se perguntou como havia sido, para eles, passar por essa situação. Imaginou todos se apoiando e se ajudando, e ficou orgulhosa dos amigos que tinha. Se lembraria de agradecê-los mais tarde.

— Eu também fiz as suas anotações, pra você não ficar atrasada na escola. - Alya completou, e Marinette voltou os olhos para ela, vendo-a abaixar a cabeça, antes de soltar um fungado. - Porque é claro que você ia voltar, não é? - Então Alya levantou o rosto, e Mari pôde ver os olhos da ruiva cheios de lágrimas, enquanto ela tentava disfarçar com um sorriso, e isso tocou fundo em seu coração.

— Oh Alya. - Marinette quis poder abraçá-la naquele momento, se frustrando por não conseguir fazer nem isso. - É claro. Mas é claro que eu ia voltar.

Ela olhou com ternura para todos ali, sentindo uma emoção forte crescendo dentro de si enquanto eles a olhavam de volta, de forma emocionada. Sorrisos abaixo de olhos marejados.

— Estou muito feliz que ele teve vocês. - Disse com serenidade, olhando para os amigos. - Obrigada por cuidarem dele por mim.

Fitou Adrien em seu sono pesado, finalmente descansando. Ela sabia bem como era essa sensação, de finalmente conseguir dormir em paz depois de semanas.

Mas, mesmo depois de ter suas dúvidas esclarecidas, e ficado a par do que havia acontecido, Mari ainda estava sentindo um aperto em seu peito. Não quis dizer nada a nenhum deles, muito menos diria aos seus pais. Afinal, estavam todos tão felizes, e não seria ela a estragar esse clima.

**************************************

Uma enfermeira apareceu uma hora depois, alertando que já havia dado do horário para as visitas saírem.

Viu Alya soltar um resmungo, mas ela levantou da cama sem reclamar.

— Estarei aqui amanhã sem falta! - Falou com determinação, colocando ambas as mãos na cintura. - E vou trazer as meninas.

Marinette não pode conter a risada, sentindo uma saudade repentina invadir seu corpo ao pensar nas amigas.

— Eu mal posso esperar!

Se despediu do casal e, enquanto eles saíam, viu uma oportunidade perfeita.

— Luka, espera um pouco. - O mais velho já estava perto da porta, quando a olhou confuso, mas atendeu ao pedido, se despedindo de Alya e Nino antes de fechar a porta novamente. - Vem aqui. - Ela pediu com gentileza, vendo suas suspeitas se confirmarem quando o viu hesitar. - Por que você não chega mais perto?

Luka ficou estático por uns segundos, antes de um sorriso triste abrir em seu rosto e soltar uma risada anasalada.

"Sim, se havia alguém que pudesse perceber isso, tinha que ser você, não é? Marinette..." - Ele se sentiu patético.

— Tenho medo que você desapareça se eu me aproximar demais. - Foi o que respondeu, levantando os olhos para a garota sentada na cama. A voz séria, quase em um sussurro, mas alto o suficiente para que ela pudesse ouvir.

— Luka... - Tentou estender o braço livre na direção dele, mas tudo o que conseguiu foi um pequeno movimento sobre o lençol. 

Mas foi mais do que suficiente para ele entender e obedecer ao seu pedido.

O garoto se ajoelhou ao lado da cama, o lado oposto de onde Adrien estava, e pegou a mão de Marinette com as suas.

Lágrimas encheram seus olhos azuis quase instantaneamente. E ele estava controlando-as para não caírem.

— Do que você tem medo? - Ela perguntou baixinho, com medo de que ele fugisse caso fizesse a pergunta errada. Mas ela sabia que Luka estava sofrendo, e precisava colocar esse sofrimento para fora.

— Tenho medo das coisas que vi... - Ele falou, a voz embargada quase falhando. - E principalmente, das coisas que não consegui mudar. - Algumas gotas quentes caíram sobre os dedos dela.

— Eu estou bem, Luka...

— Mas foi real. - Ele continuou, a cortando, enquanto fazia movimentos de negação com a cabeça. - Tudo o que eu vi, foi real.

Ouviu pequenos soluços vindo dele, e se perguntou por quanto tempo ele estava se segurando. Sentiu o peso de Adrien em seu outro braço, e então soube que era por ele que Luka havia sido forte por tanto tempo.

— Me desculpa, Marinette. Me perdoa... - Ele fez menção de soltar a mão dela, enquanto se esforçava para interromper seu choro iminente. Mas ela usou um pouco da força que tinha para segurar sua mão, fazendo, finalmente, os olhos azuis se voltaram para ela.

— Vocês fez o que pôde.... - Ele mordeu o lábio com força, ainda se controlando para as lágrimas não transbordarem. - Nada poderia ter sido diferente do que aconteceu. Você não falhou, Luka.

— Eu falhei com você... - Sabine e Tom quase perderam a filha; Alya, Nino e Juleka quase ficaram sem a amiga; Adrien sem namorada; Paris sem Ladybug e ele... quase havia ficado sem ela.

— Não. - Deixou a voz suave de lado, queria demonstrar a firmeza que havia em seu interior. - Se eu estou aqui hoje, viva, é graças a você.

Para Luka, aquilo foi o estopim. A culpa havia pesado em seu coração por tempo demais, e a libertação dela foi como um recomeçar. Ele debruçou no colo de Marinette, se derramando por completo. O choro, antes contido e calmo, agora saía de forma violenta.

Mari sentiu Adrien despertando assustado, olhando diretamente para o amigo.

— Está tudo bem. - Ela assegurou, apertando a mão dele o melhor que conseguia. - Ele precisa disso, está tudo bem.

Viu os olhos verdes ainda confusos, mas logo ele pareceu relaxar. Adrien levou a mão livre até os ombros trêmulos de Luka, consolando-o da forma que podia.

Luka saiu alguns minutos depois, após se levantar e enxugar as lágrimas envergonhado, ainda pedindo desculpas à Adrien por tê-lo acordado. 

Mas Adrien estava feliz por saber que o amigo havia desabafado, mesmo que não tivesse sido com ele. 

****************************************

— Mari... - Ouviu alguém a chamar baixinho, e sentiu leves cutucões em seu ombro. - Mari!

Abriu os olhos, ainda um pouco confusa por ter sido acordada. Olhou em direção ao seu ombro direito, onde Tikki estava pousada. Mas antes que pudesse perguntar a kwami o por quê de estar sendo acordada no meio da madrugada, viu a pequena apontar com suas patinhas para trás.

Marinette ajustou sua visão pela escuridão do quarto, e segundos depois, conseguiu enxergar Adrien sentado no sofá. Ele estava com os cotovelos sobre o joelhos, ambas as mãos escondidas entre os seus fios loiros e macios.

Era a terceira noite seguida em que ele passava acordado. E a garota só ficou sabendo desse fato porque Plagg e Tikki a contaram. Pediu a kwami para acordá-la, caso acontecesse novamente, e mesmo a contra gosto, viu que Tikki cumpriu seu pedido.

Acenou com a cabeça para a kwami, agradecendo em silêncio, antes de chamar pelo namorado.

— Adrien... - Apesar de já estar fazendo fisioterapia, Mari ainda não conseguia andar por conta própria, nem com ajuda de muletas. Suas pernas ainda estavam fracas demais, então, tudo o que ela podia fazer era chamar por ele.

Viu o garoto erguer o rosto assustado, a olhando ainda assentado no sofá.

— Está acordada, meu amor. - Ele levantou, o cenho preocupado. - Está sentindo alguma dor?

— Não, estou bem. - Estendeu o braço o máximo que conseguia em sua direção, o incitando-o para perto. - E por que está acordado?

Já conseguia movimentar os membros superiores com maior facilidade, mas não completamente. Também não tinha força para segurar coisas muito pesadas, muito menos se apoiar. Mas já era um avanço.

— O sono não vêm... - Disse enquanto se aproximava, a olhando abatido. 

Os olhos esmeraldinos brilhando à luz da lua devido às lágrimas que os banhavam. Ele sentou ao lado dela, na poltrona de sempre, pegando sua mão e a levando aos lábios.

— Volte a dormir, princesa, você precisa descansar. - Ele a mirou com carinho, levando a mão livre até os cabelos escuros, fazendo carícias enquanto os espalhava pelo travesseiro.

— O que estava pensando? - Marinette conseguiu perguntar, fazendo um esforço gigantesco para permanecer acordada. Mas ela não fazia nada o dia inteiro além de ficar deitada, sentiu que podia muito bem perder uma noite de sono por ele.

Se sentiu desperta ao ver Adrien soltar um suspiro pesado, e desviar o olhar na tentativa de esconder dela os olhos marejados novamente.

— Às vezes, quando eu fecho os olhos... - Ele começou, balançando o pé de forma ansiosa enquanto falava, mirando o céu noturno pela janela aberta. - Pensamentos ruins invadem minha mente, e eu imagino que você ainda não acordou, que tudo foi apenas um sonho. - Não ousou interromper enquanto ele falava, as palavras saíam dos lábios trêmulos com dificuldade. Até que ele soltou um soluço, o choro irrompendo de seus olhos antes que ele pudesse segurar. - Penso que estou sozinho, de novo...

O coração de Mari ficava apertado sempre que o via chorando. Ela viu Tikki acordando Plagg, que estava no travesseiro na outra ponta do sofá, e sinalizou para eles que estava tudo bem, mas mesmo assim, os dois kwamis voaram para a mesa de cabeceira. Plagg estava esfregando os olhos com as patinhas, enquanto Tikki olhava Adrien preocupada. E apesar de dizer que não se importava muito, o kwami preto parecia sempre estar ao lado de Adrien, zelando por ele em silêncio.

Por sorte, os pais de Mari não estavam no hospital essa noite para vê-lo nesse estado.

A padaria havia recebido um pedido especial para um evento, e como os negócios haviam diminuído no último mês, por conta do revezamento de seus pais para ficarem com ela no hospital, Mari insistiu que eles focassem no trabalho, ao menos um dia. Assegurou que estaria bem com Adrien a fazendo companhia. Além do mais, eles tinham muitas despesas médicas para pagar.

Adrien disse que ele arcaria com todas as contas do hospital, mas Tom não concordou e relutou para que pagasse, ao menos, metade. Ainda assim, era muito dinheiro.

— Oh, meu amor, eu estou aqui. - Mari passou o braço em volta dos ombros dele, o aconchegando em seus braços, do jeito de pôde. - Não vou a lugar nenhum. - Mas apesar das suas palavras, Adrien ainda chorava fortemente em seus braços, soltando soluços que pareciam rasgar a alma de tristeza. - Me desculpa, gatinho.

— Sabe que não é culpa sua. - Ele respondeu, erguendo a cabeça e fungando, para só então olhar diretamente em seus olhos. - Eu só... tinha muito medo de te perder, meu amor. Todos os dias... - Ele confessou, inspirando fundo, como se fosse bom finalmente colocar seus anseios para fora.

Mari começou a acariciar os cabelos dele, enquanto o via relaxar aos poucos. Ele só precisava de alguns minutos para acalmar.

Mari aproveitou sua aproximação e passou ambas as mãos pela lateral de seu rosto, enxugado os resquícios de lágrimas que escorriam em suas bochechas.

— Você está com a aparência tão cansada, meu príncipe. - Ela apontou com carinho, reparando em seus olhos fundos.

— Eu tinha medo de dormir. - Ele expôs, passando a mão no rosto dela também, fazendo pequenas carícias enquanto sentia os olhos dela o fitando com ternura - Medo de que você tivesse pesadelos enquanto eu dormia, e por conta do coma... - A mera menção da palavra ainda o causava calafrios. - Você só ficaria sofrendo, com medo, sem conseguir acordar. - A voz dele sumiu aos poucos ao terminar a frase, como se ele próprio perdesse suas forças apenas por pensar nisso acontecendo com ela. - Não que eu pudesse fazer algo acordado, mas mesmo assim, acho que não dormir virou um hábito.

Adrien mordeu o lábio ao sentir os olhos arderem novamente. Fechou os olhos bem apertados, esperando que essa angústia sumisse, tentando controlar seu coração acelerado

— Tudo o que eu podia fazer, era apenas orar para que tudo ficasse bem. - Finalizou ao se sentir mais calmo. Reabriu os olhos, vendo duas pedras de topázio ainda o fitando.

Mari parecia muito preocupada com ele, e novamente, ele se frustrou por não conseguir manter seus temores apenas para si. Sabia que ea se sentiria culpada por vê-lo tão triste, e Adrien odiaria que isso acontecesse. 

Por isso, limpou as lágrimas com as mãos, ajeitando a postura na poltrona e abriu um sorriso.

 — Ou, acho que eu só preciso da minha princesa de pelúcia para dormir. - Brincou, como há tempo não fazia. Uma nostalgia cresceu dentro de si, lembrando de dias em que a atormentava com suas infinitas piadas e gracinhas.

Sentia falta de ser desse jeito.

Mas se sentiu bem ao ver Marinette rindo, ainda deitada na cama. Ela havia se lembrado da comparação.

— Então, não consegue dormir mais sem mim, gatinho? - Mari abriu um sorriso astuto. Ela percebeu a maneira que ele havia desviado o assunto, mas não ia perder a chance de deixá-lo alegrá-la.

— Pois é M'lady,o que eu faço agora? - Falou, se levantando e debruçando sobre ela ainda na cama. Os olhos verdes e azuis se encarando com intensidade. Adrien sentiu que quase não podia respirar, enquanto uma ideia surgia em sua cabeça. - Está cansada? - Viu a namorada negar com a cabeça antes de continuar. - Então eu preciso fazer uma coisa. Plagg... - Observou o kwami, que antes estava escorado em Tikki na cabeceira, flutuar até seu encontro antes de continuar o comando. - Mostrar as garras.

— O que vai fazer? - Mari perguntou, com divertimento na voz, enquanto um brilho verde tomava conta do quarto e a imagem de Chat Noir se formava em sua frente. O corpo dele, agora bem diferente do corpo esguio de Adrien, a fez perder o fôlego por alguns segundos. Viu Tikki, pelo canto do olho, voltar para seu travesseiro, na tentativa de lhes dar privacidade.

Ao invés de respondê-la, Chat apenas aproximou mais ainda da garota deitada na cama. Colocou as mãos do lado da cabeça dela, uma de cada lado, e abaixou o rosto até estar bem perto de seu ouvido.

— Eu vou te beijar. - Ele afirmou subitamente, em um sussuro, a pegando desprevenida e lhe causando arrepios. 

Eles não haviam feito isso desde que ela despertou, e de repente, Mari se viu ansiosa. Mas então, ele se levantou, a deixando confusa.

— Mas não quero fazer isso com você deitada nesta cama.

Mari tentou conter o rubor que começou a tomar conta de seu rosto. A voz dele havia ficado mais grave, e os olhos felinos brilhavam sob a luz da lua, quase verde fluorescentes. Provocantes e penetrantes. 

Ela prendeu a respiração por um momento, a boca ficando seca de repente, ansiando pelo contato da dele. Engoliu em seco antes de responder.

— M-mas eu não consigo ficar em pé ainda.

O herói abriu um sorriso ladino, que fez o interior de Mari se agitar em expectativa. O coração bombeando tão rápido que ela quase podia ouvir as batidas.

— Deixe isso comigo.

Os braços fortes dele a pegaram no colo antes que pudesse protestar. E Chat rapidamente a colocou de costas contra a parede fria, contrastando com o corpo quente dele esmagando o seu.

— Não vou te deixar cair, não se preocupe. Só se concentre em mim agora... - Ele ciciou as palavras nada castas em cima da boca feminina. E sorriu quando a viu soltar um suspiro extasiado. As enormes mãos com garras estavam firmes em seus quadris, a prendendo no lugar. Como uma perfeita presa, sem escapatória, ela estava entregue à Chat Noir essa noite.

Passou a língua áspera por cima dos lábios rosados e entreabertos para ele, mal se contendo para devorar a boca macia dela. 

Mari se deleitou quando os lábios macios dele tocaram os seus, língua dele invadiu seu espaço, reivindicando cada canto, tomando posse como se tudo pertencesse a ele. E de fato, pertencia.

Chat sentiu as finas mãos dela agarrando seus cabelos. E Deus, como ele havia sentido falta disso. Todo seu corpo se arrepiava, cada vez que a língua dela tocava na sua, se misturando, enrolando, fundindo. 

— Sabe o que é engraçado. - Ele começou a falar com a voz rouca, interrompendo o beijo para arrastar sua boca pela bochecha e mandíbula dela, até chegar em seu pescoço. Mari só conseguiu fechar os olhos e apreciar o contato. - Por todo esse tempo, beijos não haviam nem passado pela minha cabeça. Mas agora que você está aqui, me sinto como um homem sedento que acabou de encontrar um oásis.

As palavras  ditas contra sua pele fizeram os pêlos de sua nuca arrepiarem. E ela mal pode conter um gemido.

— Hm, Chat....

— Satisfaça minha sede, Mari...- Voltou os lábios aos dela, degustando do que havia sido privado por tanto tempo. 


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Notas finais do capítulo

Ui, tá quente aqui é menino? hahahah. Adoro!

Após esse capítulo, eu quero perguntar a vocês: o "Insônia" do título da história, era por causa da Marinette ou do Adrien?

Vou explicar: bem lá no começo, eu expliquei que tinha diferença entre insônia e terrores noturnos.

Na primeira interação Marichat, o que o Chat Noir respondeu pra Mari foi que ELE estava com Insônia, e por isso, estava passeando pelos telhados naquela noite.

E após tudo, Adrien desenvolveu insônia pela preocupação dele com a Mari no hospital.

Marinette nunca teve Insônia.

Adrien sim.

Espero que tenham gostado!! Beijos doces, e até o próximo!



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