Insônia escrita por Babydoll


Capítulo 39
Efeito Borboleta


Notas iniciais do capítulo

Hello galera! Como vão?

Então, tenho alguns recadinhos, mas vamos deixar pro final né?

Que venha a parte boa antes hahaha

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800798/chapter/39

"O bater das asas de uma borboleta

pode causar um furacão no outro lado do mundo."

(A teoria do caos)

Marinette se encontrava, novamente, nervosa em frente aos enormes portões da intimidante mansão. Hoje, ao invés de uma caixa com macarons, segurava o cabo do guarda-chuva que a protegia das gotas geladas que eram derramadas do céu. Era o mesmo guarda-chuva que Adrien havia lhe entregado quando se apaixonou por ele.

Quão irônico era isso?

Prendeu o ar em seus pulmões ao ver os portões sendo abertos. Já havia anunciado sua presença pelo interfone, e chegado no horário combinado, às 17h. Mas desta vez, diferente da última, em que entrou apressada assim que viu sua passagem sendo liberada, ela não ousou dar nenhum passo para dentro.

Não, hoje ela não iria entrar.

Sentiu os pelos de seu braço se arrepiarem. Se era devido ao frio ou à sua ansiedade, ainda não sabia. Pois apesar de também estar nervosa, estava com medo. Seu coração doía, e mesmo sabendo de tudo o que deveria fazer, não conseguia se livrar dessa sensação ruim.

Ouviu quando a porta da frente foi aberta, e hesitou um segundo antes de erguer a cabeça, ainda não sabia se tinha tomado a decisão certa. Mas bastou um suspirar para ela se lembrar de que precisava fazer aquilo...

Viu Gorila segurando a porta, e Adrien estava ao seu lado, esperando ela dar o primeiro passo. Ela mirou os olhos verdes que tanto amava, e se viu sem coragem para continuar com o que havia planejado.

— Marinette? Por que você não entra? Qual o problema? - O loiro falou, a incentivando a agir. A fazer alguma coisa, a dizer alguma coisa.

— Adrien, eu... - Ela iniciou, incerta, enquanto erguia o guarda-chuva minimamente, para que ele pudesse vê-la melhor.

Mordeu o lábio inferior. O coração dela estava acelerado. Havia ensaiado o que iria dizer, mas ainda assim, todas as suas palavras pareciam ter evaporado.

"Me perdoa, mas não somos feitos um pro outro", era o que havia planejado dizer a seguir...

***********************************************

Seis horas antes....

Príncipe 

Adrien [10:13]

Precisamos conversar [10:14]

Bom dia, princesa [10:40]

Acabei de acordar [10:40]

Está tudo bem? [10:41]

Está sim, eu só preciso mudar um pouco os nossos planos [10:41]

Consegue dar alguma desculpa para ninguém te perturbar à tarde? [10:41]

Consigo sim [ 10:42]

Então nada de videogames hoje? [10:42]

Eu ainda tinha que perguntar à Nathalie se você podia vir [10:42]

Ainda vou, mas não agora, mais tarde. [10:43]

Só preciso que você venha para cá, o mais rápido que puder. [10:43]

Estou à caminho, M'lady  [10:43]

Marinette sorriu com a última mensagem, se sentindo feliz ao vê-lo se adaptar ao seu alter ego tão rápido. Ainda estava jogada na cama, aquecida pelo seu cobertor e sentindo Tikki massageando seus cabelos, agora soltos, com suas mãozinhas.

— Ele vai vir? - A kwami perguntou, sem deixar de fazer o "cafuné" em Mari.

— Vai sim. - Ela não se permitiu fechar os olhos para aproveitar aquele momento, se fizesse isso, era bem capaz de acabar adormecendo.

E dormir para esquecer os problemas não era uma opção há muito tempo, já que os pesadelos que viria a ter podiam ser muito piores que a realidade.

Não demorou muito tempo até que ouviu pequenas batidas na claraboia. Havia fechado à mesma mais cedo, uma precaução devido a chuva, que logo iria cair.

Se levantou, seu corpo logo sentindo falta do calor que o cobertor estava proporcionando, mas ao ver Chat Noir ali, abrindo um de seus lindos sorrisos para ela, foi suficiente para aquecer seu coração.

— Olá, M'lad.... - Ela não o deixou terminar, puxando-o para um beijo necessitado, assim que o corpo do herói pulou para dentro de seu quarto.

Ajoelhou sobre o colchão, puxando o corpo dele para junto do seu, sem desgrudar dos lábios do namorado. Era como se Marinette precisasse recarregar suas energias, antes de contar a ele tudo o que precisava. E sim, os beijos eram a melhor forma de fazer isso, ainda mais com tudo o que haviam vivido na noite anterior. A briga, ainda muito recente, a fazia querer colar seu corpo no dele e nunca mais soltar.

— Então, esse é o famoso beijo de reconciliação? - Chat perguntou quando se separou da boca dela para respirar. - Tenho que admitir que eu gostei. - Ele sorriu ladino, mas ao afastar mais o rosto, viu Marinette com o cenho ainda franzido. - Amor, o que foi?

Ele estava preocupado desde que havia visto as mensagens dela em seu celular. Por isso, assim que terminaram de conversar, ele saiu do quarto, se encontrando com Nathalie. Ele queria sair de casa imediatamente para ver Marinette. Sabia que ela não havia dormido como ele, e deveria estar exausta, mas Adrien precisava dar alguma desculpa para conseguir a tarde livre. Decidiu agir de maneira fria com a secretária de seu pai, assim ela acharia que ele realmente, só gostaria de um pouco de privacidade e descanso. E como era domingo, a mulher não poderia contestar.

Voltou para o quarto o mais rápido que conseguiu, se transformando e saindo em seguida. E agora, a pergunta que não saía de sua cabeça, era o que Marinette queria falar com ele. Achou que tinham esclarecido tudo na noite anterior, e ser recebido com um beijo daqueles tinha sido ótimo, mas ainda assim, vê-la tão séria o deixou temeroso.

— Tenho que te contar uma coisa. - Ela mordeu o lábio, assim que terminou a frase. Sentou-se de maneira mais confortável na cama, o fazendo repetir o gesto. E com isso, ele viu Tikki, sentada em cima do travesseiro da namorada.

— Plagg, esconder garras. - Liberou seu kwami, e o viu voar para perto de Tikki assim que saiu.

— E aí docinho? O que tá pegando? - Plagg, delicado como sempre, foi o primeiro a quebrar o silêncio que pairou sobre o quarto.

Adrien jurou que viu Tikki revirar os olhos, enquanto pegava Plagg pela patinha.

— Vêm meia fedida, vamos dar privacidade aos dois. - Foi o que ela disse, enquanto flutuava com o kwami para o andar debaixo.

Adrien então, voltou seus olhos esmeraldinos ao rosto da namorada. Percebeu os olhos inchados, em consequência do choro na noite anterior, mas os olhos azuis ainda estavam úmidos, e a ponta do nariz, vermelha. Sinais claros de um choro recente.

— Adrien, Nathalie veio na padaria agora de manhã. - Marinette começou, percebendo o olhar do namorado sobre si, antes que ele começasse a pensar demais sobre a aparência dela. Ela devia estar mesmo péssima. Além de que ainda queria muito dormir, mas tinha que resolver isso o quanto antes.

Ela o viu esperar para que continuasse, e engoliu seco pensando em como contar à ele as ações horríveis do pai.

Sim, contar à Adrien foi o que ela decidiu. Depois de pensar e refletir sobre a noite anterior, manter mais um segredo entre eles estava fora de questão. Ela não guardaria um segredo dele nunca mais.

Mas antes, precisaria explicar com calma o plano que estava em sua cabeça, e pedir descrição ao namorado, ou então, tudo estaria perdido.

— Adrien, eu não sei como te contar isso... - Ela começou. Sabia que Gabriel era o único parente próximo do garoto, e contar o que ele havia pedido seria como terminar de arruinar a relação complicada que os dois já tinham, e que se mantinha por um fio. Bom, ela estava com a tesoura na mão. Ou ela cortava de uma vez, ou essa tesoura seria enfiada bem no meio do relacionamento deles. Saber de tudo isso a estava fazendo hesitar mais do que queria.

— Só fala, por favor. Eu não to me aguentando de tensão aqui. - Ele disse com humor, forçando um sorriso para acalmar a namorada. Na verdade, ele estava apavorado. Depois de tudo o que disseram um ao outro ontem, achava que nada mais a faria titubear diante dele novamente. Mas ali estava Marinette, custando-lhe contar algo de novo, aquilo não lhe trouxe boas lembranças.

— O seu pai quer que eu não te veja mais. - Ela falou de uma vez, e quase pode sentir o fio da relação pai e filho se parindo, enquanto Adrien a olhava, assombrado.

— O que? - Ele conseguiu articular depois de alguns segundos. - Ele te disse... isso? - O loiro arfou. E Mari lamentou ter que confirmar novamente.

— Sim, disse. - Chegou mais perto do corpo do namorado, pegando as mãos dele entre as suas. - Me desculpa, meu príncipe. - Não conseguiu olhá-lo nos olhos. Se visse dor dentro deles, se sentiria muito culpada por causar aquilo, então, ao invés disso, fitou a aliança de prata que brilhava no dedo anelar dele.

Já Adrien, sentia-se com vertigem novamente. Eles já tinham tantas coisas para resolver, e agora seu pai aparecia com mais um obstáculo. Logo ele...

— Eu não acredito que ele fez uma coisa dessas comigo. - O garoto conseguiu articular depois de alguns segundos pensando.

Não era algo tão difícil de se acreditar, na verdade. Havia ficado mais surpreso quando seu pai aprovou o relacionamento dos dois, já que o mesmo sempre parecia desgostar de qualquer companhia que Adrien tivesse que não gerasse, indiretamente, lucro para ele e sua empresa. E essas companhias se resumiam a Kagami, pelos contratos com a mãe dela, e Chloé por influência do pai dela, o prefeito.

Marinette, sendo a mera filha de dois padeiros, não era de nenhum interesse dele, mas depois de "aprová-la", Adrien achou que estava tudo bem, pois também ela também não era uma "desvantagem" em nada em relação aos negócios. Bom, era o que Adrien achava, até agora.

— Ele disse algo sobre a empresa não estar bem, e eu estar prejudicando sua imagem. - A pequena explicação fez Adrien contrair sua mandíbula. Não, aquilo ainda não fazia sentido. - Provavelmente foi algo que aconteceu depois do evento de ontem, foi a primeira vez que fomos a público oficialmente. Foi tudo o que consegui pensar. - O tom desanimado de Marinette fez Adrien desviar seu foco de tentar descobrir o porquê seu pai estar fazendo aquilo, para tranquilizar a namorada.

— Oh Mari, me desculpe por isso. - Foi a vez dele pegar a mão dela em sinal de conforto, enquanto levava sua outra mão até o rosto delicado e agora, cansado, dela. - O meu pai... ele não era assim, eu juro. - Era o mínimo que ele podia fazer, se desculpar por seu pai os colocar nessa situação. Ele realmente não era tão ardil assim, bom, pelo menos, não até onde Adrien o conhecia.

— Está tudo bem amor. - Ela o chamou assim, pela primeira vez, e o loiro sentiu o coração falhar uma batida. Não conseguiu controlar seus músculos da face se contraírem em um sorriso, mesmo estando em um momento complicado. - Você não tem que pedir desculpas.

— Mas você não vai fazer o que ele pediu, não é? - Adrien perguntou, quase certo de que a resposta dela seria um "Óbvio que não", mas sentiu um calafrio ao vê-la ficar, novamente, séria. - Mari, por favor, não me diga que está pensando em terminar comigo só porque o meu pai mandou!

— Desculpa gatinho, acho que não temos escolha. - Os olhos de topázio se encontraram com os de esmeralda, ela esperava que Adrien não surtasse por sua decisão. - Ele ainda é o seu pai, e querendo ou não, controla a sua vida.

Adrien não pode acreditar. Achava que o relacionamento deles era mais profundo que isso, que ela lutaria mais para ficar ao lado dele, ainda mais depois da descoberta na madrugada anterior, achou que a partir de agora, ficariam mais juntos do que nunca.

— Pro inferno com o meu pai! Eu já te disse que preciso de você do meu lado! - Ele não conseguiu controlar o desespero em sua voz, enquanto levava as mãos até os ombros dela. Mari precisava entender que ele estava sério.

— Ele ameaçou te tirar da escola, de privar de ver seus amigos. - A garota debateu. Apesar de não gostar, Adrien ainda precisava saber o quão firme Gabriel Agreste estava em sua decisão.

— Eu não ligo! Continuarei vindo aqui como Chat Noir, eu não me importo. - Insistiu, praticamente, implorando para que a namorada não fizesse o que estava pensando.

"Ela não pode me largar, não é? Não assim... "

— E depois, Adrien? Sabe que seu pai não vai desistir até conseguir o que quer! - Adrien finalmente se calou, isso era verdade. Não havia um homem mais insistente do que Gabriel Agreste. Sentiu um desespero tomar conta de seu corpo só de pensar em se separar de Marinette. Já não bastasse o medo que sentiu na noite anterior, ainda tinham que lidar com isso? Adultos querendo se meter em suas vidas? Estava tão centrado que não sentiu quando Mari pegou o seu rosto, entre as pequenas e aquecidas, mãos dela. - Eu tenho um plano, você confia em mim, gatinho? - Ela disse, decidida.

Ali estava, a heroína que ele seguiria até o fim da sua vida. Mesmo sem o traje ou a máscara, era Ladybug que estava naquele quarto com ele naquele momento.

— Confio, com todo o meu ser. - A resposta profunda arrancou um suspiro de Marinette, que abriu um sorriso logo em seguida.

Ela passou os detalhes do plano, e em como ele deveria agir assim que voltasse para casa. Viu Adrien fazer inúmeras caretas em desaprovação, mas após explicar tudo, ele pareceu perceber que essa era a única maneira.

— Acha que vai dar certo? - Ela perguntou. Adrien já estava deitado sobre suas pernas, recebendo o carinho habitual sobre os cabelos. Mari o ouviu bufar antes de responder.

— Não era o que eu queria, mas acho que sim. - Ele fechou os olhos, se perguntando de como um simples namoro adolescente poderia ser tão complicado.

Mas foi tirado de seu momento de auto piedade, quando ouviu a barriga da namorada roncar.

Marinette ficou vermelha e até parou de respirar. Como uma coisa tão normal como aquela a fazia ficar com vergonha? E para piorar, Adrien ergueu a cabeça, a olhando de maneira travessa.

— Está com fome, Bugaboo? - As bochechas de Marinette se esquentaram mais com ele a chamando por aquele apelido. Ela simplesmente sorriu sem graça, se virando para o outro lado, com a desculpa de que ia checar as horas, mas o que queria mesmo era fugir do olhar de Adrien.

— Nossa, já é quase meio dia. Tenho que almoçar. Os meus pais daqui a pouco vão sair, aí você pode ir embora depois que eles forem. - Só de pensar em tudo que tinha que fazer, Marinette se sentia mais cansada ainda.

— Eu não vou embora agora. - A resposta de Adrien a pegou desprevenida. Enquanto isso, ele continuou tranquilo em meio às suas pernas. - Vou ficar aqui com você. Ainda precisa dormir, não é?

— Mas e o plano?

— Eu disse a Nathalie que você ia lá para casa às 17h. Você ainda tem algumas horinhas para descansar.

"Então ele também havia pensado em algo", ela deduziu, mais relaxada agora.

Suspirou e sorriu agradecida. Ela ainda precisava de Adrien para dormir e ficou feliz por ver que ele ainda se preocupava com ela, mesmo depois de descobrir que ela havia mentido por todo aquele tempo.

— Você também deve estar com fome. - O lembrou, já que o mesmo ficaria com ela o resto da tarde. - Fique aqui e eu vou lá embaixo pegar alguma coisa para você comer e me despedir dos meus pais.

Adrien não rebateu, pois sim, ele ficaria com fome depois do pouco que havia comido na própria casa. Ele deu espaço para que ela saísse da cama, já sentindo falta do carinho que estava recebendo.

Mari saiu do quarto e encontrou os pais terminando de colocar as caixas, com os produtos já prontos, no carro.

Ela precisou assegurar a eles de que estava bem, umas três ou quatro vezes antes de vê-los sair.

Depois disso, foi tranquilo para Adrien sair de seu quarto, acompanhado dos dois kwamis. Almoçaram juntos a comida que Sabine deixou preparada para ela. E enquanto estava sentada, Marinette percebeu que estava mesmo exausta. Muitas coisas haviam acontecido em menos de doze horas, e ela não havia dormido nem um minuto.

— Deixa que eu lavo. - Adrien disse ao vê-la pegar a bucha para limpar os pratos que usaram. - Vai pro quarto e eu já te sigo.

Pensou em discordar, mas estava sem forças até para isso, então, só o agradeceu com um beijo na bochecha e seguiu até o quarto. Escovou os dentes antes de deitar na cama, que parecia tão convidativa. E fez um esforço descomunal para esperar pelo namorado de olhos abertos. Só relaxou quando sentiu o mesmo deitar nas costas dela, a abraçando por trás.

— Bons sonhos, M'lady. - O sentiu dar um beijo em meio aos seus cabelos, mas não conseguiu responder.

Os olhos dela se fecharam e parecia que nem todo o esforço que fizesse seria suficiente para abri-los agora.

Adrien só a observou relaxar em seus braços. Já deveria ter se acostumado em vê-la pegar no sono, mas a observava como se fosse a primeira vez.

Bem, ele sentia que essa era a primeira vez que a enxergava de verdade. Após a revelação da noite anterior, seu relacionamento com Marinette parecia algo completamente novo.

Por Deus, ela era a Ladybug! Sua parceira! Isso ainda parecia irreal. Adrien queria poder dizer que havia absorvido tudo, mas ainda não. Até ver Tikki, ali hoje, ainda o pegou de surpresa.

Por isso, enquanto acariciava os fios azulados de Marinette, se recordava de momentos em que esteve com ela... com sua Lady.

Ficou absorto em lembranças enquanto o tempo passava, apesar de seu maior desejo fosse de que ele parasse, completamente, naquele exato momento. Antes que os dois destruíssem o namoro deles diante de pessoas que não mereciam ter tanto controle sobre suas vidas. Pausar o tempo, para que nenhum vilão de Hawk Moth viesse a perturbar o tão prezado sono de sua namorada. Pausar o tempo, para tê-la ali, consigo, segura, pelo máximo que pudesse mantê-la daquela forma.

Aproveitou que teria um tempo tranquilo, e como estava sem sono, resolveu finalmente ler o diário que Marinette o havia entregado.

Antes de sair de casa, o objeto rosa parecia se destacar em seu quarto, e apesar de ainda querer adiar essa leitura, sentia que isso só o deixaria mais agoniado. Por isso o pegou e levou consigo. E também, se ele tivesse mesmo, todos os segredos de Marinette ali dentro, Adrien se sentiria melhor em deixá-lo seguro no lugar de origem, que era o quarto de sua namorada.

Ele segurou algumas lágrimas enquanto lia o desespero de sua namorada naquelas páginas.

"Oh Mari, você estava tão sozinha, mesmo comigo ao seu lado..."

******************************************************

A garota acordou sentindo leves sacudidas em seu ombro.

— Acorda, princesa... - A voz sussurrada de Adrien chegou aos seus ouvidos. - Anda, ou vai se atrasar para terminar comigo.

— Nem mais cinco minutinhos? - Falou de forma arrastada. As poucas horas de sono não foram suficientes, Marinette percebeu.

— Nem isso. - Sentiu um beijo quente em sua bochecha, e fez um esforço para abrir os olhos. Se deparando com Chat Noir ao seu lado.

— Já está até preparado. - Observou, deixando um sorriso crescer em seus lábios logo em seguida. - Parece que está ansioso para que eu termine com você.

—- Oh, vai ser um show e tanto. - Ele respondeu, rindo também com essa situação em que estavam.

— Pode ir, eu já vou me arrumar. - Assegurou, enquanto passava a mão pelos olhos, querendo espantar o sono ainda agarrado nela.

— Tudo bem. - Ele então se debruçou sobre o corpo dela, ainda deitado, selando os lábios me um beijo delicado. - Só não quebre muito meu coração.

— Não vou. - Ela sorriu, boba sob o olhar carinhoso que Chat Noir lançava para si. Ela devia estar com a cara amassada, cabelos completamente bagunçados, mas Chat ainda a olhava como se fosse uma obra de arte.

— Até mais tarde. Tchau, Tikki! - O herói acenou para a kwami que também estava no travesseiro de Mari, tentando acordar. Depois, pulou para fora, através da claraboia.

Marinette suspirou, já se sentindo desperta o suficiente para levantar. E também, ignorando a sensação ruim que sentiu assim que se viu sozinha em seu quarto. Ela havia arquitetado um plano, mas isso não queria dizer que gostava dele.

"Nós já combinamos tudo. Estamos bem, vai ficar tudo bem!" - Se lembrou, tentando manter a calma que sentiu enquanto Adrien estava ao seu lado, e não deixar sua ansiedade lhe afetar. Mas agora sozinha no quarto, o que iam fazer já não parecia ser uma boa ideia. Ela estava perdendo a coragem, e isso a deixou frustrada.

Talvez se sentiria melhor se pudesse fazer isso vestida de Ladybug, mas óbvio, estava fora de questão.

Depois de lavar o rosto e enxugar o cabelo, ela estava vestindo sua roupa habitual. E repassando suas "falas" na cabeça durante o processo.

Suspirou alto, se sentindo nervosa. Nunca tinha sido boa em teatro, e estava invejando a memória de ator do namorado, que nem precisou de uma segunda explicação para saber o que devia fazer.

— Então, depois o que eu digo? - Ela falava consigo mesma, já se preparando para sair de casa. Lembrou de pegar o guarda-chuva no caminho, ao ver as gotas caírem pela janela. - Ah é, eu vou dizer...

********************************************

Na mansão Agreste, 17h:

— Me perdoa, mas não somos feitos um pro outro. - Disse oscilante, se lembrando aos poucos do que havia ensaiado.

Sentiu logo o peso das palavras que havia escolhido para falar. Ensaiar era uma coisa, mas dizer para ele dessa forma, como se fosse verdade, era outra.

"— Vamos fazer uma cena. - Ela disse ao loiro mais cedo. - Seu pai precisa acreditar que terminamos. Só assim ele vai te deixar em paz!

— Mas como você quer fazer isso? - Ele perguntou, preocupado em onde tudo isso chegaria.

Um sorriso astuto brotou nos lábios de Marinette.

— Atuando. Na frente da sua casa, para que qualquer um veja!"

— Do que que você tá falando? É claro que somos! Nós nos amamos! - Adrien respondeu, ainda dentro da mansão. Gorila estava com o braço na frente de seu corpo, como se fosse impedi-lo de sair caso tentasse. Bom, aquilo não seria problema, não havia nenhuma parte na cena em que ele saía.

— Não eu... Não te amo! - "É só uma mentira Marinette" ela tentou se lembrar. - Não amo mais! - "Está tudo bem, é só uma cena!", mas por que estava doendo tanto?

O ar parecia faltar enquanto ela corria para longe da mansão.

— Não, Marinette! - Ouviu ele gritar atrás de si, e aquilo só piorou tudo. Mesmo sabendo que ele faria isso, a atuação de Adrien era impecável. O que a fez sentir uma pontada no coração com a dor palpável nas palavras do garoto.

Bem, eles tinham que ser convincentes não é? As lágrimas que ameaçavam sair de seus olhos, mesmo não planejadas, ajudariam.

A garota se viu em pânico de repente. Haviam combinado cada fala, cada ação. Mas, o corpo dela estava tremendo enquanto se afastava dos portões e seguia até a escada da estação de metrô, que a levaria para casa.

"Ele me ama, eu amo ele... estamos bem... estamos bem!" - Repetiu novamente em sua mente, em vão.

— Tava tudo purrrfeito até o Hawk Moth descobrir tudo.

"Não!"

Perdeu as forças assim que alcançou as escadas, se sentindo sem ar. Sentou nos degraus enquanto inspirava com força, tentando se acalmar. Mas parecia não estar funcionando. Um sentimento horrível e avassalador tomou conta dela. Era diferente dos déjà vus que tinha normalmente. Parecia uma premonição... como se algo de ruim fosse acontecer a qualquer instante.

Logo em seguida, sentiu uma dor, como se uma mão grande, gelada e com garras estivesse esmagando seus pulmões. Começou a se engasgar com o próprio ar, como se estivesse se afogando.

Afogando novamente, como naquele dia no rio Sena, em que Chat Noir a salvou. Sentiu uma dormência iniciar na ponta dos dedos, subindo por toda a extensão de suas mãos, que não paravam de tremer.

Sentia que seu coração estava se partindo no meio.

"Estou sem ar, estou me afogando!"

— MARINETTE! SAI! - Ouviu o grito desesperado do namorado atrás de si.

— Adrien? ... - Mesmo sem forças, olhou para trás, a tempo de ver Adrien correndo em sua direção, e se transformando em Chat Noir no meio do caminho.

"Não! NÃO FAÇA ISSO!"

— Cataclismo! - Ele pulou, agarrando um akuma que estava a centímetros de si. Ela nem ao menos havia percebido.

"NÃO!" o pavor a inundou. "Como pude ser tão estúpida! ISSO NÃO PODE ESTAR ACONTECENDO!"

— Adrien... - Ela só conseguiu chamá-lo, em meio aos gritos de desespero de sua mente. Sua respiração ainda estava irregular.

— Você ia ser akumatizada, eu não tive escolha M'lady!

O plano era simples: dizer que não amava mais ele, ela iria embora e ele iria para o quarto fingir que estava triste. Depois, se encontrariam novamente na casa dela quando ele saísse escondido à noite.

Bom, deveria ter sido simples, se ela não tivesse tido um ataque de pânico, atraindo um akuma para si, no meio da rua.

Marinette olhava apavorada para a cena em sua frente. Gorila, ainda na porta da mansão, deveria ter visto tudo. Por sorte, a rua estava deserta, típico de uma tarde de domingo. Não que aquilo a deixasse mais tranquila, e Chat Noir, jogado no passeio à sua frente.

— Adrien, me desculpa! - Ela se jogou nos braços dele, que logo a receberam de bom grado. Estavam os dois na chuva, já que ela mal se importou em deixar o guarda-chuva cair no processo de tentar encontrar um pouco de conforto em meio ao caos que estava sentindo.

— Calma, vai ficar tudo bem. Eu prometo. - As palavras de Chat chegaram suaves em seus ouvidos. Contrastando grandemente com o assombro de sua voz interior.

"Não vai..." - Seu subconsciente debateu.

Era como se tivesse tido um ataque de pânico prévio. Como se seu corpo soubesse o que estava por vir, a fazendo colapsar antes do esperado. Como se isso mudasse alguma coisa...

Ainda sentia como se tivesse sido afogada pelos seus medos.

— Me tira daqui, gatinho, por favor! - Implorou, sôfrega. E ele atendeu seu pedido, esticando o bastão com ela no colo e a levando para casa.

**************************************

— Nathalie? Nathalie?! - Hawk Moth chamou no meio da ligação, impaciente, enquanto esperava atualizações de sua secretária.

Havia perdido o contato com seu akuma, e queria saber o porquê. Não acreditava que tudo o que havia planejado tivesse sido inútil

— É o Adrien, o seu filho. - A ouviu dizer receosa através da ligação. - Ele... é o Chat Noir.

O homem não conseguiu responder, tamanha sua surpresa, deixando seu cetro cair em seguida.

Hawk Moth percebeu que seu plano tinha sido muito melhor do que o esperado. Não imaginava que, ao tentar akumatizar Marinette, conseguiria obter uma vantagem, inesperadamente, muito melhor para seu plano: a identidade de Chat Noir

— Marinette era mesmo minha maior obra prima. Quem diria, Adrien, meu próprio filho! - Ele sorriu, animado demais para se contar. - Graças a ela agora eu sei como conseguir o miraculous de Chat Noir! - Ele sabia exatamente o que fazer, ou melhor, o que mostrar a Adrien para conseguir akumatizá-lo, tendo como consequência, a maior fraqueza de Ladybug ao seu dispor!

"Ah Emilie! Nosso encontro pode acontecer mais cedo do que o esperado!"


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aaaaaah, esse capítulo foi bom, não foi??? kkkkk Tá aí, quem tava com saudade de um akuma atacando. Bom, dessa vez foi quase...

Galera, é o seguinte: Eu vou viajar na primeira semana de Agosto, então, não teremos atualizações, ok? Sorry, mas a escritora aqui precisa de férias também.

Mas não se preocupem, quando eu voltar de viagem, voltamos a programação normal.

Agora sobre a história, aqui vai uma observação: Vocês acharam mesmo que quando a Mari quase afogou no rio sena, láaaaa atrás, no cap Ciúmes, foi atoa?

Hahahahaha Nada é por acaso nessa fanfic.

Próximo cap: Afogando.

Beijos doces e vejo vocês na sexta!!