Insônia escrita por Babydoll


Capítulo 50
Quero você aqui


Notas iniciais do capítulo

Ah gente, só uma observação aqui, rapidinho. No cap passado, quando os pais da Mari estavam lembrando das emergências que a Mari já fez os dois passarem? Quero dizer que os dois casos são verídicos kkk eu fui a menina que teve o tornozelo inchado igual uma bola e passou o dia inteiro com dor, sem falar com ninguém, porque eu não queria deixar ninguém preocupado. E o da grade, também aconteceu kkk só não tiveram que chamar os bombeiros, graças a Deus.

Cara, vocês deviam cobrar pensão do Jagged igual vocês me cobram terapia, mds!

Ministério da Saúde Mental Alerta... blá blá blá, vocês já estão cansados de saber, a culpa não é minha! Culpem as vozes da minha cabeça que me dão inspirações tão tristes.

Boa leitura!



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Eu quero gritar

Isto é um sonho?

Como isso pôde acontecer?

Acontecer comigo?

Isso não é justo

Este pesadelo

Este tipo de tortura

Eu simplesmente não posso suportar

Eu quero você aqui!

(I want you here - Plumb)

— Hoje faz uma semana desde que o bem sucedido empresário, Gabriel Agreste, foi preso por fraude e desvio de lucros. Vamos trazer a cobertura do caso completo aqui para vocês. Temos também um repórter na frente da Mansão Agreste nesse momento, aguardando para recolher o depoimento do único filho do empresário, o super modelo, Adrien Agreste, que ainda não foi visto indo até a delegacia ou à prisão em que o pai está...

Alguém desligou a TV do quarto do hospital, trazendo Adrien para a realidade.

Estava em um estado sonolento pela noite mal dormida, mas os ouvidos estavam atentos nas palavras de Nadja no jornal da manhã. Abriu os olhos com dificuldade pela claridade do quarto, sentindo uma dor latejante em seu pescoço pela posição em que estava.

O cheiro inebriante de flores atingiu suas narinas em seguida. O quarto estava repleto delas.

— Bom dia, Adrien. - Ouviu a enfermeira Louise o cumprimentar, enquanto entrava no quarto com um refil de soro na mão. - Você não precisa ouvir isso. - A mulher continuou, depositando o controle da tv, que ela havia acabado de desligar, na mesa de cabeceira ao lado de Marinette.

— Bom dia Sra. Bonnet. - Ele devolveu, enquanto se sentava no sofá, empurrando o cobertor para o lado e passando os dedos entre seus cabelos na tentativa de desembaraçar os fios.

Louise Bonnet era uma boa enfermeira, Adrien gostava dela. Era simpática, carinhosa e não costumava lhe fazer perguntas muito pessoais sobre sua vida ou sobre seu pai, como a outra enfermeira, Joly Rousseau, fazia.

— Bom dia, Marinette! Como está hoje? - A mulher de meia idade se aproximou da cama, já trocando o soro da garota.

— A pressão dela desceu um pouco durante à noite. - Respondeu pela namorada, lembrando rapidamente o motivo de não ter dormido tão bem naquela noite. 

Era por volta de duas e meia da manhã quando enfermeiro da madrugada, Arnald Berny, estava fazendo o check-up de sempre e notou a sutil mudança. A pressão de Marinette estava mais baixa que o normal.

Poderia não ser nada ou poderia ser o indício de uma sepse*, por isso, assim que o problema foi relatado ao Dr. Leroy, Marinette teve que passar por outra bateria de exames. E  Adrien, claro, permaneceu acordado até que os resultados saíssem,  concluindo que ela estava bem.

— Ah menina, vê se não nos preocupa mais. - Louise disse de forma doce, continuando seus cuidados matinais de rotina com Marinette, como pentear seus cabelos, checar os sinais vitais e conferir seus curativos.

Adrien olhou para sua princesa deitada naquela cama, esperando que ela tivesse alguma reação, qualquer coisa, alguma resposta para a enfermeira. Mas, como nos últimos dias, nada aconteceu. Ela apenas permaneceu imóvel, privando-o mais um dia de ver aqueles lindos olhos azuis.

Estava sentindo falta deles.

Hoje estava completando oito dias desde que Marinette havia sido internada. E há duas noites atrás, os médicos retiraram o tubo de sua boca, deixando-a apenas com o respirador. O que foi um alívio para o garoto, ele tinha medo que aquilo a incomodasse.

Respirou fundo, se levantando e indo em direção ao banheiro do quarto para molhar o rosto e se preparar para o dia. 

Molhou o rosto, aproveitando a sensação de frescor da água gelada, mas evitou de se olhar no espelho. Não era algo muito agradável nos últimos dias.

— Bom dia Plagg, Tikki. - Liberou ambos os kwamis, dando-lhes seus cafés da manhã que deixava previamente em uma caixinha no banheiro, o único local que tinha privacidade.

— Bom dia Adrien! - A kwami vermelha disse, enquanto pegava um cookie em sua mão. 

Tikki era sempre gentil e doce, completamente diferente de seu próprio kwami. 

— Você precisa pegar um sol, está pálido! - Plagg disse, levando um cutucão de Tikki logo em seguida. 

O loiro apenas rolou os olhos para o comentário, mas não deu muita importância para a implicância. Sabia que por trás desses comentários, o kwami apenas queria dizer "Estou preocupado com você, garoto". Mas admitir isso seria passa em cima de seu imenso orgulho.

Ouviu a voz de Tom no quarto alguns minutos, chegando em seu horário habitual, após a troca de turno com Sabine. 

Assim que viu os kwamis satisfeitos, o loiro atravessou a porta de volta para o quarto, sentiu o cheiro familiar de pães quentinhos preenchendo o ambiente. Tom sempre os levava pela manhã, assim como brioches e alguns croissants. Ele dizia que, mesmo que a Marinette não pudesse comê-los, ela ainda sentia o cheiro, e o homem torcia que isso a fizesse ficar com saudades de casa e voltasse logo para eles.

Adrien torcia para ele estar correto.

— Bom dia filho, como foi a noite? Sabine me contou que Marinette nos deu mais um susto. 

Tom o saudou com um sorriso simpático, mas seus olhos tinham marcas que denunciavam seu cansaço e preocupação.

— Sim, mas ainda bem que foi apenas um alarme falso.

 O loiro se jogou no sofá em que estava dormindo e assim que a bondosa enfermeira terminou seu serviço, sentiu o homem se juntando à ele no estofado.

— Adrien, já faz mais de uma semana. Tem certeza que não quer ir para a escola?

Queria dizer que Tom estava exagerando, mas não era o caso. Adrien estava mesmo vivendo naquele hospital. Havia até pagado para trasferirem Marinette para um quarto maior, com uma cama extra e um sofá. Ele deixou a cama para os pais de Marinette, que revezavam entre eles quem dormia no hospital cada noite. 

Alya, Nino e Luka também passavam no hospital regularmente, mas era Adrien quem estava lá, durante o dia inteiro, todos os dias. Já conhecia todos os médicos e enfermeiros daquele andar, o sofá havia virado seu lar, tinha três mochilas com suas roupas, materiais da escola e objetos próprios de higiene no banheiro, como uma toalha e escova de dentes.

E também, ninguém tinha coragem de expulsar o garoto rico cujo pai, e único parente, havia sido preso recentemente.

Após a prisão de seu pai vir a público, recebeu inúmeras ligações da polícia perguntando se queria ir visitá-lo. Obviamente, ele nunca foi, nem tinha pretensão de ir tão cedo.

Nathalie apareceu com Gorila algumas vezes, os dois geralmente levavam comida e roupas recém lavadas, além de vários esforços para fazê-lo voltar para casa e continuar sua rotina de atividades. Adrien apenas agradecia pelo cuidado dos dois e dispensava a carona para ir embora.

Não havia nenhum outro lugar em que ele devesse estar, a não ser ali.

— Tenho sim, Tom. Mas não se preocupe, Nino trás a matéria todo dia pra mim, e já me avisou sobre a data das provas. - Adrien respondeu, enquanto seu interior se agitava em uma súplica.

"Por isso, por favor, não me deixe longe dela."

Tom sentou se ao lado dele e tocou seu ombro.

— Sabe filho, eu e Sabine não poderíamos te agradecer o bastante. Tem nos ajudado muito nos últimos dias, mas estamos ficando preocupados com você. Saia do hospital um pouco hoje, dê um passeio com seus amigos e vá dormir em casa

— Eu não quero ir pra casa. - Respondeu rapidamente, o tom ríspido de sua voz demonstrando sua raiva. Não de Tom, obviamente, mas por pensar nas coisas que seu pai fazia naquela casa enquanto ele estava bem ali, debaixo do mesmo teto.

— Bom, não precisa ser a sua casa. Pode ir dormir na nossa. - O homem se corrigiu, notando o desconforto do garoto. - Digo, o quarto de Marinette está temporariamente disponível. Tenho certeza que vai conseguir descansar um pouco lá...

Levantou os olhos em direção ao senhor Dupain. A oferta era boa, mas Adrien estremeceu só de imaginar como seria entrar naquele quarto sem ela.

— Bom, se não se sentir confortável para ir então...

— Tudo bem, eu vou. - Tomou a decisão. Não queria que os pais de Marinette tivessem mais uma preocupação além dela. E sabia que isso os deixaria mais tranquilos em relação à ele. - Obrigado, pai.

Viu os olhos de Tom de apertarem, como se estivesse prestes a chorar. Ele colocou uma de suas enormes mãos sobre o ombro direito de Adrien, parecendo completamente satisfeito.

— Por nada, filho. - Ele abriu um pequeno sorriso. Depois, os olhos percorreram o quarto, e Adrien fez o mesmo.

Haviam vasos com flores, buquês e cartinhas espalhados por todo o cômodo. A maioria era de colegas da escola, que haviam visitado Mari na última semana. Outros eram dos professores, amigos da família e até alguns clientes da padaria. 

— Sabe? Eu e Marinette discutimos no dia do acidente. - Tom disse de repente, fazendo os olhos de Adrien se virarem para ele. O rosto dele estava sério, algo atípico para Tom. - Eu me pergunto se ela não acabou se machucando... por minha causa.

— O que? Não! Claro que a culpa não é sua. - Adrien ficou surpreso com aquilo. Sabia que Tom e Sabine estavam sofrendo, e muito, com o estado da filha. Mas jamais imaginou que o homem estivesse carregado algo tão pesado, como essa culpa, em seu coração. - Ela ama você, sabe disso.

— Sim, eu sei, é só que eu... - Tom abaixou a cabeça, mexendo ambas as mãos de forma nervosa enquanto fitava os próprios pés. - Queria que ela acordasse logo. Gostaria de pedir desculpas.

— Tenho certeza que ela já o desculpou. - Foi a vez de Adrien de colocar a mão sobre o ombro do homem. Não se sentia muito bem consolando as pessoas. Mas esse era um gesto que sempre faziam com ele ultimamente.

— Quero pedir desculpas à você também.  - Tom voltou o rosto para o de Adrien, que ficou confuso com aquela afirmação. - A nossa discussão aconteceu porque eu disse à ela que talvez seria melhor te esquecer, e seguir em frente. - Tom desviou o olhar, como se fosse difícil admitir isso enquanto mantinha o contato visual com o garoto. - Devia ter visto como ela te defendeu, havia... fogo no olhar dela. - Um vislumbre de um sorriso pairou sobre seu bigode, como se apenas de lembrar daquele momento, uma alegria tomasse conta dele. - Ela realmente te ama, sabe? Mesmo tão jovem. E depois desses dias, tenho certeza que não há escolha melhor para a minha filha do que você.

Adrien já estava com lágrimas nos olhos a essa altura. Algumas poucas derramaram enquanto ouvia as palavras do homem ao seu lado.

Uma dor iniciou em seu peito, enquanto tentava conter sua emoção. Não se sentia nem um pouco merecedor do amor de Marinette, não depois de tudo que ele fizera ela passar nos últimos meses. 

— Obrigado. - Foi a única coisa que disse, desviando o rosto para a janela enquanto secava seu rosto com o dorso da mão. 

— Só fique de olho naquele Chat Noir. Tenho certeza de que ele ainda não superou a minha garotinha.

Arregalou os olhos ao ouvir aquela frase.

Seria trágico se não fosse cômico. Depois de vários dias nebulosos, essa era a primeira vez que Adrien quis realmente sorri com algo. Mas como não podia entregar para Tom sua identidade secreta em uma bandeja, ele apenas concordou com o mais velho, abrindo um sorriso ao encontrar seu olhar com o dele.

— Também acho. Afinal, quem poderia superar a Marinette?

***************************

Estar naquele quarto, sentir o cheiro dela, ver suas coisas, era o equivalente a tortura para Adrien. 

Largou sua mochila no chão e começou a andar pelo local. Era estranho. Tudo estava no mesmo local, como se o tempo não tivesse passado ou as coisas ruins não tivessem acontecido.

Encontrou o diário dela, esquecido em cima da escrivaninha, como se ela tivesse fechado ela com pressa e não tivesse tido tempo para guardá-lo direito. 

Respirou fundo, sentindo os dedos tremerem enquanto aproximava a mão do objeto.

Folheou algumas páginas, não sabendo se isso era certo ou não. Ele só queria ler algo que ela havia escrito.

Duas palavras saltarem dentre as páginas: Chat Blanc.

Adrien soltou um riso triste. Parecia que havia passado muito tempo desde que Chat Blanc era o maior de seus problemas.

— É estranho estar aqui sem ela. - Ouviu Tikki dizer de algum canto do quarto.

— Também acho... - Concordou baixinho, pegando o pequeno livro e prendendo a respiração ao abrir na última página escrita.

"Querido diário,

Vamos enfrentar Hawk Moth amanhã. Eu achei que quando esse dia chegasse, eu estaria pulando de alegria, mas a verdade é que estou apavorada, como nunca estive em toda a minha vida.

Eu só quero protegê-lo. Isso é tudo que eu peço.

Farei o que for possível para isso."

Fechou o diário com força. Sentindo os próprios olhos arderem ao ver as marcas de lágrimas no papel. Marinette estava chorando quando escreveu aquilo.

— Ei. - Sentiu uma presença perto de si e fungou antes de virar o rosto, percebendo Plagg com uma patinha em seu ombro. 

O pequeno kwami não disse nada, mas Adrien percebeu seus olhos aflitos, como se quisesse falar algo para tranquiliza-lo. 

O loiro abriu um pequeno sorriso. Levando a mão até o kwami preto e fazendo uma carícia no topo de sua cabeça.

— Eu sei. Obrigado, Plagg. 

Deu um suspiro cansado antes de subir até a cama. Os lençois, os travesseiros... o lembravam de todas as noites em que ficaram ali juntos. Sentiu o coração tamborilar dentro do peito enquanto se acomodava para deitar. 

— Tikki. - Adrien chamou a pequena kwami que estava no andar debaixo, passeando por entre os chapéus que Marinette havia feito para ela de forma nostálgica.

— Sim, Adrien? - Ela voou até a cama, pegando um cookie na mão do garoto, que também estava entregando um pedaço de queijo para Plagg.

— Me diga  o que aconteceu aquele dia. - Perguntou, olhando dentro dos olhos da pequena kwami joaninha. - Eu preciso entender o que houve.

Finalmente pôde fazer a pergunta que estava entalada em sua garganta à dias. Não havia conversado direito com Tikki, já que era difícil ter privacidade para isso no hospital. Quando Tom ou Sabine não estava no quarto com ele, sempre alguma enfermeira ou médico vinham checar o estado da Mari, o que prolongou o tempo para essa conversa. E ele não queria fazer isso às pressas nos momentos em que alimentava os dois no banheiro.

A kwami vermelha soltou um suspiro, antes de flutuar e pousar no travesseiro.

— Eu tive uma portadora, uma vez, que também era francesa. - Começou a narrar, enquanto mirava o nada com um olhar vago, como se estivesse olhando para o passado. - O nome dela era Jeannie, uma mulher forte, guerreira, mesmo tão jovem. Ela tinha a idade da Marinette quando recebeu os brincos. 

Adrien ouvia a pequena história, mesmo que não entendesse aonde ela queria chegar com isso.

— O que aconteceu com ela? - Instigou para que continuasse o relato, a curiosidade já crescendo em seu interior.

— Foi morta pelo governo inglês aos dezenove anos. Acusada de feitiçaria e condenada à fogueira.

Aquilo doeu dentro do garoto. Dezenove anos... era muito jovem para um destino tão terrível. Então, um estalo aconteceu em sua mente.

— Espera, Jeannie? Você diz, Jeanne D'Arc?** Ela foi uma  portadora? - Suas sobrancelhas estavam arqueadas, tamanho a surpresa. 

Todos os franceses sabiam quem Jeannie D'Arc era, a Santa Padroeira da França, que liderou o exército de Carlos VII à várias vitórias. 

Mas Adrien jamais teria imaginado que ela utilizava um Miraculous. E não qualquer um, mas o de sua Lady.

— Então por que ela não fugiu? Se ela tinha o Miraculous, ela podia ter feito algo! - A indignação inflamou em seu peito. Provavelmente, haviam a visto falando "sozinha", usando seu talismã e o poder para reparar os danos da guerra e, instintivamente, acharam que era uma bruxa.

— Jeannie acreditava na justiça, e principalmente, na responsabilidade dela ao usar o Miraculous da Criação. - Tikki estava com a voz séria, mas logo, um vinco se formou entre seus pequenos olhinhos. - Ela sabia que a próxima portadora teria que ter bravura, coragem e lealdade para usar os brincos. Esse é um fardo que somente uma grande portadora consegue carregar. - Talvez a kwami tivesse visto o olhar assustado em Adrien, pois nesse momento, ela flutuou até a frente de seu rosto, colocando uma de suas mãozinhas na bochecha do garoto. - Ela aceitou as consequências com a cabeça erguida. Sempre me lembro dela quando me sinto assustada.

Adrien estava com a respiração alterada, um pouco assustado com essa história e no quão sério realmente era realmente a responsabilidade que tinham.

— E por que está me contando sobre ela, agora?

Tikki flutuou até a janela mais próxima, observando a escuridão do céu noturno antes de responder. Adrien e Plagg se entreolharam.

— Porque acho que ouvi a voz dela, quando o akuma estava dentro da Marinette. - O espanto foi imediato. Mas antes que pudesse dizer algo, ela continuou. - Foi por causa dessa voz que Marinette conseguiu resistir. Acredito que Jeannie emprestou um pouco de sua força para Mari, de alguma forma. 

*********************************

O gato preto pulou pelos telhados, estendendo seu bastão e locomovendo com facilidade. Em poucos minutos, chegou ao local de destino: Hospital Necker.

Já sabia de cabeça o andar e o quarto, por isso foi fácil chegar até lá.

Assim que pousou o umbral da janela, viu lá dentro sua garota na cama, e ao lado dela, estava Sabine, tomando uma xícara de chá em sua costumeira poltrona ao lado da cama da filha.

— Senhora Dupain-Cheng. - Falou com a voz baixa, apenas querendo mostrar a sua presença ali.

Mas mesmo assim, viu a pequena chinesa dar um pequeno pulo na poltrona, quase derrubando a xícara de sua mão.

— Chat Noir! Que susto. - Ela disse com um sorriso no rosto, rindo de si mesma pelo susto, levando uma mão ao peito. - O que faz aqui? 

— Me desculpe, eu só queria ver a Marinette. - Respondeu sincero, não havia encontrado outra desculpa para sua ida noturna.

Achou que Sabine não iria se importar, mas então a mulher crispou os lábios e franziu os olhos, e Chat temeu que ela o pedisse para ir embora.

— Ah Chat, não me diga que tem sentimentos por ela...

Compreendeu a confusão em instantes,  levou ambas as mãos para frente do corpo e as balançou em negação de forma frenética

— Não, não é isso... Bom, foi eu quem a trouxe ao hospital, só queria saber como ela estava. - Conseguiu  despitar, respirando aliviado ao ver Sabine relaxar a postura.

— Nossa, é mesmo. Aconteceram tantas coisas que mal nos lembramos. Obrigada, Chat Noir. Você salvou a nossa menina naquele dia.

Sabine então fez um gesto para que o herói entrasse no quarto apropriadamente, e assim ele o fez. Descendo da janela em que estava agachado e se aproximando do leito à passos lentos.

— Eu só fiz o que tinha que fazer. - As palavras saíram amargas de sua boca. Na realidade, Chat sentiu que havia feito apenas o mínimo. - Então, como ela está? - Perguntou, ao agachar ao lado de Mari na cama. 

Ela estava do mesmo jeito que ele havia a visto na última vez, algumas horas atrás.

Sabine deu um suspiro profundo, como se aquela pergunta a provocasse um cansaço extremo.

— Estável. - Ela depositou a xícara na mesa da cabeceira e depois, passou os dedos entre seus fios escuros. - Essa é a palavra que os médicos usam todos os dias para se referir a ela. O que é a mesma coisa de dizer que nada mudou. Marinette não melhorou e também não piorou, ela só está...

— Estável. - Chat terminou, também se sentindo farto dessa simples palavras que ouvia todos os dias.

Sabine olhou em direção ao heróis, captando os olhos verdes sobre a figura inerte de Mari.

— Quem me preocupa é o namorado dela, o Adrien. Ele está sempre tão triste... - Disse, e Chat Noir rapidamente voltou sua atenção para ela, mas a mulher parecia apenas ter divagado alto, pois logo em seguida, piscou os olhos e mudou de assunto. - E como está a Ladybug?

Foi como uma facada no coração. Chat ficou vidrado, olhando para a chinesa à sua frente até ter força o suficiente para desviar os olhos. Levou uma de suas mãos de encontro ao amor da sua vida, os dedos finos e brancos dela contrastando com sua garras pretas. Sua força provinha dela.

— Ela está bem. - Respondeu por fim, engolindo em seco pela meia mentira.

Sua garganta se fechou assim que pronunciou a resposta, não conseguindo dizer mais nada em seguida.

Então, ele a viu bocejar e percebeu que era sua deixa.

— Pode descansar, senhora Dupain-Cheng. - Observou, já se levantando. - Tenho que fazer rondas.

— Ah, sim, claro. Vá com cuidado. - A chinesa de despediu com um aceno de cabeça gentil.

Chat Noir então saiu pela noite, sem destino, tentando não pensar em como era horrível ter que fingir que a Ladybug ainda estava com ele.

Que Chat Noir ainda tinha sua parceira, enquanto Adrien, não.


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Notas finais do capítulo

*O que é sepse: é uma infecção que começa em algum órgão e depois evolui, podendo até cair na corrente sanguínea. É um perigo, principalmente em pacientes pós-operados na UTI. Em casos mais avançados, choque séptico (popularmente conhecido como infecção generalizada). Por isso a condição, quando não tratada, pode levar a óbito por falência múltipla dos órgãos.

A outra portadora, que a Tikki mencionou, eu me inspirei em Joana D'Arc. Quem quiser, eu acho que vale a pena pesquisar sobre ela, apesar de ser uma história bem triste. Joana dizia ouvir vozes do além aos 13 anos e ela, por ser muito religiosa, acreditava ser o Anjo Miguel, dizendo para ela se juntar ao exército francês. Bom... podemos dizer aqui que era um kwami, certo?

De alguma forma, mesmo sendo só uma adolescente analfabeta, ela conseguiu convencer o rei a deixá-la liderar o exército. Cortou o cabelo e se vestiu como homem e levou os franceses a várias vitórias, até ser capturada pelos ingleses e condenada à morte, em 1431. Hoje, ela é considerada como Santa Padroeira da França.

Galera, seguinte! Vou viajar de novo kk dia 11/11 (eita, que data), a viagem é mais curta, volto logo dia 16. Mas só avisando que já vai rolar um atraso na postagens devido à isso.

Se vocês acharam os últimos capítulos pesados, quero nem saber o que vão achar do próximo.

Se preparem. Colete e capacete.

Beijos doces! Amo vocês!



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