Insônia escrita por Babydoll


Capítulo 40
Afogando


Notas iniciais do capítulo

Boa noite família, boa noite a todos. To afim de falar bastante hoje, então vamos lá:

Primeiro, uma pergunta: vocês acham que a Mari teria contado para o Adrien sobre o que o pai dele pediu, se a identidade dela não tivesse sido revelada na noite anterior e, consequentemente, levado àquela discussão deles? Eu não sei… Acho que ela teria escolhido mais um segredo para guardar, para poupar o Adrien e o relacionamento conturbado dele com o pai.

Outra coisa, estão chamando a Bunnix nos comentários toda hora hahahah então aqui vai: Por que vocês acham que ela ainda não apareceu hein? Ela é a heroína da última chance. Será que é porque, ainda em uma chance? ..... Ta, agora eu parei kkkk

Ah, e sobre o capítulo “37”, quando a Ladybug pega a boina e mostra pro Adrien, ela fala que foi de um fã-clube brasileiro. Quando eu vi isso no ep Chat Blanc, que eu vi dublado em português, portanto, achei que tinha sido um agrado dos nossos dubladores brasileiros, para homenagear a gente. Aí quando eu fui escrever o capítulo, eu fui pesquisar qual país que eles falavam no original, e gente, eu assisti em inglês e em francês, e eles falam “brasileiro” mesmo hahahaha eu amei. (Valeu tio Thomas pelo reconhecimento). Eu só queria deixar essa informação aqui, porque eu esqueci de falar no dia kk (ansiedade para postar o capítulo, sabe?).

Também adicionei uma imagem no capítulo "Gratidão", então quem quiser ver, só ir lá.

Muitas pessoas estão me chamando de traídora e colocando Olívia Rodrigo na minha cabeça depois do cap passado kkkk por isso, conversei com meu advogado (imaginário) e ele disse que eu devo colocar um aviso em todos os capítulos pra evitar processos.

*Ministério da Saúde Mental Alerta: A autora não é responsável por qualquer dano psicológico desenvolvido durante essa fanfic*

Pra esse cap, acho que um colete só basta pra vocês se protegerem. Ah! E lencinhos, muitos lencinhos de papel

Depois de muito papo... bora pro capítulo!

Boa leitura ❤️



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Leve embora, eu te imploro, leve tudo embora

A dor que isso me causa, ela me faz desejar que eu possa desaparecer

Se eles soubessem o que você sabia, eles provavelmente me expulsariam

Estou surpresa, você sabe de tudo e você me ama

Eu sei que eu quebrei seu coração

E é tão difícil confessar

Quando todos pensam que eu sou perfeita

Mas eu choro por você

E se você sentir isso também

Eu vou chorar por você

(Cry for you - Lecrae)

Chat Noir aterrissou com Marinette na varanda da casa dela. A chuva não havia acabado ainda, e por isso, estavam ambos molhados.

Assim que Chat a soltou, conferiu se ambos os pés de Mari estavam firmes no chão, e em seguida, foi surpreendido com o corpo dela se chocando com o seu.

— Gato bobo! Não devia ter feito aquilo! Bobo! Bobo! - Vários cenários passavam pela mente da garota naquele momento. Temia que alguém tivesse o visto, e com a identidade secreta revelada, Adrien teria que devolver seu Miraculous.

Não aguentaria perdê-lo, principalmente agora, em que o relacionamento dos dois dependiam de seus alter-egos para continuar.

— Eu disse, eu não tive escolha, Bugaboo. - Chat rodeou o pequeno e frio corpo dela.

Estava extremamente calmo em meio a situação, e Marinette não soube se era só para acalmá- la ou se ele realmente estava tranquilo.

— A culpa foi minha! Eu me descontrolei, eu… - “Ouvi Chat Blanc de novo.” As palavras morreram em seus lábios antes de serem ditas.

— Ei, não foi sua culpa. - Ele a interrompeu sem saber que ela estava criando coragem de revelar o resto. - Na verdade, se quiser culpar alguém, culpe o Hawk Moth…- O nome dele fez o estômago de Marinette se revirar

— Você precisa voltar! - Falou rápido, alarmada, antes de afastar o corpo dele se si, sentindo um arrepio com a falta de contato. O vento gélido do fim de tarde também contribuiu, ele aumentava à medida que a chuva se tornava cada vez mais escassa. - Precisa conversar com Gorila, se ele for alguém confiável, você pode pedir que guarde segredo, e se seu pai e Nathalie estiverem em casa, então você só tem que…

— Princesa, respira! - Chat a segurou pelos ombros, percebendo Marinette se atropelar nas palavras, sem ao menos dar uma pausa para recuperar o fôlego. - Vamos entrar primeiro, você está na chuva, vai acabar ficando doente.

— Quem liga! - Exclamou exasperada. - Adrien, a sua identidade secreta pode estar comprometida!

— Tudo bem! - Ele se deu por vencido, ao notar o quão determinada a namorada estava. - Eu volto para casa agora e conserto tudo, mas por favor, entre e tome um banho quente. Vou me sentir mal se você pegar um resfriado.

“Resfriado!” Marinette bufou. O maior segredo dele podia estar arruinado e era com isso que Adrien estava preocupado? Que ela ficasse doente por causa de uma chuvinha?

Mas ao menos ele iria fazer o que pediu, a garota fechou os olhos e respirou fundo.

— Tá, mas se cuide também, tome um banho quente antes de voltar. - Ela respondeu.

Chat Noir a puxou para um rápido abraço, dando um beijo em sua testa quando a soltou.

— Estarei aqui logo logo. - Piscou um olho na direção dela quando se afastou. - O gatinho aqui vai ajeitar tudo! -Seu tom era otimista, e ele estendeu o bastão enquanto falava para se lançar pelos telhados.

“Gato confiante e bobo…”

A garota mal notou quando uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha enquanto o via sumir entre as casas, só percebeu que chorava quando Tikki enxugou seu rosto com suas mãozinhas.

— Mari, devia entrar. - A kwami falou com cautela, preocupada com o bem estar da dona.

Mari apenas assentiu, em silêncio, indo até seu quarto a passos arrastados.

Chorar, chorar, chorar… Parecia que era só isso que Marinette conseguia fazer nos últimos dias. E ela se frustrou consigo mesma por isso.

Estava se segurando o máximo que podia durante o banho, sua mente tentando se acalmar pela água quente que relaxava seu corpo.

Mesmo assim, um enorme sentimento de derrota a acometia.

Era como se todo o seu esforço para impedir seus pesadelos de se tornarem realidade, fossem exatamente aquilo que o fariam acontecer. E ela quase podia sentir suas energias escorrendo por entre seus dedos.

Saiu do banho, colocando um pijama quente, mesmo estando cedo, tudo o que ela queria era encerrar aquele dia.

"Será que é tarde demais para apagar todo o fim de semana?"

— Eu não acredito que quase fui akumatizada hoje, Tikki. - Revelou para a kwami, que a seguia em silêncio pelo quarto.

— Você não teve culpa Marinette. É normal não conseguir controlar suas emoções às vezes, ainda mais com tudo o que passou nos últimos dias.

Mesmo com as palavras de conforto, a garota ainda sentia a culpa, grande e avassaladora, preencher seu coração.

Pegou um cobertor e passou ao redor do corpo, abrindo a claraboia para esperar Chat Noir na varanda. A chuva havia passado, mas havia deixado para trás um fim de tarde gélido com ventos insistentes.

Ela suspirou, apertando as têmporas com a mão, uma tentativa de se livrar da dor de cabeça que insistia em martelar, e pensar demais parecia fazer a dor piorar.

Em poucos minutos, viu Chat Noir se aproximando pelos telhados. Ela esperou com expectativa, se preparando internamente para o que quer que ele fosse dizer.

— Está tudo certo! Conversei com Gorila e ele não vai dizer nada, ele ainda me disse que Nathalie e meu pai não estavam em casa… - Ele tentou ao máximo passar leveza junto com seu relato.

E de fato, quando ele encontrou seu guarda-costas, ainda em choque na porta de sua casa, o homem parecia mais preocupado com ele do que assustado com a recente descoberta.

Adrien, após se transformar de volta, conversou e explicou que precisaria que o homem guardasse isso em segredo, e mesmo receoso, Gorila concordou. E depois, quando o garoto perguntou onde estava seu pai e Nathalie, ele apenas negou com a cabeça, um sinal claro de que não estavam em casa. Isso deixou Adrien mais aliviado, pois sabia que a namorada ficaria mais relaxada.

Mas Chat reparou que, mesmo com isso, Marinette ainda parecia desolada.

— Você não parece bem, princesa. - Ele passou a mão pela bochecha macia dela. Parecia cansada, não só fisicamente, mas esgotada emocionalmente. Queria conversar mais com ela, perguntar coisas que havia lido em seu diário, mas não era o momento. - Vem, vamos deitar. - A puxou com carinho em direção ao quarto, ansioso para tê-la dormindo segura em seus braços.

****************************************

Marinette estava parada, e à sua frente, conseguiu ver a Torre Eiffel caída.

Não lembrava do que havia acontecido para deixá-la assim.

“Posso usar meu talismã para consertar isso”.

Enquanto pensava no que fazer, olhou ao seu redor e acabou se deparando com Chat Blanc a poucos metros. Estava parado, olhando. Só olhando.

Marinette se assustou ao vê-lo tão perto, mas ao tentar recuar, ela se viu presa ao chão. Não conseguiu mover seus pés ou sua perna.

“Mas o que?” - Olhou para baixo, sentindo a respiração ficar mais profunda enquanto via seu corpo coberto por algo sólido. Era como se tivesse sido transformada em pedra.

Ao ter esse pensamento, sentiu uma onda de pânico tomar conta de si. Lembrou de ver uma estátua de si própria, submersa, ao enfrentar Chat Blanc. Uma estátua que se desfez ao seu toque.

Olhou para frente, aliviada por ainda controlar sua cabeça, mas sentindo a sensação de endurecimento subir cada vez mais sobre seu corpo.

— Chat… Chat! - Ela tentou erguer o braço na direção dele. Como se pudesse salvá-la de alguma forma.

Mas ele não estava fazendo nada, na verdade, ainda não havia feito nada com ela, além de olhá-la.

Percebeu um semblante triste, pela primeira vez. Ele a mirava com sofrimento e culpa.

Marinette se sentiu mais desesperada ao ver que o chão estava alagado, e parecia que o nível da água ainda estava subindo.

“Não, não, NÃO!”

De repente, era impossível falar, ou até mesmo, desviar o olhar para outra direção. Estava completamente petrificada. E a água aumentava cada vez mais.

Chat Blanc agora estava chorando, e a lançava um olhar totalmente desolado.

— Eu sinto muito! - Foi tudo o que ele disse em meio às lágrimas, antes de saltar para longe.

“Por favor, me tire daqui, por favor!”

Implorava em pensamento as palavras não ditas, enquanto seus olhos já começavam a ficar submersos.

“Estou me afogando!”

Mesmo estando presa, Mari tentava se contorcer, enquanto prendia a respiração para não sufocar. Foi inútil, nenhum músculo se mexia, e era já estava ficando sem ar.

“Estou me afogando….”

— Argh! - Soltou um arquejo ao despertar do sonho, percebendo que realmente estava sentindo falta de ar.

Mari ainda estava deitada e respirando com dificuldade, enquanto sua mente ligava aos poucos. Deveria ter parado de respirar enquanto dormia, já que seu cérebro registrou que estava debaixo d'água.

Enquanto se acalmava ao retomar o fôlego, olhou para o lado e viu Adrien dormindo de bruços, completamente sereno. Tikki e Plagg dormiam no travesseiro logo acima de sua cabeça.

Ficou feliz por, desta vez, não ter acordado nenhum deles com seu pesadelo.

Mas isso também a fez pensar se o namorado ficaria com raiva caso, no outro dia, ele descobrisse que ela acordou e não o contou.

Bom, mas ele merecia descansar, e ela não queria ser a culpada por tirar isso dele.

Tentou fazer o mínimo de barulho que podia, enquanto se levantava da cama, enrolada em seu cobertor e foi até a pequena porta que levava até o terraço, a abrindo rapidamente, apenas para seu corpo passar para o lado de fora.

Precisava de ar fresco para espairecer.

O dia havia sido extremamente árduo, e não tinha nenhum indicativo que o próximo seria diferente. Ainda precisavam encenar que haviam terminado para seus amigos, pois quem podia garantir que Gabriel não tinha olhos e ouvidos dentro da escola também? Ela não queria arriscar, mesmo Adrien sendo, um pouco, contra a ideia.

E agora, teve esse pesadelo. Apesar de saber que, provavelmente não foi dessa forma que aconteceu, isso a fez pensar em como a Ladybug do futuro se sentiu ao ver seu amado sendo akumatizado.

“Ela sentiu dor quando foi atingida pelo cataclismo? Espero que não...”

O mínimo que ela poderia desejar é que a morte tenha sido rápida e indolor. Que o corpo petrificado, que depois virou cinzas, não tenha sofrido tanto.

Marinette sentiu um aperto no peito ao pensar sobre isso. Era algo terrível demais, só de imaginar.

Respirou fundo, agradecendo internamente por, simplesmente, conseguir inspirar o ar que, agora, entrava em seus pulmões. A sensação de asfixia a seguiu desde a tarde, indo até seus pesadelos nessa noite.

Decidiu voltar para a cama depois de alguns minutos assim, em silêncio, apenas respirando. Querendo ou não, tinham aula no dia seguinte, e precisava estar bem, ou ao menos, aparentar isso às pessoas.

Entrou com cuidado pela abertura, aproveitando para olhar novamente para Adrien, que dormia tranquilamente em sua cama. Mas agora, ele estava com um braço em cima da cabeça e outro sobre o abdômen, que subia e descia lentamente à medida que respirava.

Estava pacífico, estava bem, estava seguro.

Mas a cada segundo que passava olhando para ele, parecia que seriam os últimos em que o veria assim, tão sereno. Como se o futuro que tanto a aterrorizava estivesse cada vez mais perto.

Tapou a mão com a boca para um soluço de seu choro repentino não acordá-lo.

"Adrien, eu sinto muito! Estou falhando com você"

Ela relembrou de sua antiga lista… percebendo que, agora, apenas um item os estava separando do fim do mundo.

1- Adrien/Chat Noir nunca poderá descobrir que eu, Marinette, sou a LadyBug.

2- Hawk Moth não pode descobrir nossas identidades.

3- Não posso me apaixonar pelo Chat Noir.

Agora, mais do que nunca, sua missão era deter Hawk Moth. Quanto mais tempo demorassem para derrotá-lo, maiores eram as chances dele descobrir quem eles eram.

— Tava tudo purrrfeito até o Hawk Moth descobrir tudo.

“Não!”

Marinette colocou ambas as mãos em cima de seus ouvidos, como se isso pudesse impedir de Chat Blanc a atormentar. Suas lágrimas agora, rolavam quentes em seu rosto, sem controle.

— Quando alguém descobre, é só questão de tempo até todo mundo saber.

— Vá embora, vá embora!!! - Ela cochichou baixinho, sentindo todo seu corpo tremer enquanto chorava, encolhida no canto da cama.

— Amor, ei, ei! - Ouviu a voz de Adrien, mesmo arrastada pelo sono, estava repleta de carinho, enquanto a mão quente dele tocava a sua, guiando-a para longe de sua orelha. - Estou aqui.

O loiro, mesmo atordoado, reconheceu o choro baixo de Marinette, e isso ajudou a despertá-lo com mais agilidade.

Não sabia o que havia acontecido, se era outro pesadelo ou alguma das visões que a afligiam. Reparou que ela estava sentada na cama, o que era incomum, mas não tocou no assunto, seu foco agora era acalmá-la, o máximo que conseguisse.

E se concentrou nisso enquanto a puxava para seus braços. O corpo dela estava frio.

— O que houve? Foi outro pesadelo? - Perguntou, na esperança de que a conversa pudesse distraí-la. Não conseguiu conter um bocejo de escapar enquanto fazia isso.

Quando a resposta dela demorou a sair, ele se afastou um pouco para olhar em seus olhos azuis e úmidos, como se fossem líquidos. 

Duas belas piscinas azuis, transbordando a tristeza dela de dentro para fora.

— Estou cansada… - Adrien se assustou com a forma como ela disse a frase. O tom baixo, o suspiro no final, o rosto inexpressivo.

Não, ela não estava só cansada. Mari parecia fraca, esgotada. Como se seu interior tivesse sido quebrado.

E ela estava desmoronando.

Não demorou em cobrir o corpo trêmulo dela com o seu, se segurando para não chorar também.

Não! Não iria chorar! Adrien havia jurado a si mesmo que seria forte por ela, pois se os dois quebrassem juntos, não haveria ninguém para juntar os cacos.

***************************************

Marinette caminhava em direção à escola de forma lenta. Pela primeira vez, não se importava se chegaria atrasada ou não. Apesar de estar acordada desde às cinco da manhã, ela demorou a sair de casa.

Tudo parecia ter perdido a importância.

Escola? Notas? Que diferença fazia se ela não conseguisse deter Hawk Moth antes que fossem pegos por ele?

Além do mais, não estava realmente ansiosa para chegar na escola e encontrar Adrien.

Também teria que lidar com Alya, e com as nove ligações perdidas da amiga em seu celular, todas do dia anterior. Fugir de conversa era o que ela não iria conseguir hoje, e mesmo acreditando que a amiga só queria detalhes do desfile de sábado, Marinette só gostaria de fugir de qualquer socialização hoje.

Entrou na sala a passos incertos. O coração estava acelerado, e novamente, a distância entre o “saber” e “fazer” eram gigantes. Por sorte, notou assim que passou pela porta da sala, que Adrien ainda não havia chegado.

— Amiga! Você sumiu ontem! - Alya estava de pé ao lado de Nino, e interrompeu a conversa com ele assim que a viu entrar.

— Desculpa Alya, ontem… foi um dia corrido. - Era um modo de dizer, na verdade, o dia anterior parecia ter sido o pior da vida de Marinette. Ela só queria esquecê-lo e fingir que nada havia acontecido.

Sentou em seu lugar, se sentindo acabada. Seu tom nada animado pareceu ter surtido efeito na Césaire, que logo foi sentar ao seu lado.

— Amiga, você tá abatida, o que aconteceu?

Mari sabia que teria que contar em algum momento. Por isso tomou fôlego, mas antes de abrir a boca, avistou Adrien entrar na sala com passos firmes.

— Marinette, posso falar com você? - Ele andou diretamente até ela, ignorando até mesmo Nino, que ficou com o punho no ar, esperando pelo toque de Adrien.

E agora ele, assim como o resto da classe, parecia estar com os olhos voltados para o casal.

Mari decidiu não olhá-lo nos olhos, isso seria difícil demais, por isso, o respondeu enquanto mirava a frente da sala.

— Não temos mais nada para falar, Adrien. - A resposta ríspida fez Alya soltar um arquejo, e não só ela, pois a garota de cabelos azulados ouviu mais algumas pessoas cochichando, obviamente, estranhando o comportamento dos dois.

O casal que era sempre tão carinhoso, até mesmo dentro do ambiente escolar, estavam trocando farpas no meio da sala.

Adrien cerrou os punhos, olhando para a namorada sentada à sua frente. Odiava estar sendo obrigado a fazer isso, por um mero capricho do pai. Mas, mesmo odiando, iria fazer de tudo para poder continuar com ela, mesmo que para isso, tivesse que fazer algo tão cruel como a conversa que estavam tendo agora.

— Mari, por favor… - Foi interrompido quando a viu levantar em seu lugar, e teve que conter o protesto dentro de si quando a viu levar à mão esquerda até seu dedo anelar direito, retirando a aliança que simbolizava a união dos dois.

— Eu já disse tudo o que queria ontem. - Mari então o olhou pela primeira vez, esticando a mão para depositar seu anel na mão dele. - Então, por favor, me deixe em paz.

Ela voltou a se sentar no lugar, e sentiu os olhos dos amigos sobre ela. Alya tinha uma mão sobre a boca, totalmente em choque com a cena que eles estavam fazendo.

— Se é assim que quer, então tudo bem. - O loiro disse seco, fingindo ressentimento. Apertou a aliança no meio de sua mão e o objeto parecia queimar sua palma. Era horrível.

Ele sentou em seu lugar, soltando o ar que havia prendido em seus pulmões.

— Quem ela pensa que é para falar assim com o meu Adrikins?! - Adrien ouviu Chloé gritar ao seu lado, já se preparando para levantar, enquanto Sabrina tentava segurá-la.

O loiro sabia como sua amiga podia ser bem inconveniente, e mesmo entendendo que Marinette poderia lidar com ela, devido às circunstâncias, achou melhor poupar a namorada desse comportamento irritante da loira.

— Chloé, não é da sua conta! - Falou irritado, e isso fez Chloé voltar ao seu lugar em silêncio, enquanto o olhava pasma.

Sentiu a mão de Nino em seu ombro, um ato tranquilizador. Ele olhou para o amigo agradecido, antes de voltar sua atenção para à frente da sala, tentando não pensar em sua garota, sentada logo atrás de si. Precisava suprimir o desejo de abraçá-la e beijá-la até ter certeza de que ela estava bem.

**************************************************

A aula foi longa e parecia que não teria fim. Por isso, quando o sinal para o intervalo soou, Marinette soltou um suspiro de alívio.

O que não durou muito, já que logo em seguida, Alya a estava arrastando para fora da sala. Ela nem tentou resistir, e enquanto caminhavam pelo pátio a passos rápidos, Mari sentiu a presença das outras amigas atrás de si.

— Ok! O que tá acontecendo, Mari? - Alya começou o interrogatório assim que elas alcançaram as escadas, colocando a amiga sentada nos degraus.

E enquanto a garota olhava para o rosto de Alya, Rose, Juleka, Alix e Mylene, se perguntou se conseguiria mentir para elas de forma tão descarada. Sabia que mentia sempre, mas era diferente. Agora não era por um motivo nobre como seu alter-ego heróico, proteção da cidade e de jóias mágicas, mas isso não fazia a mentira menos necessária.

— Eu terminei com o Adrien. - Disse de uma vez, evitando contato ocular com as cinco à sua frente. Era sempre mais fácil mentir para as pessoas quando não estava olhando em seus olhos, ela havia descoberto esse pequeno truque há muito tempo.

— Você o que?! - Foi Alya quem gritou, e Marinette agradeceu à Mylene internamente por tê-la censurado logo em seguida, já que até quem estava do outro lado do pátio olhou para o grupo delas.

— Mari, oh não! O que houve? - Rose perguntou melancólica.

O silêncio que a azulada fez em seguida foi ensurdecedor.

— Vocês pareciam estar tão bem. - Alya a encorajou, se ajoelhando perto de Mari, e segurando uma de suas mãos.

— Sim, mas nós… tivemos um desentendimento, no sábado. - Ela exalava desolação enquanto falava, e gostaria de poder dizer que era tudo parte de seu fingimento, mas a verdade, é que realmente estava muito abatida. O que não era ruim no momento, se isso ajudasse a deixar suas explicações mais plausíveis. - E depois, brigamos feio ontem. Não quero falar com ele, por enquanto.

Marinette sentiu outra pessoa se aproximando de si, e se surpreendeu ao levantar o olhar e encontrar Alix ali. De todas, ela era a pessoa mais indiferente quanto a relacionamentos e coisas amorosas.

— O Adrien é um cara legal, tenho certeza que se ele disse algo para te magoar, ele não fez por mal. - A certeza na voz dela quase fez Mari vacilar em sua pequena farsa.

Sim, Adrien era o cara mais legal de todos, e nunca faria algo assim sem uma razão aparente, Mari, acima de todos, sabia bem disso.

— Aposto que só um mal entendido. - Juleka também tentou animá-la, um pouco sem jeito por ter que elevar um pouco a voz para ser audível à todas.

Marinette olhou bem para todas elas, que a olhavam com carinho e preocupação.

Então ela se lembrou de Adrien e ela no dia anterior, quando eles estavam combinando o que diriam aos amigos sobre o término. Demoraram a chegar em um consenso, afinal, Mari queria deixar a culpa toda em cima dela e Adrien dizia querer o mesmo. Eles se amavam, afinal, não queriam fazer um do outro de “vilão” perante os amigos.

“— Diga que eu fui um babaca com você durante o desfile, deixe que pensem que eu realmente sou um riquinho mimado e a tratei mal.” - Ele disse, mas Marinette sabia que era impossível alguém acreditar nisso. Todos na escola já conheciam Adrien o suficiente, e a prova, era o que suas amigas estavam falando para ela agora.

Por fim, por não quererem falar mal um do outro, concordaram em explicar com respostas vagas, como ela estava fazendo.

— Obrigada meninas, mas eu realmente não quero…

— Adrien!!! - Ela foi interrompida com Chloé gritando do outro lado do pátio. Fazendo ela, assim como as outras meninas, se virarem para ver o que estava acontecendo.

Adrien estava em um banco com Nino, provavelmente recebendo os mesmos questionamentos que Mari também estava tendo, mas agora, Chloé estava se jogando nos braços dele.

— Não fique triste por se livrar da Dupain-Cheng! Você merece alguém muito melhor Adrikins! - A loira falava alto, como se quisesse mesmo que Mari ouvisse.

E ela ouviu. Assim como as meninas ao seu redor. Apesar da encenação que estavam fazendo, Marinette não conseguiu conter uma careta ao ver Adrien retribuindo o abraço. E o pior, não podia falar nada, afinal, era o seu “ex” ali.

— Aposto que ela tá falando dela mesma! - Alix bufou enquanto via a cena. E Marinette viu o cenho de irritação no rosto dela.

— Ai! Você não precisa ver isso amiga! Vem! - Ficou agradecida ao ser arrastada pelo braço por Alya novamente. - Nós vemos na sala meninas! - A amiga gritou enquanto iam em direção aos armários, e em seguida, até os banheiros.

Quando entraram, Mari observou Alya percorrer o local com os olhos, talvez se certificando de que não havia ninguém, antes de iniciar um novo interrogatório.

— Tudo bem Mari, estamos só eu e você aqui. - A ruiva cruzou os braços na frente do peito, e a olhou de forma decidida.

Marinette temeu aquele olhar, sabia o que estava por vir, o lado jornalístico-investigativo de Alya estava a vapor, e ela tentaria obter todas as informações que pudesse.

— Alya, por favor, não… - Os olhos de Mari desviaram para o chão, para seus próprios pés. Se não fizesse isso, acabaria revelando à Alya coisas que não queria e não podia. Ela tinha que dar um jeito de se livrar, sem ser rude.

Foi surpreendida quando a mão da amiga tocou seu ombro.

— Mari, eu sou a sua amiga, e eu só quero o seu bem. - A voz dela estava carregada de carinho e consolo. - Não precisa me dizer nada que não queira, o relacionamento é de vocês dois, e por mais que eu quisesse ajudar, não vou me envolver se você não estiver confortável com isso. - Mari então finalmente a olhou, sabia que isso era um grande ato em consideração à ela, já que ficar “de fora” não era muito o estilo da Césaire. Ela sorriu agradecida. - Mas eu preciso só de uma resposta sua: ficar longe de Adrien é mesmo o que você quer?

A pergunta petrificou a garota.

“Não, eu não quero!” - Sua mente gritou.

Tudo o que mais queria era tê-lo ao seu lado, receber os abraços dele, os beijos. Poder afundar os dedos nos sedosos cabelos loiros, enquanto o via relaxar em seus braços.

Mas ela ainda podia fazer isso, à noite, no secreto de seu quarto. Foi esse pensamento que a confortou naquela manhã, quando a ansiedade pela “separação” começava a martelar em sua cabeça.

— Sim, é o que eu quero. - Ela disse, simplesmente, debaixo dos olhos analíticos de Alya.

“Eu quero ficar longe do Adrien para poder vê-lo como Chat Noir à noite. Se essa é a única maneira, então eu quero ficar o mais longe possível de Adrien, para que todos saibam que não estamos mais juntos. Para que Gabriel saiba, que estou obedecendo.”

— Então se é isso o que quer, tem o meu apoio, Mari. - A ruiva então a puxou para um abraço, e Marinette sentiu a gentileza em seu gesto.

**************************************

Com o final da aula, Marinette estava descendo as escadas do colégio, e suas amigas estavam ao redor dela como cães de guarda. Se era proteção contra Chloé ou Adrien, ela não sabia, mas estava grata pelo cuidado.

— Ai droga! - Ouviu Juleka protestar e a olhou espantada, assim como as outras garotas. Não era comum vê-la xingar assim.

— Juleka, o que foi? - Rose indagou, já colocando o uma mão sobre o braço dela, enquanto a menina mexia no celular nervosa.

— E-eu disse que não era para ele vir mais, e-eu tenho certeza que mandei essa mensagem…

— Ai, droga. - Foi Rose quem disse dessa vez, a interrompendo. Olhando para frente e já compreendendo o porquê da amiga estar tão nervosa.

Mari então acompanhou o olhar das duas, e não conseguiu conter o espanto também.

— Ai droga… - Não conseguiu deter as palavras antes que saíssem, ao ver Luka descer de sua bicicleta e retirar o capacete.

— Marinette, ele ia acompanhar eu e a Rose até uma loja de instrumentos hoje, mas quando eu vi você e o Adrien, achei melhor cancelar. - Juleka começou a explicar, e parecia desesperada. - Mas então ele me perguntou o porquê, e eu não consigo mentir para ele. Ele sempre pergunta de você, então, eu disse que seria melhor se vocês não se encontrassem hoje, pelo o que aconteceu, porque você não parecia bem.

— É, acho que foi exatamente isso que o fez vir. - Alya completou, o que fez a garota de cabelos roxos abaixar o olhar, triste.

— Juleka, tá tudo bem! - Marinette a parou, antes que a culpa dominasse a garota. - Vou conversar com ele.

Não queria ter que lidar com Luka agora, mas sabia que ele provavelmente só havia ficado preocupado. Não culpava a irmã dele por não ter mentido, isso deveria ser o normal, não é? Não mentir para as pessoas que você gosta.

E com esse pensamento, ela desceu às escadas, acompanhada das amigas. Se despediu de Alix e Mylene antes de cumprimentar o mais velho.

Alya acabou voltando para a escola, devia ir atrás do namorado, e consequentemente, de um certo loiro. Talvez ela o impedisse de sair até o Luka ir embora, isso a fez conter um riso, ela sabia bem a amiga que tinha.

— Oi Luka. - Ela cumprimentou incerta. E se perguntou, por acaso, se as meninas não estavam fazendo tempestade em copo d’água com a presença dele ali. Talvez, Luka tivesse mesmo ido até a escola somente buscar a irmã, algo que nada tinha haver com ela.

Mas então, o garoto a puxou para um abraço, e isso fez Marinette jogar todas as suas indagações para longe.

— Você está bem, Marinette? - A voz sussurrada dele chegou até os ouvidos dela cheia de preocupação. E ao mesmo tempo que Mari queria se desfazer daquele abraço, para evitar maiores problemas, ela também não tinha forças para soltá-lo.

Como ela havia percebido antes, Luka era sua calmaria no meio da tempestade, e se tinha algo que ela estava precisando agora, era isso.

— Estou sim, Luka. - Ela respondeu, sentindo seu peito se aquecer com o aperto dos braços dele em seu tronco.

— Olha, se ele magoou você…

— Não, Luka! - O cortou antes que pensasse demais, já soltando dos braços dele para encarar seus olhos azuis. - Adrien não fez nada, e-eu é que magoei ele. - Mari respondeu no impulso, recebendo os olhares de confusão de Rose e Juleka em seguida.

Ela sabia bem da “rivalidade” que os dois tinham, e apesar de Luka sempre lidar muito bem com o namoro dela, ela também sabia o que uma situação como essa poderia desencadear se não fosse bem explicada. O desentendimento dos dois poderia aumentar relativamente, e isso era algo que ela não queria de maneira alguma. Luka era especial demais para ela.

— Ah, entendi. - O mais velho pareceu desconfortável por um momento. - Espero que possam se resolver Mari, de verdade. - Então ele abriu um sorriso de maneira terna.

Mesmo não querendo, todos os seus problemas pareciam diminuir na presença dele. E pela primeira vez no dia, Marinette realmente acreditou que ela e Adrien poderiam sim, resolver tudo. Deter Hawk Moth, recuperar os miraculous do pavão e da borboleta, impedir Chat Blanc de acontecer, fazer o namoro deles dar certo, mesmo que tivessem que esconder de seus amigos e família.

Quem sabe, Alya não publicasse no blog, logo logo, sobre o namoro dos dois heróis de Paris?

E por isso, naquele momento, Marinette se permitiu sorrir de verdade, devolvendo o gesto à ele, enquanto imaginava um futuro tranquilo para ela e Adrien, longe de qualquer dor ou sofrimento.

Adrien estava saindo pela porta da escola, Alya havia pedido para que ele e Nino a esperassem, enquanto buscava algo que havia esquecido na sala, e assim, ele fez.

O loiro repassou em sua cabeça o que havia planejado de seu dia. Por sorte, era segunda, e ele tinha esgrima, que era na escola e portando, perto da escola da namorada. Daria um jeito de escapar do professor por alguns minutos durante a aula para ver Marinette, senão, ele não aguentaria esperar até o anoitecer para estar com ela.

Estava com isso em mente quando começou a descer as escadas. Foi procurar seu carro com o olhar, e acabou vendo a namorada, abraçando Luka no meio do passeio.

— Ai cara… - Nino disse ao seu lado.

Então, ele viu os dois se separarem e Luka sorrir para ela depois de trocarem algumas palavras.

Por mais que soubesse que o namoro deles ainda existia, doeu vê-los juntos. Pensamentos torturantes começaram a surgir enquanto os olhava. Por exemplo, se Marinette namorasse Luka, ela não sofreria com a mãe dele pedindo para eles se separarem.

Como sempre, Luka Couffaine parecia ser uma opção muito melhor para ela do que ele. Mas Adrien era egoísta demais para deixá-la ir, ainda mais agora que sabia seus segredos. Mas, se um dia ela desejasse partir, não impediria.

— Tudo bem, Nino. Não estamos mais juntos mesmo. - As palavras saíram como espinhos.

Ele tentou afastar suas inseguranças enquanto continuava a descer as escadas após se despedir do amigo e de Alya, que o acompanhava. Também viu Luka e Marinette seguirem em direção à casa dela, após acenarem para Juleka e Rose, que permaneceram ali.

Ele soltou o ar que havia prendido em seus pulmões, para lidar com uma possível conversa, ficando aliviado por não terem notado sua presença. Mas assim que alcançou a porta de seu carro, seus olhos rolaram até a direção deles, como um imã. E como se tivesse sentido, Luka virou a cabeça para trás, como se quisesse vê-lo também. Adrien se surpreendeu com o olhar duro que Luka lançou para ele, antes de atravessar a rua ao lado de Marinette.

Não pôde deixar de se sentir culpado sob aquele olhar. Em síntese, Luka estava certo em colocar a culpa nele. E com um suspiro, Adrien entrou no carro que o levaria de volta para casa. 

"Talvez eu finja uma torção de tornozelo hoje na esgrima..."


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Notas finais do capítulo

Sofrência, sofrência e sofrência sem fim... e o Luka pra animar nosso dia, e estragar o do Adrien (ai, tadinho kk). Eles sendo grossos um com o outro doeu meu coração.

Galera, sobre a minha viagem, vamos lá, só quero deixar vocês por dentro das datas. Eu vou postar o capítulo 42 no dia 30/07, aí eu vou viajar e o capítulo 43 vai ser postado só no dia 10/08, ok?

Ah, eu provavelmente vou fazer uma cirurgia no final de agosto, ainda não ta confirmado, mas aí eu aviso vocês também, e combino as postagens de novo.

Eu falando do futuro, e ainda nem escrevi o capítulo 41 kkkkk SOCORRO haha *rindo de desespero*. Eu tenho muita coisa escrita já, inclusive o final, mas são coisas lá da frente kkkk

Mas não se preocupem meus lindos leitores, estou indo amanhã para um hotel, para escrever. Quem tava aqui comigo da última vez que eu fiz isso sabe que deu bom, saí de lá com 3 capítulos prontos e meio em andamento.

Então é isso, torçam por mim e pela minha inspiração amanhã.

Beijos doces e vejo vocês na terça! ❤️



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