Insônia escrita por Babydoll


Capítulo 48
Pain


Notas iniciais do capítulo

Hello meus leitores lindos!

Como foi a semana de vocês? Boa? Espero que sim!

E o coração pra esse cap, como tá? Espero que bem também, pq o da Mari... sei não viu kkkkk

Parei.

Mas é sério, antes me cobraram terapia, agora estão me cobrando pra pagar os velórios. Eu só quero deixar claro que eu não MATEI NINGUÉM! (Ainda....)

PAREEEI DE NOVO! KKKKK

Antes de tudo, além de comemorar os 70k de visualizações no Watt, também quero agradecer à @CamrenCrazy123 por deixar me encontrar aqui no Nyah Fanfiction e também, deixar uma recomendação linda pra mim. Camren, você é INCRÍVEL!!! TE AMOOO ❤️

Boa leitura!

Ministério da Saúde Mental adverte: A AUTORA, CUJO NOME É BRUNA STEIN, NÃO É RESPONSÁVEL POR NENHUM PROBLEMA PSICOLÓGICO OU FÍSICO DESENVOLVIDOS AO DECORRER DESSA HISTÓRIA. Se persistirem os sintomas, um médico deverá ser consultado. Caso o leitor não se trate e venham a óbito, está ESTRITAMENTE PROIBIDO ASSOMBRAR A AUTORA NO PÓS VIDA. Grata, a direção.



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Você é a força

Que me mantém caminhando

Você é a esperança

Que me mantém confiante

Você é a vida

Para a minha alma

Você é meu propósito

Você é tudo

(Everything - Lifehouse)

O cheiro de éter já estava deixando sua cabeça zonza. Adrien tinha certeza de que suas roupas também já estariam impregnadas com o odor dessa substância. 

O loiro olhou ao redor, percebendo, só naquele momento, que estava sozinho na sala de espera do andar cirúrgico. No painel, as outras cirurgias já indicavam como finalizadas, enquanto a da sala quatro permanecia acesa e em andamento. 

Plagg estava sobrevoando ao seu redor. Parecia estar dividido entre dizer algo para acalmá-lo ou apenas ficar quieto por saber que, nada do que dissesse, iria animar seu portador. Por fim, o pequeno kwami preto sentou em seu colo e sossegou, sem dizer uma palavra.

Adrien ajeitou sua posição na cadeira pela décima vez, não sabendo se o desconforto era causado pela rigidez do assento ou se era seu corpo, que estava cansado e tenso pela espera.

Mas tensão nenhuma foi comparada com o quanto seus músculos retesaram ao ouvir vozes conhecidas no corredor. 

— Eles devem estar enganados, não é? A nossa Marinette não deve estar aqui... 

— Fique tranquila, querida, tenho certeza que está tudo bem.

Sabine e Tom dobraram o corredor que estavam e segundos depois, Adrien pôde vê-los pela visão periférica, enquanto Plagg se escondia em suas roupas. Mas o garoto ainda precisou de um segundo a mais para criar coragem de erguer sua cabeça e olhar o casal nos olhos.

— Senhor e senhora Dupain-Cheng. - Disse ao se levantar. O barulho de seu tênis causando um ruído no chão polido e liso assim que se colocou de pé. 

Adrien limpou o suor frio da palmas de suas mãos em seu jeans, enquanto o casal se aproximava. Mas já às sentindo suar novamente quando as feições do casal mudaram de confusão para puro medo.

Afinal, se ele estava ali, então provavelmente os médicos não haviam feito engano nenhum e, realmente, a filha deles estava mesmo naquela sala de cirurgia.

— Adrien, oh meu Deus, quanto tempo! - Sabine o saudou com ânimo, apesar da insegurança que Adrien viu em seus olhos.

— Por que já está aqui, filho? Estava com a Marinette quando ela sofreu o acidente? - Foi Tom quem perguntou, não conseguindo suprimir o desespero que estava sentindo igual à esposa.

No tempo em que esteve esperando sozinho, o loiro conseguiu criar uma história que pudesse explicar o que houve com Marinette e também, o porquê dele estar no hospital antes mesmo dos pais dela chegarem.

— Eu sinto muito, eu havia pedido a Mari para se encontrar comigo durante o festival. - Sabia muito bem que os pais de Mari eram cientes de que o término foi apenas um capricho de seu pai e ele, supostamente, era o único que não sabia sobre isso. - Eu só queria vê-la um pouco. Achei que não teríamos problemas se nos encontrássemos na multidão "acidentalmente". - Fez aspas com as mãos, insinuando que tudo era parte de um plano para encontrá-la sem o conhecimento do pai.

— Mas como ela se machucou? 

Era apenas uma pergunta simples. Algo que Adrien também havia ensaiado. 

"Apareceu um sentimonstro em nosso caminho no final do festival. Ladybug e Chat Noir apareceram para lutar contra ele, mas precisei despistar o Gorila antes de sair com a Marinette dali e deixá-la em segurança. Foi tudo muito rápido e quando a luta acabou, eu não a encontrei.  Depois de alguns minutos procurando, vi Chat Noir a carregando e o segui até esse hospital."

Mas como mentiria tão descaradamente para os pais da garota que amava, quando uma culpa enorme assolava seu peito? 

Era culpa dele Marinette estar agora naquele hospital. Por não ter feito nada em luta quando podia, por ser a sua família a causadora de tantos males.

Sentiu um nó se formando em sua garganta, impedindo que as palavras ensaiadas e mentirosas viessem à tona. 

Foi quando braços calorosos envolveram seu corpo.

— Está tudo bem, Adrien, não é sua culpa. - Sabine disse com carinho, afagando sua cabeça e seus fios loiros, enquanto ainda o mantinha em um abraço apertado, como se soubesse que ele precisava disso. - Nossa Marinette é bem desastrada e consegue se meter me problemas facilmente, mas ela sempre fica bem. 

Ele retribuiu o abraço da pequena mulher, não conseguindo responder nada em troca das palavras de conforto. Mas gostou de ter esse contato e zelo. Estava se sentindo completamente desamparado e sozinho naquela sala, enquanto esperava que os médicos saíssem a qualquer momento com notícias.

Se preparou para agradecer à mulher enquanto se separavam, conseguindo engolir o bolo que se formou em sua garganta com dificuldade, mas o toque de seu celular interrompeu o momento.

Sentiu o corpo estremecer, saindo de sua bolha de preocupações que envolviam a namorada naquele momento, percebendo que não só sua vida como super-herói estava agitada hoje, mas a vida de Adrien Agreste também. E estava apreensivo para receber uma chamada da polícia a qualquer hora.

Mas suspirou aliviado ao ver o nome de Nino piscar no visor.

— Tudo bem, filho. Pode ir atender. - Tom disse de forma calma, já caminhando em direção às cadeiras da sala de espera ao lado da esposa.

Adrien apenas agradeceu com um aceno, enquanto saía do local para atender a chamada. Encontrou uma sala virando o corredor. Parecia ser para atendimento e estava vazia, um lugar perfeito.

— Oi Nino. - Ele tentou deixar sua voz o mais firme que pôde. 

Ah... oi cara! Beleza? - O amigo disse animado do outro lado, e Adrien respirou fundo, não estando com cabeça para uma conversa agora. Mas antes que o loiro respondesse com algo que fizesse o amigo desligar, ouviu uma voz feminina do outro lado do telefone, com certeza era Alya, e Nino voltou a falar logo em seguida. - Então, eu estou saindo do festival, e queria te encontrar. Aonde você está agora?

Adrien tombou a cabeça para trás, a apoiando na parede, sem saber o que responder. Fitou a parede branca à sua frente, e em como a pintura parecia precisar de um retoque.

Podia dizer ao amigo que simplesmente estava em casa e que seu pai não o deixaria sair ou ter visitas. Mas depois de hoje, não sabia por quanto tempo mais essa desculpa colaria.

Depois pensou se os Dupain-Cheng ficariam incomodados por mais pessoas saberem do estado de Marinette e se ele ao menos, estava autorizado à contar para as outras pessoas sobre ela.

Por fim, Adrien apenas pensou em como Nino e Alya também eram amigos dela. Seria injusto esconder isso deles.

Cara...

— Hospital Necker. - Ele o interrompeu. - Estou no Hospital Necker. Venham, por favor. 

Se despediu rapidamente e fechou os olhos com força, enquanto segurava o celular desligado ao lado do corpo escorado na parede fria.

Gostaria de dizer que informou à eles o local por empatia e por pensar nas amizades de Mari. Mas a verdade, é que foi puramente egoísta em suas ações. 

Adrien queria seus amigos por perto, pois estava com medo. 

********************************

— Então? Ele disse o local que levou à Ladybug? - Alya perguntou ao namorado, mal contendo sua inquietação, ao lado de Trixx e Wayzz.

Após deixarem Viperion para trás junto da polícia, os dois desfizeram suas transformações atrás de um prédio antigo. E, depois de alimentar seus kwamis, era a hora de descobrir informações para saberem seus próximos passos. O paradeiro de Chat Noir e Ladybug era um bom começo.

— Adrien disse que estava no hospital Necker, mas eu não sei se ela está lá mesmo.

— Chat Noir não estaria em um hospital se não fosse por causa da Ladybug! 

Alya insitiu, e percebeu no quão estranho foi referir ao garoto como o herói de Paris. Viu a estranheza nos olhos de Nino também, assim como a preocupação com o amigo.

— Vamos acabar descobrindo a identidade da Ladybug se formos lá. - Advertiu o Nino. 

Não que isso fosse impedí-los de algo, era só um aviso. Nino sabia bem como a namorada era, e apesar de ser um segredo que ela quisesse muito descobrir, sabia que ela desejaria que fossem outras circunstâncias.

— Seja quem for, ela ainda é a heroína de Paris e precisa do apoio de sua equipe agora. De todos nós. Trixx? - Alya ficou séria, enquanto a pequena kwami raposa sobrevoou para perto do rosto dela. - Avise ao Viperion que a Rena Rouge e o Carapace foram para o Hospital Necker e estaremos aguardando por ele lá, junto com o Adrien. 

— Pode deixar! 

— E tome cuidado! - O aviso foi dado por Wayzz, que apenas recebeu um rolar de olhos como resposta, enquanto Alya e Nino começaram a andar para a estação de metrô mais próxima.

********************************

Viperion deu outra respirada funda, enquanto o policial à sua frente dava explicações frívolas à respeito da prisão de Gabriel.

— Ele estava com o Miraculous da borboleta! Vocês viram com os seus próprios olhos! - Interrompeu o discurso de Roger, sentindo sua paciência se esgotar a cada palavra dita pelo policial.

— Eu sei o que vimos, mas como o próprio Gabriel disse, ele não resistiu à prisão e não tem motivos nenhum para ser um vilão. Ele é um homem de negócios bem sucedido! Por que ele faria isso?

— VOCÊS VIRAM O MIRACULOUS DA BORBOLETA COM ELE! VIRAM ELE TRANSFORMADO EM HAWK MOTH! - Explodiu com raiva, cerrando os dentes e pressionando a mandíbula no final da frase.

— Acontece, senhor herói cobra... - Roger respondeu de forma rude, colocando um dedo no peito de Viperion. - Que Gabriel disse que vocês armaram para ele e que, se o prendermos sem provas, vai mandar o prefeito demitir todos nós aqui da delegacia!

Viperion quis explodir novamente. Gritar mais e mandar que os policiais fizessem o que quiserem com Gabriel. Mas não podia fazer isso. 

O herói olhou pelo vidro duplo da delegacia. Do outro lado, em uma sala escura, Gabriel estava sentado em uma cadeira, quieto e manso como um predator, como se estivesse completamente sobre o controle de seu território, esperando o momento certo para atacar. Em seu rosto, uma expressão de tranquilidade o moldava. Era de dar ódio.

Ladybug estava ferida em algum lugar e Adrien estava sofrendo, tudo por culpa desse homem. Sem falar nos milhares de parisienses que temiam o simples fato de sair de casa pela manhã por conta do medo de serem akumatizados no decorrer do dia.

Não, ele, mesmo não sendo um herói recorrente, devia à todos eles para fazer justiça.

— Vocês querem provas? Eu posso dar provas. - Respirou fundo enquanto retomava a compostura. - Permita que uma equipe venha comigo e mostrarei o covil de Hawk Moth, logo abaixo da mansão Agreste.

Os olhos arregalados de Roger não negaram. Se Viperion pudesse mostrar algo como isso à eles, não havia palavra que Gabriel dissesse que o deixaria livre da prisão ou da sentença de culpado.

— Ok, se conseguir nos mostrar esse lugar, podemos prender Gabriel sem concessões. Mas se estiver enganado, nada mais conseguirá segurar esse homem aqui essa noite.

— Tudo bem, apenas monte uma equipe e eu mostrarei o lugar. 

Roger concordou com a cabeça, enquanto chamava alguns policiais para dar as próximas instruções.

Viperion deu mais uma olhada para o vidro, certo de que quando voltasse, tiraria a expressão de deboche da cara de Gabriel.

*******************************

Alya e Nino entraram no hospital afobados. Foram direto à recepção, mas só então Alya se deu conta de que não sabiam o nome da paciente.

— Boa noite. Nós estamos aqui pra ver a... ah, uma menina que... - Se embolou com as palavras. Não sabia se Ladybug havia chegado ao hospital com sua forma civil ou não, assim como não sabia se fora Adrien ou Chat Noir que havia levado ela até ali.

A moça olhou para Alya confusa, até Nino interromper as duas.

— Somos amigos de Adrien Agreste, ele está esperando por nós.

A recepcionista os lançou um sorriso atrativo antes de responder que ele estava na área cirúrgica, no terceiro andar.

Os dois andaram juntos até o local, segurando forte na mão um do outro.

Alya tentou se preparar mentalmente para a revelação que viria a seguir. Ela era a maior fã da Ladybug, afinal de contas, e descobrir esse segredo era um grande passo, apesar da sensação de que era errado descobrir dessa forma, sem o consentimento da mesma.

Respirou fundo antes e deu uma última olhada em seu namorado antes das portas duplas do elevador se abrirem naquele andar.

Seguiram o corredor, em direção à sala de espera, mas antes de chegarem lá, avistaram Adrien à distância. Ele estava sentado no corredor, as costas encostadas em uma parede e olhos fechados. Parecia exausto.

— Adrien! - Nino chamou o amigo assim que o avistou, fazendo o loiro abrir os olhos surpreso antes de se levantar.

— Alya, Nino, obrigado por terem vindo. - Perceberam os olhos vermelhos e inchados de Adrien assim que ele se aproximou. - Aconteceu uma coisa que vocês precisam saber...

Adrien ainda não sabia como contaria aos amigos que Marinette estava machucada. Pensou que seria mais fácil depois de se encontrar os pais dela, também não havia retornado à sala de espera para evitar os olhares deles e suas palavras de conforto, mas a notícia continuava dolorosa de ser dita.

Alya percebeu que o loiro estava tremendo, enquanto olhava para o chão, evitando contato visual com algum dos dois.

— Adrien, você não parece bem. - Ela tocou um de seus braços, o mesmo permaneceu em silêncio. 

Parecia querer contar à eles tudo o que havia acontecido, e quem Ladybug era, mas ele não estava pronto.

— Vêm, vamos sentar e você nos explica com mais calma o que está acontecendo. - Ela o chamou em direção às portas da sala, que Nino prontamente abriu para os dois. 

Foi quando o garoto percebeu as outras duas pessoas no local. Sentadas em duas cadeiras ao fundo.

— A-Alya... por que os pais da Marinette estão aqui?

Adrien viu os dois amigos congelarem por alguns minutos, e achou que seria melhor se contasse logo à eles sobre a amiga.

— A Marinette se machucou hoje, voltando do evento. Eu...

— Não, não, não pode ser...- A garota disse assustada, andando para trás com ambas as mãos sobre a cabeça. - Minha amiga! Mari! MARI!

Os gritos histéricos de Alya assustaram o loiro, que rapidamente teve que puxá-la para trás, de volta ao corredor, antes que Tom e Sabine ouvissem algo.

— Alya, se acalma! Vai ficar tudo bem!

Nino se colocou diante dela, segurando ambos os seus braços na tentativa de acalmá-la, enquanto a mesma arrastou o corpo pela parede até os joelhos encontrarem o chão. 

Adrien viu os dois em desespero, e se sentiu ainda pior por toda aquela situação. Começou a querer se explicar rapidamente quando Alya começou a chorar.

— Me desculpem, ela estava no festival por minha causa.

— Adrien, não precisa mais mentir, não pra nós. - Nino o interrompeu. As palavras dele trazendo Alya à realidade aos poucos, olhando para o loiro enquanto fungava. Já Adrien, sentiu seu sangue gelar.

— O que quer dizer com isso, Nino? - Ele engoliu em seco, vendo o amigo se colocar de pé com uma expressão séria no rosto.

— Precisávamos devolver isso. - O garoto enfiou a mão no bolso e tirou algo, um pequeno objeto que ele colocou dentro da mão do loiro.

Adrien sentiu seu corpo inteiro tremer ao ver o Miraculous da Borboleta em sua palma.

— Por que vocês estão com isso? - Olhou atônito para o casal, o coração tamborilando no peito à medida que percebia quem estava à sua frente. - Carapace?

Um simples aceno de cabeça foi capaz de fazer com que os olhos de Adrien se enchesse de lágrimas, enquanto ele se jogava nos braços do amigo.

— A Ladybug eu... eu sinto muito!

Alya também se levantou, já sentindo os olhos ardendo novamente, e abraçou os dois garotos de forma desajeitada.

— A Mari, ela vai ficar bem. Tenho certeza. Estamos com você, Chat Noir.

O nome fez os olhos verdes se voltarem para a garota.

Sim, agora seus melhores amigos sabiam quem ele era. Sabiam quem Marinette era. Sabiam quem seu pai era.

E apesar de toda a tristeza que estava pesando em seu coração, sentiu um refrigério por não ter que passar por tudo isso sozinho.

***********************************

Depois de entrarem todos na sala e cumprimentarem os pais de Marinette, os três adolescentes sentaram nas cadeiras e Adrien voltou à tortuosa espera por notícias.

— E Viperion? - Ele sussurrou para Alya, apesar de estarem sentados longe dos Dupain-Cheng, qualquer cuidado era bem-vindo.

E também, ele queria tentar focar em outro assunto.

— Ficou para trás com Roger e seus homens. Ele vai nos encontrar aqui depois que resolver tudo.

— Outra pessoa que vamos descobrir a identidade. - Nino suspirou. Todos os três sabiam bem como Ladybug era em relação a esse segredo. Adrien mais que todos.

Mas essa era uma situação sem precedentes, e eles estavam dando o seu máximo para solucionar todos os problemas que surgiram, sem a ajuda de alguém para guiá-los.

E também, ele já sabia a identidade de Viperion, mas não achou que seria certo revelar isso, ainda.

A atenção dos três foi direcionada para as portas duplas que levavam até as salas de cirurgia. Adrien colocou-se de pé assim que avistou os dois médicos, com quem deixou Marinette mais cedo, entrarem pela sala de espera.

Os dois homens começaram a caminhar em direção à Tom e Sabine, mas Adrien foi atrás deles. Precisava ouvir o que tinham a dizer. Estava quase perdendo a coragem no meio do caminho, mas os passos de Alya e Nino atrás de si o encorajaram a continuar.

— Dr. Leroy... - Ele chamou pelo médico simpático que o havia recepcionado mais cedo.

O mesmo já estava se apresentando aos pais de Mari, quando olhou para trás em busca da voz que o chamou.

— Com licença, Adrien Agreste? O que faz aqui? - O olhar chocado do médico foi a única coisa que fez Adrien lembrar de que nunca havia conversado com esse médico. Chat Noir sim.

— Ah doutor, ele é namorado da nossa filha. - Sabine interviu, vendo o olhar dos médicos alternarem entre os adolescentes e os pais.

— Sinto muito aos três, mas vamos conversar apenas com os pais de Marinette agora. - O outro médico, o qual Adrien não lembrava o nome que informou. 

O loiro abriu a boca para protestar, quando sentiu mãos envolverem um de seus braços.

—Vamos, Adrien, podemos esperar lá fora. - Alya disse em um tom pacificador, já o afastando dali.

Então ele e os amigos esperam atrás de duas portas. Uma parte delas eram de vidro, e por esse espaço, Adrien conseguiu ver o médico conversando com Tom e Sabine. 

Ansiava por notícias, e tentava não deixar que seu medo afetasse seus pensamentos. Enquanto isso, Alya andava de um lado para outro do corredor, e Nino parecia estar rezando, escorado na parede.

Adrien abraçou o próprio corpo, como se o gesto pudesse ser capaz de acalmar seu coração angustiado. 

Olhou pelo vidro outra vez, na esperança de que os médicos já estivessem vindo contar sobre a cirurgia para eles. Mas então, viu Sabine abraçar Tom com força, o rosto dela contorcido em uma careta de choro. E aquilo foi como um gatilho acionado para que Adrien sem entregasse ao desespero.

— E-eu a perdi? - Ele disse para si mesmo, baixinho, mas alto o suficiente para Alya e Nino voltarem as cabeças na direção dele.

Adrien ficou de costas para as portas, os olhos verdes já molhados e vidrados no amigos, que estavam assustados e confusos.

Mas tudo o que Adrien conseguia pensar era em sua princesa e sua Bugaboo. 

— Eu perdi as duas essa noite? EU PERDI AS DUAS ESSA NOITE? - Adrien gritou até seus pulmões perderem o ar, sendo amparado por Nino, que o abraçou forte, não permitindo que o corpo do loiro caísse no chão, enquanto as lágrimas quentes escorriam pelos seus olhos verdes.

— Não, não pode ser! - Alya choramingou, colocando uma mão sobre a boca para tapar seus suspiros, indo também de encontro ao namorado e jogando seus braços ao redor do corpo dele.

— Calma, calma. Vamos esperar o que os médicos têm a dizer. - Nino disse na tentativa de acalmá-los. - Olha, eles já estão vindo.

Então Adrien ergueu a cabeça, percebendo apenas quando Nino falou, que os médicos agora estavam caminhando para onde eles estavam.

Ergueu o corpo, segurando as lágrimas e limpando os resquícios que ficaram em seu rosto. Prendeu o ar quando os dois homens atravessaram as portas até o corredor.

— Sinto muito por deixá-los esperando. São as normas do hospital, podemos apenas trazer atualizações sobre os pacientes, primeiramente, com a família, e depois, se eles autorizarem, com os conhecidos. 

Adrien ouviu o Dr. Jean Leroy dizer com calma, enquanto ele estava pouco se importando com regras ou normas.

— Marinette, por favor, como ela está. - Sua ansiedade mal deixou o médico terminar de falar. 

Viu ele e o outro médico, agora com o jaleco escrito Dr. Adam Florence, trocarem olhares.

— Venham, sentem-se aqui. - Ele os chamou de volta à sala de espera, e Adrien percebeu que Tom e Sabine não estavam mais ali. Sentaram-se nas cadeiras mais próximas. 

Talvez isso não fosse um bom sinal.

— Marinette está viva, devemos informar isso a vocês antes de tudo, por isso, podem se tranquilizar e respirar normalmente. - Jean falou com suavidade, e só então, Adrien percebeu a ardência em seus pulmões por estar segurando o fôlego por muito tempo.

— Mas existem detalhes que devemos informar à vocês. -  Adam disse, mais seco.

Adrien havia se encontrado com esses médicos apenas uma vez antes dessa, mas já havia notado a diferença na personalidade de cada um. Jean era mais afetuoso em suas palavras, enquanto Adam parecia ir direto ao ponto de forma mais ríspida. Não que ele fosse grosseiro, era apenas mais frio.

— Mas ela está bem, não está? - Foi Alya quem perguntou. As mãos dela sendo fortemente seguradas por Nino. 

Adrien sentiu um grande vazio em sua palma enquanto os observava. 

— Marinette chegou ao hospital já inconsciente. Chat Noir a trouxe, e disse que ela havia reclamado de dor no peito antes de desmaiar. Fizemos um eletro que constatou irregularidade nos batimentos, em seguida, uma ressonância mostrou comprometimento do ventrículo e átrio esquerdos. À levamos para a cirurgia imediatamente.

"Comprometimento" - Adrien pensou com amargura, lembrando do maldito akuma que havia entrado e causado um estrago dentro de sua amada.

— A cirurgia correu tudo bem. - Adam continuou de onde Jean havia passado, como se já soubesse que essa era a sua parte de explicar. - Porém tivemos uma complicação neurológica.

Adrien sentiu o corpo gelar novamente ao ouvir isso. Quase havia se esquecido que esse mesmo médico havia citado, enquanto ele ainda estava no hospital como Chat Noir, que as pupilas da Mari não estavam normais. 

— Como assim neurológicas? - Foi Nino quem perguntou, antes que Adam continuasse sua explicação. 

Já Adrien, mal estava com energia para aguentar mais notícias ou dizer alguma coisa. Ele apenas queria encontrar Mari, onde quer que ela estivesse, e ficar ao lado dela o resto da noite.

— Fizemos alguns exames e declaramos que foi um traumatismo cranioencefálico. Ela não possuía nenhuma contusão externa, por isso chegamos a conclusão que a falta de oxigenação no cérebro, devido ao dano na aorta, foi a causa da lesão.

Novamente, Adrien sentiu raiva por não poder contar a verdadeira causa. A conexão com Hawk Moth havia sido interrompida de forma brusca. Mas até então, o loiro nem havia pensado que isso poderia causar algum ferimento no cérebro da Mari.

Percebeu que estava enganado.

— Mas conseguiram solucionar isso também, não é? - Nino falou novamente, tentando trazer um ar de otimismo para aquela conversa. Talvez ele já tivesse percebido que os olhos de Alya estavam já cheios de lágrimas, prontas para derramar.

Enquanto para Adrien, a falta de resposta para aquela pergunta fazia com que as paredes brancas daquele corredor estivessem se aproximando cada vez mais e mais, o deixando preso, sem ar.

Outra troca de olhares entre os médicos antes de dar o veredicto final.

— Sinto muito, mas essa lesão não pode ser corrigida cirurgicamente. O próprio cérebro possui um mecanismo de defesa para casos assim.

— O que quer dizer com isso? - Adrien conseguiu perguntar finalmente. Impaciente por tanta explicação sem uma resposta final. Seu estômago parecia estar se revirando dentro de seu corpo, o deixando nauseado.

— Que a Marinette, amiga de vocês está em coma. Nós sentimos muito.

Aquilo foi como um soco. Adrien quase pode sentir a bile subindo por sua garganta. Inclinou o corpo para frente, ainda sentado, e abraçou seu abdômen na tentativa de conter o mal estar. 

Ouviu o choro de Alya enquanto estava nessa posição. 

Flashes de memórias dele com Mari inundaram sua mente. A cor viva que as bochechas dela adquiriam quando ficava sem graça, o som da sua risada e a leve ruguinha que o nariz dela fazia quando estava com raiva. Depois, memórias de suas corridas pelos telhados com Ladybug, o biquinho que ela fazia com a boca todas às vezes que precisava descobrir o que fazer com seu talismã.

Ele a amava tanto.

Mas isso agora parecia não fazer diferença nenhuma.

A força do amor não podia salvar ninguém. 

**************************************

Estavam caminhando pelos túneis, e Viperion tentava não lembrar da forma patética que havia caído naquela armadilha mais cedo.

Esse pensamento o lembrou de que havia mais um vilão à solta. Mayura havia desfeito seu sentimonstro e desaparecido assim que ele despertou. Precisavam se concentrar em encontrá-la assim que a situação com Gabriel estivesse resolvida.

— É por aqui. - O herói indicou aos policiais o buraco no chão que levava até o jardim.

Ele havia visitado aquele local na primeira vez que havia voltado ao tempo. Rena Rouge e Carapace o contaram como Ladybug e Chat Noir haviam caído naquele lugar junto com o vilão, enquanto os outros lutavam com a Marinette falsa.

Ele havia visto o caixão com uma mulher dentro naquela hora. Não sabia quem ela era, mas pensou ser a motivação de Hawk Moth. E agora, tendo mais informações, tinha quase certeza de que era a mãe de Adrien ali dentro. 

Os policiais desceram no lugar com equipamentos de rapel, enquanto outros entraram na mansão Agreste com um mandato, para procurar pela entrada do local secreto e o buraco que também haviam feito no jardim nos fundos da mansão. 

Viperion apenas pulou  no buraco, caindo em pé na plataforma do imenso jardim. 

Mas para sua surpresa, não havia mais nenhum caixão ali, e atrás de si, o elevador estava completamente destruído.

Alguém havia ficado para trás e encoberto as provas.

— Mas o que...?

— Bom, garoto cobra, tudo o que eu vejo é um galpão subterrâneo abandonado. - Roger reclamou assim que conseguiu, com muita dificuldade, descer pelo rapel.

Um policial se aproximou dos dois, interrompendo a conversa.

— Tenente Roger, a equipe 2 confirmou que esse local está mesmo embaixo da propriedade Agreste. Mas inspecionaram a casa e não encontraram nenhum covil ou passagem secreta.

— É claro que não. - Ele reclamou, lançando um olhar feio para Viperion antes de andar mais pelo jardim.

Enquanto os policiais ainda investigavam o local, Viperion ficou atento à qualquer movimentação suspeita. Mayura ainda podia estar ali e pronta para atacá-los.

— Tenente, uma ligação da delegacia. Parece que Gabriel fez alguma coisa. - Aquilo agitou o herói, que apressou os passos para perto dos policiais. Ele precisava saber o que aconteceu.

— Mas que droga! - Roger desligou o telefone nervoso. - Homens, vamos voltar para a delegacia, agora.

******************************

Luka apertou o botão para o 4º andar, como a recepcionista havia informado que era a internação e UTI.

Sentiu os dedos tremerem enquanto o elevador se movia. 

Ele havia tentado a sorte e perguntado à mulher onde Marinette Dupain-Cheng estava. E agora, já andando em direção aos quartos, suas suspeitas haviam sido confirmadas.

Marinette era Ladybug, e Luka queria apenas chorar com essa informação.

Andou pelos corredores frios em direção à Unidade de Terapia Intensiva. Ainda não sabia o porque de Marinette estar lá, mas descobriria em breve.

Viu rostos familiares assim que entrou no corredor do local.

— Alya? Nino? - Ele os chamou. Viu os olhos da garota inchados quando ela se virou para ele.

— Luka? Porque está aqui? - Ela fungou ao perguntar, e Nino o cumprimentou com um aceno. Apesar de não parecer ter chorado, o garoto transmitia uma melodia bem triste.

— Estou procurando pelo Adrien. - Decidiu que essa era a resposta certa, se queria obter as informações que desejava.

Percebeu que conseguiu isso assim que o casal à sua frente arregalou os olhos e trocaram olhares entre si.

— Viperion? - Nino sussurrou, e Luka ficou aliviado por ter confirmado isso rápido.

— Carapace e Rena Rouge, é um prazer finalmente conhecê-los dessa forma. - Ele devolveu com um sorriso. Um que logo se desfez assim que Adrien saiu para fora de um quarto.

Os dois se encararam por uns segundos.

Os olhos de Adrien estavam mais verdes agora, contrastando com o vermelho ao redor das pálpebras e da ponta do nariz. Cabelo despenteado e ombros caídos. Uma verdadeira melodia sobre o sofrimento.

— A Ladybug está ali dentro. - O loiro disse de forma cansada, indicando com o polegar o quarto atrás de si. 

Luka respirou fundo, tentando obter forças do ar recém inalado. Aproximou da porta e conseguiu ver, pelo vidro da mesma, Marinette deitada em uma cama. 

Ou, ao menos, parecia com ela. 

Não conseguiu distinguir bem a garota. O rosto estava coberto por fios, havia um tubo que entrava em sua boca, um inalador no nariz e curativo sobre os olhos.

Ao lado, Sabine segurava a mão da filha, e viu mais fios em seus braços. Vários aparelhos também rodeavam a cama e monitoravam seus sinais vitais.

O único som que ouviu foi o do monitor com seus batimentos cardíacos.

Bip...bip...bip...

Àquele som definitivamente não era a melodia que ele queria para Marinette.

Os olhos de Luka arderam com àquela cena. A garota pela qual ele tinha tanto carinho, estava tão vulnerável.

Saiu de frente da porta e deixou o corpo cair sobre os joelhos enquanto chorava. Ele só torcia para que ela não estivesse sofrendo.

Pois já sabia que Adrien estava.


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Notas finais do capítulo

Demorei, mas cheguei!!

Galera, foi difícil pra sair esse capítulo. Muita burocracia policial, muitos artigos sobre medicina pra ler kkk mas enfim, consegui e estou muito feliz.

Agora quero saber o que vocês acham que o Gabriel fez... pam pam pam (música de suspense).

Todo mundo agora já sabe a identidade de todo mundo, yey. Também fiquei com medo de ficar muito repetitivo, mas acho que consegui.

Um grande beijo e até... não sei que dia kkk.



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