Insônia escrita por Babydoll


Capítulo 55
Miraculous


Notas iniciais do capítulo

Não tenho estrutura para dar algum aviso inicial hoje. Nos vemos no final.

E o meu último: Boa leitura ♡



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Algumas pessoas desabam e nunca mais levantam.

Outras recolhem os cacos e os colam com as partes afiadas viradas para fora.

(O Jardim de Borboletas)

Estava óbvio o espanto no rosto dos guardas. Ela acharia cômico, se não estivesse tão focada em seu objetivo.

Nem ao menos havia se permitido apreciar o simples fato que era poder caminhar com suas próprias pernas, sem precisar de algum tipo de apoio. Não que isso fosse tão importante, pois se dependesse de si, estaria em sua casa agora, na sua forma civil, mesmo que debilitada.

Mas não estava ali porque queria, e sim, porque precisava.

Marchou pelos corredores cinzentos, com cheiro de mofo e metal, nem ao menos desviando o olhar para as cabeças curiosas que viravam em sua direção enquanto passava. Algo atípico da sua conduta habitual.

Mas o que havia de habitual nela ultimamente? Quase nada. Se sentia uma estranha presa debaixo de sua própria pele na maior parte do tempo. Sem contar que podia sentir a adrenalina correndo em suas veias só por estar naquele ambiente.

Mas isso acabaria hoje.

O guarda à sua frente olhava para trás hora ou outra, talvez para convencer a si mesmo de quem realmente estava ali com ele, enquanto ele a levava para a sala de destino.

 Já ela, não imaginou que seria tão fácil atender ao seu pedido. Mas quem negaria algo à heroína de Paris, não é mesmo?

Viu as mãos do pequeno guarda tremerem enquanto ele colocava a chave no lugar, quase não conseguindo destrancar a porta.

— Fique à vontade. - Ele disse, e pela voz trêmula, ela percebeu que ele estava bem hesitante. - Haverá guardas no corredor se você precisar... - Ele interrompeu a própria fala, engolindo em seco e correndo os olhos para ela antes de continuar. - N-não que você precise.

Não entendeu por que o homem estava tão assustado com ela, até perceber a tensão em seu próprio rosto. Os olhos franzidos, a boca apertada, mandíbula cerrada. Todo seu ódio estava estampado em suas feições, direcionado a pessoas que não a mereciam. 

Mas o seu alvo estava próximo demais para conseguir relaxar. De pé, ao lado da porta, já conseguia ouvir a respiração do homem dentro do cômodo.

— Obrigada, mas realmente não será necessário. - Respondeu rapidamente, torcendo para ser o suficiente para finalmente ficar sozinha. 

E assim que viu o guarda se afastar, ela entrou na sala a passos firmes e fechou a porta atrás de si.

Uma regra que havia aprendido por experiência própria durante suas lutas: nunca dê as costas ao inimigo.

Seus olhos já estavam vidrados no homem sentado, com uma postura perfeita, no meio da sala. As mãos estavam algemadas e presas à uma mesa de metal em sua frente, com outra cadeira vazia no lado oposto ao dele. Os olhos dele, atrás da armação pesada de seu óculos, foram de encontro aos seus quase instantaneamente.

— Ladybug... - Disse, a voz grave em um tom quase de alívio, e o nome dela saiu como música dos lábios masculinos.

E o fato dele não estar surpreso foi algo que a incomodou levemente. Como se Gabriel já soubesse que ela viria ao seu encontro, em algum momento. 

— Que surpresa agradável. - Ele continuou, a sombra de um sorriso brincando em seu rosto anguloso, enquanto a analisava por completo, de cima a baixo. - Você sobreviveu, de fato.

— Não graças a você. - Ela rosnou, a voz baixa, mas ameaçadora o suficiente. Travou a mandíbula com força e caminhou para mais perto dele, com cautela. Passos lentos, curtos e duros.

Não que ela temesse que Gabriel pudesse fazer algo contra ela, ainda mais sem um Miraculous. Ali dentro, ele não passava de um homem fraco e perturbado, emocionalmente. Mas sua precaução era por medo do que ela poderia fazer com ele se não se controlasse o bastante.

— Claro que não. - Ele sorriu, enquanto a observava se sentar na cadeira à sua frente, mas foi um sorriso que não alcançou seus olhos. Estes, a fitavam com ódio. - Espero que esteja feliz por deixar Adrien sem pai.

Ladybug sabia que ele tentaria manipular sua mente, uma de suas muitas táticas sujas. Apertou o assento da cadeira em que estava, uma forma de manter suas mãos longe do pescoço dele.

— Não coloque a culpa disso em mim. - Vociferou de volta, mostrando os dentes, mal contendo a raiva que tinha ao olhar para o homem ali sentando. - Eu te disse isso na primeira vez que nos enfrentamos e vou dizer agora: não inverta os papéis aqui, Gabriel!

Mas o designer apenas levantou as sobrancelhas, mantendo a face ainda tranquila diante das palavras da heroína. Como se elas mal alcançassem seus ouvidos.

— Sabe que logo logo eu vou sair dessa prisão, não sabe? - Declarou de forma mansa. Quem quer que ouvisse essa voz doce, jamais diria que ele era o vilão que havia atormentado a cidade até hoje. E sobre sua soltura, infelizmente, ela sabia.

Gabriel tinha poder demais, dinheiro demais e fama demais. Conseguiu abafar todo o caso, que ele era Hawk Moth, em troca de segredos com a polícia. Alya, junto com Nino e Luka haviam lhe contado tudo antes mesmo dela sair do hospital. Mas saber de antemão não abrandava em nada sua indignação sobre a situação. Logo ele estaria em prisão domiciliar, e em seguida, liberdade condicional.

Novamente, sua insatisfação devia estar estampada em seu rosto, pois os cantos da boca de Gabriel se curvaram em um sorriso asqueroso enquanto a olhava.

— E então... - Ele continuou, pronto para despejar mais de sua perversidade, enquanto os dedos da mão algemada tamborilavam em cima da mesa de metal, de forma calma. Ele tombou a cabeça para o lado, examinando-a com o olhar. - Como você está, Rainha justiça?

Ouvir aquele nome, e ser chamada daquela forma, arrepiou até os pelos da nuca de Ladybug. Também sentiu um suor gelado, como se seu sangue houvesse congelado dentro de suas próprias veias, consequência da batida que seu coração havia saltado.

Gabriel apenas observou o rosto da heroína empalidecer à sua frente, contrastando ainda mais a pele alva dela com a máscara vermelha que usava, também a viu engolir em seco antes de responder.

— Não sei o que você está falando. - A fala fez Gabriel gargalhar. Rindo tanto que lágrimas se acumularam no canto de seus olhos, o que foi difícil de enxugar com as mãos atadas.

— Eles sabem?! - Conseguiu perguntar após a crise, recuperando o fôlego aos poucos.

Esperou por alguma reação da garota, que não veio. Ladybug estava petrificada à sua frente, e aproveitou a chance para cutucá-la ainda mais. Havia esperado muito tempo para esse encontro. E como não sabia se ela havia saído com vida daquele confronto, quase não estava conseguindo se segurar.

— Eles sabem que você não se liberou do meu akuma como pensam? - Instigou, e viu a boca dela se apertar em uma linha firme. As mãos dela estavam debaixo da mesa, mas ele tinha certeza que estavam fechadas, e prontas para lhe darem um soco. Não que isso fosse impedi-lo de algo. - Mas que, na verdade, você absorveu ele? Até matou a borboleta portadora, pobrezinha...

Ladybug o parou, batendo com a mão em punho sobre a mesa. O barulho estrondoso ecoou por toda a sala, reverberando nas paredes. E por alguns segundos, tudo o que ela podia ouvir era apenas a própria respiração e seu coração, que estava tão acelerado, que ela se perguntou se Gabriel podia ouvir também. Estava tão concentrada no homem, que não reparou em como o metal afundou onde ela o atingiu.

— Cala. A. Boca!

Mas tirá-la do sério parecia ser o exato objetivo de Gabriel, que apenas a olhou de forma fascinada, parecendo admirar sua postura furiosa diante dele.

— Não aguenta a verdade? - Ele abriu um sorriso largo, mostrando todos os dentes brancos e perfeitamente enfileirados. E ela se perguntou quantos conseguiria quebrar com um só soco. - Ladybug é quase invencível, já a garota por trás da máscara... Marinette. - Disse devagar, em um sussurro, como se fosse prazeroso pronunciar cada palavra. 

As câmeras da sala não gravavam som, uma vantagem que Nathalie havia conquistado, subornando alguns guardas para que os dois pudessem sempre conversar com privacidade, mas Ladybug não sabia disso. Mas disse baixo, de qualquer forma, pois não queria ela preocupada com os outros, a queria com medo apenas dele e dela própria.

— Quanto tempo vai levar até ser devorada pelo poder negativo que meu akuma derramou dentro de você, hein? - Sussurrou de forma ardilosa, ele queria provocá-la até o limite.

A heroína estava respirando fundo, o movimento de inalar e exalar sendo feitos com força. Ela abaixou a cabeça, e Gabriel esperou pacientemente por sua reação.

Ela iria bater nele? Iria chorar? Haviam tantas possibilidades. Mas ele sabia que havia alcançado um ponto sensível, e não podia estar mais satisfeito com isso. Ele, finalmente, havia conseguido quebrá-la.

Mas então, Ladybug levantou o rosto devagar, os olhos azuis pareciam mais escuros enquanto olhava para ele, e ela abriu um sorriso que Gabriel poderia julgar como perverso.

Era quase como se pudesse ver uma máscara de borboleta na face dela.

Não era nada do que ele estava esperando. 

— Sabe o que dizem sobre os desejos, não sabe? - Ela começou a falar, a voz transpassando uma calma que antes ele não havia visto. - Cuidado com aquilo que deseja, pois pode acabar conseguindo.

— O que...? - Não queria demonstrar sua surpresa, mas não havia como. Ladybug havia mudado de personalidade completamente, como se tivesse apertado um interruptor dentro dela com suas perguntas.

— Você desejou que eu fosse uma rainha da justiça, alguém capaz de proteger meus amigos. - Ela explicou rapidamente, dando de ombros, como se a resposta não fosse nada demais. Depois, se recostou confortavelmente na cadeira, abrindo os braços, para mostrar a si mesma. - Bom, aqui estou eu!

Gabriel sentiu uma irritação começar a surgir. A forma como ela parecia controlar a conversa agora não estava o agradando nem um pouco. 

— Mas não se esqueça, garotinha, antes que essa ideia absurda suba à sua cabeça, parte do seu poder veio de mim, então tenho controle sobre você! - Disse com raiva. Não deixaria ela esquecer que era ele quem dava as cartas ali.

Foi a vez dela de gargalhar. E foi tanto que os músculos de sua barriga começaram a doer por causa dos espasmos. Depois levantou de forma brusca, deixando a cadeira cair atrás de si, ficando de pé e apoiando ambas as mãos na mesa, inclinando o máximo que podia na direção do homem.

— Não, meu querido. Sou eu quem tem controle sobre você agora! - Ela levantou uma das mãos, arrumando a gola do uniforme de prisioneiro dele, enquanto um sorriso cínico rasgava o seu rosto. - Você me fez passar pelo inferno, literalmente, com esses seus planos. - A feição tranquila da heroína apenas deixava suas palavras ainda mais sinistras. - Agora, sou eu quem vai ditar as regras. - Ela parou seu movimento, agarrando a gola dele e o puxando para perto de forma agressiva, encarando dentro dos olhos dele. - Quem quer que esteja com o Miraculous do Pavão, e está escondendo o corpo de Emilie, eu sugiro que tome cuidado... pois não terei mais misericórdia. - Viu os olhos de Gabriel se estreitando com raiva, enquanto as mãos algemadas se fecharam em punhos.

— Deixe minha mulher longe disso!

— Mas não foi por causa dela que você iniciou isso tudo? - Ladybug respondeu, largando-o com desdém e fingindo uma falsa preocupação, enquanto dava de ombros. - Bom, se ela sumir, você não terá motivos para voltar... - A fala dela foi interrompida por barulhos de correntes. 

Só então ela percebeu que Gabriel estava batendo suas algemas presas na mesa, tentando se soltar a todo custo. O rosto dele estava vermelho, e havia uma veia saltada em sua testa. Ele grunhiu em seu lugar, os dentes estavam à mostra e a mandíbula apertada.

Ele estava puto.

— Quando eu sair daqui, vou deixar Adrien longe de você. - O homem ameaçou, e outro riso explodiu dos lábios da garota enquanto ela o soltava.

Ela rodeou a mesa, andando com graça, enquanto o sondava, como um tubarão que circula sua refeição.

— Por favor, Gabriel, essa ameaça já está passada. Além do mais, Adrien não pode mais ser controlado por você. A sua máscara de bom pai caiu há tempos.

Ladybug estava fora do campo de visão dele, mas sentiu a arrogância na voz dela enquanto falava.

— Ainda sou o pai dele! - Berrou de volta, a vendo surgir pela sua direita, ainda o circulando. E ele se perguntou se ela estava achando engraçado a forma como ele estava se debatendo, para tentar continuar fazendo contato visual.

— Não perante a lei. A guarda do Adrien foi passada permanentemente para Nathalie. Afinal, o modelo mais famoso de Paris não pode ter um pai criminoso... - Ela explicou de forma preguiçosa. Debater sobre coisas judiciais de Adrien não era seu objetivo ali.

Ela fingiu não ver as sobrancelhas de Gabriel se juntarem, até formar um vinco no meio dos olhos. Seus dentes estavam trincados, e ela sabia que ele já teria avançado para cima de si se não estivesse preso à mesa.

— Nathalie obedece às minhas ordens! - Ele vociferou com ódio.

— Mas Adrien não tem obrigação de segui-las, ainda mais sabendo quem você é! - Refutou impaciente, revirando os olhos e bufando, antes de olhar para Gabriel novamente,

Viu o homem ficar com os nós das mãos até brancos de tanta força que fazia ao apertá-las. Tentou não rir na tentativa patética dele de manter a pose. Ela continuou andando até parar atrás dele novamente.

— Mas eu quero te agradecer Gabriel, de verdade, por melhorar minhas habilidades com seu akuma. - Gabriel estava sentindo a presença dela em suas costas. Ela estava perto, muito perto. A respiração dela próxima de seu ouvido, antes de pronunciar sua próxima frase. A voz, cortante como gelo, carregava uma ira que o causou um arrepio por toda sua espinha. - Divirta-se na prisão, estarei te esperando aqui fora quando sair.

O designer continuou encarando a mesa, até ouvir a porta batendo e se dar conta que estava sozinho no cômodo novamente. Sentiu os pulmões arderem, nem percebendo que havia prendido a respiração quando Ladybug aproximou por trás de si. Soltou o ar de forma desesperada. Uma dor de cabeça o afligindo de repente.

Aquela conversa não tinha tomado o rumo que desejava.

Ele tinha certeza que a deixaria transtornada ao revelar que havia descoberto sua identidade, e também, o segredo que ela estava escondendo.

Não foi algo difícil de descobrir. O modo como a namorada de Adrien, Marinette Dupain-Cheng, coincidentemente se machucou no mesmo dia que o confronto com Ladybug, e a teimosia do filho em não deixar o hospital por nada, foram pistas mais que suficientes.

É claro, havia visto aquele vídeo em que Ladybug e Chat Noir estavam lado a lado, mostrando o Miraculous que haviam roubado dele para a população. Aquilo deixou uma dúvida crescer em sua mente, pois Marinette ainda estava em coma, mas, a dúvida logo foi dissipada ao lembrar das ilusões de Volpina e o Miraculous da Raposa. Sim, aquela Ladybug não passava de uma ilusão. E a Ladybug aparecer na prisão no mesmo dia que Marinette recebeu alta foi a cereja do bolo.

Só não estava esperando que ela estaria dessa forma.

Achou que a garota estaria desesperada para que fizesse algo, retirasse seu poder de dentro dela, ou algo assim. E estava pronto para barganhar para fazer isso. Ele havia sentido ele ser derramado dentro dela naquele dia em que se confrontaram e havia apenas duas opções: ou a garota pereceria por causa dele, ou ele a enlouqueceria, de dentro pra fora. 

Não deveria haver meio termo. As energias negativas não eram compatíveis com seu corpo.

Poucos minutos depois, o que mais pareceram horas divagando, a porta foi aberta novamente, e desta vez, foi Nathalie quem entrou.

— Você tem uma hora. - O guarda disse de forma grosseira, antes de fechar a porta atrás da secretária.

A mulher caminhou com elegância até a cadeira, e ele sabia que ela estava analisando seu rosto, e já deveria saber que não estava de bom humor. Esse era o quão bom Nathalie o conhecia.

— Soube que teve uma visita hoje. - Ela iniciou a conversa, enquanto depositava um envelope pardo em cima da mesa, junto com seu tablet.

— Ladybug veio aqui hoje, como você previu. - Ele informou, de forma cansada, e viu um pequeno sorriso surgir nos lábios femininos.

Mas ele já não tinha vontade de sorrir. Saber a identidade de Ladybug deveria ser um dos maiores trunfos que ele poderia conquistar. Mas depois da conversa que teve hoje, Gabriel não sabia mais se isso servia de alguma coisa.

— E o que ela queria?

Gabriel tentou não deixar transparecer sua irritação, mas jamais contaria à Nathalie como aquela garota insolente havia o humilhado.

— Apenas ameaças infantis. - Ele disse com ódio, evitando o contato visual com a mulher à sua frente, e apenas isso era necessário para ela perceber que não deveria insistir no assunto. Não quando havia coisas mais importantes para tratar. - Conseguiu entregar a encomenda à nossa aliada?

— Sim, senhor. A encontrei no parque, como o senhor sugeriu, e entreguei a caixa. 

Ele respirou aliviado, ao menos, um de seus planos estava indo conforme o que havia planejado. Lila já possuía a encomenda.

— Não quero dar a ela nenhuma vantagem. - Ele lembrou à Nathalie o que haviam combinado, sobre não dar detalhes à garota sobre as identidades que haviam sido reveladas. - Deixe que ela descubra por si própria, e também, a Ladybug que ela vai enfrentar será uma completamente diferente. Quero ver como Lila Rossi  lidará com isso.

— Claro, senhor. - Nathalie estava acenando com a cabeça em concordância, quando uma crise de tosse a atingiu. E Gabriel apenas ficou observando ela tossir e tossir sem parar.

Ver Nathalie debilitada não o deixava com pena, como pensou que aconteceria, quando ela começou a usar o Miraculous danificado. Na verdade, isso o deixava irritado. Ela não conseguiria ajudá-lo dessa forma, e isso a tornava um pouco inútil, quando mais precisava dela. E agora, precisava recorrer à adolescentes como Lila para ter um aliado. Ao menos, agora o Miraculous do Pavão estava restaurado e Lila parecia disposta a cooperar em tudo.

Ainda observando a secretária, que estava retomando o fôlego e limpando a garganta, e não pôde deixar de compará-la com Emilie, isso era algo inevitável e que acontecia de forma constante. Nathalie havia sido contratada enquanto Emilie ainda estava bem, e ela viu todo seu sofrimento de perto. A mulher foi de enorme ajuda por muito tempo, e foi uma surpresa quando se ofereceu para ser sua cúmplice, meses atrás. Ele jamais imaginara que conseguiria um apoio em seus planos.

Gabriel viu os sentimentos dela por ele evoluírem, não era cego, mas o que ela não sabia é que jamais receberia algo em troca.

Seu coração era completamente de Emilie. Sempre seria. Até o fim de sua vida.

Lembrou do corpo de sua mulher, e em como teria que ficar longe dela agora, mas ao menos, ela estava segura em sua casa de Londres, como havia ordenado à Nathalie, para transportá-la em segurança, caso fosse derrotado em batalha.

— O que é isso que você me trouxe? - Resolveu mudar o assunto, antes que Nathalie o dissesse que estava bem, sem ele nem ao menos ter perguntado.

Nathalie abriu o envelope e mostrou os  papéis que estavam dentro.

— Chegaram hoje pelo correio. São documentos de um advogado. - Ela explicou, ordenando os papéis na mesa, virados para ele. Gabriel observou quando os olhos dela pousaram no amassado da mesa por alguns segundos, mas ela logo os desviou, pigarreando antes de continuar sua explicação. - Parece que Adrien não ficou esses dias completamente inativo, como pensamos. Ele entrou com o pedido de emancipação.

Gabriel travou a mandíbula, e fechou os olhos com força enquanto amassava a ponta do documento que segurava com sua mão presa. Adrien logo faria quinze anos, e o governo francês autorizava a emancipação aos dezesseis. Ainda tinham um ano pela frente, mas parecia que a corda em seu pescoço já estava apertada.

— Ele não vai conseguir, não vou permitir que assine esses contratos, Nathalie. - Disse por fim. Era obrigação do responsável autorizado assinar, para que a emancipação fosse aceita, e Adrien jamais conseguiria isso.

— Sabe que ele não vai desistir, senhor. - Nathalie concordou, e ela não conseguiu segurar o sorriso que surgiu em sua face, enquanto olhava para ele de forma apaixonada. 

Amava Gabriel por completo, mas principalmente, quando ele demonstrava essa força de vontade que ele tinha, e não conseguia deixar de admirá-lo por todo seu esforço e paixão para manter a família unida. Era algo lindo de testemunhar. 

— Eu sou paciente. - Ele continuou, pigarreando e a tirando de seus devaneios. - E também, sinto que poderei fazê-lo mudar de ideia, alguma hora.

O homem disse, rodando a aliança em seu anelar com os dedos da mão direita.

***********************************

Estava saltando pelos telhados, ainda sem uma direção específica após sair da prisão. A mente tão cheia de pensamentos que parecia pesada.

Havia exaurido todas as suas forças para não espancar Gabriel naquela prisão, e mesmo estando longe agora, ainda estava dividida em ir para casa ou voltar e acabar com aquele sorriso perfeito dele aos murros.

Sua respiração estava irregular, e ela sabia que estava perdendo a cabeça aos poucos, mas não sabia o que fazer.

Não havia uma saída. Ela não conseguia enxergar um fim para sua condição.

Conversar com Gabriel não ajudou em nada. Apenas confirmou suas suspeitas de que sim, algo de ruim havia ficado dentro de seu corpo desde a batalha.

"Rainha Justiça, eu lhe darei o poder para ficar mais forte e fazer justiça pelos seus amigos, para protegê-los, principalmente, proteger seu amado Chat Noir." - Essas haviam sido as palavras, ela lembrou. 

E era por isso que ficava com ódio toda vez que pensava em Gabriel, e em Hawk Moth, consequentemente. Ele era a maior ameaça conhecida aos seus amigos. Por isso ficou tão incomodada com os prisioneiros à olhando. Só não havia entendido porque sentiu a mesma coisa quando viu Chloé em sua casa mais cedo. Talvez, por não gostar muito dela, mas chegou à conclusão que foi por sentir que ela era, também, uma ameaça.  Precisou de quase toda sua força para se manter no sofá naquela hora e não pular em cima da garota, bagunçar aqueles cabelos loiros perfeitamente alinhados e golpeá-la com a muleta.

Só de lembrar, podia sentir a raiva surgindo novamente e seu sangue correndo mais rápido em suas veias com a adrenalina.

Caiu de joelhos no telhado em que estava. Estava tonta, puxando o ar com força por sua boca.

Não sabia o que iria fazer a seguir. Precisava ir embora para casa, sabia disso, mas não era capaz de encontrar uma forma de conviver com o que tinha dentro de si.

Iria sempre passar por essa tortura toda vez que alguém fizesse algo de ruim aos seus amigos? E quando não conseguisse se controlar o suficiente? Iria espancar a pessoa?

Ela era uma heroína, e mesmo que a pessoa fosse um vilão, não era dessa forma que ela resolvia as coisas. Nunca de forma tão violenta.

Estava desnorteada, com mil pensamentos rondando e a atormentando, quando um brilho aparece em sua frente, e um portal se abriu no meio do ar.

Levantou a cabeça alarmada, enquanto se erguia em seus pés. Tentou se manter calma, mas era difícil quando já sabia o que aquilo significava.

Ela se lembrava bem.

Afinal, foi dessa forma que tudo começou.

E talvez, seria assim que tudo terminaria.

Estreitou seus olhos para o brilho azulado forte. Seu coração estava bombeando de forma tão acelerada, que controlar sua respiração estava se tornando algo impossível. 

Abriu a boca para falar, mas o ar pareceu faltar em seus pulmões, fazendo o nome da pessoa à sua frente sair de forma fraca, como se não tivesse fôlego o suficiente para pronunciá-lo.

— Bunnix...

A heroína do coelho, agora já totalmente fora do portal, estava em pé à sua frente. Era nítida a diferença de altura entre as duas, e Ladybug precisava levantar um pouco o rosto para poder olhá-la nos olhos.

O rosto de Bunnix estava tenso, sobrancelhas unidas e lábios apertados, um claro sinal de que estava preocupada.

— Oi, Minibug. - Ela disse simplesmente, ainda fitando com cautela, talvez, por ainda estar em uma postura defensiva. 

O portal se fechou atrás dela de forma lenta. Não que isso tenha tranquilizado Ladybug de alguma forma.

— Veio me buscar? - Ladybug perguntou temerosa, após reunir um pouco de coragem.

Mas, seu coração ainda estava tamborilando dentro do peito de forma rápida.

Nunca perguntou à Bunnix o que havia acontecido com a vida da outra Ladybug, àquela que viu no fundo da água, petrificada pelo poder do Chat Blanc. Tudo o que pôde fazer foi apenas especular como havia sido a vida dela ao lado dele. 

Como os dois se amaram, e no fim, perderam tudo. 

Ao levá-la ao futuro, Bunnix apagou todas aquelas lembranças. E ao que tudo indicava, ela estava prestes a repetir seus atos.

"Não, esse não pode ser o nosso fim." - Pensou amarga, com uma ira já crescendo dentro de seu corpo, ao pensar na injustiça que era isso.

Apertou os punhos em volta de seus quadris, pronta para pegar seu ioiô, antes de encarar de forma feroz a heroína do futuro.

 — Vai me fazer mudar o que houve? - Bradou com raiva, trincando os dentes. - Sinto muito, mas não vou deixar você apagar as memórias que construí com Chat nos últimos meses!

Sabia que era um risco ir contra Bunnix, pois se ela estava aqui, era porque eles deveriam ter cruzado o limite, da última chance, de fazer tudo dar certo.

Mas, ela havia lutado tanto, sofrido tanto, e quase entregado sua vida para consertar o destino, que não iria se render agora com tanta facilidade. Ela havia chegado longe demais para se entregar.

Já estava com seu ioiô em mãos, girando-o ao lado do corpo. Pronta para atacar ou fugir, o que fosse necessário.

— Não, Minibug, não estou aqui para isso. - Bunnix explicou rápido, colocando  ambas as mãos na frente do corpo em forma de rendição. Mas ao mesmo tempo, seu rosto estampava com sorriso tranquilo, como se achasse graça ao ver sua posição de ataque. - Ela me disse que você poderia reagir mal.

Deixou o ioiô pender ao seu lado. 

"Ela", só havia uma pessoa a quem Bunnix seguia ordens. A heroína havia vindo à comando do seu "eu" do futuro.

— Você veio à pedido da Ladybug. - Não foi uma pergunta, mas um pensamento, alto e forte o suficiente, que foi capaz de ser transformado em uma fala.

Bunnix assentiu com um aceno de cabeça, não que confirmações fossem necessárias, mas de qualquer forma, aquele aceno trouxe uma calma a mais para Ladybug.

— Você precisava ouvir um conselho dela agora. - A heroína do futuro explicou de forma clara, mas mesmo assim, trouxe mais confusão do que esclarecimento.

— O que? - "Conselhos? Desde quando a heroína da última chance aparece para dar conselhos?"

— Acredite, eu não concordei no início, sabe que é perigoso mexer na linha do tempo. - Bunnix continuou, se permitindo chegar mais perto da garota, aproveitando que ela parecia não estar mais intimidada com sua presença. - Mas, parece que dessa vez, é realmente necessário.

Viu os olhos de Ladybug encontrarem os seus, repletos de conturbação, e nem podia imaginar o que ela estava passando agora. Ela era tão jovem, mas já havia enfrentado tanta coisa.

A viu inalar com força antes de continuar a conversa.

— E qual seria esse conselho? - Engoliu em seco após perguntar, e com a voz aflita, não sabendo se realmente queria ouvir a resposta. 

Enquanto esperava, impacientemente, pela resposta de Bunnix, sentiu a ansiedade iniciar um tremor por todo seu corpo, e mordeu o lábio inferior para impedir seu queixo de tremer também.

— Ela falou para você não ter medo do que houve. - Fechou os olhos, enquanto as palavras da heroína do futuro chegavam em seus ouvidos. - Que tudo o que aconteceu foi necessário, para que você pudesse ter a força que ela precisava para ser quem é hoje. Para que assim, você conseguisse se tornar a líder que eu conheço no futuro. Alguém que sempre luta pela justiça, e não tem medo de enfrentar os desafios de frente.

Aquelas palavras foram como um bálsamo, causando um torpor em seus sentidos por alguns segundos.

— O que aconteceu... - Ela mal podia dizer em voz alta, o que dirá descrever os que foram os piores minutos da sua vida. Todo horror e medo que sentiu, mas também, toda a raiva que Hawk Moth havia colocado naquele akuma, sendo lentamente injetados em seu corpo como um ácido, queimando tudo por onde passava.

— O Miraculous da borboleta é ainda um Miraculous, Ladybug. - Ouviu a voz de Bunnix, e também as mãos dela em seus ombros, mas ainda assim, parecia que ela estava muito distante. O choque fazendo parecer que ela estava sonhando. - Ele não é mau, o que o tornou assim foram as más intenções do portador dele. Antigamente, ele era usado para criar novos aliados nas lutas. E, às vezes, algumas pessoas eram tão boas que absorviam esse poder. Era raro, mas há relatos sobre essas pessoas nos livros dos guardiões.

— Mas como?

— Você é uma pessoa especial, Marinette. - Abriu os olhos, encontrando o rosto de Bunnix à sua frente, próximo ao seu. Ela continua um sorriso que estava iluminando todo seu rosto. - Com ou sem seu Miraculous, foi capaz de transformar um poder mau em algo bom!

Sentiu um nó apertar em sua garganta, e teve que forçá-lo para baixo antes de poder falar.

— Então quer dizer... que eu vou ficar bem?

Viu Bunnix ajeitar a postura em sua frente, antes de cruzar os braços e fazer uma cara pensativa.

— Bom, isso depende de você. O futuro está em constante mudança.

Ladybug concordou, desviando o olhar para poder refletir sobre essas palavras. Expirou, enquanto passava a língua pelos seus lábios ressecados, tentando se controlar. Sim, isso ainda era uma resposta melhor do que nada.

A heroína do coelho observou a garota ter um conflito interno à sua frente. E queria poder dizer mais, mas entendia perfeitamente seu papel como guardiã do tempo, e até que ponto podia revelar o futuro. 

Mas decidiu que dizer algumas coisas sobre o que ela passou não faria nenhum mal.

— Quando um destino nos é apresentado, Minibug, existem duas escolhas: Manifestá-lo ou relutar contra ele. Era inevitável impedir alguns acontecimentos de se concretizarem, mas você foi brilhante como sempre, e agiu com muita destreza. Estou orgulhosa de você, foi muito corajosa, mesmo sendo tão nova. O que te faz ser incrível não é fazer tudo perfeito, mas sempre dar o melhor de si mesma. - Despejou toda sua sinceridade sobre a garota, e também, a devoção e respeito que tinha por ela. Mostrando que, mesmo com pouca idade, Marinette já era uma garota gigante por dentro.

Sentiu os olhos arderem ao ouvir as palavras de Bunnix, os olhos sendo inundados rapidamente pelas lágrimas. De alívio, de alegria. Era como se, finalmente, tivesse acordado daquele coma e do sonho ruim que havia a seguido até a realidade.

"Eu vou ficar bem".

Toda essa história se iniciou quando Bunnix a encontrou e a levou para o futuro. Nada mais justo em tudo acabar com ela a tranquilizando pelo seu passado.

— Muito obrigada, Bunnix! - Não aguentou se segurar e se jogou contra o corpo da heroína mais velha, a rodeando com seus braços. Sentiu a surpresa de Bunnix e a risada dela com o gesto, e logo o abraço foi retribuído. - E agradeça a mim mesma do futuro também.

— Combinado. - Respondeu rindo. -  E agora volte para o seu gatinho, ordens suas. - Ela informou, colocando ambas as mãos na cintura. O rosto estava sério, mas havia divertimento em sua voz, fazendo Ladybug rir enquanto concordava com a cabeça.

Então, um portal foi aberto, e com o corpo já meio dentro do portal, Bunnix virou novamente para ela, os olhos azuis transbordando carinho.

— Te vejo depois, Minibug! Ou melhor, não tão "mini" assim. 

********************************

O sol já havia descido no horizonte, colorindo o céu com tons de amarelo, rosa e roxo, enquanto a noite avançava. Havia sido um longo dia, e Ladybug estava louca para encerrá-lo, até pousar em seu terraço, e dali, já ouvir a discussão no meio do quarto.

— Só estou te pedindo para me dizer onde ela está!

— E eu já disse, espera ela chegar e se ela quiser te contar, ela vai te contar!

— Mas que droga, Alya!

Toda a calmaria que habitava em seu corpo se esvaiu ao ouvir as farpas sendo trocadas entre seu namorado e melhor amiga. Juntamente com uma aflição, por não ter pensado melhor nas consequências de ter saído escondido de Adrien, mesmo sabendo que agora, ele estava no modo super protetor.

Tinha consciência de que ele não estava fazendo por mal, mas que toda sua situação hospitalar havia culminado para que ele se comportasse dessa maneira.

Arfou, ignorando todo o cansaço de seu corpo e se preparando mentalmente, antes de entrar no quarto.

A claraboia já estava aberta, precisando apenas de pular para pousar em sua cama e adentrar no cômodo. A discussão logo foi encerrada com a sua presença, e ao olhar para a parte debaixo do quarto, encontrou uma Alya aflita e um gato desesperado.

Era evidente o estado de espírito de Chat Noir. Os cabelos loiros estavam mais bagunçados que o normal, indicando que ele havia mexido neles com suas garras, em uma tentativa de manter a sanidade.

— Ainda bem que você chegou, ele já estava tendo um treco! - A voz de Alya chegou aos seus ouvidos, enquanto ela ainda analisava o namorado. 

Os olhos verdes também estavam em si, piscando várias vezes enquanto a olhava. E não sabia que ele estava admirado por vê-la vestida como Ladybug, nostálgico ou apenas surpreso. Mas de qualquer forma, logo ele estreitou os olhos felinos e travou a mandíbula, claramente desconfortável por ter sido pego em uma situação não muito agradável, ficando de costas para fugir do olhar dela.

E isso apenas piorou o frio que estava sentindo em sua barriga, só por imaginar o sermão que ele daria nela nos próximos minutos.

Passou por ele, ainda de costas e braços cruzados, enquanto levava Alya em direção à saída.

— Obrigada por ficar aqui Alya, te devo uma. - Confidenciou baixinho para amiga, que suspirou, antes de abrir um pequeno sorriso.

— Deve mesmo! - Alya deu um cutucão no braço da heroína, antes de fechar sua expressão divertida por uma mais preocupada. - Se cuida, tá? Você é a única que pode fazê-lo feliz ou colocá-lo nas profundezas do desespero.

Ladybug queria dizer que não entendia o peso daquelas palavras, mas ela sabia muito bem como era. Adrien não ficava bem até que ela estivesse bem. Também sentia isso por ele, vê-lo triste ou mal era uma das coisas que mais a machucavam, mas ainda assim, não podia nem chegar perto de saber como era mais complicado agora, depois de tudo o que ele havia passado.

— Tomarei mais cuidado. - Respondeu séria, vendo o rosto de Alya suavizar antes de sair, mas não sem antes dar uma olhada para dentro do quarto, atrás da amiga.

Ladybug sabia que ela estava checando Chat Noir antes de ir embora, e mesmo ele estando fora de seu campo de visão, ela podia sentir o olhar dele queimando em suas costas. 

Despediu da amiga e assim que fechou a porta no chão, ela ergueu o corpo, exalando um grande suspiro. Ela se virou, percebendo Chat de pé no meio do quarto. Caminhou até o divã, tentando evitar de olhar para ele, mas pôde sentir os olhos verdes a seguindo a cada passo e ao se sentar, desfez sua transformação. 

Chat permaneceu imóvel no lugar enquanto o brilho  vermelho sumia e a roupa vermelha de bolinhas pretas era substituída pela sua roupa usual. Marinette tentou não demonstrar como a diferença pesou após a destransformação ser concluída, mas era nítido para ela o peso de seus membros e da cicatriz em seu peito.

Ergueu o rosto e flagrou Chat Noir a analisando também, e como o conhecia bem, sabia que ele estava estudando suas expressões, e questionando internamente se ela estava bem.

— Eu cheguei, e você não estava. - A voz chegou grave em seus ouvidos. Ele disse de uma forma que não parecia estar nem respirando direito, o rosto estava impassível, como se ele tivesse congelado todas as suas expressões.

Prestou atenção em Tikki em seu colo, entregando um macaron e a vendo comer sem dizer nenhuma palavra, antes dela flutuar para a parte superior do quarto.

— Sinto muito. - Não conseguiu olhá-lo nos olhos, a culpa a consumindo, por não ter pensado em como ele iria ficar preocupado com ela. Mas estava tão focada em si naquele momento, que não pensou em mais ninguém.

— Não. - Disse simplesmente, cortando suas desculpas. Mas antes de continuar, ele desfez sua transformação. E os dois viram Plagg pegar um pedaço de queijo e se juntar a Tikki. - Sou eu que preciso me lembrar de que você é livre. Não tenho o direito de me zangar por ter saído, eu só... entrei em pânico.

Mari encarou Adrien. As sobrancelhas ainda estavam franzidas, em um claro sinal de raiva, mas ele parecia constrangido por se abrir com ela dessa forma, e expor seus reais sentimentos, do que aborrecido.

— Não queria te assustar. - Era início de noite, e Adrien parecia exausto, mais do que ela, não apesar do dia ter sido de comemoração, não havia sido um dia fácil para nenhum dos dois, disso ela tinha certeza. Mas mesmo cansado, ele estava andando de um lado pro outro no quarto, inquieto. - Senta aqui comigo.

Mas ele apenas recusou com a cabeça, a deixando mais aflita. Em alguns momentos, ele passava as mãos nos cabelos, em outras, cruzava os braços e os apertava com suas mãos, com tanta força, que os nós perdiam a cor.

— Posso só fazer duas perguntas? - Ele virou, e Marinette engoliu em seco antes de acenar positivo com a cabeça. - Você está bem? E... é algo que preciso me preocupar? - Sabia que, se ela havia saído sem lhe contar, era porque queria resolver algo, e isso já era um enorme motivo de preocupação.

Mas então ela abriu um sorriso, o primeiro que parecia verdadeiramente feliz, após muito tempo, capaz de iluminar todo o rosto feminino. E isso foi toda a confirmação que Adrien precisava. 

Sim, ela já havia escondido coisas dele antes, e quase acabado com sua confiança. Mas Marinette havia aprendido essa lição, disso ele tinha certeza. Ela não carregaria mais algo mais pesado que ela não pudesse lidar. 

Confiava nela a ponto de não duvidar de suas decisões. Se ela precisou fazer algo sozinha, que assim seja.

Mas ainda sentia uma agitação em seu peito.

— Estou bem, e não, não precisa. - Respondeu, sem conseguir impedir os cantos da boca se curvarem em um sorriso. As palavras de Bunnix ainda estavam vivas em sua mente, e por isso, ela não podia deixar de sorrir. De se sentir feliz.

— Então tudo bem. - Ele suspirou, mas suas feições permaneceram duras, o maxilar ainda rígido e ombros tensos.

— Você ainda parece chateado, Adrien. - Ela arriscou informar, hesitante. Era raro ver Adrien chegar a esse ponto de perturbação.

— E estou. - Respondeu duro, se arrependendo logo em seguida. Apertou os lábios um no outro, se perguntando se assim conseguiria impedir que palavras rígidas fossem direcionadas à namorada.

— Comigo? Por ter saído? - Perguntou, sentindo, novamente, a ansiedade aumentar em seu corpo.

— Não, Mari! Estou chateado comigo! Por ter ficado assim pelo simples fato de você sair! - Ele explodiu, verbalizando para si mesmo com os braços e trincando os dentes logo em seguida, soltando um resmungo de desagrado.

Sentou no divã, os cotovelos apoiados nas pernas e a cabeça baixa, entre suas mãos.

— Eu não me sinto mais eu mesmo, M'lady... - Confessou em um sussurro triste, as palavras cortando o coração de Marinette assim que chegaram em seus ouvidos. - Não sou mais o mesmo Adrien. E Deus, como eu quero ser ele de novo…

A garota inalou fundo o ar, suavizando seu corpo ao perceber que era Adrien quem precisava dela agora.

— Mudar é inevitável, ainda mais com tudo o que passamos. Tudo o que você passou. - Ela se arrastou pelo estofado, chegando nas costas dele e o abraçando. Torcendo para suas palavras e seu contato serem o suficiente para confortá-lo. - Mas apesar de tudo, você ainda é o meu Adrien. Sempre vai ser, não importa o que aconteça. - Finalizou dando beijinhos em suas costas.

Sentiu a mão dele encontrar com a sua, que circulavam sua cintura. Depois apoiou seu rosto nele, enquanto sentia a respiração pesada de Adrien, o coração ainda acelerado.

— Eu discuti com a Nathalie hoje, e ela me fez pensar em algumas coisas. - Continuou, e seja o que for que haviam discutido, Mari sabia que ele estava perturbado. - Eu não sabia o que eu ia fazer... se você não acordasse.

Adrien então mexeu no anel de sua mão com o polegar. Um gesto instintivo, nem sempre consciente, que o fazia lembrar do peso das responsabilidades em suas costas. O Miraculous da Destruição era um Miraculous muito poderoso, e havia sido confiado a ele. E muitas vezes, Adrien se perguntava se ele havia sido a escolha correta. Ainda mais ao notar a aliança em sua outra mão.

Marinette apenas aguardou que ele desenvolvesse o pensamento, mesmo não entendendo porque a conversa havia tomado aquele rumo. Seus dias no hospital eram algo que pretendia deixar no passado.

— Se isso tivesse acontecido, eu teria me transformado... nele?

Marinette ergueu o tronco com mais rapidez do que achou que conseguiria. A boca aberta em espanto e olhos arregalados.

— Adrien! Nunca! - Ela desencostou dele e precisou puxá-lo para que olhasse para ela. Pegou o rosto dele com as duas mãos, esmagando as duas bochechas. - Eu não sei de onde tirou essas ideias, mas você jamais machucaria pessoas inocentes apenas para satisfazer suas vontades, me ouviu? Você é uma pessoa boa, Adrien, e o fato de ter pensado em algo ruim, em momentos difíceis, não muda quem você é. Sua essência ainda é a mesma, gatinho. - Ela olhou dentro dos olhos verdes, enfatizando suas últimas palavras. - Você é um herói, Adrien, meu herói! Não duvide nem por um segundo disso.

Adrien se perguntou como era possível alguém fazer tão bem a outra pessoa, pois assim que Marinette terminou de falar, o aperto e angústia que existiam em seu peito, junto com todas as suas dúvidas, sumiram como mágica. Sentiu os olhos arderem com as lágrimas e, instantaneamente, a puxou para um abraço.

— Gato bobo. - As palavras ditas próximas ao seu ouvido foram doces como meu, e Adrien soltou o ar preso em seu pulmão enquanto as ouvia, apertando ainda mais o corpo de Mari contra o seu.

Ficaram em silêncio por alguns segundos, o garoto apenas percebendo na forma como a respiração dela sincronizava com a sua a cada segundo que passava.

Levantou a cabeça, ainda com um braço de cada lado do corpo dela e sentiu o coração acelerar ao se encontrar com os olhos azuis o fitando. Não resistiu ao impulso de se aproximar dela e tocar os lábios macios e quentes com os seus. E assim que aprofundou sua língua na boca dela, foi como se uma explosão acontecesse dentro do seu peito, o fazendo querer se agarrar ao corpo dela até o ponto de se fundirem.

— Adrien... - Mari ofegou entre um beijo e outro, mas depois, não conseguiu conter um bocejo de escapar.

O que fez irromper uma risada de Adrien.

— Meus beijos estão te entediando? - Zombou, erguendo uma sobrancelha, por mais que não quisesse parar, mas sabia que ela estava muito cansada e precisava repousar.

— Seus beijos estejam deliciosos. - Ela defendeu, fazendo beicinho, se odiando por terem parado, mas depois outro bocejo surgiu e ela soube que teriam que parar.

Ter uma boa noite de sono era mais urgente agora do que beijos, por mais que ela quisesse que fosse o contrário.

— Eu sei, meu amor. - Ele disse de forma fofa, dando um beijinho em seu nariz antes de ajudá-la a se levantar. - E meus beijos são sempre deliciosos.

Mari revirou os olhos enquanto sorria, então, Adrien a conduziu pelas escadas, a auxiliando enquanto a namorada, lentamente, subia os degraus.

Ela lembrou que seus pais haviam pensado em descer a cama dela para a parte inferior do quarto, mas ela insistiu que subir e descer era uma ótima forma de exercitar os músculos.

Marinette queria melhorar o quanto antes, e voltar a sua rotina habitual. Ir com Adrien e seus amigos para a escola, costurar suas roupas, passear por Paris... tudo que havia sido impossibilidade nos últimos meses.

E também óbvio, escapar no meio da noite com uma roupa vermelha ao lado de seu namorado vestido de gato.

Assim que chegou ao patamar da cama, encontraram ambos os kwamis já adormecidos em uma almofada. Adrien e Mari trocaram um sorriso divertido com a cena, antes de Mari se enfiar embaixo das cobertas, com o namorado a seguindo logo em seguida, deitando ambos de frente para o outro.

O loiro colocou a mão na cintura dela, sentindo os dedos femininos logo se embolarem em seu cabelo despenteado. 

— Precisa entender que ainda não vai ser fácil pra mim... Sabe? - Ele começou, enquanto fechava os olhos para sentir melhor o cafuné. - Pensar que não vou estar ao seu lado, todo o tempo. E que não poderei ter certeza de que está segura. - Adrien estava dizendo de forma tensa, e a Marinette ficou atenta a cada palavra. Sabia que ele estava derramando seu coração sincero sobre ela nesse momento. - Você é a Ladybug, a maior heroína de Paris, mas ainda é minha namorada, e a pessoa que sinto ter a necessidade de proteger.

Ela estreitou os olhos para ele, com carinho. Adrien parecia estar com medo dela não compreender seu novo comportamento, ou algo do tipo. E ela riu internamente. Ele não sabia o tanto que ela era apaixonada por ele? Se ele estava com algum problema, ela seria sempre a primeira a querer ajudá-lo, não importa o quão difícil fosse.

— Sei disso, e está tudo bem. Serei paciente. -  Ela o assegurou de forma calma. Levando suas mãos para o rosto ainda angustiado de Adrien. - Você ficou ao meu lado por todo esse tempo. O mínimo que posso fazer é ficar ao seu, até se sentir melhor. Não por obrigação ou algo do tipo, mas porque eu quero estar com você, Adrien.

O loiro concordou, sentindo uma enorme onda de amor e carinho o preencher. E ele percebeu como todos os seus problemas sempre pareciam diminuir quando os compartilhava com Mari, principalmente, quando estavam juntos nessa cama.

— Mas agora, você se sente melhor? - A ouviu pergunta, só então ele percebeu que havia fechado os olhos novamente, e nem se dado conta. - Você se arrepende de ter ido na sua casa?

— Está tudo bem. - Ele assegurou, exalando o ar pelo nariz de um jeito esgotado. Marinette não sabia se ele estava se sentindo tão desgastado pela conversa com Nathalie ou pelo fato de não tê-la encontrado quando voltou para casa. Ou a junção dos dois. - Fica tudo bem assim que te vejo. - Ela abriu um sorriso involuntário. Não havia nem como não o fazê-lo. Ouviu palavras românticas de Adrien era sempre um deleite. Também ficou feliz por saber que o deixava mais tranquilo, de alguma forma, mas depois percebeu que isso também era um pouco triste. Havia o deixado traumatizado com a sua ausência. - Mas e você? Está com alguma dor?

 A pergunta cortou a sua linha de raciocínio, e demorou alguns segundos para se lembrar o porquê dele estar questionando isso. Ela havia saído como Ladybug apesar do seu estado físico não estar dos melhores. Mas a transformação havia ocorrido sem problemas.

— Estou bem... - Respondeu com a voz baixa, serena, relembrando os seus momentos naquela tarde. O coração ainda gelava ao lembrar da conversa com Gabriel, mas se acalmou novamente ao pensar na conversa com Bunnix. - Agora está tudo bem.

Nem podia imaginar que, ainda naquela manhã, estava completamente aflita e angustiada com o problema que sabia que tinha, mas ainda não entendia o que era.

Não havia se passado nem uma hora, desde que esclareceu tudo com a heroína do futuro, mas o alívio que seu corpo estava submerso agora já parecia ter apagado todos os momentos ruins que tivera desde que acordou.

— Visitei seu pai na prisão. - Soltou de uma vez.

Ainda não havia decidido quando iria compartilhar isso com Adrien, pois sentia que ele não estava preparado para falar sobre o progenitor. Mas lembrou de si mesma naquela tarde, e em como, muitas vezes, apenas saber sobre o problema já era meio caminho andado para conseguir solucioná-lo.

Não conseguiu impedir o susto que tomou quando Adrien se sentou na cama, de repente.

— O quê? Por que? - As sobrancelhas dele estavam erguidas, em surpresa. Os olhos verdes estavam tão abertos que podiam ser vistos claramente, mesmo na penumbra do quarto.

— Ladybug precisava vê-lo, e eu precisava de respostas. - Explicou de forma sucinta.

Depois Mari encarou o namorado, perguntando se ele iria pedir mais detalhes. Mesmo não estando pronta para falar mais de si, ela contaria a ele de bom grado detalhes sobre o pai.

Mas Adrien ainda parecia evitar o assunto de toda forma, pois logo deitou novamente, as costas sobre o colchão, as mãos apoiando a cabeça e mudou de assunto.

— Nathalie... ele envenenou a cabeça dela. - Ele parecia estar remoendo a conversa que teve com a secretária mais cedo. 

— Acha que ela pode ser a Mayura? - Não havia como não perguntar. Essa era uma possibilidade muito real, e apesar de não saber antes como era a relação de Adrien com ela, agora poderia deduzir que não era das melhores, depois de tudo o que aconteceu.

— Provavelmente, mas ela não parecia estar com medo, ou temerosa que eu descobrisse. - Adrien então deitou de lado, ficando de frente para Marinette. Prendendo o fôlego assim que a viu. Não era possível que fosse apenas seus olhos apaixonados, mas ela estava sempre linda para ele. - Aqueles dois devem ter feito algum plano. - Concluiu o pensamento, mesmo não querendo mais falar sobre esse assunto agora. 

Queria curtir os momentos ao lado da garota de olhos de safira, cabelo negro como uma noite estrelada e pele de porcelana. Marinette era uma preciosidade completa.

— Bom, que venham. O que quer que tenham planejado não vai adiantar de nada, de qualquer forma, pois vamos enfrentá-los juntos. - Mari respondeu, abrindo um sorriso e se sentindo confiante como nunca.

Adrien não aguentou, então a agarrou com força, colando seus corpos um no outro. Abraçou a namorada, a poucos centímetros abaixo de si, e afundou o rosto nos cabelos compridos e sedosos.

— Hum... - Ouviu ela gemer com satisfação, enquanto também o envolvia com os braços. 

A respiração dela em seu pescoço fazia ondas de prazer percorrerem todo seu corpo.

— Dorme comigo? - Adrien repetiu, já de olhos fechados, o pedido que ela havia feito à ele, meses atrás.

Sentiu o pequeno corpo de Marinette vibrar contra o seu, enquanto ela ria.

— Precisa de sua princesa de pelúcia?

Adrien deixou aquele sentimento bom e nostálgico o preencher, enquanto os lábios se curvaram em um sorriso.

— Todos os dias. - Sussurrou, temendo que aquele momento bom findasse caso fizesse algo brusco demais.

— Então volte aqui amanhã, e depois de amanhã e depois. - Ela respondeu, erguendo a cabeça  lhe dando um beijo em cima dos lábios quentes e macios. - Estarei com você do amanhecer até o anoitecer, gatinho.

O Miraculous do pavão ainda estava desaparecido, o trabalho deles ainda não havia terminado. Não que ligassem, ambos amavam ser Ladybug e Chat Noir, salvar os parisienses e manter a cidade segura era um dever que cumpriam com orgulho.

Não havia mais pesadelos para Mari, ou insônia para Adrien, mas ainda assim, eles dormiam todas as noites juntos. 

E, enquanto estavam agarrados um no outro, Adrien então se deu conta da sorte que tinha por ter Marinette em sua vida.

A força do amor podia, sim, salvar alguém. Marinette havia salvado sua vida, mais vezes do que podia contar.

Porque quando se encontra alguém, e essa pessoa te ama de volta, com a mesma ou até maior, intensidade que os seus próprios sentimentos...

Esse sim, deve ser o verdadeiro milagre.

FIM


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Notas finais do capítulo

Gente, é com muito orgulho que chegamos ao fim.

Na madrugada do dia 18 de abril de 2021, eu não consegui dormir. Passei a noite em claro, pois estava com uma ideia de história na minha cabeça. Criei um roteiro inteiro, do início ao fim, e até a manhã daquele dia, eu já sabia tudo sobre a minha história.

Durante os próximos dias eu comecei a escrever, ainda muito insegura em relação a minha escrita, e em como fazer para todas as minhas ideias passarem para o notebook, mas a história de Insônia foi mais forte do que todos os meus anseios.

Eu escrevi 10 capítulos antes de postar o primeiro em algum site. Mas eu já ficava imaginando tudo: "será que eles vão gostar dessa parte?" "O que vão achar dessa fala?" "Espero que eles riam com essa cena."

Enfim, no dia 22 de Abril (sim, eu escrevi 10 capítulos em 5 dias, de tão empolgada) eu postei Pesadelo e agora, estamos aqui para concluir, o que para mim foi uma incrível e maravilhosa caminhada.

Conheci pessoas incríveis durante esse tempo. Cass, obrigada por ser meu editor, corretor oficial e também meu conselheiro. Lara, obrigada por ser alguém que eu podia contar pra me mandar edits de Miraculous quando eu precisava de inspiração.

As minhas "Cheiro de Éter", Manu, Ana e Iasmin... Três malucas que encheram minhas notificações do wattpad e também o meu coração.

A todos do grupo Insoniados, que alegraram e me fizeram companhia todos os dias. Amei fazer terrorismo psicológico sobre a morte da Mari, admito hahah. Obrigada por estarem lá quando eu me sentia sozinha.

E por fim, um agradecimento geral à todos os leitores de Insônia, vocês estiveram comigo nesses últimos meses, acompanharam minhas mudanças, viagens, e até minha cirurgia. Foi uma loucura. Todos os finais de semana que eu tentei fugir de todos os rolês apenas para escrever, cada fanart que eu via e pensava "será que dá pra colocar na fanfic?" Enfim, foram muitas coisas. E a presença constante de vocês, de saber que a qualquer momento eu podia entrar nas notificações e ver comentários de vocês, era incrível.

Ainda não ser se vou escrever outra fanfic tão cedo, mas se eu for, vocês serão os primeiros a saber, fiquem tranquilos.

Como sempre, meu beijos doces!

Eu amo, amei e amarei todos vocês, pelo resto da vida!



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