You're my hero

(Você é meu herói)

You're the only one

(Você é o único)

Who is strong enough

(Quem é forte o suficiente)

You always pick me up

(Você sempre me levanta)

Before I self-destruct

(Antes que eu me autodestrua)

I've been drowning under my skin

(Eu estive me afogando debaixo da minha pele)

No one but you can save me

(Ninguém além de você pode me salvar)

Save Me - Steffany Gretzinger

— Ah droga! - Adrien praguejou, apertando um pouco a mão que segurava a dela enquanto andavam, um à frente do outro, pela pequena plataforma que ligava o barco à lateral do passeio.

— O que foi? - Marinette andava na frente, e avistou os colegas dentro do barco antes de entrar, vendo Alya acenar e ir na direção deles assim que os viu.

— Estava com tanto sono que nem me lembrei de quem estaria aqui... - A voz sofrida de Adrien chamou sua atenção. Já ia perguntar a quem ele se referia quando ouviu a guitarra tocar.

A banda Kitty Section estava no palco decorado para o aniversário de Juleka, pareciam estar arrumando os instrumentos para tocar mais tarde. E para Marinette era óbvio que todos eles estariam ali. Principalmente a pessoa a quem Adrien se referia. Afinal, o barco era a casa do garoto, e o aniversário era da irmã dele.

— Não me diga que ainda está com ciúmes do Luka...- Brincou, olhando para trás e vendo o loiro crispar os lábios.

— Eu não estou com ciúmes dele, ok? - Adrien bufou, mas estava cansado demais para argumentar. E também sabia que esse seu incômodo com o guitarrista era algo pessoal. - Eu só não gosto de lembrar que ele te beijou. - Marinette riu. Adrien emburrado era adorável. Mas ainda assim, preferia quando ele estava feliz.

— E hoje eu beijo só você. - Ela levantou a mão, mexendo na aliança com o polegar. Aquilo fez o rosto do loiro se iluminar, levando qualquer vestígio de ciúmes embora.

— Como vai meu casal favorito? - Alya cumprimentou a amiga, enquanto Nino fazia um toquinho de mãos com Adrien. - Uau, pelo visto não seguiram o meu conselho sobre arrumar um horário melhor para namorar. - A ruiva advertiu, cruzando os braços. - Marinette, você vai acabar com a carreira de modelo do Adrien desse jeito, o menino tá com olheiras!

— Alya! - Marinette sentiu o rosto esquentar com a observação da amiga.

— Tudo bem Alya, eu não me importo com olheiras se isso significa ter mais tempo com a Marinette! - Adrien respondeu educado como sempre. E Mari suspirou aliviada com essa resposta, mas o rubor de seus rosto ainda estava presente. Por outros motivos agora... Ela achava tão fofo ver Adrien encobrir ela desse jeito.

— Meu amigo é um romântico incorrigível! - Nino brincou, cutucando Adrien na costela e rindo enquanto eles se aproximavam dos outros amigos.

Mari aproveitou a distração para correr os olhos pelo local, em busca de uma certa pessoa em especial.

— Juleka, parabéns! - Marinette pulou em cima da garota quando a avistou, quase levando as duas ao chão. - Ah, me desculpe! - Riu sem jeito.

— Tudo bem, e obrigada Marinette! - A garota respondeu um pouco tímida. Mari então mexeu em sua bolsinha, com cuidado para ninguém ver a Tikki, pegando o pequeno presente que havia ali.

— Para você! - Entregou a garota, e ficou feliz em ver os olhos dela brilharem com o conteúdo assim que desfez o embrulho. - Eu vi que você gostou muito desses anéis no dia em que foi minha modelo, e eles ficaram ótimos em você!

— Tem certeza Marinette? Eles são...

— São seus! - Completou sorrindo. - É seu presente Juleka! Por favor, aceite! - A garota sorriu, com o pequeno embrulho nas mãos.

— Obrigada! — Sorriu ainda mais quando viu a amiga colocar os anéis nos dedos, animada. Se virou para cumprimentar o restante do pessoal, e se deu conta que em sua animação para ver a aniversariante, perdeu Adrien de vista.

Sentiu os olhos arregalados ao ver que o namorado estava no palco, conversando com Luka.

— Namorado e ex no mesmo local é? - A Césaire brotou ao lado de Marinette, fazendo-a dar um pulo. Alya estava com um copo de refrigerante nas mãos, e o bebericava lentamente enquanto fitava os dois garotos conversando no palco. - Me pergunto se vai rolar uma briguinha hoje.

— M-mas é claro que não! - Marinette roubou o corpo da amiga e bebeu o resto do refrigerante dela sob protestos. - Não vai ter briga, né? - Somente a ideia a fazia mal.

— Relaxa amiga! - Alya passou o braço em torno dos ombros trêmulos de Marinette, a acalmando daquele drama. - Adrien é um príncipe educado e Luka é tranquilo e maduro demais para fazer algo do tipo! - Sentiu os ombros relaxarem um  pouco enquanto era acalentada. - Deixa eles conversando e vamos! Você está me devendo um refrigerante. - Marinette foi puxada pela mão até a mesa disposta ali para os convidados se servirem, contendo a curiosidade sobre a conversa dos garotos.

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Assim que Marinette soltou sua mão, Adrien achou melhor acabar com seu incômodo o mais rápido possível para poder curtir a festa. Mas também porque ele sabia que aquilo faria Marinette feliz. Apesar de tudo, Luka ainda era alguém muito querido para ela. Mesmo que a namorada nunca tivesse dito isso com todas as letras, por causa do ciúmes dele, Adrien sabia.

Sentia o carinho nas palavras dela sempre que falava do mais velho.

— Luka? O-oi! - Ele cumprimentou, esperando que não estivesse o atrapalhando enquanto arrumava o som. Mas viu o garoto levantar a cabeça para olhá-lo e depois, abrir um grande sorriso.

— Adrien! Fico feliz que tenha vindo. - Luka deixou os instrumentos de lado e se levantou para cumprimentá-lo direito.

Aquilo mexeu com Adrien. Sentia que Luka Couffaine era tão melhor que ele em vários aspectos. Era mais velho, seguro de si e mais maduro emocionalmente. Isso o deixava inseguro. Tinha certeza que se não tivesse chegado na vida de Marinette antes, ela teria escolhido Luka em seu lugar.

— Eu que agradeço pelo convite. - Sorriu sem jeito, coçando a nuca... Como começaria aquela conversa?

— Então, vi que você e Marinette finalmente estão juntos. - Não foram necessárias palavras, o "perfeito" Luka Couffaine entendeu tudo. - Fico feliz por vocês. - Ele sorriu, e para Adrien, parecia um sorriso sincero.

— Obrigado, Luka. E eu sinto muito que não tenha dado certo entre vocês. - Apesar de não ser totalmente verdade, isso era algo que ele realmente sentia.

— Você é um cara legal Adrien. Sei que vai cuidar bem da Marinette. - O mais velho colocou uma mão em seu ombro. - Ela é uma garota especial, sabe? - Sim, Adrien sabia muito bem. Percebeu que Luka olhava em uma direção, e quando seguiu seu olhar, encontrou a namorada caminhando até eles, com dois copos na mão. - Não a magoe.

— Eu não vou. - Respondeu, ainda sem quebrar o contato visual que acabara de fazer com as safiras dela.

— O-oi Luka! - Ela disse, e parecia nervosa, alternando o olhar entre o loiro e o moreno no palco. Aquilo fez ele sorrir, enquanto pegava o copo de refrigerante que ela havia levado para ele.

— Oi Marinette. - A voz amável de Luka preencheu os ouvidos da garota, que engoliu em seco pelo olhar do namorado sobre si. - Vejo que finalmente encontrou sua melodia. - Ele indicou com a cabeça as mãos dadas dos dois. Marinette arfou surpresa, mal havia reparado quando sua mão e a de Adrien haviam se unido. Era como se seu corpo reagisse automaticamente perto dele. Sempre ansiando pelo seu contato.

Ficou vermelha, envergonhada pelo ato. Não queria esfregar na cara do Luka que estava feliz com outro.

— Er, é sim. E-eu encontrei. - Ele sorriu com sua resposta, e como se fosse contagiada, sorriu de volta.

— Ei Luka! Vamos começar? - Os três se viraram para Ivan, que estava se sentando atrás da bateria enquanto o chamava.

— Sim, vamos! - Luka pegou a guitarra enquanto o casal saía do palco. - Espero que gostem do show!

— Claro! Ainda sou a maior fã da Kitty Section.. Ai!- Sentiu o aperto de sua mão aumentar, virando rápido para Adrien, que havia fechado a cara.

— Desculpa! - Ele pediu envergonhado. - Força do hábito! - Explicou dando de ombros. E enquanto se afastavam, Marinette jurou ter ouvido Luka gargalhar.

Encontraram um lugar para sentar mais afastado, pois alguns dos seus amigos já haviam começado a dançar com a música que tocava, e eles definitivamente não estavam com energias para isso.

Adrien bebeu o refrigerante de bom grado, na esperança que o açúcar desse energia.

— Então, ficou com medo ao ver eu e Luka conversando? - Marinette engasgou com o refrigerante, tossindo em seguida. Adrien riu, dando batidinhas nas costas dela para ajudar.

— Alya disse que eu não precisava me preocupar porque você é um príncipe educado. - A garota começou, com a voz estranha pelo recente engasgo, limpando a garganta logo em seguida e a sentindo queimar pelo mal jeito que a bebida desceu. - Mas eu conheço o suficiente seu lado desbocado e atrevido para me preocupar. - Foi a vez de Adrien dar uma gargalhada alta. Ele cobriu os olhos com a mão enquanto ria, concordado com ela.

— Acha que o super herói de Paris devia vir? Aposto que ia dar uma agitada na festa. - Ele falou de forma charmosa no ouvido dela, arrancando uma careta da namorada.

— Não ouse! - Ele riu mais com o tom mortal que ela disse aquilo, terminando a bebida em sua mão.

— Claro que eu não faria isso. A Ladybug me mataria.

"Eu mataria mesmo!" - Mari completou em pensamento.

Ela já ia se levantar para comer alguma coisa, quando a voz de Rose chamando os convidados para dançar uma música lenta.

Adrien levantou rápido, fazendo uma reverência na sua frente.

— Me concede a honra desta dança, princesa? - Ele pegou uma de suas mãos, beijando em cima da aliança dela, enquanto a olhava nos olhos de forma intensa.

— A-achei que estivesse cansado. - Gaguejou, pois era impossível não gaguejar com a figura de Adrien curvada para si, a olhando daquela maneira. Ele riu enquanto a puxava pela mão até a "pista" onde os outros dançavam.

— A endorfina injetada em minha veias, pelas suas palavras, me deram energia. - Ela riu, dando um soquinho no ombro dele antes de ser levada ao centro do convés e começarem a dançar.

O ritmo envolvente a fez apertar os braços em volta do pescoço de Adrien, e apoiar sua cabeça no ombro dele enquanto dançavam. Fechando os olhos para aproveitar o momento.

— Está cansada? - O tom preocupado dele fez uma pontada de dor acertar seu coração.

Já ia respondê-lo que não, que estava bem, que estava feliz por estar ali, dançando com ele, em uma festa cheia de amigos.

Mas a sensação ruim de déjà vu a atingiu novamente, causando um agito em seu estômago.

Um vento gélido e úmido do fim de tarde no rio Sena passou por ela, causando um arrepio.

A voz veio logo em seguida.

— Aproveite a dança...

Levantou a cabeça depressa, olhando para os lados enquanto o coração batia forte. Sentiu as mãos se esfriarem e os pés travarem no chão, interrompendo a dança deles.

— Amor? O que foi? - Adrien a chamou, alarmado. Mas a voz dele parecia distante no meio da adrenalina que corria pelo corpo da garota agora. Se forçou a olhar para ele, mas não sabia como seu rosto estava. Deveria estar péssimo, já que Adrien a tomou pela mão logo em seguida, e de modo aflito, a levou até o interior do barco.

Adrien percebeu as cabeças curiosas dos amigos virando em direção à eles, mas não se importou naquele momento. Qualquer um que visse os dois pensaria que o casal só queria um local mais reservado para namorar. Grande engano.

O loiro encontrou uma cabine, que imediatamente reconheceu como quarto do Luka. Não gostou que estivessem ali, mas teria que servir. Adentrou no local e colocou a namorada sentada na cama antes de fechar a porta. Se ajoelhou em sua frente enquanto passava as mãos no rosto assombrado dela.

— Precisa me contar o que está acontecendo, Mari! - Suplicou com urgência na voz.

Marinette viu o desespero nos olhos agitados, que analisavam seu rosto. Mas mudou o olhar para as marcas roxas embaixo dos olhos.

— Devia descansar gatinho...- Ela falou com a voz arrastada, desanimada, sem vida, levando uma das mãos até o rosto dele, acariciando uma de suas olheiras com o polegar

— Não mude de assunto. - Adrien soou mais irritado do que gostaria, mas sentiu que precisava. Retirando a mão gélida dela de seu rosto e colocando entre as suas.

Marinette agora tinha um rosto apático, como se estivesse vazia de emoções. Isso o assustou mais do que o olhar apavorado que ela lhe deu segundos atrás enquanto dançavam.

— As pessoas precisam de você da melhor forma. - Ela continuou, "Pelo menos um de nós precisa estar bem, não é?". Estava exausta, e com ele também cansado, o que seria da cidade?

Mesmo o Miraculous os deixando com energia na hora, não podia deixar de lado o fato de como ficariam ao se transformar de volta. Quase morreu afogada em uma dessas vezes, se não fosse por Chat.

Adrien sabia que ela estava se referindo ao seu alter ego ao falar que as pessoas precisavam dele. Só não sabia como ela conseguia pensar nisso agora.

— Eu não ligo! - Aumentou o aperto que suas mãos faziam sobre as dela, que ainda permaneciam geladas, mesmo com as dele às aquecendo.

— Devia ir para sua casa essa noite, ter uma boa noite de sono. - Aquilo foi como uma navalha , rasgando o peito do garoto. Soltou as mãos dela e começou a andar pelo pequeno cômodo em que estavam, colocando ambas as mãos atrás do pescoço, entrelaçando os dedos para controlar seu nervosismo.

— Você está fazendo de novo. - Ele se levantou zangado. - Está me afastando quando mais precisa de mim. Por que faz isso Marinette? Por que sempre me afasta? - Cerrou os punhos, olhando a pequena figura da namorada se encolher no sofá.

Ela se debruçou para frente, escondendo o rosto com as mãos enquanto Adrien andava de um lado para o outro, agoniado. Passando as mãos nos cabelos.

— Você não tem dormido depois... - Ele revelou quando não obteve nenhuma resposta, angustiado com o silêncio do local. - Sempre diz que já vai voltar para a cama, e nunca volta. - Viu Marinette erguer o tronco e o olhar assustada. Adrien sabia que ela achava estar o enganando esse tempo todo, o mandando dormir antes, alegando voltar logo. Mas ele nunca dormira sem saber se ela estava bem antes. Ela não o conhecia bem o suficiente para saber que ele jamais permitiria isso? - Eu vejo seu rosto ficando pálido quando se assusta de repente, mas nunca vejo nada. - Informou, lembrando também da ocasião em que isso aconteceu quando estavam em seu quarto. - E eu a ouvi chorando sozinha nas últimas madrugadas. - Viu Marinette levando a mão a boca, talvez sentindo o peso de ter sido pega na mentira. Ele odiou vê-la daquele jeito, mas ainda precisava falar o que estava preso em sua garganta

— E realmente achei... - Adrien continuou, e mordeu o lábio trêmulo, tentando soar firme, e engolindo o choro antes de falar. - Eu acreditei que se eu esperasse, se eu não invadisse sua privacidade, mais do que já faço normalmente, você viria a mim algum dia, quando estivesse preparada. - Parou de frente para ela, o coração batia tão forte que doía. Estava magoado, estava triste. - Mas você está se afastando cada vez mais de mim Marinette, e eu temo que algum dia chegue tão longe que eu não possa mais te alcançar.

Ela estava debulhada em lágrimas. Adrien se aproximou, se ajoelhando na frente da garota, pegando seu rosto molhado com ambas as mãos, a fazendo mirar os olhos esmeraldinos.

— Por que é tão difícil pedir ajuda? Por que não consegue se abrir para mim? - O silêncio dela o quebrou. Ele sentiu os olhos marejados. - Eu me revelei a você... - Falou em um sussurro. Se levantou de novo, andando para trás e se afastando dela de modo lento.

— Adrien...

— Eu me revelei a você. - Disse de novo em um tom alto, um tom que nunca havia sido direcionado à ela. Cortando a fala da garota e se escorando na parede, ficando de frente para ela, as lágrimas caíam uma após a outra. - Um segredo que poderia me custar tudo aquilo que eu mais prezo e ainda assim... - Os lábios dele estavam tremendo, e a voz embargada dificultava para falar. -... você não consegue ser sincera comigo!

Ela soltou um soluço, cobrindo a mão com o choro, se dobrando sobre seu corpo novamente.

"Não posso me descontrolar, não posso me descontrolar"

— Conte a verdade para ele, Mari. - Tikki sussurrou de dentro da bolsa, somente para ela ouvir, arriscando falar, mas era preciso.

Aquilo foi o estopim.  Como em uma explosão, Marinette despejou.

— É o Chat Blanc! - Falou, mirando os olhos úmidos do namorado, que a encarou de volta. - Eu o vejo se esgueirando atrás de mim nas sombras... Eu o ouço me chamar ao vento. Fazendo ameaças para mim. - Ela levantou, mesmo com o corpo trêmulo, e caminhou em direção a ele. Estava odiando esse abismo que havia se aberto entre os dois. Queria atravessá-lo... E se encontrar com Adrien de novo do outro lado antes que fosse engolida pelas trevas.

— Está tendo visões com ele enquanto está acordada? - Marinette se limitou em confirmar com a cabeça, parou de andar no meio do caminho. Temeu que Adrien a rejeitasse caso chegasse perto demais. Ela sabia que o havia magoado com seus segredos. E talvez fosse tarde demais para se retratar. - Por que não me disse antes?

— Não queria te preocupar...- Proferiu em um sussurro. Não podia contar a verdade mesmo por trás dessa resposta. Ela percebeu que estava em pé no meio do cômodo, enquanto Adrien continuava na parede aposto. Ainda longe, ainda do outro lado do abismo.

— Não deu muito certo. - Adrien rebateu amargo. E ela odiou aquele tom saindo da boca dele. Principalmente para falar com ela. Mas sentiu que merecia... Ela merecia toda a raiva que ele estava sentindo agora. Afinal, foi ela quem escolheu esconder tantas coisas. - Não confia em mim?

Eles se encararam. O silêncio parecia pesar o ambiente, deixando o ar difícil de respirar.

Foi quando Marinette percebeu. Não havia nenhum abismo entre eles. Mas havia um abismo, um em que ela estava caindo.

Caindo rápido, se afundando.

Confiava em Adrien. Mas sabia que dizer isso agora, já não seria o suficiente. Precisava mostrar a ele que confiava sim. Só esperava que ele a pegasse antes de atingir o fundo.

— Eu te vejo morrendo em meus sonhos. Vejo seu corpo caído no chão, ensanguentado, sem vida... E eu nunca consigo te salvar, não importa o quanto eu tente. E é tão REAL Adrien! - Os olhos do garoto aumentaram de tamanho, enquanto a visão de Mari ficou embaçada pelas lágrimas. Ela levou uma mão em frente ao coração. - E eu não quis te contar por que eu fiquei com medo! Com medo que isso acontecesse de verdade caso eu dissesse essas palavras! - Ela tampou os olhos com a outra mão, e de repente, sentiu o corpo de Adrien a envolver em meio a sua queda livre. Ele havia pegado ela. Havia a alcançado. - Eu não quero te perder meu príncipe! - Agarrou a blusa dele com força.

— Não vai! - Adrien assegurou, enquanto a apertava em seus braços. - Não enquanto me permitir ficar ao seu lado! - Ele beijou os cabelos dela, aproveitando para se embriagar com seu cheiro. - Quase não alcancei você hoje. Isso me assusta muito Mari! Ver você tão longe de mim me assusta!

— Me perdoa! - Adrien envolveu o delicado e trêmulo corpo dela. E apesar de sentir que ainda havia mais coisas para ela contar, decidiu que por hoje bastava. Um pouco das barreiras haviam caído. E para Adrien, aquele começo era o suficiente, por enquanto.

— Já passou, está tudo bem. - Ele fazia carícias nas costas dela. - Estou aqui. Não vou a lugar nenhum.